IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E CONTRIBUIÇÕES DOS PAIS PARA AUXILIAR OS FILHOS NA ESCOLA: OPINIÃO DOS PROFESSORES
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- Glória Cavalheiro Pedroso
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1 IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E CONTRIBUIÇÕES DOS PAIS PARA AUXILIAR OS FILHOS NA ESCOLA: OPINIÃO DOS PROFESSORES ANA ELISA MILLAN¹ 1 ; LAURA BORGES²; FABIANA CIA³. Departamento de Psicologia, Licenciatura em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, São Carlos, São Paulo. Agência financiadora: CNPq, PIBIC/CNPq. INTRODUÇÃO A família é considerada a primeira agência educacional da criança e é responsável pela forma como o sujeito se relaciona com o mundo. A responsabilidade social da família tem como objetivo orientar o desenvolvimento e a aquisição de comportamentos considerados adequados, de valores morais compatíveis com os padrões sociais onde vivem (OLIVEIRA; MARINHO-ARAUJO, 2010). É na família que ocorre a estruturação emocional de cada um dos seus membros, de forma que eles reproduzam uma ideologia, um conjunto de valores e comportamentos que são reproduzidos na sociedade. A maneira como se vive caracteriza o modo que se educa, ou seja, se na família há a aceitação do outro, o outro irá aceitar-se e aceitar e respeitar os outros também (MARQUEZAN, 2006). A família é a instituição responsável pelo processo de socialização, e este processo se dá por meio das relações interpessoais entre os agentes transmissores, que são os pais e os agentes receptores - os filhos. A instituição familiar é considerada também uma instituição educadora, pois tem o objetivo de transmitir aos filhos saberes, conhecimentos, ideologias e hábitos, além de que os filhos também são avaliados sobre a assimilação dos saberes transmitidos (SZYMANZKI, 2011). A família tem um importante papel na proteção e desenvolvimento da criança, não somente no funcionamento biológico, mas também na transmissão de valores, tradições e significados culturais; essa transmissão se dá pela linguagem, símbolos e comportamentos familiares. Um ambiente considerado apropriado para o desenvolvimento da criança está baseado na qualidade das relações estabelecidas entre os membros da família (DESSEN; BRAZ, 2005). Para além da importância da família para o desenvolvimento infantil, deve-se considerar as diferentes estruturas familiares. A família atualmente não pode ser vista somente como um 1 Licenciatura em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. São Carlos, São Paulo, CEP: , Brasil, ana.elisa.millan@hotmail.com ² Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. São Carlos, São Paulo, CEP: , Brasil laura_borges01@hotmail.com ³ Professora Adjunta do curso de Licenciatura em Educação Especial e do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. São Carlos, São Paulo, CEP: , Brasil, fabianacia@hotmail.com 2222
2 sistema nuclear tradicional, pois houve um aumento na variedade de estruturas familiares, como famílias de pais solteiros, famílias reconstituídas e a incorporação de novos membros. No entanto, a família ainda é considerada uma instituição universal, responsável pela sobrevivência humana em qualquer sociedade. Além disso, o modo de se relacionar, que é peculiar a cada família, exerce influência direta sobre o desenvolvimento dos seus membros, principalmente as crianças (DESSEN; CERQUEIRA-SILVA, 2008). Quando se refere à família como local de desenvolvimento, tem-se que considerar que cada família possui uma concepção diferente de infância, e que cada uma irá fornecer diferentes ambientes e oportunidades de desenvolvimento. É importante salientar que quando se olha a família como local de desenvolvimento, é preciso considerar as relações que esta possui com as demais agências sociais, e que estas agências também influenciam no desenvolvimento da criança. Ou seja, o modo como às famílias agem com seus filhos é influenciado pelo ambiente social mais amplo, que também interferem no desenvolvimento da criança (SZYMANZKI, 2011). Quando há na família uma criança com deficiência, a sua importância desse