INFORMAÇÃO SOBRE O MERCADO INTERNACIONAL DE CEREAIS E AÇÚCAR. Perspectivas 2010
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- Lucas Alcaide Festas
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1 Agência Nacional de Segurança Alimentar INFORMAÇÃO SOBRE O MERCADO INTERNACIONAL DE CEREAIS E AÇÚCAR Perspectivas 2010 Ano: 2010 Mês: Janeiro 1. Resumo Global As perspectivas para a produção mundial de cereais se mantiveram em baixa desde o mês de Outubro de 2009, acompanhando as estimativas para os EUA (principalmente milho) e Austrália (trigo e cevada). A estimativa para a campanha 2009/2010 situa-se nos Milhões de Toneladas (MT), uma redução de cerca de 34 MT em relação à safra 2008/2009. A previsão mundial para o consumo de cereais para 2010 é de MT, uma redução de 1 MT. O consumo industrial poderá aumentar em 8%, situando-se nos 257 MT. O consumo de cereais forrageiros também se estima em baixa. Os stocks globais estão estimados em 373 MT, aumentando cerca de 13 MT, relativamente ao final da campanha 2008/09. As trocas comerciais irão se manter em ritmo forte e a provisão para o comércio estimado para a campanha 2009/2010 é 228 MT, 19 MT abaixo do recorde do ano passado. Comparando com a temporada 2008/2009, alguns países da África e Ásia, após boas colheitas, irão importar menos. Com isso, os principais exportadores, como Estados Unidos, União Europeia e Ucrânia, irão fornecer menos grãos na campanha 2009/2010. Fonte:IGC 2. Factos Relevantes: As cotações do açúcar atingiram em 2009 o maior nível em 28 anos, aumentando cerca de 100%, nos últimos onze meses e devem continuar em níveis historicamente altos em Estimativas apontam para aumento da oferta mundial de trigo e soja em 2010; A Índia, segundo maior produtor mundial de arroz, pode se tornar importador pela primeira vez em 21 anos, em 2010.
2 3. Perspectivas do Mercado Internacional por produto 3.1.Trigo Principais produtores e exportadores Maiores produtores Maiores Exportadores Maiores Importadores China EUA Egipto Argentina Canadá Países de Oriente Médio França* União Europeia Países da África Alemanha* Argentina **Brasil *Maiores produtores de trigo da União Europeia. **Maior comprador do trigo da Argentina Produção, Consumo e stock I 2008/ /10 Nov. (estimativa) 2009/10 Dez. (previsão) Produção Consumo Stock Fonte: USDA (10/12/09)/ Quant.- Milhões de Toneladas A estimativa para a produção mundial foi elevada em quase 6 MT (Novembro para Dezembro 2010), ficando ainda abaixo do recorde do ano passado. Estima-se um aumento de 1.7 MT na produção da União Europeia em 2010, devido a melhor colheita do que do previsto em Itália. O consumo mundial de trigo sofre um recuo em 2010, devido a utilização da cevada e outros cereais na produção de biocombustíveis, em especial pelos países da União Europeia. Entretanto, países asiáticos ainda importam grandes quantidades de trigo alimentar. O stock mundial do trigo em 2010 será o maior verificado desde Com menor consumo doméstico e exportação, o stock dos EUA estão prestes a chegar 24 MT. As estimativas apontam para um aumento da oferta mundial de trigo em 2010, devido ao crescimento da produção que compensou a redução do stock verificado no início da campanha. A previsão do comércio mundial de trigo para a temporada 2009/2010 foi elevada em 2 MT (Nov MT e Dez TM), ficando ainda 18 MT abaixo do ano passado 136 MT. O aumento do comércio se justifica pelas compras contínuas de trigo, particularmente pelos países asiáticos. O aumento do comércio mundial em 2010 e abundância de trigo a preços baixos no Mar Negro, poderia limitar as vendas dos exportadores tradicionais, como os Estados Unidos, Canadá e UE-27. Por outro lado,
3 países como, Canadá, Kazaquistão, Ucrânia e Austrália devem aumentar as suas exportações. O preço médio mundial do trigo estão a indicar tendência de baixa em 2010, de US$ 5.05 por bushel (o que corresponde a US$ 185,6 a tonelada), contra os US$ 6.78 por bushel (o que corresponde a US$ 249,2 a tonelada) da temporada 2008/2009. O total das áreas para plantação de trigo está estimado em 222 milhões de hectares (15 milhões menos do que em 2009, porém 2% acima da média dos últimos cinco anos). Fontes: IGC, USDA, John Deere Brasil,CONFAGRI 3.2.Milho Principais produtores e exportadores Maiores produtores Maiores Exportadores Maiores Importadores EUA EUA Japão Argentina Argentina Correia do Sul China China Uruguay Brasil Brasil *Ao contrário dos EUA e Argentina, Brasil é um dos poucos produtores que não planta milho BT (milho geneticamente modificado, resistente ao ataque de lagartos) Produção, Consumo e stock I 2008/ /10 Nov. (estimativa) 2009/10 Dez. (previsão) Produção Consumo Stock Fonte: USDA (10/12/09) Quant.- Milhões de Toneladas Estima-se um aumento de apenas 0.6% na produção mundial de milho em 2010 (Nov MT e Dez ), devido a redução de produção dos EUA, da União Europeia e do Brasil. EUA tiveram uma colheita lenta e na Argentina, os agricultores deram prioridade à plantação de soja. Entretanto na África do Sul as condições são favoráveis para produção. A previsão do consumo mundial de milho em 2010 se situa em, MT, cerca de 28 MT acima do ano passado. Quase 60% do consumo mundial do milho se destina à alimentação animal, 202 MT à indústria e 90 MT à alimentação humana. A projecção do stock mundial do milho para 2010 se situa em MT, abaixo do ano passado. A redução do stock deve-se à redução da produção por parte dos maiores produtores e do aumento da produção de soja.
