N Z E N CPV. MSTTBMCAWTaa 2 7 C4/C5/2C)CC

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1 ^ I MSTTBMCAWTaa AHÍBMSB Vê OOB ARWí» N&ENTBilí NACAWWST. Wt?e FASCISMO- N Z E N CPV O Modernização e super-exploração O ff í7w/r a esquerda para mudar a CUT" O O movimento sindical e os novos desafios O Anulado o júri de Eldorado O Brasil: o mito fundador O Direitos sindicais mutilados nos EUA opinião análise informação circulação interna ^ 2 7 C4/C5/2C)CC ^ Custo unitário desta edição: R$ 2.50

2 QUINZENA N c 287 hxakm^ CLCTAS FHCpede desculpa por 'excessos' da segurança em Porto Seguro FHC disse que não sabia da proibição dos índios e do MST de entrarem em Porto Seguro. Na foto, o índio Gildo Terena, de 18 anos, em frente à barreira policiai, foi agredido por policiais e teve traumatismo no maxilar. O presidente disse que desconhece a tensão criada entre manifestantes e polícia depois dos conflitos em que mais de 100 pessoas foram presas em Coroa Vermelha, na Bahia. "Se houve violência, não foi da minha parte e não com a aquiescência. Desde já me desculpo pelos excessos, se eles foram cometidos", disse o presidente depois do almoço oficial realizado no hotel Vela Branca, em Porto Seguro. O presidente Fernando Henrique Cardoso havia cancelado sua coletiva à imprensa, mas decidiu falar com os jornalistas depois que os mesmos protestaram cantando o hino nacional. Em um conflito com policiais, na manhã, cerca de 140 manifestantes foram detidos em Coroa Vermelha, segundo reportagem da Universidade Católica de Brasília (UCB). Além disso, duas pessoas do Movimento Negro Unificado, três índios e quatro integrantes do Movimento dos sem-terra teriam sido feridos na barreira entre Eunápolis e Porto Seguro. Segundo uma enfermeira do Hospital Luis Eduardo Magalhães, para onde os feridos teriam sido transportados, eles teriam sido feridos a bala. Mas o jornal "A Tarde", de Salvador, em seu site de internet divulgou não ter tido nenhum ferido à bala. O esquema de segurança montado pela organização das comemorações oficiais acabou resultando em um cerco aos jornalistas. Pela manhã, os repórteres credenciados tiveram que optar por acompanhar fatos em um dos local da programação. Como a segurança em todos os locais foi extremamente rígida, os jornalistas não podiam sair de um lugar e ir para outro, resultando num verdadeiro cerco. Os jornalistas que procuraram acompanhar o presidente da República acabaram sitiados dentro do centro histórico. Segundo o site de "A Tarde", o fotógrafo Lula Marques, da "Folha de S.Paulo", foi agredido e preso por causa de uma discussão com tenente da Polícia Militar na estrada a caminho de Porto Seguro. Lula Marques foi solta por volta das 15 horas. França \35 horas com saldo positivo divulgado pelo Instituto Nacional de Esta JSEE) revela que, um mês após a sua en- ' semana de trabalho de 35 horas na França provocou à catástrofe anunciada por organizações paonais e boa/arte dos economistas. Segundo o relatório, o lora de trabalho, resultante da redução do horáklho e da manutenção dos salários, não foi além a. De acordo com aquele organismo, esse aumento é largamente compensado pela moderação salarial permitida pela nova legislação, bem como pela redução das taxas fiscais aplicadas aos salários, pelos incentivos à contratação, pelo aumento da produtividade e pela flexibilidade laborai. Os dados do INSEE revelam ainda que os salários subiram cerca de 2%, enquanto a inflação se mantém em 1%. Por outro lado, a criação de emprego ultrapassou a taxa de crescimento de 3,4% registrada em 1999, o que segundo o estudo confirma indiretamente o impacto da lei na redução do desemprego, embora ficando muito longe dos anúncios oficiais. As autoridades francesas falam na criação ou manutenção de postos de trabalho com a entrada em vigor das 35 horas de trabalho semanal, enquanto o INSEE indica que no ano passado a referida legislação permitiu a criação de empregos, ou seja, 13%. Os dados agora revelados pelas estatísticas francesas não deixam no entanto de sublinhar que o balanço é ainda provisório, atendendo ao fato de estar em vigor o regime de transição, durante o qual as horas extraordinárias cumpridas entre as 35 estabelecidas pela legislação e as 39 horas do regime anterior serem apenas acrescidas em 10%. Passado este período, informa o INSEE, o preço da hora de trabalho aumentará, o que poderá não provocar problemas maiores se continuar nos próximos anos o crescimento econômico registrado até agora (para este anos as perspectivas são de 3,7 do Produto Interno Bruto), e se os níveis de aumento da produtividade se mantiverem. Graças à conjuntura econômica favorável, o número de desempregados está abaixo da barreira dos 2,5 milhões (pela primeira vez desde 1992), devendo situar-se nos próximos meses aquém dos 10% da população ativa. c L I N Z E N A Expediente O boletim Qllinzeilã é uma publicação do: CPV - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro Rua São Domingos, Térreo - Bela Vista CEP São Paulo - SP Telefone (011) Fax (011) O objetivo do boletim é divulgar uma seleção de material informativo, analítico e opinativo, publicado na grande imprensa, partidária e alternativa e outras fontes importantes existentes nos movimentos. A proposta do boletim é ampliar a circulação dessas informações, facilitando o debate sobre as questões políticas em pauta na conjuntura. Caso você queira divulgar algum texto no Quinzena, basta nos enviar. Pedimos que se atenha a, no máximo, 8 laudas. Textos que ultrapassem este limite estarão sujeitos a cortes, por imposição de espaço Equipe do Boletim Quinzena: Luiz Rosalvo Costa, Leonor Marques da Silva, Valdecila Cruz Lima, Renato Samuel Lima. Ilustrações: Ohi

3 CUINZCNAN C de Maio - Caderno de Formação N. 0 4 História do dia I o de Maio A luta pelas 8 Horas no Mundo Por volta da metade do século passado (1850) os países mais industriatizados do mundo eram a In glaterra, França, Alemanha e Estados Unidos. Por esta época já havia nestes países milhões de operários. A maioria trabalhava em indústrias de tecidos e de metalurgia. Antes de 1850 os operários eram ainda pouco organizados e os patrões faziam as leis só do seu interesse e conveniência. Era a lei do cão. Cada patrão pagava quanto queria ao operário e obrigava a trabalhar o máximo possível. Se o operário ficasse doente, pouco interessava ao patrão: ele era imediatamente trocado por outro operário com saúde. A jornada de trabalho era de 14,16 e até 18 horas por dia. Existe um depoimento feito por um capataz de garotos aprendizes em uma fábrica de algodão da Inglaterra. Eis o que ele declarou no parlamento inglês em 1816: "Eram aprendizes órfão? - Todos aprendizes órfãos. E com que idade eram admitidos? - Os que vinham de Londres tinham entre 7 e 11 anos. Os que vinham de Liverpool, tinham de 8 a 15 anos. -Até que idade eram aprendizes? - Até 21 anos. Quinze horas diárias eram um horário normal? -Sim. Quando as fábricas paravam para reparos ou falta de algodão tinham as crianças, posteriormente, de trabalhar mais para recuperar o tempo parado? -Sim. As crianças ficavam de pé ou sentadas para trabalhar? - De pé. Durante todo o tempo? -Sim. Havia cadeiras na fábricas? -Não. Encontrei com freqüência crianças pelo chão, muito depois da hora em que deveriam estar dormindo. Havia acidentes nas máquinas com as crianças? -Muito freqüentemente." Nesta época que estamos falando a classe operária destes países já estava travando grandes lutas com os patrões. Já havia organizações políticas que visavam acabar com a exploração patronal. A palavra SOCIALISMO começava a se espalhar entre os trabalhadores. Já se analisa que, se toda a produção é socializada e coletiva, o fruto desta produção também deve ser coletiva, socializada. A revolta operária contra a situação de miséria começa a se organizar. Em 1848 KarI Marx lança o "Manifesto Comunista" que termina com a conclamação: "Trabalhadores do mundo todo, uni-vos." Em 1862 em Bruxelas, na Bélgica, forma-se a Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.). Reunia mili- Trabcilhaclcre» tantes sindicais e políticos de vários países com o objetivo de lutar contra a exploração capitalista. No Congresso da A.I.T. em 1866 em Genebra, Suíça, decidiu-se lutar no mundo inteiro para trabalhar só 8 horas por dia. 1886: greve geral nos Estados Unidos pelas 8 horas Os operários norte-americanos, através da Federação de Agrupamento do Comércio e da União de Trabalhadores dos Estados Unidos decidiram fazer uma greve geral para conquistar a jornada de trabalho de 8 horas. Realizou-se a greve apoiada por uma grande concentração de operários numa praça pública, na cidade de Chicago, com início no dia 7 cfe Ma/o. Na concentração vários líderes falaram, animando os companheiros. Entre os que fizeram uso da palavra: Albert Parson, August Spiers, Samuel Fielden e Miguel Schwab. No dia 2 de maio novamente falaram Adolfo Fischer c Miguel Schwab. Nesse dia a polícia dissolveu o comício à força. No dia 3 de maio os trabalhadores, fizeram manifestação. A polícia assassina vários operários diante da fábrica Mac Cardick. Estava decretada uma verdadeira guerra aos trabalhadores. Mas eles respondem com coragem. No dia 4 de maio organizaram nova concentração. Falavam neste comício Spiers, Parsons e Samuel Fielden. Quando Samuel estava falando chegou a polícia. Explode uma bomba matando vários operários e um policial. Ali foram assassinados pela polícia homens, mulheres e crianças, todos trabalhadores. Os chefes operários foram presos. No dia 11 de novembro de 1887 foram enforcados na prisão Spiers, Fischer, Engel, Parson e Teodoro. Daí que... /,-_ surgiu o 1 0 de C- l^ Maio. Em 1892 pgyjzhímü a Associação Qjfc Internacional dos ' rrypc^o ^s^p! Trabalhadores rv-r»ai/t... í-fcr'/m*- decide que o I o de maio será comemorado todos os anos em todo o mundo cumo o Dia Internacional dos Trabalhadores. Será um dia de luta pelas 8 horas e dos demais direitos dos trabalhadores. D