ambiente é maximizada, pois um de seus membros apresenta maiores desafios na trajetória de desenvolvimento que precisam ser superados. As famílias de crianças com deficiência devem propiciar um ambiente facilitador para o envolvimento da criança em atividades sociais e escolares. Se a família atende às necessidades da criança, ela pode se tornar um ambiente saudável e facilitador (DESSEN; CERQUEIRA-SILVA, 2008). Assim, é essencial que a família reconheça a influência que exerce sobre o indivíduo, principalmente no contexto social, incluindo o mundo escolar do filho. E os educadores também devem se preocupar em criar formas, por meio de parcerias, para promover o desenvolvimento familiar, no sentido de torná-la um agente ativo no processo de inclusão dos alunos público alvo da educação especial (LOPES; MARQUEZAN, 2000). Ao analisar a família de maneira sistêmica deve-se considerar que o interior do sistema familiar pode estabelecer subsistemas, como o conjugal, fraternal e parental. Além disso, o conceito de família como espaço emocional, onde se encontra nossas raízes de identidade é superado e a família passa a ser definida como um sistema aberto, em que seus elementos são indivíduos e as relações se dão na interação. Cada indivíduo possui determinados atributos e papéis, e as regras que regem o sistema são definidas por meio das interações entre seus membros. No entanto, a família como um sistema aberto possibilita que seus membros participem de outros sistemas externos, exercendo influencia no sistema familiar. Ou seja, os sistemas abertos estão sempre em troca com sistemas exteriores, e deles recebem informações que podem determinar mudanças e transformações no sistema familiar (SOUSA, 1998). Assim, o sistema familiar está constantemente recebendo influências do meio externo e vai responder por meio da sua própria organização, história, mitos, regras de funcionamento e contexto cultural. Desse modo, o sistema familiar está em um ajustamento constante (SOUSA, 1998). A família exerce influencias sobre os filhos por meio dos objetivos que os pais priorizam na educação, as estratégias pedagógicas e pela forma como lidam com essas tarefas e com outros agentes educativos. De fato, segundo Sousa (1998), os alunos cujos pais possuem uma imagem positiva da escola têm expectativas boas em relação à escola e se sentem seguros nesse ambiente; já alunos cujos pais possuem uma imagem negativa da escola, apresentam 2223
3 sentimentos de estranheza e rejeição, pois a criança tende a aprender e assimilar o que lhe é transferido por pessoas próximas. As crianças são muito beneficiadas quando há entre o ambiente escolar e a família uma relação positiva, de parceria e colaboração, principalmente na promoção do seu desenvolvimento e aproveitamento escolar. Quando os pais se interessam pela escolaridade dos filhos, estes se sentem motivados e confiantes em relação às atividades escolares Sendo assim, as vantagens do envolvimento dos pais e da escola são amplas, pois, além dos benefícios já citados, para os pais, a participação pode promover ganhos na autoestima, ampliação da rede social quando têm contato com outros pais em situação semelhante, proporcionando trocas de experiências e apoio, aumento de informação e acesso a materiais de apoio. Aos professores também há ganhos, pois podem receber o apoio dos pais e receberem sugestões. A escola enquanto instituição, pode atingir padrões educativos de melhor qualidade, e a comunidade com um todo pode desenvolver valores de igualdade evitando a segregação (SOUSA, 1998). A participação dos pais na educação dos filhos tem sido apontada como o problema e a solução para elevar o aproveitamento acadêmico, em especial, dos grupos em desvantagem social. Além disso, vem sendo apontada como uma solução para várias necessidades, cabendo aos pais um papel específico no desenvolvimento acadêmico, social e emocional dos filhos. Contudo, essa parceria não deveria acontecer somente na educação infantil, mas também nos demais níveis do ensino, como por exemplo, na educação de adolescentes, agindo como estratégias de prevenção de indisciplina e delinquência (CARVALHO, 