4 A previsão do comércio de milho para 2010 é de 84 MT, 1 MT acima do ano passado. Estima-se uma redução de 2.7% nas exportações dos Estados Unidos, por causa da forte concorrência, inclusive de trigo para ração do Mar Negro. Para a temporada 2009/2010, o preço médio mundial do milho está projectado entre US$ 3.25 e US$ 3.85 (o que corresponde a US$ 128 e US$ a tonelada), muito abaixo da última estimativa de US$ 4.06 (o que corresponde a US$ 159.8) em 2008/2009. Fontes: IGC/USDA 3.3. ARROZ Principais produtores de arroz Maiores produtores Maiores Exportadores Maiores Importadores *China Tailândia Filipinas *Índia Vietname Canadá EUA Índia México Filipinas EUA Brasil *Indonésia Argentina *Todo o arroz produzido é praticamente consumido no mercado interno Produção, Consumo e stock I 2008/ /10 Nov. (estimativa) 2009/10 Dez. (previsão) Produção Consumo Stock Fonte: USDA (10/12/09) Quant.- Milhões de Toneladas A previsão indica um recuo, em 2010, de 2,71% na produção mundial do Arroz, em relação as MT na safra 2008/2009. A queda na produção de arroz está relacionada com factores climáticos que prejudicaram as colheitas nos EUA (Clima húmido), Índia (Fenómeno El Niño) e Filipinas (Ciclones e Inundações). Também na região do Mercosul (Mercado Comum do Sul), que abarca Argentina, Brasil, Uruguay e Paraguai, a seca inviabilizou a plantação de arroz. O consumo mundial está estimado em 435,950 MT no ciclo 2009/2010, 0,3% acima do registrado em 2008/2009, de 434,745 milhões de toneladas. O stock mundial de arroz em 2010 (89,460 MT) é 2.30% abaixo da safra passada (2008/2009), de 91,557 MT. A Índia, que é o segundo maior produtor de arroz do mundo, pode se tornar um importador pela primeira vez em 21 anos, em Depois de ver as suas colheitas reduzidas devido ao fenómeno El niño, a Índia poderá importar até 3 MT de arroz, até o final de 2010 e as Filipinas, que também
5 tiveram as suas colheitas prejudicadas pelos ciclones e inundações, deve importar 2 MT de arroz. Com o aumento global da demanda, especialmente pelos países importadores, como as Filipinas; diminuição dos stocks finais, devido aos problemas de produção e factores climáticos (secas e tufões) ameaçando minar a safra de 2010, os preços do arroz estão a indicar tendência de alta. Os preços mundiais do arroz beneficiado podem subir para uma faixa entre US$ 600 e US$ 800 a tonelada em Entretanto, os volumes de exportação disponíveis na Tailândia, Vietname, Birmânia e Camboja devem acalmar um pouco as tensões no mercado mundial de arroz em Por isso, as condições que originaram a crise de 2008 ainda não se encontram reunidas para o ano Fontes: USDA, John Deere Brasil, Vetagro (Consultoria Agrónomo) 3.4. SOJA Principais exportadores de soja Maiores produtores Maiores Exportadores Maiores Importadores EUA Brasil China Brasil EUA EU Argentina Argentina Japão Produção, Consumo e stock A oferta e demanda mundial de soja estarão mais folgadas no ciclo 2009/2010. As projecções apontam para um aumento da oferta mundial de soja em 2010, com a volta da contribuição da produção Argentina e da safra recorde dos EUA. A Argentina deve colher, em 2010, uma safra de 52,5 milhões de toneladas, 64% maior do que a apurada na última campanha (2008/2009), quando as lavouras foram castigadas por uma das piores estiagens em décadas. Com uma safra recorde, estimada em 88,45 milhões de toneladas, os EUA devem exportar 35,52 milhões de toneladas na nova safra 2009/2010, o que corresponde a 45,6% das exportações totais O Brasil deve perder a participação no mercado mundial de soja em A sua fatia de mercado deve cair dos quase 39%, da última temporada (2008/2009), para pouco mais de 30% em O cenário deve-se principalmente à perspectiva de recuperação da produção na Argentina após um ano de forte queda.