4 QUINZENA N c 287 Trabalhaclere* Cadernos do Ceas - Março / abril de 2000 N." 186 Modernização e super - exploração:o trabalhadorplugado pelo computador< 1. Pós-fordismo e reestruturação do trabalho A tendência de reestruturação e horizontalização das estruturas produtivas, iniciada no Brasil por volta dos anos 80 do século XX com o fenômeno da globalização, a substituição dos modelos baseados no fordismo e a terceirização tanto de setores da indústria como das empresas ligadas ao setor de serviços, vêm provocando profundas alterações nas relações entre capital e trabalho. As mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho têm sido alvo de estudos exaustivos, seja no âmbito da administração como da sociologia do trabalho, que as descrevem como "um novo momento histórico de rupturas, de inflexão, de redefinição e aprofundamento das bases econômicas do capitalismo" (Borges e Druck, 1993: 26). Nosso interesse neste ensaio não é o de retomar esta discussão sobre os modelos decorrentes da crise do fordismo ou da terceirização. Ele reside, mais especificamente, em discutir a forma como os novos paradigmas tecnológicos vêm contribuindo para a reestruturação das formas de trabalho, do controle sobre o trabalhador e da sua subordinação, naquelas atividades que envolvem um determinado setor, como é o caso dos serviços de teleatendimento. O emprego de técnicas de tele-marketing é bastante antigo, havendo regis tros e atividades deste tipo desde a popularização do telefone. Ele é empregado, em geral, para denominar o serviço que permite a realização de compras e vendas de produtos ou o atendimento ao consumidor via telefone. Qualquer usuário de uma companhia telefônica, de administradora de cartão de crédito, de rede bancária ou de tele-compras provavelmente já utilizou dos serviços (terceirizados ou não) de uma Central de Atendimento, que em alguns casos são também denominadas de "call center". Por "call center" costuma-se designar a tecnologia informacional para Centrais de Tele-atendimento que vem sendo desenvolvida, mais intensamente, nos últimos dez anos e que propicia, segundo um material publicitário de uma destas empresas, "um ganho de produtividade significativo ", ao permitir um atendimento automatizado ao cliente. Trata-se, portanto, de uma ferramenta. As Centrais de Atendimento, terceirizadas ou da própria empresa que desenvolvem atividades de tele-marketing (as quais, nas Ruv Aeuiar Dias (&mmm& to suas versões mais tecnológicas, costumam ser denominadas de "call centers"), vêm evidenciando uma série de mudanças bastante significativas nas relações de trabalho, mudanças estas que aparentemente vão em direção contrária à dos prognóstico otimistas (e fartamente divulgados na mídia) de alguns teóricos. Estas representações sobre o mundo do trabalho do terceiro milênio costumam descrever esta nova realidade como a que permite ao trabalhador estabelece uma jornada menos rígida, adaptável às suas necessidades e capaz, nos próximos anos, de ser desenvolvida em sua própria casa. O emprego do eufemismo "trabalho flexibilizado" para descrever as relações precárias, temporárias ou terceirizadas é bastante significativo da visão positiva deste novo cenário. Na realidade, o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação (hardwares e softwares), as quais, junto com a intensificação da terceirização têm contribuído para promover algumas alterações na forma de organizar a relações de trabalho destas e de outras empresas, visam basicamente aumenta a produtividade e a competitividade. Em alguns casos, os funcionários de um empresa de atendimento atuam, nesta organização, como empregados de mais de uma empresa. O estudante Roberto é funcionário da administrador de cartões de crédito Credicard e, ao atender às ligações que recebe, vai representar os interesses (vender produtos) do banco associado ao qual o cliente pertence. Em outras palavras, um trabalhador presta serviços para diversas instituições ao mesmo tempo e recebe apenas um único salário. Uma característica geralmente atribuída às novas relações de trabalho refere-se à questão da qualificação do trabalhador. É comum depararmos nos discursos de educadores e de órgãos governamentais, como o Ministério da Educação e Cultura (MEC), e do ensino profissionalizante, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com a idéia de que o perfil do trabalhador a ser exigido a partir das mudanças que estão se configurando nesta modernidade contemporânea é a de um profissional altamente qualificado, polivalente, criativo e com iniciativa. Também é salientada a natureza cidadã da educação que permitirá uma formação capaz de dar aos novos profissionais autonomia e capacidade de tomar decisões, necessária, nesta perspectiva, às novas demandas do setor produtivo.

5 QUINZENA NT 2 7 Representações sociais deste tipo podem ser encontradas quase que diariamente nos jornais. Num estudo realizado em 1997, identificamos respostas deste tipo em cerca de 80% de dirigentes sindicais de Salvador, em 75% de dirigentes de sindicatos de docentes de Salvador, em 83% dos Deputados Federais que compunham a Comissão de Educação na Câmara Federal e em 100% dos representantes dos empresários da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieba)(b). Tais afirmações também constavam de diversos documentos do Senai e dos Ministérios da Educação e Cultura e do Trabalho (cf.mtb, 1992; MTb, 1995; Senai, 1995). 2. A desqualificação do trabalhador Tais resultados desmentem tanto essa visão como a ideologia que procura apresentar a modernização como sinônimo de maior qualificação e de mais liberdade para o trabalhador. De fato, a primeira conclusão que podemos tirar dos depoimentos dos alunos que trabalham nas Centrais de Atendimento é que a tendência que parece delinear-se a partir das relações de trabalho nestas empresas não é a intelectualização do trabalho e sim, bem ao contrário disso, a desqualificação dos funcionários responsáveis diretamente pelo atendimento ao cliente, confirmando a hipótese da existência, nesta nova realidade, de uma "processualidade contraditória e multiforme ", como descreve Ricardo Antunes (1995). Até recentemente, exigia-se dos empregados recrutados para os serviços de atendimento um certo domínio de computação, sendo os candidatos submetidos a um treinamento na empresa, uma vez que as linguagens utilizadas nos programas de computação eram mais complexas e as interfaces não tão amigáveis como nos modelos atuais. Também requeria-se um preparo no trato com os clientes e, principalmente, uma certa capacidade de tomar decisões baseadas nas respostas fornecidas pelos mesmos. Com o aparecimento de novos softwares auto-explicativos, com os scripits padrões para as falas e as rotinas préestabelecidas, cabe ao novo trabalhador apenas digitar as respostas nos campos oferecidos na tela do computador, enquanto o programa se encarrega de fazer a avaliação da resposta do cliente e indicar o passo seguinte a ser dado pelo atendente. Em alguns casos, como informou Adriana, "a tecnologia se encarrega até de determinar quanto tempo o atendente deve perder com um ou outro cliente, dependendo de sua importância para a empresa "^. Além de saber ler e digitar, não é requisitado nenhum outro atributo, como capacidade de julgamento e decisão, uma vez que estas tarefas agora são atribuições do sistema, aproximando este trabalhador da qualificação mínima sugerida por alguns empresários, numa proposta que limita as competências básicas a serem repassadas aos alunos a um mínimo que lhes permita lidar com problemas relacionados ao mundo da produção informatizada. Isto significaria, segundo Lúcia Maria Wanderlei Neves, citando o documento "Proposta para um Brasil Novo - Livre para Crescer", competências como: "ser capaz de ler um folheto sobre horários de ônibus; (...) utilizar um catálogo telefônico; (...) ler e entender as instruções de urna lata de tintas; (...) saber.se um aparelho funciona em 110 ou 220 volts; Trabcilhaclcres (...) deixar um recado escrito para uma equipe de manutenção (...) etc" (Neves, 1995). Embora existam nas empresas estudadas determinados postos cujo treinamento ocorre em lugares apropriados e chegam a ter até 30 dias de duração, como informou Mariana (funcionária da Credicard), em geral, a preparação dos novos estagiários é bem menor. A estagiária Mônica (da Telemar), por exemplo, recebeu, segundo suas próprias palavras, apenas "um treinamento mentiroso, de,faz de conta, um bate papo de dez minutos com as explicações básicas de como operar o programa e logo em seguida me botaram para atender os clientes ". As relações que ocorrem durante o contrato telefônico entre o cliente e o atendente sofre um processo de despersonificação, em virtude dos procedimentos pré-estabelecidos para as falas, os quais transferem as decisões que caberiam ao operador para o software do sistema. O nome fornecido ao cliente pelo funcionário que atende a sua ligação pode até não ser o verdadeiro, como informou Adriana, cujo nome foi trocado por razões funcionais. Segundo algumas entrevistadas, ao entrar na empresa, o funcionário pode receber um pseudônimo escolhido pela Administração. Estes procedimentos tornam a relação do trabalhador impessoal. O funcionário da empresa de "call center" apenas "humaniza" o processo de comunicação informacional, emprestando uma voz humana ao computador. Um movimento semelhante vem se delineando em algumas instituições bancárias já há algum tempo. Se antes os gerentes mantinham alguma autonomia no que concerne às decisões e responsabilidades quanto ao fornecimento de empréstimos e limites para os créditos dos cheques especiais, atualmente, em certas instituições bancárias, só lhe resta a responsabilidade final pela liberação do crédito, uma vez que, preenchido o cadastro do cliente, o programa de computação informa se este está apto a receber um empréstimo e qual o valor autorizado, segundo informações fornecidas por um gerente do Banco Real, confirmadas por um seu colega do Banestado. Uma parte significativa dos funcionários das empresas de tele-marketing é recrutada na condição de estagiário entre alunos dos cursos superiores de comunicação e administração, mas isto não reflete uma exigência real de qualificação. Em geral, a escolaridade exigida para contratação dos atendentes limita-se ao segundo grau completo, conforme aparece na oferta de emprego da empresa "Quatro A Nordeste". Aparentemente, a prática de recrutar estagiários entre os universitários indica uma estratégia destas empresas para obter uma redução adicional dos custos com encargos e direitos trabalhistas, além das já existentes com o processo de terceirização de algumas destas empresas. 3. A informatização do controle. Uma segunda característica importante em relação às mudanças que estão se configurando e que julgamos interessante para um possível aprofundamento refere-se especificamente à questão da organização e do controle exercido sobre o trabalho. De acordo com alguns autores, o período do aparecimento de modelos pós-fordistas se caracterizaria, entre outras coisas, pela substituição dos paradigmas gerências

