Strength of Weak Ties. A Força dos Laços Fracos. (Granovetter, 1973)
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- Ruth Dinis Valverde
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1 1 Strength of Weak Ties A Força dos Laços Fracos (Granovetter, 1973) Resumo: a análise das redes sociais é sugerida como uma ferramenta para ligar os níveis micro e macro na teoria sociológica. O procedimento é ilustrado pela elaboração de macroimplicações de um aspecto da interação em pequena escala: a força dos laços diádicos. Argumenta-se que o grau de sobreposição das redes de amizade de dois indivíduos varia diretamente com a força dos seus laços um com o outro. O impacto deste princípio na difusão da influência e informação, oportunidade de mobilidade e organização comunitária é explorado. Foca-se no poder coesivo dos laços fracos. A maioria dos modelos de rede lida, implicitamente, com laços fortes, portanto confinam sua aplicabilidade a pequenos e bem definidos grupos. Ênfase nos laços fracos conduz a discussão das relações entre grupos e à análise dos segmentos da estrutura social não facilmente definida em termos de grupos primários. Introdução Como as interações em pequenos grupos formam padrões de larga escala necessita de maior atenção. Neste artigo, argumenta-se sobre análise dos processos em redes interpessoais que propiciam as mais frutíferas pontes entre os níveis micro e o macro. É por meio dessas redes que as interações em pequena escala se tornam padrões de larga escala, e estes retroalimentam pequenos grupos. Portanto, aqui se pensa na interação em pequena escala a força dos laços interpessoais e como o uso da análise de rede pode relacionar este aspecto a variados fenômenos macro como difusão, mobilidade social, organização política e coesão social. A Força dos Laços A força de um laço é uma (provavelmente linear) combinação da quantidade de tempo, intensidade emocional, intimidade (confidência mútua) e serviços recíprocos que caracterizam o laço (podendo ser fortes, fracos ou ausentes 1 ). Considera-se A e B, dois indivíduos, e S=C, D, E... todas as pessoas que apresentam laços com um ou com ambos os indivíduos (A ou B). A hipótese sobre os laços diádicos em uma estrutura é: quanto mais forte o laço entre A e B, maior a proporção de indivíduos em S que estão relacionados a eles, por um laço forte ou fraco (a forte inter-relação entre dois indivíduos fará com que eles interajam de alguma maneira fraca ou forte com todo o ciclo social que cada um possui). A sobreposição neste círculo de amizade é menos quando o laço entre eles é ausente, mais quando é forte e intermediário quando é fraco. 1 Ausente se refere à falta de relacionamento ou laços sem significado substancial como pessoas que moram na mesma rua ou a relação entre um vendedor e um cliente que compra o jornal da manhã com ele.
2 2 O relacionamento proposto resulta, primeiramente, da tendência de laços fortes envolverem compromissos de mais longo prazo. Se os laços A-B e A-C existem, então a quantidade de tempo que C gasta com B depende (em parte) da quantidade que A gasta com B e C, respectivamente, isso até que B e C se tornem próximos. Se C e B, inicialmente, não têm qualquer relacionamento, laços fortes comuns a A, provavelmente, os trarão para interagir, gerando algum laço (B e C) (quanto mais as pessoas interagem, maiores seus sentimentos de amizade um pelo outro). Ademais, quanto mais forte o laço conectando dois indivíduos, mais similares eles são entre si. Portanto, se laços fortes conectam A a B, e A a C, tanto C quanto B (semelhantes a A) serão similares entre si, aumentando a sua probabilidade de formar amizades. De maneira inversa, estes dois fatores tempo e similaridade indicam porque laços fracos entre A-B e A-C fazem com que B-C tenha menor probabilidade e compatibilidade. Laços Fracos em Processos de Difusão Hipóteses básicas envolvendo a tríade A, B e C consistindo em laços fortes, fracos ou ausentes. A tríade menos provável de acontecer é a de que se A e B são fortemente ligados, A tem laço forte com C, mas o laço entre C e B é ausente (Figura 1). Newcomb (1961) fala que a tríade consistindo de uma relação diádica forte, a configuração dos três laços fortes se torna, crescentemente, frequente conforme as pessoas conhecem umas às outras por mais tempo e melhor. A significância da ausência da tríade pode ser mostrada usando o conceito de ponte uma linha na rede que proporciona o único caminho entre dois pontos. Uma ponte entre A e B proporciona a única rota para fluxo de informação e influência de qualquer contato de A para qualquer contanto de B e, consequentemente, de qualquer um conectado indiretamente a A para qualquer um indiretamente conectado a B. Portanto, no estudo da difusão, pode-se esperar as pontes como assumindo um importante papel. Via de regra, nenhum laço forte é uma ponte e todas as pontes são laços fracos. Independente do que esteja sendo difundindo, laços fracos podem alcançar um grande número de pessoas e atravessar distâncias sociais maiores. Por exemplo, se uma pessoa diz rumores para todos os seus amigos próximos, e eles fazem o mesmo, muitos ouvirão os rumores uma segunda ou terceira vez, uma vez que aqueles ligados por laços fortes tendem a compartilhar com amigos. Se a motivação para espalhar os rumores for reduzida a cada onda