6 I Ano 2009 (milhões de tons) 2010 (milhões de tons) (perspectiva) Produção Consumo Stock 42, Fonte: John Deere Brasil (Quant.- Milhões de Toneladas) Perspectiva-se um aumento de 16.8% na produção mundial de soja em 2010, relativamente à safra 2008/2009 ( MT). O consumo global em 2010 estimado em MT, é bem abaixo da produção projectada para 2010 e 5.4% superior ao registrado na campanha 2008/2009 (219.80). O Stock mundial de soja projectado para 2010 é 30,3% acima da safra passada (2008/2009), de 42,05 MT. A relação entre stocks finais mundiais de soja e a demanda mundial em 2009/2010 subiu para 23,7%, bem acima dos 19,1% registrados para a safra passada (2008/2009). O comércio mundial de soja deverá alcançar 76,14 MT na campanha 2009/2010, sendo que a China será responsável por 39,5 MT desse total. Os preços futuros de soja para 2010 estão a indicar uma tendência de baixa na Bolsa de Chicago, devendo oscilar numa faixa entre US$ 8,50 e US$ 9,50 por bushel (o que corresponde a US$ e US$ a tonelada). Fonte: John Deere Brasil 3.5. AÇUCAR Os maiores produtores mundiais: Brasil, Índia, Tailândia e China representam 50% da produção mundial e 59% das exportações mundiais. (Produção, Consumo e Stock) 2009/10 Maio (estimativa) 2009/10 Nov. (Previsão) Produção 146, Consumo Stock Fonte: USDA ( ) Quant.- Milhões de Toneladas Com excepção da previsão das exportações, 51.2 MT, (inalterado com a previsão do mês de Maio), as previsões da USDA sobre o açúcar em Novembro de 2009, para a campanha 2009/2010 são abaixo das previsões do mês de Maio: produção 6.4 MT, consumo 5,3 MT e stocks finais 5,2 MT.
7 A queda na produção mundial é consequência da redução da produção dos dois maiores produtores de açúcar (Brasil e Índia). O Brasil responde por 23% da produção mundial e a Ásia representa 35%. A Produção na Ásia está em baixo cerca de 4,3 MT e o Brasil cerca de 1 MT, aumentando o deficit entre a produção e o consumo e uma redução aproximada de 30% nos stocks mundiais, devido ao deficit na produção indiana. A relação próxima entre o consumo e a produção mundial de açúcar apresentada em 2009, devido a quebra na safra indiana, influenciará nos preços em 2010, uma vez que a curva dos preços dos contratos futuros já incorporam uma demora na recuperação da oferta internacional. Os preços mundiais do açúcar conheceram um forte incremento durante 2009, causados principalmente pela redução da produção do Brasil e da Índia, da forte demanda da Índia para abastecer o mercado interno para compensar a fraca produção, conjugados pela forte valorização do real face ao dólar americano. As cotações atingiram o maior nível em 28 anos. Segundo dados da USDA, nos últimos onze meses, o preço do açúcar bruto aumentou cerca de 100% e o real valorizou-se cerca de 34% face ao USD. Os preços mundiais do açúcar devem continuar sustentados em níveis historicamente altos em 2010 já que a Índia terá dificuldade em recuperar a produção doméstica. A Índia deve importar entre 6 a 8 MT de açúcar até o final de Fontes: USDA, John Deere Brasil Preços médios do Açúcar nos últimos 5 anos (Perspectiva) Mar. Mai. Ago. Out. Dez. 279,5 421,3 307,0 349,7 470,1 706,5 706,5 595,5 595,5 559,0 Fonte: Sugaronline (FOB USD/Ton) 4. Comentários finais O aumento do preço médio do açúcar no mercado internacional durante o ano 2009 e as perspectivas da sustentabilidade do mesmo em níveis altos em 2010, já tiveram impacto no mercado interno. O preço médio da commodity aumentou significativamente a nível nacional: Praia 53$09/Kg (Jul.), 69$05/Kg (Dez.) e 77$86 (7/01/10); nas restantes ilhas: 66$00/kg (Jul.) e 70$01 (Dez.). As variações dos preços médios do arroz em 2009 oscilaram em alta, tendo aumentado significativamente no último trimestre (Arroz de Tailândia - 15,7%; Vietname 31,9% e US 2 6,4%). As previsões indicam para tendência de alta dos preços médios em Segundo alguns especialistas o mercado internacional de arroz não será muito diferente do ano passado, quando os preços de algumas qualidades de arroz alcançaram os cerca de USD/ton. Há quem vai mais longe na análise, prevendo que o preço médio do arroz pode duplicar para os mais de USD/ton à medida que o El Niño
8 diminui a produção [na Índia] e as Filipinas [devido aos ciclones e às inundações] e a Índia aumentarem as suas importações. Face a situação actual e as perspectivas do mercado internacional do arroz, justifica precaver o aumento nos preços médios do grão no mercado interno.
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