6 CUINZENAN Trabalhadores e organizacionais tradicionais (Borges e -_ ^^y mesmo permaneceu "conectado" ao PA e Druck, 1993:30). Modelos tayloristasesuas t Os funcionários são «o tempo que ficou indisponível, além de variações estariam superados por formas ge- submetidos periodicamente outras informações. Roberto e Mariana rências mais modernas, baseadas nas esco- a um acompanhamento explicaram que devem cumprir uma conelas psicológicas. Até recentemente, só nos setores industriais mais atrasados seria possível observar resquícios dos modelos mais tradicionais de controle sobre o trabalho. Mas, paralelamente ao que se verifica na indústria, pessoal intensivo, realizado por um supervisor designado e envolvendo entrevistas e observação das atividades, numa duração que vai de xão de cinco horas e meia. Caso o funcionário "não cumpra a escala, o.supervispr entra em contato para que você atinja a meta estabelecida ", como informou Roberto. Existem alguns postos de trabalho esonde a nova competitividade iniciada nos três atendimentos a uma peciais, como o da "retenção" (e), que lidam anos 80 e as novas tecnologias vão condu- jornada completa de com situações que exigem negociação dizir a métodos e processos mais flexíveis de trabalho, segundo reta entre o cliente e o atendente, de modo produção, ocorre, neste novo cenário das Adriana.Este procedimento a resolver determinados problemas. Segunempresas de tele-atendimento, a recupe- do nos explicou Roberto, quando começou é sugestivamente ração, intensificação e reformulação das a trabalhar a gerência permitia aos denominado de formas tradicionais de controle, que passa- atendentes destes setores um tempo-extra "coaching"(treinamento), riam a contar com o auxilio da novas de descanso (com até quinze minutos de tecnologias de comunicação (Borges e escondendo assim sua duração) após cada negociação difícil. Este Druck, idem). As rotinas de um atendente função de controle sobre o intervalo, denominado curiosamente de de um sistema de "call center" são muito < trabalho. "descompressão", servia para que o funciomais rigorosas do que Taylor poderia supor J nário pudesse relaxar e diminuir a irritação que fosse ocorrer quando desenvolveu seu método. Segundo as informações obtidas em entrevistas com estudantes que tiveram experiências como estagiários ou como trabalhadores contratados em empresas deste tipo, os funcionários das empresas de "call center" que atendem aos clientes são submetidos, de modo sistemático e permanente, a diversas formas de controle que misturam tecnologias sofisticadas e tradicionais no acompanhamento do trabalho, podendo envolver, como declarou Adriana, uma monitoração constante dos funcionários no seu posto de trabalho através de câmaras de circuito fechado de televisão. Na administradora Credicard, afirma Mariana, não existe circuito interno de TV mas "existe o PA, um aparelho de monitoria que permite ao supervisor, a qualquer hora e sem avisar, acessar qualquer ramal de qualquer atendente. Este tipo causada pela conversa com o cliente e, assim, atender a próxima chamada com a tranqüilidade exigida pela empresa. O novo gerente, contudo, achou esse tempo desnecessário, procurando limitar a sua duração e o número de vezes que os trabalhadores utilizam deste recurso, atualmente reduzido a três minutos, no máximo. O tempo médio utilizado para cada cliente no setor de Mariana é de dois minutos e quinze segundos, não devendo ser ultrapassado. Quando trabalhava no atendimento, Roberto chegou a ser advertido mais de uma vez por não conseguir manter o tempo estabelecido. No entanto, no setor da "retenção", onde os diálogos não podem ser enquadrados dentro de um roteiro previamente definido, o atendente pode ultrapassar este tempo-padrão. Os funcionários são submetidos periodicamente a um acomde monitoração costuma acontecer a todo momento " (J>. panhamento pessoal intensivo, realizado por um supervisor de- O ambiente de trabalho é geralmente fechado e a disposição do trabalhador e o emprego de biombos procura impedir o seu contato com os demais. A avaliação da produtividade é feita através de relatórios diários detalhados, os quais ficam disponíveis para os funcionários como forma de "feed back", podendo ser extraídos a qualquer momento do próprio programa de computação empregado para o atendimento aos clientes. Estes softwares podem fornecer, sempre que solicitado pelo empregador, o tempo utilizado nas respostas para cada atendimento, o tempo ocioso, a demora em atender as chamadas e diversos outros itens que possam interessar ao avaliador. Mariana e Roberto, por exemplo, trabalham numa jornada de seis horas por dia, com direito a dois intervalos que perfazem um total de trinta minutos, nos quais "devem aproveitar para ir ao banheiro ou beber água, fazer tudo ". Ao iniciar o trabalho, o funcionário se conecta ao PA, colocando-o ocupado e passando a receber as ligações. Todo dia é emitido um relatório que informa o tempo em que o signado e envolvendo entrevistas e observação das atividades, numa duração que vai de três atendimentos a umajomada completa de trabalho, segundo Adriana. Este procedimento é sugestivamente denominado de "coaching" (treinamento), escondendo assim a sua função de controle sobre o trabalho. As avaliações realizadas por estes supervisores observam aspectos como a quantidade de atendimentos por tempo, a demora em responder a uma chamada, a postura, a entonação da voz (para identificar cansaço ou aspectos emocionais, como irritação e falta de empenho), a respiração ofegante por motivo de gripe, a linguagem adequada, o uso correto dos procedimentos e informações etc. Também é feita periodicamente a gravação dos atendimentos realizados ao longo de um dia. Caso o atendente não esteja dentro da meta estabelecida, o supervisor entra em contato com o mesmo para ver como a produtividade pode ser melhorada. A rotina a que se encontra submetido o trabalhador nesta nova organização do trabalho propicia a perda de identificação com a atividade que executa, provoca uma certa incapacidade de se auto-reconhecer no trabalho e contribui para a

7 QUINZENA N* 2S7 perda de auto-estima. Ocorre também uma mudança no papel que o trabalho passa a ocupar na vida do indivíduo. Nenhum dos entrevistados (contratados ou estagiários) demonstrou alguma forma de satisfação ou comprometimento com o trabalho, considerando-o uma coisa provisória e sem perspectiva. Adriana observou que a própria gerente da Credicard lhe confidenciou que o tempo médio que um trabalhador suporta nesta rotina de trabalho varia entre dois e três anos, no máximo. E o caso de Roberto, há dois anos e meio nesta administradora de cartões de crédito, e que pretende deixar o emprego em maio deste ano por recomendação médica. Ele acredita que "com o tempo a atividade se torna desgastante. você tem que ficar ligado cada segundo, senão você vai descumprir a escala ". Adriana, que também deixa a empresa nas próximas semanas, confirma que o trabalho é "monótono, estressante e mantém você preso no exercício da função sem poder parar de falar". O esgotamento físico e mental provocado por esta situação acaba impondo a substituição periódica dos antigos funcionários por novos' f ' Notas Imballiíidcro* a) Parte do material utilizado no desenvolvimento deste ensaio resultou de entrevistas com estagiário e contratos de "call centers"e de seminários e grupos de discussão promovidos junto aos alunos do 3 o e 7 o semestres do Curso de Comunicação Social da Universo do Estado da Bahia (Uneb). b) Estes dados foram obtidos numa série de entrevistas realizadas a partir de uma amostra composta por dirigentes sindicais filiados à Central Única dos trabalhadores (CUT) e por empresários da Federação das industrias do Estado da Bahia (Fieba). c) Os nomes utilizados aqui são fictícios. Adriana trabalhou dez meses como estagiária da Telemar e dois e meio como contratada na Credicard. d) O PA é o aparelho que controla as chamadas. e) O atendimento se divide em setores como o 0800, que atende ligações simples, e a retenção, que envolve cancelamentos e revendas de cartões. 0 Do próprio centro do capitalismo nos chega um curioso alerta, na figura c personagem de Scott Adams, que denuncia, nos quadrinhos, a modernização empresarial a relação entre patrões e empregados nas Centrais de Atendimento "algozes " e "vitimas" (cf. Folha de S.Paulo, ). Opinião Socialista - 31/03 a 13/04 de n 92 "Unir a esquerda para mudar a direção da CUT" Em agosto deste ano será realizado o 7 o Congresso Nacional da CUT (Concut). Ele será precedido de congressos estaduais e um amplo debate que deverá envolver milhares de ativistas em reuniões e assembléias. O papel da CUT na luta contra FHC e o projeto neoliberal, o balanço da atual gestão, a necessidade de se mudar os rumos políticos da Central e a construção de uma nova direção para a CUT já estão motivando uma série de iniciativas. Entre elas, o lançamento, em abril, do jornal do Bloco de Esquerda, com o objetivo de abrir pra valer esses debates na base dos sindicatos cutistas. Para nos falar da importância que terá o 7 o Concut e nos contar um pouco da situação atual da Central, o Opinião Socialista entrevistou o metalúrgico José Maria de Almeida, o Zé Maria, membro da Executiva Nacional da CUT, da coordenação do Movimento por uma Tendência Socialista e também da direção nacional do PSTU. Opinião Socialista - E claro que um Congresso Nacional da CUT sempre tem importância para a conjuntura nacional. Mas a situação hoje é diferente de 1997 quando foi realizado o último Congresso. Como você localizaria hoje o 7 Concut diante do agravamento da crise econômica e política no Brasil? Zé Maria - Primeiro é importante mesmo pontuar isso. Desde a explosão do real o Brasil entrou numa crise profunda. Ainda que hoje o governo tenha um "controle" temporário da economia - apoiado nos empréstimos do FMI, nos bilhões de dólares que tem entrado no país para comprar empresas brasileiras e num brutal arrocho salarial - a crise é estrutural. A aplicação dos ajustes do FMI só servem para aumentar as bombas de tempo que nos mantém sob um grave crise econômica e social que penaliza sobretudo a população trabalhadora. Mas é preciso dizer também que a negociação e o pa- gamento das dívidas dos estados governados pela oposição e o freio à continuidade da mobilização que o setor majoritário da direção da CUT impôs após a Marcha dos 100 mil, foram decisivos também para o governo conseguir esse controle conjuntural da crise. O grande desafio do Congresso da CUT será o de mudar esta postura de nossa Central e colocar como prioridade absoluta da nossa ação a retomada das lutas dos trabalhadores e do povo, impulsioná-las e unificá-las, rumo à construção de uma greve geral, para botar abaixo esse governo. O.S. - Diante da crise, que é geral na América Latina, e os ajustes do FMI você diria que o próximo Concut tem também responsabilidades internacionais? Zé Maria - Sem qualquer dívida. Esse Concut precisa armar politicamente os trabalhadores frente a ofensiva neoliberal que promove uma verdadeira recolonização dos países dependentes em toda América Latina. Na esteira de uma verdadeira recolonização econômica vem a recolonização política. Mas diante dessa crise, que é a crise do modelo neoliberal, começa uma mobilização dos trabalhadores e dos povos. Por exemplo, o Equador é a ponta de lança deste processo e viveu uma verdadeira insurreição em janeiro passado. Ainda que com desigualdades de uma país para outro, podemos dizer que há uma retomada das lutas dos trabalhadores em praticamente todos os países do continente. O 7 o Concut precisa apontar uma política que unifique esses processos de luta e estenda a solidariedade internacional. O.S. - Você acredita que o 7 o Concut possa cumprir um papel de organizador desse processo? Zé Maria - Não é fácil, pois a maioria da Articulação Sindical impôs na última década uma transformação importante na nossa Central. De contestadores radicais do sistema capitalista, estamos passando a parceiros. O caráter de luta que

