Experiências Aleatórias. Espaço de Resultados. Acontecimentos
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- Tânia Lobo Lagos
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1 Experiências Aleatórias. Espaço de Resultados. Acontecimentos Experiência Aleatória É uma experiência em que: não se sabe exactamente o resultado que se virá a observar; conhece-se o universo dos resultados possíveis. Espaço de Resultados Conjunto dos resultados possíveis de uma experiência aleatória. É usualmente representado por Ω ou S. 1
2 Experiências Aleatórias. Espaço de Resultados. Acontecimentos Acontecimento É uma colecção de resultados possíveis de uma experiência aleatória, ou seja, um subconjunto do espaço de resultados Ω. acontecimento impossível; Ω acontecimento certo. Acontecimento Elementar Subconjunto de Ω com apenas um elemento (conjunto singular). 2
3 Experiências Aleatórias. Espaço de Resultados. Acontecimentos Acontecimento Composto Subconjunto de Ω com mais de um elemento. Realização do Acontecimento A Diz-se que o acontecimento A se realizou se o resultado da experiência aleatória pertence a A. A Acontecimento Contrário de A É o acontecimento Ω A = Ω\A. 3
4 Experiências Aleatórias. Espaço de Resultados. Acontecimentos A B Intersecção de Dois Acontecimentos É o acontecimento que ocorre quando ocorrem simultaneamente ambos. A B União de Dois Acontecimentos É o acontecimento que ocorre quando pelo menos um deles ocorre. Acontecimentos Incompatíveis ou Mutuamente Exclusivos São acontecimentos que nunca ocorrem simultaneamente (A B = ). 4
5 Experiências Aleatórias. Espaço de Resultados. Acontecimentos Exemplo (2.1) Considere o lançamento de um dado cúbico com as faces numeradas de 1 a 6 e sejam os acontecimentos A sair face par e B sair face múltipla de 3. A = {2, 4, 6}; B = {3, 6}; A = {1, 3, 5} sair face ímpar ; A B = {6} sair face par múltipla de 3 ; A B = {2, 3, 4, 6} sair face par ou múltipla de 3 ; A B = {2, 4} sair face par que não seja múltipla de 3. 5
6 Experiências Aleatórias. Espaço de Resultados. Acontecimentos Exemplo (2.2) Considere o lançamento de dois dados cúbicos com as faces numeradas de 1 a 6. Os acontecimentos A, soma das faces é 7 e B, faces iguais, são acontecimentos incompatíveis, pois A = {(1, 6), (2, 5), (3, 4), (4, 3), (5, 2), (6, 1)}; B = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 4), (5, 5), (6, 6)}; A B =. 6
7 Álgebra de Acontecimentos É toda a subfamília A de P(Ω) (partes de Ω) que verifique os axiomas das álgebras de conjuntos, isto é: A1) Ω A; A2) Se A A, então A A; A3) Se A A e B A, então A B A. Espaço de Acontecimentos Ao par (Ω, A) chamamos espaço de acontecimentos. 7
8 Exercício (2.1) Considere o lançamento de um dado cúbico com as faces numeradas de 1 a 6. Verifique se (Ω, A) é um espaço de acontecimentos, onde A = {, {1, 2}, {4, 5, 6}, {3, 4, 5, 6}, {1, 2, 3, 4, 5, 6}}. 8
9 Se (Ω, A) é um espaço de acontecimentos, então: A; Se A A e B A, então A B A; Se A A e B A, então A B = A B A; Se A 1,..., A n A, então n i=1 A i A e n i=1 A i A. 9
10 σ-álgebra É toda a subfamília de P(Ω) que verifique os axiomas A1, A2 das álgebra de acontecimentos e, em alternativa a A3, o axioma A3*) Se A 1, A 2,... são elementos de A, então A i A. i=1 10
11 Medida de Probabilidade (Axiomática de Kolmogorov) É toda a função de conjunto P : A IR que verifique os axiomas: P1) P(A) 0, para todo o A A; P2) P(Ω) = 1; P3) Se A e B são acontecimentos incompatíveis, então P(A B) = P(A) + P(B). 11
12 Nota Se Ω é um conjunto infinito, exigimos em alternativa a P3 P3*) Se A 1, A 2,... são acontecimentos mutuamente exclusivos dois a dois, então ( P i=1 A i ) = P(A i ). i=1 Espaço de Probabilidade Ao terno (Ω, A, P) chamamos espaço de probabilidade. 12
13 Se (Ω, A, P) é um espaço de probabilidade, então: P( ) = 0; P(A) = 1 P(A), A A; P(A B) = P(A) P(A B), A, B A; Se A, B A e A B, então P(A) P(B); 0 P(A) 1, A A; P(A B) = P(A) + P(B) P(A B), A, B A. 13