2000). Não processo de inclusão do aluno PAEE, com o auxílio de profissionais e da família, o aluno pode adquirir uma maior competência profissional e pessoal, contudo, é preciso que a família tenha consciência de que faz parte de um contexto social, e que assim, influencia a criança PAEE, preparando-a para a comunidade escolar. O mesmo ocorre com a escola, cujos educadores precisam ser conscientizados de que não devem apenas saber trabalhar com o aluno, mas também promover o desenvolvimento familiar, para que a família seja um participante ativo no processo de inclusão da criança em comum. Desta forma, é importante que familiares de pessoas com deficiência sejam conscientes, mobilizados e dispostos a apoiar, trabalhar em conjunto e participar juntamente com a escola da construção da individualidade e independência dos filhos PAEE (LOPES; MARQUEZAN, 2000). Assim, esta pesquisa tem por objetivos analisar a opinião dos professores sobre: (a) importância da família para o desenvolvimento infantil; (b) comportamentos dos pais que contribuem para o desenvolvimento dos filhos e (c) comportamentos parentais que auxiliam os filhos na escola. METODOLOGIA Participantes Participaram do estudo 34 professores de crianças pré-escolares, que lecionavam ou já lecionaram para crianças público alvo da educação (PAEE) (foi considerado crianças público alvo da educação especial as que possuíam deficiência intelectual, deficiência física, deficiência sensorial, transtorno global do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação), 2224
4 na rede municipal de ensino. A média de idade dos professores era de 31 anos e a maioria possuía especialização. Aspectos éticos O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFSCar (CAAE: ). Os professores receberam juntamente com os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para sua participação, informações acerca dos objetivos da pesquisa. Local de coleta de dados A pesquisa foi realizada nas dependências de uma universidade pública, localizada no interior do estado de São Paulo. A coleta de dados ocorreu durante um curso de formação para professores. Medidas avaliativas dos professores Dados de identificação. Trata-se de um questionário que aborda os dados de identificação e de formação do professor, assim como se lecionou ou lecionava para crianças com PAEE. Roteiro de entrevista do grupo focal. Trata-se de um roteiro composto por três questões, sendo elas: Qual a importância da família para o desenvolvimento infantil? ; Quais os comportamentos dos pais que contribuem com o desenvolvimento dos filhos? ; O que os pais podem fazem para auxiliar os filhos na escola?. Todas as questões foram respondidas com base na criança pré-escolar incluída. Para elaboração do roteiro participaram três juízes. Procedimento de coleta de dados Inicialmente, entrou-se em contato com a Secretaria de Educação do Município para explicar os objetivos da pesquisa. Após o consentimento da secretaria, foi realizado um contato com os diretores das pré-escolas, a fim de explicar os objetivos da pesquisa. Essa pesquisa foi realizada no decorrer de um curso de formação de professores, que abordou a temática da relação família e escola no contexto da inclusão. Para investigar a opinião dos professores sobre a importância da família para o desenvolvimento infantil, sobre os comportamentos dos pais que contribuem com o desenvolvimento dos filhos e ações dos pais que auxiliam os filhos na escola foi realizado o grupo focal durante um dos encontros, anteriormente à exposição da literatura sobre o tema. Quanto à composição dos grupos focais, os professores eram divididos em grupos, com seis ou sete professores por grupo. Essa quantidade permite que os participantes exponham suas ideias e que possam discutir os temas com profundidade (GATTI, 2005). Todas as discussões realizadas nos grupos foram gravadas e relatadas em um diário de campo. Além dos professores que compuseram cada grupo focal, participaram de cada grupo um mediador e um relator. Cabia ao mediador apresentar a equipe, a proposta do trabalho e apresentar as questões chaves. O mesmo apresentava cada questão, após ter encerrado a discussão anterior e intervinha se acaso a discussão focasse em outro tema, para permitir que os participantes expusessem a sua opinião e para controlar o tempo (NETO; MOREIRA; SUCENA, 2002). Quanto ao papel do relator, o mesmo anotava em um diário de campo, as principais informações obtidas na discussão. 2225
