Agency Theory: An Assessment and Review. Teoria da Agência: Uma Avaliação e Revisão. (Eisenhardt, K. M., 1989)
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- Paula Ramires de Mendonça
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1 1 Agency Theory: An Assessment and Review Teoria da Agência: Uma Avaliação e Revisão (Eisenhardt, K. M., 1989) Resumo: revisão da Teoria da Agência, suas contribuições à teoria organizacional e trabalho empírico, apresentando proposições testáveis. Conclusões: a) a teoria oferece insights para sistemas de informação, incerteza nos resultados, incentivos e risco; b) perspectiva empírica válida, principalmente quando complementada por outras perspectivas. A principal recomendação é incorporar a perspectiva da agência nos estudos de muitos problemas de estruturas cooperativas. A teoria da agência proporciona uma perspectiva única, realista e testável empiricamente sobre os problemas de esforços de cooperação. Introdução A teoria da agência traz opiniões controversas. Uns dizem que ela é uma poderosa teoria das organizações (Jensen, 1983), enquanto outros argumentam que ela é trivial, desumanizadora e até perigosa (Perrow, 1986). Assim, o objetivo do artigo é descrever a Teoria da Agência e indicar maneira como os pesquisadores podem usar os seus insights. Quatro perguntas-chaves serão respondidas: 1) O que é Teoria da Agência?; 2) Como a Teoria da Agência contribui para a teoria organizacional?; c) A Teoria da Agência é empiricamente válida?; d) Que tópicos e contextos são frutíferos para os pesquisadores organizacionais? Origens da Teoria da Agência Emerge num contexto do compartilhamento de riscos numa relação de cooperação entre organizações, em que há diferenças de objetivos e uma parte (a principal) delega trabalho à outra (o agente). A Teoria da Agência descreve esse relacionamento usando a metáfora dos contratos (Jensen e Meckling, 1976). Teoria da Agência foca em resolver dois problemas: 1) Problema de agência a) quando há divergências entre os objetivos do principal e dos agentes; b) quando há dificuldade ou é custoso para a parte principal verificar o que o agente está de fato fazendo, se está se comportando de forma adequada; 2) Problema do compartilhamento de risco quando o principal e o agente tem diferentes atitudes perante o risco. A unidade de análise é o contrato que rege esta relação e o foco da teoria é determinar qual o mais eficiente para lidar com pessoas, organizações e informação. O contrato que orienta comportamentos (salários, hierarquias e etc.) é mais eficiente que o que orienta para resultados (comissões, transferência de direitos de propriedade, mercado e etc.)?
2 2 Teoria da Agência Desenvolvida em duas linhas: positivista e principal-agente. Foca na relação entre parte principal e agente, a unidade de análise é o contrato entre as partes e apresenta três assunções: pessoas, organizações e informação. Teoria Positivista da Agência Foca na identificação de situações em que as partes principais e o agente apresentam objetivos conflitantes e em descrever os mecanismos de governança que restringem o comportamento oportunista do agente, ou seja, resolver o problema de agência. Na abordagem positivista, aparecem duas proposições que se referem aos mecanismos de governança: Proposição 1: quando o contrato entre a parte principal e o agente é baseado em resultados, é mais provável que o agente se comporte de acordo com os interesses da parte principal. O argumento é que contratos por resultados inibem o oportunismo dos agentes, pois as recompensas para ambos dependem das mesmas ações e os conflitos por interesses individuais são reduzidos. Proposição 2: quando a parte principal tem informação para verificar o comportamento do agente, é mais provável que o agente se comporte de acordo com os interesses da parte principal. Sistemas de informação são fundamentais para inibir o oportunismo dos agentes, pois a parte principal tem conhecimento do que os agentes estão fazendo, e estes se sentem limitados a enganar a parte principal.