8 QUINZENA N c JHi caracterizou o nascimento e os primeiros anos de vida da CUT foi paulatinamente substituído por uma postura de rendição frente ao avanço da globalização e do neoliberalismo. Isso se concretiza, por exemplo, em que a flexibilização de direitos, marca registrada do modelo neoliberal, já não tem merecido uma oposição ferrenha da CUT. Sindicatos importantes tem feito acordos de flexiibilização. A defesa de um salário mínimo de R$ 180, feita pela direção da nossa Central neste ano é expressão grotesca do abandono de qualquer perspectiva transformadora da realidade. O mesmo com a reforma trabalhista. Aqui, a atitude da CUT tem variado entre um silêncio criminoso até a participação cúmplice em "negociações" com o governo. O.S. - O debate sobre a aplicação dos sindicatos nacionais orgânicos obedece a essa lógica? Zé Maria-Sim porque a política de flexibilização de direitos, praticada pela Articula- _^~J- ção Sindical Metalúrgica, tem 1^ cada vez mais di- ^ ficuldade de obter, 1 aprovação na base. s Isso ressucitou essa proposta de modelo orgânico. A Articulação Sindical precisa de uma organização em que a direção da entidade tenha ampla autonomia para negociar e fazer os acordos com os empresários, sem depender d< aprovação de assembléias de base. Sempre defendemos e continuamos a defender os sindicatos unitários, contra a concepção de sindicatos por partidos ou correntes políticas. No entanto, como ficou claro no episódio da realização do congresso extraordinário da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, esse processo não tem chances de ir adiante. Nada menos que 60, dos 98 sindicatos cutistas filiados à CNM, deixaram de coftiparecer ao congresso, sinalizando que não aceitarão o sindicato nacional orgânico em suas bases. O.S. - Um dos temas mais delicados do balanço atual da CUT é a administração das verbas do FAT. Gostaria que você falasse sobre isso e explicasse como isso funciona. Zé Maria - A direção majoritária desenvolveu uma concepção, que está por trás dos inúmeros cursos e atividades de formação profissional promovidos pela CUT e das agências de intermediação de mão de obra, que corroboram a propaganda govemista sobre a falta de qualificação dos trabalhadores brasileiros. Chegamos já a uma situação extrema de constituir agências de intermediação de mão de obra, o que é uma contradição com a posição tradicional da CUT, de defesa de um sistema público de emprego. 0OTòu"umA A \ lr«il»filli«ulf i< k \ Mas o pior de tudo é que o volume de recursos obtidos junto ao governo federal é imenso. Neste ano serão em torno de R$ 35 milhões. Para se ter base de comparação é preciso informar que a receita anual da CUT, originada das contribuições dos sindicatos, é de cerca de R$ 7 ou 8 milhões (já incluindo o imposto sindical). Ora, é óbvio o mecanismo gerador de dependência financeira embutido nesse processo. E não há dependência financeira embutido nesse processo. E não há dependência financeira que não gere dependência política. É para essa situação que caminhamos a passos largos. O.S. - O que poderá levar a mudar toda esta situação? Zé Maria - É importante frisar que, do ponto de vista do movimento de massas, a Marcha dos 100 mil e as campanhas salariais metalúrgicas do ano passado mostraram claramente que os trabalhadores respon- ^^QPOtitAt^Aí &7A ^^ dem positivamente ao chamado à luta. /V JKT C/ kl é t irüt f»_ Para isso é essencial duas coisas: retomar uma plataforma sindical e política que efetivamen- I te questione o modelo que está sendo apl içado no nosso país e aponte uma alternativa dos trabalhadores, e dar uma real prioridade à organização e o desenvolvimento da luta dos trabalhadores em relação às ações institucionais. O.S. - Mas voltando a uma questão anterior, com todo esse processo de adaptação da Articulação Sindical, que é maioria na direção da CUT, como conquistar essa mudança na orientação política? Zé Maria- É sim difícil e muito, mas é importante saber que mesmo dentro da Articulação Sindical exisríâss- te descontentamento. Isso ficou evidente quando da aprovação na Plenária Nacional passada, do Fora FHC como eixo político. Não há também acordo nesta corrente com relação a proposta de sindicato nacional orgânico. Além disso, a resistência que cresce dentro das fábricas do ABC contra o banco de horas, mostra que está aumentando o questionamento ao projeto da Articulação em sua própria base. Agora, está claro que a mudança de estratégia depende de mudança da atual direção. Antes que essa direção destrua a CUT, é melhor que a CUT mude de direção. Essa é talvez a tarefa mais importante colocada para o Congresso. O.S - Qual é a política do MTS nesse sentido? Zé Maria - Nós seguimos insistindo na necessidade e na importância da unidade de todos os setores da esquerda cutista para a construção de uma direção alternativa na CUT. Uma direção que resgate seus princípios e volte a fazer dela a ferramenta de luta dos trabalhadores desse país. O.S. - Existe algum avanço neste sentido? Zé Maria - Sim, importantíssimos, na próxima semana deve sair um jornal conjunto do Bloco de Esquerda. Pretendemos distribuir em todo país cerca de 300 mi exemplares. E já está marcado o lançamento do sindicalista Jorginho, que é da Executiva da CUT e membro da tendência Alternativa Sindical Socialista, como candidato à presidência da Central pelo Blo-

9 CUINZENAN Trabalhacleres co de Esquerda. O evento será no dia 14 de abril 1, às 17 horas, no Sindicato dos Químicos em São Paulo. OS. - Além dessa inidatíva, como você acha que deve ser a atuação do MTS na preparação do Congresso? Zé Maria - Por toda a importância que tem o 7 o Concut, creio que nossa tendência tem a obrigação de dedicar o máximo dos nossos esforços para a eleição de delegados. Em breve serão publicados 10 mil Cadernos das Teses do MTS. Temos que fazer a discussão em todos os núcleos do MTS, diretoria dos sindicatos e de todas as entidades, em seguida abrir uma ampla discussão na base, com reuniões nos locais de trabalho, sejam fábricas, bancos ou mesmo escolas para que todos os ativistas conheçam e debatam nossas teses. Dessa forma, poderemos levar às assembléias um maior número de trabalhadores para elegermos o maior número possível de delegados pelas teses do MTS. Isso reforçará a atuação do Bloco de Esquerda e a luta por uma nova direção para a CUT. 0 que é bom lembrar para eleger delegados 1 ) A proporção de eleição de delegados é 1 pára cada 1.500, fração de 750 (de 750 a 1250 trabalhadores elege-se um delegado). 2} As categorias com menos de 750 trabalhadores elegerão seus delegados nos Congressos Estaduais da CUT. 3) Os delegados ao 7 o Concut necessariamente deverão participar como delegados nos congressos estaduais. 4) As assembléias deverão ser convocadas especificamente para discutir este tema. 5) O quorum é de três vezes o numero de delegados a serem eleitos. 6) O quorum mínimo de presentes em uma assembléia é de 30 pessoas para os sindicatos com mais de 300 associados e 20 para os que tem menos de 30. 7) Os Departamentos e Federações Nacionais participam com 3 delegados escolhidos em instâncias como a direção ou conselhos, não podendo haver dupla representação. 8) As aposições participam do congresso desde que tenham obtido 751 votos nas últimas eleições, ou então terão seu delegado eleito no congresso estadual. 9) As que não concorreram em eleições elegem um delegado para o Congresso estadual desde que estejam credenciadas até 28 de Março. 10) São delegados natos no Concut os membros efetivos e suplentes da Executiva Nacional. Qualquer dúvida, informação ou opinião, entre em contato com: pstunac@uol.com.br pstusjc@netvale.com.br telefone: (Oxx-11) com José Maria, Junia ou D/di ou (Oxx-12) com Américo. Datas importantes 2/5 a 4/6 Realização das assembléias para eleição de delegados; 6/7 Congressos estaduais da CUT 15/8-7" Congresso Nacional da CUT Caderno de Teses da CSC. O movimento sindical e os novos desafios 1-Onda destrutiva e regressiva. Desde o último congresso da CSC, em janeiro de 96, a situação dos trabalhadores brasileiros sofreu brutal deterioração. Na história recente do país, nunca se viu uma onda tão destrutiva e regressiva. Sob o "império" de FHC, o Brasil bate recordes de desemprego e o mercado informal já ocupa 53,1 % da população economicamente ativa (PEA). Além do desemprego, o governo desmonta a legislação trabalhista, incentivando a fúria patronal da precarização do trabalho. Só nos últimos dois anos, foram impostas portarias e medidas provisórias que instituíram o "contrato temporário", o fim das multas às empresas irregulares, a "jornada parcial" e a "demissão temporária", entre outros retrocessos. Hoje, o Brasil é um dos campeões mundiais no processo de desregulamentação do trabalho e passou de 13 o para 3 o lugar entre as nações com mais desempregados no planeta, atrás apenas da índia e da Rússia. 2-Desconstrução Nacional. A política econômica do governo, embalada na cantilena neoliberal, é a principal cau- sadora dessa degradação sem precedentes na história. A serviço da oligarquia financeira, elajoga o país na recessão e na miséria, com as taxas de juros mais elevadas do mundo, a abertura indiscriminada das importações, a redução do papel do Estado, o pagamento de uma dívida externa impagável. FHC quebrou o país, tornando-o insolvente. O parque produtivo está sendo destruído, via privatizações criminosas e um processo acelerado de desnacionalização - através de fusões e compra de empresas nacionais. A reestruturação produtiva, com a introdução de novas tecnologias sob a lógica do capital, só toma mais perverso o quadro de desempregos e de retrocessos trabalhistas. Cabe aos dirigentes e militantes classistas aproíundar o estudo do tema, analisar as formas de enfrentar os efeitos da reestruturação e intensificar os esforços para a organização dos trabalhadores nos locais de trabalho. 3-Autoritarismo legalizado. Para conter a revolta do povo, o governo cerceia ainda mais as liberdades políticas - confirmando que o neoliberalismo não combina mesmo com a democracia. FHC governa por medidas provisórias, insiste