14 Teorema (Regra da Adição) Sejam (Ω, A, P) um espaço de probabilidade e A 1, A 2,..., A n A. Então ( n ) n P A k = P(A k ) P(A k1 A k2 )+ k=1 k=1 k 1 <k 2 + ( n P(A k1 A k2 A k3 ) + ( 1) n+1 P A k ). k 1 <k 2 <k 3 k=1 14
15 Caso Particular Considerando três acontecimentos A, B e C, P(A B C) = P(A) + P(B) + P(C) P(A B) P(A C) P(B C) + P(A B C). 15
16 Corolário Se A 1, A 2,..., A n são mutuamente exclusivos dois a dois, então ( n P k=1 A k ) = n P(A k ). k=1 16
17 Regra de Laplace A probabilidade de um acontecimento A é dada por P(A) = número de casos favoráveis a A número de casos possíveis, desde que se admita a priori que os acontecimentos elementares são equiprováveis. A regra de Laplace obedece à axiomática de Kolmogorov. 17
18 Nota Quando o espaço de resultados é infinito, a exigência de equiprobabilidade imposta pela regra de Laplace pode ser ultrapassada considerando acontecimentos equiprováveis não elementares. Exercício (2.2) Qual a probabilidade de um ponto escolhido ao acaso no intervalo [0,1] pertencer ao intervalo [0.25,0.5]? 18
19 A Análise Combinatória fornece ferramentas adequadas para procedermos a contagens e dependerá da relevância ou não da ordem pela qual os elementos são considerados ou extraídos, e se há reposição ou não dos mesmos. Teorema Fundamental da Análise Combinatória Sejam X 1,..., X k conjuntos tais que #X 1 = n 1,..., #X k = n k. Então #(X 1 X k ) = n 1 n k. 19
20 Exercício (2.3) Considere o lançamento de três moedas (ou lançamento de uma moeda três vezes). Quantos casos possíveis há? 20
21 Arranjos com Repetição O número de sequências ordenadas com k elementos obtidas por extracções com repetição (ou reposição) de n elementos é n n = n k, sendo por vezes chamado arranjos com reposição (ou completos) de n elementos, k a k. 21
22 Exercício (2.4) Quantos números distintos com três algarismos podemos obter com os algarismos 1, 2, 3 e 4, admitindo que não os podemos repetir? 22
23 Arranjos sem Repetição O número de sequências ordenadas com k elementos obtidas por extracções sem repetição de n elementos é n (n 1) (n k + 1) denotado por n A k ou n P k, e denominado arranjos sem repetição (ou arranjos simples) de n elementos, k a k. 23
24 Exercício (2.5) Quantos subconjuntos de 3 elementos distintos podemos formar a partir de um conjunto com 4 elementos? 24
25 Combinações (sem Repetição) O número de subconjuntos de k elementos que podemos obter a partir de um conjunto com n elementos (n k), em que cada elemento do universo só pode configurar uma vez no subconjunto, é dado pelas combinações de n, k a k, isto é, por ( ) n n C k = k = n! k!(n k)! = n A k k!. 25
26 Combinações com Repetição O número de subconjuntos de k elementos que podemos obter a partir de um conjunto com n elementos admitindo que as tiragens são feitas com reposição é dado pelas combinações com repetição de n, k a k, ou seja, ( ) n + k 1. k 26
27 Exercício (2.5) De quantas maneiras podemos distribuir 3 bolas por 4 urnas? 27
28 Se uma experiência é realizada um número de vezes, sob idênticas condições, podem ocorrer resultados diferentes de cada vez ou alguns que se repetem. Esta frequência de ocorrência pode ser pensada como uma probabilidade. Probabilidade Frequencista P(A) = limite da frequência relativa com que se observa o acontecimento A. 28
29 À medida que se adquire alguma informação sobre um acontecimento, há quem prefira proceder a uma reavaliação da probabilidade considerada a priori para o mesmo. Probabilidade Subjectivista É uma medida de credibilidade que, numa primeira fase, pode ser baseada em convicções, palpites, experiências, etc. 29
30 Probabilidade Condicional. Independência Exercício (2.6) Considere o lançamento de um dado cúbico com as faces numeradas de 1 a 6. Seja A o acontecimento sair face 2. Então P(A) = 1 6. Suponha agora que o dado foi lançado e que se registou a saída de face par. Qual é a probabilidade de ter saído a face 2? 30