3 3 Pesquisa Principal-Agente Foco na relação entre principal e agente empregador e empregado, advogado e cliente, comprador e fornecedor, entre outros regido por uma forma contratual ótima (comportamento versus resultado, parte principal versus agente). A Teoria Positivista da Agência e a Principal-Agente são complementares, porquanto a primeira identifica várias alternativas contratuais e a segunda indica qual contrato é mais eficiente sob variados níveis de incerteza de resultados, riscos, informação e etc. Quando a parte principal sabe o que o agente faz, é melhor um contrato baseado no comportamento. Quando a parte principal não tem conhecimento, o melhor a se fazer é investir em sistemas de informação (relatorias, conselhos gestores e etc.), o que se refere à proposição 3, ou elaborar contratos baseados no comportamento do agente, gerando a proposição 4. Proposição 3: sistemas de informação estão positivamente relacionados aos contratos baseados no comportamento e negativamente aos contratos baseados em resultados. Proposição 4: incerteza de resultados é positivamente relacionada aos contratos baseados no comportamento e negativamente aos contratos baseados em resultados. O centro da teoria principal-agente está nas trocas entre a) custos de mensurar o comportamento e b) custos de mensurar resultados e transferir riscos ao agente. Proposição 5: o risco de aversão do agente está positivamente relacionado aos contratos baseados no comportamento e negativamente aos contratos baseados em resultados. Considerando que quando o agente se torna menos avesso ao risco, é melhor passar o risco para ele por meio de contratos de resultados. Proposição 6: o risco de aversão da parte principal está negativamente relacionado aos contratos baseados no comportamento e positivamente aos contratos baseados em resultados. Pois é melhor transferir o risco aos agentes. Sob outro prisma, quando não há conflitos nos objetivos entre a parte principal e o agente, entende-se que este irá se comportar independente de ser monitorado ou não conforme os interesses daquele. Desse modo: Proposição 7: o conflito de objetivos entre a parte principal e o agente está negativamente relacionado aos contratos baseados no comportamento e positivamente aos contratos baseados em resultados. Proposição 8: a previsibilidade 1 de tarefas está positivamente relacionado aos contratos baseados no comportamento e negativamente aos contratos baseados em resultados. Pois os comportamentos programados dos agentes podem ser mais facilmente observados e avaliados. Quanto mais programadas as tarefas, melhor os 1 Grau em que o comportamento adequado do agente pode ser previamente especificado.
4 4 contratos por comportamento porque a informação sobre o comportamento do agente está mais prontamente determinada. Quando se fala da mensurabilidade dos resultados (facilmente mensurados), contratos por resultados são mais atraentes. Proposição 9: a mensurabilidade do resultado está negativamente relacionado aos contratos baseados no comportamento e positivamente aos contratos baseados em resultados. Quando a parte principal e os agente estão em relações a longo prazo, é mais provável que a parte principal aprenda sobre o agente e possa avaliar mais rapidamente o seu comportamento. Assim: Proposição 10: a duração do relacionamento com o agente é positivamente relacionada aos contratos baseados no comportamento e negativamente aos contratos baseados em resultados. Teoria da agência e Literatura Organizacional (comparações e similaridades entre a teoria da agência e outras teorias) Nos trabalhos clássicos (teoria organizacional) de Barnard (1938), March e Simon (1958), o ponto-chave da Teoria da Agência se relaciona ao conflito de objetivos inerentes quando indivíduos com preferências distintas se engajam de forma cooperativa. Comparando com modelos políticos de organização, a agência também perseguem interesses pessoais no nível individual e conflitos no nível organizacional. Diferença: resolução de conflitos no modelo político se baseia em barganha, negociação e coalisões, enquanto na agência na junção de incentivos. Na comparação com a teoria contingencial, ambas se baseiam na informação, assumindo que indivíduos são limitadamente racionais e a informação é distribuída de forma assimétrica pela organização. A diferença reside no foco de cada uma: Contingencial preocupação com a estruturação ótima de relacionamentos e tomada de decisão. Agência estruturação ótima de mecanismos de controle de relacionamentos. Teoria dos custos de transação e Teoria da Agência dividem assunções de interesses oportunistas e racionalidade limitada. Focam também que hierarquias correspondem a contratos baseados em comportamentos e mercados contratos baseados em resultados. Diferença: Custos de Transação preocupação com as fronteiras organizacionais; Agência contratos entre partes cooperativas, em vez de fronteiras. Contribuições da Teoria da Agência Restabelece a importância de incentivos e interesses pessoais no pensamento organizacional (Perrow, 1986). A vida organizacional é baseada no interesse das partes envolvidas e tem que lidar com o oportunismo.