5 Procedimento de análise de dados A análise dos dados obtidos por meio dos grupos focais foi feita a partir de operações de desmembramento em unidades de conteúdo e categorização das unidades (SAMPIERI et al., 2006). Para obtenção dos relatos dos professores, as gravações foram transcritas e também foram utilizados os dados provenientes dos diários de campo. Participaram da análise dos dados dois juízes. RESULTADOS Importância da família para o desenvolvimento infantil Quanto à importância da família para o desenvolvimento infantil, tem-se a emergência de duas categorias: (a) maximizar o desenvolvimento e (b) transmitir valores e modelo para os filhos. Maximizar o desenvolvimento: a) Estimular a criança; b) Proporcionar apoio para os filhos; c) Prover as necessidades físicas, sociais e cognitivas da criança; d) Ser responsável pelo desenvolvimento de todas as áreas. Transmitir valores e modelo para os filhos: e) Influenciar no comportamento da criança; f) Influenciar na formação do caráter, personalidade e do futuro; g) Oferecer modelos para os filhos; h) Transmitir valores. Comportamentos dos pais que contribuem para o desenvolvimento dos filhos Em relação aos comportamentos dos pais que contribuem para o desenvolvimento dos filhos, têm-se como categorias maiores: (a) realizar atividades com o filho e (b) oferecer modelo ao filho e ter práticas parentais positivas. Realizar atividades com o filho a) Acompanhar as atividades escolares do filho; b) Conversar com o filho; c) Dar carinho ao filho; d) Demonstrar interesse pelos comportamentos do filho na escola; e) Estimular o filho; Oferecer modelo ao filho e ter práticas parentais positivas f) Estabelecer regras e normas de comportamento ao filho; g) Oferecer modelos de comportamentos adequados ao filho; h) Monitorar o filho; i) Não conceber a creche/pré-escola só como cuidado; 2226
6 j) Ter consenso sobre a educação do filho. Comportamentos parentais que auxiliam os filhos na escola Dentre os comportamentos parentais que auxiliam os filhos na escola, tem-se como categorias maiores: (a) realizar atividades no contexto escolar e (b) realizar atividades no contexto familiar. Realizar atividades no contexto escolar: a) Participar das atividades escolares; b) Participar da reunião de pais; c) Mostrar interesse pelas coisas que o filho faz na escola; d) Saber qual a função da escola; e) Ser membros do conselho escolar; f) Ter parceria com a escola; g) Ter comprometimento com a escola; h) Trabalhar em projetos; i) Valorizar a escola e o professor. Ter práticas parentais positivas: j) Concordar com as regras da escola; k) Descobrir em casa as dificuldades do filho; l) Estar presentes na vida dos filhos; m) Impor limites ao filho; n) Não aceitar o mau comportamento do filho na escola. DISCUSSÃO No que se refere à importância da família para o desenvolvimento infantil, pelas falas dos professores, nota-se a importância que os mesmos dão as famílias. De fato, a família é um ambiente de extrema importância para o desenvolvimento infantil. É nela que a criança tem os primeiros contatos visuais, verbais, sociais, interacionais, emocionais, etc. As influências advindas do meio familiar são diversificadas, tanto no âmbito organizacional, quanto social, cultural, moral, econômico e de valores, fazendo com que cada criança chegue à escola com características diferentes, aumentando a heterogeneidade na sala de aula. Como modelo que oferecem aos filhos, os pais devem emitir práticas positivas, pois ao serem presenciadas pela criança, serão reproduzidas em outros ambientes e influenciarão em suas atitudes (GOMIDE, 2004). Outro aspecto a ser salientado é que os professores apontaram que a família é modelo para o comportamento infantil. De fato, os pais ou responsáveis são os adultos com quem a criança normalmente passa a maior parte do tempo e a aprendizagem infantil ocorre principalmente por modelo (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2005). Por parte da escola, deve haver respeito às diversidades da família e da criança, aceitando-as e considerando-as no processo educacional. Quanto aos comportamentos dos pais que contribuiriam para o desenvolvimento do filho destacam-se os aspectos emocionais. De fato, pais que oferecem carinho e atenção ao filho, 2227