10 CLINZCNAN em desqualificar a oposição, rebaixa o papei do Legislativo e do Judiciário. Intenta restringir a atuação dos partidos oposicionistas e sua participação institucional- através da introdução da cláusula de barreira, do voto distrital misto, do fim das coligações partidárias etc. Com o mesmo objetivo, ataca a organização sindical dos trabalhadores. Após a truculenta agressão à greve dos petroleiros, em 1995, o govemo adotou inúmeras medidas para inibir a ação dos sindicatos. A última delas, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 623/98, visa fragmentar a organização sindical, que só representaria os sócios, e estrangular financeiramente as entidades. 4 - Superar o capitalismo. A degradação do trabalho, a desconstrução nacional e a regressão democrática derivam da avalanche neoliberal que afeta o mundo capitalista. Não são fenômenos meramente brasileiros, apesar das particularidades de cada país. Nesse sentido, o imperativo maior da atualidade é a união de amplos setores para derrotar o neoliberalismo. Nenhuma força isoladamente tem condições de infringir este golpe. Mas a luta contra esse projeto deve abrircaminho para a superação do sistema capitalista, impulsionando a luta pelo socialismo. Afinal, o neoliberalismo é a resposta do capital à crise estrutural do seu próprio modo de produção, com queda nas taxas de crescimento, parasitismo financeiro, colapsos econômicos recorrentes, etc. Não há soluções intermediárias, como comprovam os fiascos das saídas social-democratas. Ficar no meio do caminho, com falsas "terceiras vias", leva a cair num neoliberalismo mitigado, com medidas compensatórias e de pouca duração. Dilemas do sindicalismo. Defensiva é decorrente de inúmeras causas. 5- Defensiva estratégica. Apesar dos esforços, o movimento sindical brasileiro ainda não reuniu forças suficientes para se contrapor a essa avalanche. Não conseguiu dar respostas à onda de desemprego e, em muitos casos, aceitou acordos de flexibilização trabalhista. Confirma-se a idéia de que o sindicalismo vive uma fase de defensiva estratégica - no Brasil e no mundo. Ela decorre de inúmeras causas, com destaque para as de ordem objetiva, como a crise estrutural do capitalismo, a reação neoliberal e a reestruturaçãoçrodutiva. Esses fatores dificultam a resistência dos trabalhadores e fragilizam os sindicatos. No terreno subjetivo, contribuindo para agravar este quadro, algumas correntes aderem abertamente ao ideário neoliberl; outras procuram se adaptar, pregando um "propositivismo" estéril e gastando energias nos incontáveis fóruns tripartites; e há ainda os que não enxergam a adversa correlação de forças e adotam posturas sectárias, radicalizando artificialmente as disputas sindicais. Nosso entendimento é que o movimento sindical deve radicalizar sim, intensificando a mobilização dos trabalhadores contra a flexibilização de direitos, na luta pelo fim do govemo FHC e contra o projeto neoliberal em implantação em nosso país. 6- A força do sindicalismo. Por outro, a fase de defensiva não nega a força e nem o potencial do sindicalismo bradlpim A hktnria Hn»; trabalhadores nn mnnhn e nn Brasil Trabalhadcre^ demonstra que, mesmo em períodos de ofensiva capitalista, a resistência continua, embora com caráter diferenciado para em seguida explodir em mudança e combatividade. Segue-se nesses períodos um aumento expressivo das greves e manifestações mostrando a força do movimento dos trabalhadores e colocando em xeque o capital. Tendo como referência a marcha a Brasília, em abril de 1997, o sindicalismo voltou a adotar posições mais combativas. Aos poucos, sai da paralisia reinante no período do nefasto "acordo da previdência" e assume uma oposição mais firme ao governo neoliberal de FHC. Reflexo do descontentamento na base, passa a rejeitar acordos de bancos de horas e outros retrocessos de direitos. Na "Marcha dos 100 mil", em agosto, ocupou papel de destaque, contribuindo - política e materialmente - para a mobilização de outros segmentos populares. Essa retomada, ainda inicial, afeta todos os espectros sindicais e as diversas centrais. A greve dos caminhoneiros, que quase paralisou a circulação de mercadorias no país, o protesto dos agricultores em Brasília e o "grito dos excluídos", liderado pela Igreja, bem como as marchas provenientes do campo, bloqueio de rodovias e ocupação de latifúndios pelos sem terra são indicativos dessa mudança. 7- Sintomas de resistência. Surgem evidentes sintomas de que o quadro desfavorável de correlação de forças pode sofrer alterações promissoras no mundo e no Brasil. O capital não tem conseguido dar respostas a sua crise prolongada. O agravamento do quadro econômico, por sua vez, gera maior instabilidade política, com o aumento da revolta e da pressão dos setores atingidos. As forças abertamente neoliberais sofrem derrotas eleitorais expressivas no mundo todo. Cresce a resistência em vários cantos do planeta, com destaque no período recente para a América Latina. Da "revolução democrática" de Hugo Chávez na Venezuela, à aproximação da guerrilha rural com o movimento sindical na Colômbia e o levante indígena no Equador, tudo indica que a temperatura da luta de classe se aquece no continente. 8- Governo caduco. O Brasil, com suas singularidades, encaixa-se neste contexto. Diferente do primeiro mandato, quando coesionou as elites, FHC agora caminha para o isolamento. Nem bem começou e já está moribundo. Com o agravamento da crise econômica, veio a queda de sua popularidade, a fratura de sua base de sustentação e os abalos no bloco dominante. Os neoliberais, inclusive, já ensaiam "novos" discursos, falando em "combate à pobreza", e procuram alternativas confiáveis para a sucessão presidencial. A possibilidade de uma crise institucional, com a redução do mandato de FHC, encontra-se no horizonte. O movimento sindical, com sua força estruturante e sua capacidade de mobilização, tem importante papel a cumprir. Deve prosseguir no esforço de intensificar as lutas sociais e de ampliar as forças de oposição ao neoliberalismo. Amplitude e radicalidade - este é o binômio da atualidade. Só com luta será possível encurralar o govemo, inibindo suas iniciativas destrutivas e desgastando sua imagem; dificultar as saídas pnr cima, tã" rrirruins às Hassps Hnminantes hrasileiras; r.ni-

11 QUINZENA N c IHJ 11 Trcihcillicicleie^ bir as vacilações no próprio campo democrático e popular; e, por fim, aumentar a união indispensável de amplos setores contrários à devastação neoliberal. O papel das centrais. A unidade da classe é fundamental para a resistência. 9-Nova encruzilhada. Para enfrentar os novos desafios, a ação intersindical é decisiva. A história demonstra que os limites do sindicalismo ficam ainda mais patentes em períodos de crise econômica. A luta isolada, imediata, de categoria, não consegue dar resposta ao desemprego, à precarização do trabalho, ao arrocho. Só a luta unificada da classe tem força para resistir. No Brasil, essa capacidade de combate padece da divisão das centrais que hoje totalizam oito (CUT, FS, CGT, USI, CCT, CAT, CGTB e SDS). Tirando a CUT e a Força Sindical, as demais têm escassa representatividade e frágil poder de pressão. Há indícios de que procuram se unificar, criando uma central de centro mais consistente. No último período, em geral, elas adotaram posturas mais críticas diante do governo - especialmente contra o desmonte da estrutura sindical. Por isso, tomaram-se alvo dos afagos do govemo, via Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e das investidas da Força Sindical. Diante da urgência de unir amplos setores contra o neoliberalismo, elas não podem ser negligenciadas pelas correntes combativas do sindicalismo. 10-Reserva neoliberal. Já no tocante à Força Sindical, desde sua fundação ela atua como força de reserva do neoliberalismo. Na fase de maior popularidade do govemo FHC, foi o laboratório da primeira experiência de "contrato temporário" e patrocinou outros vergonhosos acordos de flexibilização trabalhista. Bancado pelos recursos do FAT, esse novo tipo de "sindicalismo de Estado" investiu dinheiro dos trabalhadores na campanha pela reeleição de FHC e, depois, elegeu um deputado descaradamente govemista. A central tomou-se o braço político do PFL. Agora, com o desabamento de FHC, ensaia atitudes de maior independência e oposicionismo. Participou do "festival de greves" dos metalúrgicos pelo contrato coletivo nacional de trabalho e vários de seus dirigentes já migraram para o ninho do PPS, apostando suas fichas em Ciro Gomes. Essas atitudes, que devem ser tratadas com habilidade mas sem desarmar as críticas à Força Sindical, só confirmam as fraturas no bloco dominante e a caduquice de FHC. 11 -CUT: avanços táticos. No período mais recente, tendo como marco o protesto de abril de 1997, a CUT passou por um visível processo de revitalização. Seu setor majoritário arquivou os discursos do "propositivismo" e do "tripartismo" e passou a adotar uma postura mais aguerrida, menos domesticada, de combate ao govemo. Essa evolução tática foi determinante para a retomada das lutas e o revigoramento da central. A CUT é hoje a principal força de massas em oposição a FHC e a impulsionadora do Fórum Nacional de Lutas - iniciativa inédita na história que rege o grosso dos movimentos populares do país. A 9 a plenária da central, em agosto, reforçou essa flexão política, aprovando a bandeira do "Fora FHC". Socialismo. Esta palavra não consta mais no vocbulário da Articulação. 12- Recuos estratégicos. Esses avanços táticos, entretanto, não devem escamotear os retrocessos estratégicos que afetam, como que em doses homeopáticas, setores da corrente majoritária da CUT. Eles abandonaram há algum tempo qualquer perspectiva de ruptura com o capital; a palavra socialismo não consta mais do seu vocabulário. O processo de institucionalização deste segmento que parece apostar suas fichas na "parceria" com o capital, são evidentes. Fica expresso, por exemplo, na comemoração como "vitória" de acordos de "bancos de horas" ou de medidas de renúncia fiscal das empresas -em particular das lucrativas montadoras de automóveis. Surge também na postura acrílica diante dos fartos recursos do FAT, que seduzem dirigentes sindicais e envolveos em negociações cupulistas com o govemo. A burocratização destes setores, que se postam como "negociadores profissionais" da mercadoria trabalho, parece não ter retomo. Ou seja: se do ponto de vista tático, conjuntural, há uma aproximação com a visão classista, do ponto de vista estratégico, o distanciamento aumenta. Ao mesmo tempo em que a unidade na política é indispensável, também se faz necessárioelevar a um novo patamar a disputa ideológica, no terreno das idéias. 13- Burocratização da central. Além disso, é preciso atenção especial para o processo em curso de centralização e burocratização da CUT. A mesma plenária que aprovou o "Fora FHC" também atropelou todas as correntes minoritárias com a proposta do "sindicato nacional" cutista, fabricada nos laboratórios mais estreitos da tendência hegemônica, a Articulação Sindical. Pela resolução votada em "rolo compressor", com a retirada das demais forças cutistas, os sindicatos perdem a sua autonomia, as instâncias verticais ganham maior poder e transformam-se em agentes cupulistas de negociação. Esse processo, acoplado às mudanças estratégicas já citadas, podem levar a CUT, no futuro, a ser idêntica às dóceis centrais social-democratas da Europa. Isso tenderia a inibir as posturas mais combativas da CUT, que passaria a privilegiar as saídas negociadas, os fóruns tripartites e algumas medidas de "compensação" da miséria, como as agências de emprego e outros contrabandos. Balanço da CSC. Apesar das dificuldades, CSC cresce no cenário sindical. 14- o atual, a CSC manteve sua coerência de princípios e sua habilidade política. Os sindicatos sob sua influencia não transigiram na defesa dos anseios dos trabalhadores. Lideraram importantes lutas contra os cortes de direitos, as privatizações, etc. Mesmo nos poucos casos em que foram obrigados a assinar acordos desvantajosos, fizeram o debate ideológico com suas bases, não comemoraram falsas vitórias e nem venderam ilusões. Nos embates políticos de