31 Probabilidade Condicional. Independência Probabilidade Condicional Sejam (Ω, A, P) um espaço de probabilidade e B um acontecimento tal que P(B) > 0. A probabilidade condicional de A dado B é P(A B) P(A B) =. P(B) O acontecimento B é chamado acontecimento condicionante, e passa a funcionar como novo espaço de resultados. 31
32 Probabilidade Condicional. Independência Da definição de probabilidade conjunta segue que P(A B) = P(B)P(A B) = P(A)P(B A). Teorema (Regra da Multiplicação) Sejam (Ω, A, P) um espaço de probabilidade e A 1, A 2,..., A n A. Então ( n P k=1 A k ) = P(A 1 ) P(A 2 A 1 ) P(A 3 A 1 A 2 ) P(A n A 1... A n 1 ). 32
33 Probabilidade Condicional. Independência Exercício (2.7) Procede-se à tiragem sucessiva de 3 peças de um lote que contém 30 peças das quais 10 são defeituosas. Qual a probabilidade de se obter a sequência DDN, onde D denota peça defeituosa e N peça não defeituosa? 33
34 Probabilidade Condicional. Independência Exercício (2.8) Considere novamente o lançamento de um dado cúbico. Sejam os acontecimentos A sair face 2 ou 3 e B sair face par. Qual a probabilidade de A e a probabilidade de A dado B? 34
35 Probabilidade Condicional. Independência Independência de Dois Acontecimentos Dois acontecimentos A e B dizem-se (mutuamente) independentes se, e só se, P(A B) = P(A)P(B). Nota Dois acontecimentos incompatíveis, ou mutuamente exclusivos, não podem ser independentes, excepto se um deles for impossível. 35
36 Probabilidade Condicional. Independência Exercício (2.9) Numa determinada cidade foi efectuado um levantamento de dados sobre certos acontecimentos. A probabilidade de ocorrência de cada um deles encontra-se registada no seguinte quadro: Cancro Sujeito Tem Não Tem Fumador Não Fumador Verifique se ser fumador e ter cancro são acontecimentos independentes nessa cidade. 36
37 Probabilidade Condicional. Independência Por exemplo, três acontecimentos A, B e C são independentes se, e só se, P(A B) = P(A)P(B); P(A C) = P(A)P(C); P(B C) = P(B)P(C); P(A B C) = P(A)P(B)P(C). Se os acontecimentos A 1, A 2,..., A n forem independentes, então P(A 1 A 2... A n ) = P(A 1 ) P(A 2 ) P(A n ). 37
38 Probabilidade Condicional. Independência Teorema da Probabilidade Total Sejam (Ω, A, P) um espaço de probabilidade, B um acontecimento e {A k } k K uma partição de Ω. Então P(B) = k K P(A k )P(B A k ). Nota A probabildade de B está a ser calculada como uma média ponderadada das probabilidades condicionais P(B A k ), onde k K P(A k) = 1. 38
39 Probabilidade Condicional. Independência Corolário Se A e B forem dois acontecimentos, então P(B) = P(A)P(B A) + P(A)P(B A). 39
40 Probabilidade Condicional. Independência Exemplo (2.2) Numa urna há 10 bolas brancas e 10 bolas pretas. Tira-se uma bola, observa-se a cor, e a bola é reposta na urna com mais 100 bolas da cor observada. Procede-se a uma segunda extracção de uma bola. Qual a probabilidade de sair bola branca? 40
41 Probabilidade Condicional. Independência Sejam os acontecimentos: A : B : sair bola branca na 1 a extracção sair bola branca na 2 a extracção Então P(B) = P(A)P(B A) + P(A)P(B A) = =
42 Probabilidade Condicional. Independência Exemplo (2.3) Considere-se o exemplo anterior. Suponhamos que a cor da bola da segunda extracção é branca. Qual a probabilidade da primeira bola extraída ter sido branca? 42
43 Probabilidade Condicional. Independência Pretende-se calcular P(A)P(B A) P(A B) = P(A)P(B A) + P(A)P(B A) = =
44 Probabilidade Condicional. Independência Teorema de Bayes Sejam (Ω, A, P) um espaço de probabilidade, B um acontecimento e {A k } k K uma partição de Ω. Então P(A j B) = P(A j)p(b A j ) P(A k )P(B A k ), j K. k K Nota O teorema de Bayes também é conhecido pelo teorema da probabilidade inversa, ou das probabilidades das causas. 44
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