7 tendem a ter filhos com menos problemas de comportamento e melhor desenvolvimento socioemocional (CIA; BARHAM, 2009). Além disso, pode-se destacar na fala dos professores a participação dos pais nas atividades escolares dos filhos. Pais que se envolvem mais nas tarefas de casa do filho, que perguntam ao filho o que ocorreu na escola e que participa da rotina escolar, tendem a ter filhos com melhor desempenho acadêmico (FLOURI, 2005). A questão de estabelecer regras ao filho também foi um aspecto salientado pelos professores como facilitador do desenvolvimento infantil. Os filhos que crescem em um ambiente onde as regras são claras, consistentes, tendem a serem mais seguros e autoconfiantes, além de apresentarem menos problemas de comportamento (GOMIDE, 2004). Aspecto também salientado pelos professores foi o modelo que os pais oferecem aos filhos. De fato, Del Prette e Del Prette (2005) destacam três conjuntos mais gerais de aprendizagem dos comportamentos entre pais e filhos: (a) as orientações, instruções e exortações para estabelecer regras; (b) o uso de recompensas e punições como estratégias de manejo das consequências; e (c) a apresentação de modelos como facilitadores da aprendizagem de novos comportamentos. Outra questão abordada pelos professores foi pais e mães terem um consenso na educação dos filhos. As crianças rapidamente aprendem a quem pedir algo, se os pais não entram em um consenso de como educar os filhos e do que é certo e errado, e podem começar a apresentar problemas de comportamento (GOMIDE, 2004). Além disso, pode gerar conflitos entre o casal por conta dessa discordância. Para auxiliar os filhos na escola, os professore apontaram que a participação dos pais na escola, o interesse pelas atividades escolares do filho, o comprometimento e a parceria com a escola como comportamentos importantes dos pais. Sousa (1998) e Stanley e Wyness (2005) apontam que quando os pais possuem expectativas boas em relação à escola, os filhos se sentem mais seguros e confiantes no contexto escolar. Já quando os pais possuem uma imagem negativa da escola, os filhos também apresentam sentimentos de rejeição em relação à escola; isso se justifica pelo fato de que a criança aprende com as pessoas próximas. A escola e a família possuem interesses convergentes, e estão envolvidas na educação de uma mesma criança, assim, a parceria e as práticas entre essas duas instituições devem ser congruentes para que a criança se beneficie. Outra questão indicada pelos professores foram que as práticas parentais positivas dos pais também influenciam seus filhos na escola. De fato, pais que estabelecem regras e limites claros e com consistência tendem a ter filhos que reproduzem o bom comportamento em outros ambientes, para além do familiar (GOMIDE, 2004). Salienta-se a importância que os professores deram ao fato de os pais não aceitarem os maus comportamentos dos filhos na escola. É difícil pais e professores entrarem em um consenso do que são bons e maus comportamentos, mas se ambos concordarem, a probabilidade de a criança emitir bons comportamentos, porque nos ambientes principais onde ela convive, receberá as mesmas consequências. Assim, é importante que os ambientes que a criança frequenta estejam em consonância e harmonia, para que não haja contradições e oposições entre as influências recebidas por cada ambiente, e as práticas que cada um realiza. O diálogo é a melhor forma para que o ambiente 2228