12 QUINZENA N 11 2S7 12 ImhalluHk i4 k \ maior vulto - como na "Marcha dos 100 mil", onde foi, reconhecidamente, uma das forças mais ativas e de maior visibilidade - a CSC deu passos na superação dos limites economicistas e corporativistas. Fruto dessa conduta, continuou sua marcha ascendente no sindicalismo brasileiro, vencendo importantes eleições sindicais -com destaque, no período posterior ao 3 o congresso, para os metalúrgicos do Rio de Janeiro e os Motoristas de São Paulo Problemas ideológicos. Apesar destes e outros avanços, osclassistas não ficaram imunes às distorções que afetam o sindicalismo - em especial num período de crise e defensiva estratégica. Sugados pelas demandas do cotidiano, alguns companheiros se ativeram às lutas imediatas e corporativas, subestimando os confrontos políticos, reduzindo sua cultura intersindical, de ciasse, e rebaixando o debate ideológico. Os efeitos negativos surgiram com a disputa aparelhista, amesquinhada, por benesses na máquina e com o processo de burocratização e acomodação de lideranças. O esforço de enraizamento no local de trabalho e de formação sindical - com a renovação de quadros e a reciclagem de antigos mitantes - teve revezes. A perspectiva socialista e militante em algumas áreas sofreu abalos. Estas questões exigem um tratamento mais criterioso dos dirigentes da CSC, sob pena de resultarem em graves danos no futuro. 16 -Entraves organizativos. Conseqüência também destesproblemas, no último período ocorreu um certo rebaixamento no esforço de construção e estruturação da CSC. Se os avanços políticos foram visíveis nesta fase, contraditoriamente, houve retrocesso no terreno organizativo. Em vários Estados, as coordenações estaduais deixaram de se reunir periodicamente e de atuar de forma planejada nas lutas gerais e de categorias e nas disputas sindicais. A coordenação nacional, hoje mais estruturada, ressente-se dessa fragilidade, que dificulta a amplificação da nossa política. A estruturação da CSC nos Estados deve ser a prioridade número um da próxima fase. Outro desafio é o de reforçar nossa presença nas instâncias da CUT. Ainda persiste o abstencionismo diante da central. Mesmo em Estados onde somos fortes, nossa atuação na CUT é muito débil - o que só enfraquece nossas propostas e críticas à direção cutista. Desafios classistas. Afastar FHC para barrar a degradação do trabalho. 17-Centralidade da política. Diante do quadro exposto, a CSC tem enormes desafios para o próximo período da luta de classes em nosso país. A ênfase deve ser dada à questão política. Sem alterar a atual correlação de forças, será impossível barrar a desconstrução nacional, a regressão democrática e a degradação do trabalho. Sem afastar FHC, é pura ilusão "legalista" acreditar em mudança na orientação econômica e política em curso. Os eixos dessa batalha já estão postos: a defesa do Brasil, da democracia e do trabalho. Em tomo destes pontos é possível impulsionar a mobilização social e ampliar a unidade das forças anti liberais. Todas as iniciativas que joguem na amplitude e na radicalidade desta jomada cívica devem ser incentivadas pela CSC. Sem vacilações e nem sectarismos, é preciso investir neste caminho. 1 S-Firmeza de princípios. Ao mesmo tempo, a CSC deve reafirmar e atualizar seus princípios. Desde sua origem, ela propõe um sindicalismo de massas, combativo, unitário, democrático, enraizado na base e politizado. Nas lutas do presente, defende os interesses futuros dos trabalhadores - o socialismo. Na atual conjuntura, isto significa se contrapor a quaisquer medida de flexibilização trabalhista e a todas as tentativas de conciliação e parceria de classes. O sindicalismo classista não aceita a lógica destrutiva do capital, prega a ruptura com esse sistema. Mesmo em situações adversas, deve deixar explícita sua posição aos trabalhadores. A CSC não tergiversa diante de posições reformistas, social-democratas, e nem com posturas voluntaristas e sectárias. Com fisionomia própria, prega a ampla unidade da esquerda e, ao mesmo tempo, realiza o debate ideológico contra os que entravam a luta emancipacionista do proletariado. Sem abandonar seu projeto estratégico, atua com habilidade tática. 19-Defesa dos sindicatos. Para atingir seus objetivos, a CSC entende que é prioridade defender a organização sindical dos trabalhadores. A luta contra a PEC-623 está na ordem do dia e é inaceitável a tibieza de alguns setores cutistas. Mesmo no tocante à Justiça do Trabalho, é preciso separar o joio do trigo. Interessa ao trabalhador uma justiça acessível e eficaz; às elites, interessa a extinção do próprio Direito do Trabalho. O sindicalismo não pode cair no canto de sereia do governo. Diante da ofensiva de desmonte dos sindicatos e de flexibilização trabalhista, a CSC se contrapõe a todas as propostas que facilitem os intentos dos neoliberais. Por isso, é enfática na defesa da unicidade sindical, não como princípio, mas sim como um contraponto das idéias de fragmentação dos sindicatos. Também defende a contribuição financeira dos sócios e não sócios. Em vários países existem "taxas de solidariedade" ou "cotas de serviços", similares às cobradas no Brasil. Por fim, contrapõe-se ao uso dos recursos do FAT como instrumento de sedução e manipulação do sindicalismo. Provenientes do bolso do trabalhador, esses recursos devem ser usados como forma de aproximação com os "excluídos", organizando escolas de formação educacional básica, bem como formação básica de ofícios, eletricistas, mecânicos, instrumentistas etc - sem cair num novo atrelamento dos sindicatos ao Estado e nem gerar a falsa ilusão de que a qualificação profissional resolverá o problema do desemprego. Falar aos excluídos. Organizar os terceirizados e desempregados 20-Organização sindical. Frente à reestruturação pro-

13 CUINZCNAN Traballiticlore* dutiva e às mudanças no "mercado de trabalho", a CSC entende que é preciso promover urgentes mudanças na forma de organização dos sindicatos no país. Hoje, o sindicalismo representa somente uma parcela de assalariados com registro em carteira. Mais da metade da PEA sobrevive no mercado informal e outros 10% estão no desemprego aberto restando cerca de 20 milhões de trabalhadores com acesso aos sindicatos. É necessário falar aos setores "excluídos", precarizados, terceirizados, desempregados e aposentados. Do contrário, os sindicatos podem entrar em coma profundo, com sérias dificuldades para exercer seu poder de pressão. O desafio hoje é o de promover a fusão das pequenas entidades, a partir do amplo debate e não de métodos administrativos e autoritários; o de construir fortes sindicatos por ramo de atividade, incorporando os precarizados; e o de interagir e atrair os desempregados, levantando bandeiras como a que a qualificação profissional resolverá o problema do desemprego. 21 -Posição sobre o FAT - A CSC não é contra a utilização dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, muito pelo contrário. O 4 o Congresso debateu exaustivamente o assunto, polêmico e sujeito a diversas interpretações, e aprovou uma resolução que orienta os sindicalistas classistas a disputar tais recursos, provenientes de contribuições efetuadas pelos trabalhadores e que, portanto, devem servir aos seus interesses. A crítica à manipulação do FAT pelo governo FHC e setores do sindicalismo brasileiro não deve obscurecer nem servir de pretexto para ignorar esta orientação. Uma posição moralista e puritana, neste caso, só trará prejuízo ao sindicalismo classista e significará mais dinheiro daquele fundo à disposição das outras correntes que atuam no movimento. Os sindicalistas classistas devem usar os recursos para financiar cursos e programas de qualificação profissional sem a ilusão de que isto vai solucionar ou menos amenizar o problema do desemprego, mas com a consciência de que é um meio de abordar a massa de desocupados e procurar educálas numa perspectiva classista. A atuação da CSC, em relação o à CUT e à sua organização, deve pautar-se pelos princípios classistas e pelas resoluções pontuadas: a) Em relação à CUT, os sindicalistas classistas reiteram o combate às concepções que apontam para uma maior centralização e burocratização da estrutura sindical, em particular à proposta de sindicato orgânico; a luta pela democratização da Central, com a instituição do critério de proporcionalidade qualificada para a composição de sua diretoria; necessidade de trabalhar para assegurar uma maior presença e influência classista na CUT, participando de todos os seus fóruns e atividades. b) Quanto à organização da CSC, é preciso trabalhar visando o seu fortalecimento orgânico e político e garantir que todas as entidades sindicais lideradas pelos classistas firmem convênios com o Centro de Estudos Sindicais; c) Ressaltar a fisionomia própria da Corrente nas ações políticas e manifestações de massa; desenvolver mais ações intersindicais e por ramo de atividade; realizar um acompanhamento maior da atuação classista na CUT, em todas as instâncias; os sindicalistas classistas devem promover a interação com outros setores do movimento social visando a ampliação das lutas; realizar grandes campanhas de sindicalização nos sindicatos liderados pela Corrente; d) Valorizar a revista Debate Sindical com ações concretas visando sua maior divulgação entre os trabalhadores, campanha de assinatura, compra de cotas pelos sindicatos e venda de anúncios; usar e divulgar o vídeo Brasil Outros 500, como importante instrumento para a formação dos trabalhadores; e) Promover a unificação das campanhas salariais de categorias com datas-base comuns; estruturar um setor cultural e artístico na CSC com a finalidade de debater políticas culturais, promover atividades próprias ou conjuntas com outras entidades sindicais, procurando estimular a criatividade do trabalhador e formular proposições culturais; f) Incentivar a parceria com movimentos populares como a Unegro, UBM, UJS, Conam e outros; aprofundar o debate sobre a estrutura sindical, o papel da justiça do Trabalho e a sustentação financeira dos sindicatos; aproximar os sindicatos classistas das lutas ecológicas, conferindo às mesmas um conteúdo progressista e revolucionário, procurando evidenciar que capitalismo não combina um meio ambiente saudável. 22-Banco de Horas. Outra questão polêmica abordada pelo congresso diz respeito à proposta de banco de hora, que certas forças do movimento sindical (inclusive da CUT) classificam como "avanço". Os sindicalistas classistas não devem alimentar ilusões a este respeito. Trata-se de uma proposta que atende, exclusivamente, aos interesses patronais, inspirada na filosofia neoliberal e que na prática significa flexibilização da jornada e supressão de direitos. Aqui não cabe vacilações: a CSC é contra o banco de horas e ainda que em determinadas circunstâncias, dada uma correlação de forças desfavoráveis aos trabalhadores, não seja possível barrá-lo, o banco de horas será sempre um retrocesso nas relações trabalhistas e assim deve ser compreendido e encarado. Propostas. Lutar pela democratização da CUT. 23- Após os debates em grupo e plenário, o 4 o Congresso da CSC aprovou propostas que preconizam a intensificação da luta contra a PEC 623, bem como contra as alterações pretendidas pelo governo, artigo 7 da Constituição, no FGTS e previdência dos servidores públicos.