3 3 de recontar, então o rumor que se move entre laços fortes está mais provavelmente limitado a alguns pequenos grupos do que nos laços fracos. Indivíduos com muitos laços fracos estão melhor posicionados (centrais, em vez de marginais) para difundir a inovação, já que alguns desses laços serão pontes locais. Mais pessoas podem ser alcançadas por meio de laços fracos. Laços Fracos em Redes Egocêntricas Pensa-se, nesta argumentação, em dois níveis: dos indivíduos e das comunidades. Estudos recentes analisaram o impacto no comportamento dos indivíduos pertencentes às redes sociais como a rede molda ou restringe o comportamento, como os indivíduos manipulam as redes para alcançarem seus objetivos. Barnes (1969) contou os números de laços observados numa rede formados por um indivíduo (ego network) e seus amigos e dividiu pela taxa de possíveis amigos (densidade da rede). Diferentes partes da rede de um indivíduo podem apresentar diferentes densidades. Um laço forte forma uma rede densa e laços fracos redes menos densas. Um ponto sem consenso é se a rede individual pode ser tratada como composta apenas por aqueles com que o indivíduo é relacionado diretamente ou se pode incluir os contatos dos seus contatos e/ou outros. Assim, divide-se a rede individual em: 1. Laços fortes e não ponte tratam das pessoas que não apenas se conhecem, mas que também têm poucos contatos não próximos ao indivíduo; 2. Laços fracos ponte não apenas os contatos do indivíduo não serão próximos uns aos outros, mas também eles serão próximos a terceiros não relacionados ao indivíduo. Contatos indiretos são, então, tipicamente alcançados por meio de laços neste setor; estes laços são importantes não apenas para a manipulação da rede pelo indivíduo, mas também são canais com que as ideias, influências ou informações socialmente distantes do indivíduo podem alcançá-lo. Quanto menos contatos indiretos um indivíduo tiver, menos ele estará munido de conhecimento do mundo além do seu ciclo de amizade (contatos indiretos, laços fracos trarão informações/oportunidades relevantes e diferentes ao indivíduo porque eles têm outros laços com distintos conhecimentos). É notável que as pessoas recebam informações cruciais dos indivíduos cuja existência elas tenham esquecido. Achados de pesquisa mostram que uma rede egocêntrica (de um indivíduo) é formada pelo próprio indivíduo, seus contatos e os contatos dos seus contatos. Do ponto de vista de um indivíduo, laços fracos são um importante recurso em tornar possível uma oportunidade de mobilidade (mudança de emprego, por exemplo). Assim, laços fracos desempenham um importante papel para afetar a coesão social. Quando um homem muda de emprego, ele não apenas move de uma rede de laços para outra, mas estabelece uma ligação entre elas. Informações e ideias, portanto, fluem mais facilmente entre elas, por meio de encontros e convenções. A manutenção de laços fracos pode ser também a mais importante consequência desses encontros.
4 4 Laços Fracos e Organização Comunitária Por que algumas comunidades se organizam, facilmente e efetivamente, em torno de objetivos comuns, enquanto outras parecem incapazes de mobilizar recursos, mesmo diante de terríveis ameaças? Variações na cultura e personalidade são comumente citadas para explicar essas anomalias. Sugiro um exame da rede de laços que envolvem uma comunidade para entender que aspectos de sua estrutura podem facilitar ou bloquear uma organização. Em comunidades completamente divididas em pequenos grupos, de modo que cada pessoa está amarrada a apenas os que fazem parte do seu grupo e nenhum de fora, a organização comunitária pode ser severamente iniba. Tem-se aqui uma questão sobre a confiança. A confiança de uma pessoa confiar em um líder depende fortemente da existência de contatos pessoais intermediários que assegurem a ela que o líder é confiável. A confiança nos líderes é integralmente relacionada à capacidade de prever e afetar seus comportamentos. Mas os líderes têm pouca motivação para responderem ou serem confiáveis com aqueles que eles não têm conexão direta ou indireta. Portanto, a fragmentação da rede, por meio da redução drástica do número de caminhos de qualquer líder para os seus potenciais seguidores, pode inibir a confiança nesses líderes. Um princípio interessante: quanto mais pontes locais (por pessoa?) em uma comunidade e maior o seu grau, mais coesa a comunidade e mais capaz de agir em sintonia. Estudo das origens e da natureza (força ou conteúdo, por exemplo) desses laços pontes pode oferecer ideias sobre a dinâmica social da comunidade. Modelos de Redes Micro e Macro Ao contrário da maioria dos modelos de redes interpessoais, o apresentado aqui não é feito para a aplicação em pequenos grupos ou grupos confinados a configurações institucionais ou organizacionais. Em vez disso, é idealizado para conectar níveis de pequena escala com grande escala. Por isso a ênfase é mais nos laços fracos do que nos fortes. Laços fracos têm uma maior probabilidade de ligar membros de diferentes pequenos grupos do que os laços fortes, que tendem a se concentrar dentro de grupos particulares. Os modelos têm que focar mais nas pessoas com quem se passa mais tempo (interage mais), do que nas que se gosta mais ou se prefere para fazer algo junto (não é questão de escolha ou preferências, mas de quem têm laços frequentes). Conclusões A maior implicação deste artigo é que experiências pessoais dos indivíduos estão intimamente ligadas a aspectos de larga escala da estrutura social, muito além do alcance ou controle de indivíduos particulares (interações em pequena escala se tornam padrões de larga escala).
5 5 Ligações entre os níveis micro e macro geram paradoxos: laços fracos são vistos como indispensáveis a oportunidades dos indivíduos e a sua integração nas comunidades; laços fortes levam a uma fragmentação geral. Como limitações do estudo, entende-se que tratar apenas da força dos laços ignora todas as importantes questões que envolvem seu conteúdo. Qual a relação entre a força e o grau de especialização dos laços, ou entre força e estrutura hierárquica? Como laços negativos podem ser manipulados? Qual a sequência de desenvolvimento da estrutura de rede ao longo do tempo? Demografia, estrutura de coalizão e mobilidade são apenas algumas variáveis que podem ser de especial importância no desenvolvimento de conexões micro e macro com a ajuda da análise de redes. Referência completa GRANOVETTER, M. S. (1973). The Strength of Weak Ties. American Journal of Sociology, V. 78, issue (may, 1973),
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