8 familiar e o ambiente escolar estabeleçam essa relação de troca de informações e reflitam juntos sobre as práticas educativas em cada ambiente. CONCLUSÕES A partir dos resultados, verifica-se que sobre a importância da família para o desenvolvimento infantil, os professores apontaram que a família é importante para prover as necessidades físicas, cognitivas, sociais e afetivas da criança, assim maximizar o desenvolvimento do filho, estimulando o desenvolvimento global do filho. Além disso, os professores indicaram que a família também é responsável pela formação do caráter e personalidade do filho, estimular o desenvolvimento geral da criança, transmitir valores culturais e ser modelo para os filhos. Em relação aos comportamentos dos pais que auxiliavam o desenvolvimento dos filhos, os professores citaram como comportamentos importantes os pais estimularem a criança, serem interessados sobre a vida acadêmica do filho, demonstrarem carinho com o filho e estabelecerem regras, realizar atividades e oferecer modelo ao filho e ter práticas parentais positivas. Em relação aos comportamentos parentais que auxiliavam o filho na escola, os professores citaram como importante a participação dos pais nas atividades escolares, como reuniões e confraternizações, os pais mostrarem interesse pelas atividades escolares dos filhos, terem parceria e comprometimento com a escola. Os dados dessa pesquisa contribuem para delinear possíveis intervenções com pais e com professores a fim de trabalhar com as questões que envolvem a família e a importância da família para o desenvolvimento infantil, principalmente focando as famílias e professores de crianças público alvo da educação especial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CIA, F.; BARHAM, E.J. O envolvimento paterno e o desenvolvimento social de crianças iniciando as atividades escolares. Psicologia em Estudo, v. 14, n. 1, p , DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância: Teoria e prática. ed 4ª. Petrópolis: Vozes, p, 272. DESSEN, M.A.; BRAZ, M.P. As relações maritais e sua influência nas relações parentais: Implicações para o desenvolvimento da criança. In: DESSEN M.A.; COSTA JUNIOR, A.L. (Orgs.). A ciência do desenvolvimento humano: Tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, p DESSEN, M.A.; CERQUEIRA-SILVA, S. Famílias e crianças com deficiência: em busca de estratégias para a promoção do desenvolvimento familiar. In: I Simpósio Nacional de Atenção e Estimulação Precoce, 2008, Curitiba. Anais do I Simpósio Nacional de Atenção e Estimulação Precoce. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, v. 1. p
9 FLOURI, E. Father s involvement and psychological adjustment in Indian and White British secondary school age children. Child and Adolescent Mental Health, v. 10, n. 1, p , GATTI, B.A. Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Série Pesquisa em Educação, v. 10. Brasília: Liber Livro Editora, GOMIDE, P. I. C. Pais presentes pais ausentes: Regras e limites. ed. 1. Petrópolis: Vozes, p. 86. LOPES, R. P. V.; MARQUEZAN, R. O Envolvimento da Família no Processo de Integração/ Inclusão do Aluno com Necessidades Especiais. Cadernos de Educação Especial, Santa Maria - RS, n. 15, p , MARQUEZAN, R.. Enfoque psicopedagógico na relação família e escola. Revista Educação Especial (UFSM), v. 2, n. 28, p , NETO, O.C.; MOREIRA, M.R.; SUCENA, L.F.M. Grupos focais e pesquisa social qualitativa: O debate orientado como técnica de investigação. In VIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, ano Anais do VIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais. Ouro Preto, p OLIVEIRA, C.B.E.; MARINHO-ARAUJO, C.M. A relação família-escola: intersecções e desafios. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 27, n. 1, p , SAMPIERI, R.H.; COLLADO, C.H.; LUCIO, P.B. Metodologia de pesquisa. ed. 3. São Paulo: McGraw-Hill, p SOUSA, L. A relação professor-pais-aluno com necessidades educativas especiais. In: (Org.). Criança (con)fundidas entre a escola e a família. Porto Editora p STANLEY, J.; WYNESS, M.G. Vivendo com a participação dos pais: Estudo de caso em duas escolas abertas. In: STOER, S.R.; SILVA, P. (Orgs.). Escola-Família: Uma relação em processo de reconfiguração. Porto Editora, p SZYMANZKI, H. A relação família/escola: Desafios e perspectivas. Brasília: Liber Livro,
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