14 CLINZENAN" 2S7 14 Linha Direta, 18 a 24 de março de 2000, n 444 Desemprego: como enfrentá-lo? Ricardo Antunes Segundo dados recentes da OIT (Organização In temacional do Trabalho), cerca de 1 bilhão e du zentos milhões de homens e mulheres que trabalham estão, hoje, ou precarizados, realizando trabalhos parciais, esporádicos, ou encontram-se desempregados. No Brasil, estes índices são explosivos, colocando-nos entre os campeões de desemprego. Quais os elementos causais desse quadro agudamente crítico? Porque existe um desemprego desta intensidade? Podemos responder, de modo sintético, que há elementos estruturais e elementos conjunturais que se configuram como as causas essenciais do desemprego e da precarização do trabalho. Comecemos pelo primeiro. O capitalismo é dotado de uma lógica es- ~ "Esta dimensão estrutural encontrou as condições ideológicas e políticas ideais na vigência do projeto neoliberal, privatizante e anti-social, como é o caso do governo FHC" sencialmente destrutiva, onde a necessidade imperiosa de produzir mercadorias e valorizar os capitais coloca-se como o critério prioritário e essencial da engrenagem societal existente. Tudo o mais se toma secundário, quando se procura apreender o modus operandi de nossa formação social. Da Microsoft a Toyota, da IBM aos McDonalds, da Nike aos conglomerados globais das telecomunicações, tudo é mercadoria, sejam materiais ou imateriais. Qual o objetivo central destas empresas? Produzir com o menor número possível de trabalhadores (que devem estar diutumamente em disponibilidade para o capital) e com o maior índice possível de produtividade. Ou, seja, as empresas capitalistas modernas, desde sua unidade mais microcósmica às mais potentes transnacionais, objetivam produzir sempre mais com menos trabalhadores. E estes devem se subordinar a uma destruição sem precedentes, no que tange às condições e aos direitos de trabalho. Quando esse mecanismo é posto em funcionamento, o desemprego e a precarização do trabalho se intensificam. Não há nenhuma empresa capital ista que não paute por esta lógica. A conseqüência é evidente: quanto mais "racional" é a empresa moderna, quanto mais "enxuta" é sua produção, mais irracional se toma a lógica societal dominante. O resultado é o desemprego mundial em escala explosiva. E, com ele, a violência social, a criminalidade, o narcotráfico etc. Qualquer proposta séria para o desemprego, que não leve em conta esta situação, poderá oscilar entre a mistificação. Esta dimensão estrutural, própria da empresa moderna, encontrou as condições políticas ideais na vigência do projeto neoliberal, privatizante e anti-social, como é o caso do governo FHC. E aqui entramos no segundo complexo causual do desemprego, que acima denominamos conjunturais. Com honrosas exceções, os governos têm implementado políticas econômicas e sociais que seguem o receituário neoliberal dominante, desenhado pelo FMI, pelos grandes capitais, financeiros e pro- Trabalhadcres dutivos, do que decorre uma aplicação sistemática e detalhada da lógica estrutural destrutiva acima referida. Resultado: desemprego e precarização do trabalho no Brasil, Rússia, Egito, Japão, Alemanha, Argentina, Inglaterra, e a lista seria interminável... Os EUA, por exemplo, não fogem à regra; minimizam seu desemprego devido a sua fase expansionista e porque uma massa imensa de seus trabalhadores encontram-se tercerizados. Não é mais a General Motors quem emprega o maior número de trabalhadores nos EUA, mas uma empresa de terceirização que vende e "aluga" todo o tipo de trabalhador, do mais singelo, como escravos modernos que realizam trabalho contigente. Como então, neste contexto, é possível combater o desemprego? Combinando um duplo movimento: lutando contra os elementos conjunturais sem perder de vista seus elementos estruturais. No primeiro plano, os pontos de partida deste programa não são difíceis de serem desenhadas: fim da superexplorado do trabalho, de que é exemplo a política indecente e indecorosa do salário mínimo nacional do governo FHC: reforma agrária ampla e profunda, contemplando os vários interesses coletivos dos trabalhadores e despossuídos da terra; impulsionar a pesquisa científica brasileira, em bases reais, com ciência de ponta desenvolvida em nosso país e cujo eixo seja voltado prioritariamente para o enfrentamento das necessidades mais profundas da nossa classe trabalhadora; controlar e coibir fortemente inúmeros setores de monopólios, contraditara hegemonia do capital-dinheiro; e resgatar o caráter público e social das empresas estatais, por meio da participação efetiva dos funcionários e da população diretamente envolvida, contra a lógica da privatização. Há, entretanto, uma bandeira que mais diretamente permite articular as ações mais imediatas junto àquelas mais universalizantes: a luta pela redução da jomada de trabalho, sem redução salarial. Exata proposta une a totalidade do trabalho social, em escala mundial e permite discutir o controle do tempo de trabalho, do que produzir para quem. Por, certo, reduzir a jomada de trabalho não eliminará o desemprego, mas auxiliará na luta pela sua redução, ao mesmo tempo em que poderá possibilitar a discussão da assência do capitalismo hoje, "Redução da jornada de Trabalho não eliminará o desemprego, mas auxiliará na luta pela sua redução, ao mesmo tempo em que poderá possibilitar a discussão da essência do capitalismo hoje" confrontando diretamente com o seu sentido destrutivo e, desse modo, participar ativamente na elaboração de um projeto cujo horizonte é para além do capital e da atual sociedade capitalista. O que nos remete à atualidade do projeto socialista. Isso se quisermos responder pela raiz a questão do desemprego. Ricardo Antunes é sociólofio e professor do Instilulo de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução.

15 M IN/I NA N" 287 I» Repórter Fecesp- março/2000 n Aos que têm medo da verdade Márcio Pochmann Foi frustrada a tentativa do Palácio do Planalto de construir uma resposta técnica séria e consistente ao estudo "O desemprego na economia global", que indica que o Brasil, apesar de representar a quinta População Economicamente Ativa (PEA) do planeta, deteve, em 1999, a terceira maior quantidade de desmpregados em 141 países pesquisados - enquanto em 1986 ocupava a 13 a posição no ranking internacional do desemprego. O referido estudo tem sido realizado sistematicamente desde 1997, a partir de dados oficiais publicados por instituições internacionais insuspeitas, como Organização Internacional do Trabalho (OIT), Banco Mundial, Organização das Nações Unidas (ONU) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre outras, aponta a crescente problemática do excedente de mão-de-obra no planeta durante o último quarto do século 20, especialmente nos países não desenvolvidos, "O estudo aponta a crescente problemática do excedente de mão-deobra no planeta durante o último quarto do século 20, especialmente nos países não desenvolvidos" _ sendo o Brasil, uma das economias que, desde 1990, vem se destacando na geração de elevada quantidade absoluta e relativa de desempregados. Sem conseguirdisporde estudiosos especializados na temática do trabalho para produzir um contraponto robusto e adequado ao estudo citado, o Palácio do Planalto optou por abandonar o possível debate técnico, tomando emprestada uma assinatura para dissolver aleivosia e impropérios a respeito de um modesto professor universitário compromissado com a verdade sócio- econômica no Brasil e que há 16 anos tem como objeto de investigação o mundo do trabalho. O intuito governamental foi, então, o de qualificar o professor da Universidade de Campinas (Unicamp) responsável pela investigação. O conteúdo do artigo publicado no jornal da Folha de S.Paulo em 22 de fevereiro ("Falácias do desemprego no Brasil", de Antônio Prado Júnior), por si só, revela, em três tempos, o caráter e a falsa ética que podem ser utilizados por aqueles que justificam os meios pelos fins. Em primeiro lugar, pela capacidade que o responsável pelo artigo possui em confundir, de um lado, as estatísticas de desemprego da Pesquisa Mensal de Emprego(PME), produzidas para apenas seis regiões metropolitanas (23% da PEA nacional), com as da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNDA), uma amostra nacional, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De outro lado, apresenta incompetência identificada no exercício do raciocinar simultaneamente quantidades e proporções, o que deve impedi-lo de saber, por exemplo, qual é o país mais rico do mundo: seriam os Estados Unidos, com o maior PIB (absoluto) do globo terrestre (US$8,5 trilhões), ou a Suíça, com a maior renda "per capita"(relativa) do mundo ( US$ 45,3 mil)? Trabalhaclcres Em segundo lugar, pela tática fascista de usar funcionário público responsável pela produção da propaganda governa mental para tecer comentários irresponsáveis e inconsistentes sobre um tema que demonstra não conhecer com propriedade, chegando ao ponto de questionar até o papel da ciência. Qual "ciência"? Aquela autoritária de despachar telefonemas diretos do Palácio do Planalto para a direção da mídia, reclamando de desvios dejomalistas e solicitar o congelamento do autor do estudo em referênc ia, como nos velhos tempos, ou aquela de Goebbels, que sempre preferia o uso de uma boa mentira a favor do governo a ser repetida várias até se tomar oficial do que enfrentar cuidadosamente uma dura verdade? Em terceiro lugar, pela demonstração, mais uma vez, da ausência de sensibilidade política por parte do Palácio do Planalto para com o aprofundamento dos problemas sociais no Brasil. O que menos parece interessar é a grave situação do universo dos desempregados brasileiros, diante da relevância concedida na arte de tentar desqualificar estudos e estudiosos que enxergam a realidade de maneira diferente da propaganda oficial. Na mesma medida, o Palácio do Planalto tem procurado esconder a mais grave crise nacional do emprego desde 1929, por meio de argumen- tos e equívocos primários praticados, por exemplo, por um exministro, que dizia apenas tendências preocupantes no mercado de trabalho brasileiro, até a fala incontida do próprio Presidente da Repúbli- "O Palácio do Planalto tem procurado esconder a mais grave crise nacional do emprego desde 1929, por meio de argumentos e equívocos primários" ca, Fernando Henrique Cardoso, que tentou ofender a credibilidade de instituições de pesquisas reconhecidas como a Fundação Seade e o Dieese, quando alegou manipulação de dados gerados sobre o desemprego. Ou ainda na ação desastrada de um ex-ministro que decidiu desconstituir uma comissão de técnicos de alto nível que tratava da homogeneização das metodologias de mediação do desemprego no País quando tomou conhecimento de que isso provocaria uma adição estimada de 50% nas taxas oficiais de desemprego. Na tarefa de obscurecer o produto gerado por um modelo econômico solidário como o desemprego, vale a tentativa oficial inglória de atacar cruelmente um servidor público estadual que procura exercer plenamente o seu trabalho de docência e pesquisa, tendo como objetivo a busca da verdade, doa a quem doer. A propaganda oficial, nesse caso, funciona como ideologia, que segundo K. Mannheim simplifica a pluralidade possível dos fenômenos em proveito do projeto governamental, que não tem sido, nos últimos anos, a busca do bem-estar do conjunto da população. Márcio Pochmann é professor do Instituto de Economia e Pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesil) da Univerdade de Campinas (Unicamp). Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução.