5 5 Duas contribuições principais: tratamento da informação (existe um custo para obter informação e ela pode ser adquirida). As organizações podem investir em sistemas de informação para controlar o oportunismo dos agentes. Implicações do risco pois o futuro é parcialmente controlado pelas organizações. Resultados da Perspectiva Positivista Resultados empíricos Esta perspectiva estabelece as bases (os problemas de agência existem e várias alternativas de contratos estão disponíveis). Tratam das divergências de interesses entre acionistas e gestores, dando exemplo da fusão de conglomerados que constituem interesses diferenciados entre esses públicos, pois acionistas já apresentam um portfólio definido, pensam em quais negócios investir e a fusão não seria algo desejado. Entretanto, gestores podem buscar essas fusões, pois amplia as suas possibilidades de atuação, diversificando seu próprio risco. Assim, fusões tem variações de comportamento se a organização for controlada pelos acionistas ou pelo gestor. Em suma, existem divergências entre acionistas e executivos de topo no que tange a variadas situações investimentos em aquisição, desinvestimentos e etc. por meio de formas contratuais diferentes baseadas em resultados ou por investimentos em sistemas de informação. Resultados da Perspectiva Principal-Agente Foca mais diretamente no contrato entre as duas partes e qual a opção mais eficiente numa dada situação. Assim, considera-se um conjunto de variáveis programabilidade da tarefa, sistemas de informação e incerteza de resultados para definir se o contrato é com base em resultados ou comportamento. Um exemplo dado por Eisenhardt (1985, 1988) trata da escolha entre comissão (contrato baseado em resultados) ou salário (resultado baseado em comportamento) para vendedores de uma loja de varejo. Em suma, defende-se a perspectiva de que as formas contratuais estão ligadas a: a) sistemas de informação; b) incerteza de resultados; c) medição de resultados; d) tempo; e) programabilidade das tarefas. Mais ainda, recomenda-se pesquisas usando métodos variados como questionários, fontes secundárias, experimentos laboratoriais e entrevistas. Recomendações para pesquisa na Teoria da Agência (cinco recomendações para usar a teoria da agência na pesquisa organizacional) a) Foco nos sistemas de informação, incerteza de resultados e risco: deve-se focar nessas três variáveis para avançar e propiciar novos conceitos no estudo de questões como inovação, integração vertical, compensação e alianças estratégicas. b) Chave para contextos teóricos relevantes: teoria da agência é mais relevante em situações em que problemas contratuais são difíceis.
6 6 c) Expandir para contextos mais ricos: teoria da agência deve ser aplicada a novas situações, como quando ocorrem assimetrias de informação em relações de cooperação, para entender melhor quando comportamentos oportunistas serão mais prováveis e quando serão eficazes. d) Usando múltiplas teorias: a teoria da agência apresenta uma visão parcial das organizações, mas ignora uma boa parte da complexidade organizacional. Assim, a combinação de outras teorias pode ser frutífera para entender a complexidade das organizações. e) Enxergar além da economia: a recomendação final é que os pesquisadores organizacionais olhem além da literatura econômica. Focando também em estudos empíricos. Conclusão Este artigo começa com duas posições extremas da teoria da agência uma argumentando que a Teoria da Agência é revolucionária e uma fundação poderosa (Jensen, 1983), e outra argumenta que a teoria não defende nenhum problema claramente, é restrita, não apresenta implicações testáveis e é perigosa (Perrow, 1986). Uma perspectiva mais válida reside no meio disso. A Teoria da Agência proporciona uma perspectiva única, realística e empiricamente testável sobre os problemas dos esforços cooperativos. O intento deste artigo foi o de clarear algumas confusões que cercam a Teoria da Agência, bem como o de conduzir os estudiosos organizacionais a usarem a Teoria da Agência em seus estudos que envolvem a relação principal-agente. Referência completa EISENHARDT, K. Agency theory: An assessment and review. Academy of Management Review. Vol. 14, N (pp ).
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