16 ODIN/INAN' 2S7 Asteca Informa, março de 2000, n 0 34 "Malanta adverte: comer quebra o país". (José Simão-FSP-22/03/00) ie Salário Mínimo Trabalhadcres Mas felizmente o Brasil não vai mais quebrar: o presidente da República decretou um mínimo de R$151,00. Entre quebrar o país dando comida a essas crianças chatas que só pensam "naquilo", ou seja, em feijão com arroz e em engordar o cofrinho dos banqueiros, Fernando Henrique não teve dúvidas, salvou o país, digo, caviar dos ricos. Felizmente o país vai economizar R$4 bilhões com os pobres aposentados, embora vá gastar a ninharia de R$70 bilhões em juros da dívida pública... Aliás esses pobres reclamam demais: o colossal aumento de R$0,50 por dia /' vai lhes proporcionar nada / menos de 1/3 de passa- / gem de ônibus. O que é i que eles querem mais? Quando foi criado em de maio de 1940, através do Decreto 2.162, por aqueles que os intelectuais pernósticos chamam pejorativamente de populistas, o salário / mínimo valia algo como \Vv R$569,61 nos cálculos do D1EESE, e o Brasil não quebrou. Na década de 50, já com Getúlio de volta, seu jo- ( ff^ vem Ministro do Trabalho simplismente dobrou o valor do mínimo; mesmo assim João Goulart não quebrou o Brasil. Em 1959 já no acenso das lutas sindicais, o salário mínimo valia R$820,71, e nós o achávamos uma vergonha...é porque não sabíamos que 40 anos depois ao invés de subir, os "teóricos da dependência" iriam baixá-lo para R$ 151,00,18% daquele mínimo que execrávamos... Trinta anos depois, em 1989, ele já Havia caído para R$231,00, todavia bem maior que os R$ 136,00 deste mês eos R$ 151,00 que virão. Enquanto que, de 52 a 64 o salário mínimo médio era de R$500,00, a dos anos 90 (época dos modermos, 2 Femandos) caiu para R$ 165,69. Ia dizendo que o povo não cansa de votar errado, quando li nos jornais que Fernando Enrique transferiu a decisão dos mínimos regionais para os Estados. Ou seja, a mídia "chapa branca" ou incompetente além de não informar, deforma o cidadão. O presidente vai mandar um projeto de lei já tacha- \. flkialmínteta SUR&UES1A AmiT?; 0 SAtARfO MlNfMO r mmto DefíNGAÍ o do de inconstitucional ao Congresso. Ainda vai depender do Congresso aprovar esse deboche e o STF deixar passar mais essa bofetada na cara do povão. O estabelecimento de um salário mínimo no Brasil começou a ser debatido,após a criação do Ministério do Trabalho, em Foi incluído na Constituição de 1934, e mantido na carta de E teve regulamentação aprovada em 1938 e decretado pela primeira vez em Naquela época foram destacados 14 sa- lários mínimos diferentes, cada um deles representando o valor mais freqüente das remunerações em cada Estado. As Comissões Estaduais do Salário Mínimo, entretanto podiam fixar valores distintos não só para o Estado como até para cada sub-região em que o dividisse. Dessa for- -^T^- ma, foi aumentando C.^^ a quantidade de sa- /^> lários mínimos até s^ que o Brasil chegoua ~Ter51 salários mínimos diferentes. O movimento operário e sindical declatrou guerra a esse absurdo sem, contudo, alcançr maiores êxitos. Após o golpe militar de 1964, aquelas Comissões fo- _ ram extintase o mínimo começou a ser unificado por regiões geográficas até alcançar um valor único em Essa Medida Provisória é um desrespeito ao Parlamento, E a tentativa de retorno às Comissões é um retorno à "Pó/acorde 1937, Imagine se esses intelectuais frustrados não fossem "modernizadores",,. Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução.

17 QUINZENA N Trabcilhaclcres Caros Amigos - fev./2000 n" 35 Uma guerreira contra o racismo (2) Estas são as perguntas sobre a vida pessoal de Sueli, sobre a Revista Raça e sobre Gilberto Freyre, Roberto da Mata e outras, que deixamos de publicar no Quinzena 286. Marina Amaral - Poderíamos começar com você contando um pouco de sua história pessoa! e de como se deu seu envolvimento com o movimento negro... Sueli Carneiro - Sou a mais velha de uma família de sete filhos. Meu pai era ferroviário e minha mãe costureira. O pai semianalfabeto e a mãe com 1 grau. Então, cresci num bairro proletário, em São Paulo, me sinto, culturalmente falando, uma pessoa proletária. Essa origem me deu uma das características mais evidentes de minha personalidade, que é um sentido comunitário, um sentido gregário muito forte. Meu pai tinha valores muito arraigados; um homem negro, que veio do campo, fraterno, solidário, com consciência muito grande de nossa fragilidade social, de nossa vulnerabilidade, e da necessidade de termos essa rede de proteção para poder assegurar a sobrevivência de nossas famílias. José Arbex Jr. - Quando você fala em fragilidade, está falando em "nossa família" operária ou "nossa família" negra? Sueli Carneiro - De uma família negra, pobre e operária. Estou falando desse conjunto de circunstâncias, o fato de sermos negros, de termos a consciência da exclusão. Meu pai tinha incorporado esses valores operários, esses valores comunitários da solidariedade, da generosidade e da fraternidade, mas tinha também muita consciência de sua condição de negro, e minha mãe mais ainda; ela, já um tipo mais urbano, nascida em Campinas, uma cidade onde estas contradições - principalmente a contradição racial-sempre foram muito mais evidentes. Marco Frenette - Qual foi sua primeira experiência direta com o racismo? Sueli Carneiro - Olha, ser negro, nascer negro, é estar sistematicamente ao longo de toda a vida sofrendo processos de discriminação. Então, não tem a situação A ou B, você é distinguido. Na escola se dá a primeira situação franca, concreta: "Negrinha", "Pele", "Cabelo de Bombril". José Arbex Jr. - Dentro do mesmo estado social em que vocês viviam, ou seja, no meio operário, havia racismo por parte das famílias brancas? Sueli Carneiro - Como a pobreza equaliza certas condições, existe um grau de solidariedade e fraternidade superior ao das classes mais privilegiadas. Porém, quando há uma situação de conflito, é a cor o elemento utilizado para agredir, para distinguir. Por exemplo, você tem seus vizinhos, vocês festejam juntos, um batiza o filho do outro, vocês almoçam juntos nos finais de semana, mas, assim que aparece uma situação de conflito, surgem as afirmações: "Só podia ser negro mesmo", "Negro quando não caga na entrada caga na saída". Ou seja, basta surgir alguma situação de tensão para o elemento racial ser utilizado para discriminar, ofender, humilhar. José Arbex Jr. - Você sentia isso em seu bairro? Sueli Carneiro - Havia mais que isso. Havia um tipo de atitude. O branco pobre, apesar de sua pobreza, tem um sentimento de superioridade frente ao negro. É algo mais ou menos assim: "Poderia ser muito pior, além de ser pobre eu poderia ser preto...". Há esse sentimento de superioridade, em qualquer classe social. Marco Frenette - Sua família discutia a questão racial? Sueli Carneiro - Não era exatamente discutida. Meus pais tinham um ideário: "Você não pode se deixar humilhar porque é negro". "Se você chegar em casa chorando porque apanhou vai apanhar de novo, porque não soube reagir". Tinha, então, um código de conduta que tinha de ser observado, você não podia aceitar discriminação, mas também tinha toda uma ideologia que passava pelo: "Temos de ser melhores porque somos negros, temos de ser mais morais, mais generosos, mais éticos, mais perfeitos; não podemos errar, temos de ser os melhores alunos etc." Quer dizer, tínhamos de ser melhores de forma igual. Ou melhor, para não deixar nenhum argumento "para esses brancos falarem da gente... José Arbex Jr. - O que você acha da revista Raça do Brasil? Sueli Carneiro - Ela tem um papel importante. Em primeiro lugar, revelou, com seu sucesso editorial, a carência que existe em nossa sociedade para 44 por cento de nossa população que quer se ver. Ela procura responder àquilo que o Muniz Sodré chama de "síndrome do vampiro, ou seja, o negro olha para os veículos de comunicação e não se vê e não se reconhece. Então, ela vem de encontro a essa "síndrome do vampiro". Ao fazer isso, não só revela o que existe de disponibilidade como revela um mercado consumidor que estava obscurecido. Ela tem um projeto editorial que atende a uma parcela da comunidade negra, que quer se ver incluída, inserida, representada da mesma maneira que os brancos estão em outros veículos. Por tudo isso é uma grata surpresa, mas ele tem sido objeto de muitas críticas, inclusive de nós, negros do Movimento, por conta do glamour que ela tem, e por não ser talvez suficientemente combativa. Discordo dessa crítica pelo seguinte: a comunidade negra tem de produzir seus próprios instrumentos, tem de se organizar, tem de produzir seus veículos de acordo com as diretrizes que irão contemplar suas aspirações, sua visão de mundo, suas expectativas políticas e tudo o mais. Mas a revista Raça me interessa mais por me revelar os paradoxos que o movimento negro, que é o de pautar sistematicamente coisas para a sociedade, para esta mesma sociedade absorver isso e nos devolver como se fosse um produto novo, como se fosse um surto repentino de valorização da diversidade que acometeu a sociedade brasileira. Esse é um dos desafios que o movimento negro vem enfrentando, que é o de não conseguir ver legitimado como construção sua um conjunto de novos eventos a que a gente tem assistido na sociedade. Por exemplo, o aumento da presença do negro nas propagandas e meios de comunicação. Veja o caso das novelas da Globo. De uns anos para cá, parece que ela resolveu fazer ação afirmativa por conta própria e estabeleceu uma cota de no mínimo um e no máximo três negros por novela. Esses fatos estão diretamente relacionados à crítica sistemática do movimento negro sobre a perspectiva ariana que orienta os meios de comunicação no Brasil. Mas são tratados como produto de geração espontânea. Ricardo Vespucci- E no geral são negros muito chatos, muito caretas. Sueli Carneiro - Muito pior. Vamos falar mais adiante sobre isso. Mas peguemos as propagandas, há também a ação afirmativa dos negros: nos comerciais passa correndo ali uma criancianha negra no meio de monte de brancos. Então, essa falta de sustentabilidade do movimento negro está criando o que estou chamando de neodemocracia racial. Que é o seguinte: você tem toda uma arquitetura aí de inclusão minoritária e subordinada de negros nos veículos de comunicação, cuja mensagem é: "Consumidor, sim; cidadão, não". Isso significa que Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução.

18 QUINZENA N c nossas debilidades organizativas, que se manifestam na ausência de um projeto político claro, permitem que o mercado defina ele próprio um projeto de inclusão do negro. E vem esse projeto de inclusão subordinada e minoritária. José Arbex Jr. - Mas a revista Raça não é isso? Não se trata o negro como consumidor e não como cidadão? Sueli Carneiro - Olha, ela foi um impacto positivo sobre a auto estima dos negros, lembro das primeiras edições, o orgulho das pessoas de andar com a revista, de mostrá-la, as pessoas folheando no metrô. Foi a primeira vez que o negro brasileiro se viu como uma pessoa normal que come, bebe, dorme, estuda, que está aí tentando correr atrás de seu prejuízo. Ou seja, a revista tende para um problema que tem um impacto muito profundo na auto-estima do negro, que é o problema da invisibilidade ou da visibilidade perversa. Quais são os dois paradigmas com que somos veiculados? Ou somos invisíveis ou somos retratados como boçais, subservientes e tutelados. Peguemos as novelas, como elas em geral trabalham com a imagem do negro? O que é dramático, o que considero a visibilidade perversa é que os personagens brancos são diversos, são múltiplos, pobres, ricos, bons, maus, um é mau-caráter, o outro progressista, um é politicamente correto, o outro é um desastre. Ou seja, são seres humanos. Já os negros estão sempre congelados nos estereótipos da servidão, da subseviência e da necessidade de ser tutelados pelos brancos. Na novela Terra Nostra, por exemplo, tem cada absurdo! O personagem do Antônio Fagundes, ao ter uma discussão com um de seus funcionários, ouve a seguinte pergunta: "Mas o senhor vai colocar os italianos na senzala?"e responde: "Não, não vou; eles são brancos, e trazem no coração o espírito da liberdade". Ora, como entendo isso? Essas imagens não são gratuitas. À beira de um novo milênio e próximo das comemorações dos quinhentos anos, coloca-se no ar uma novela que é o elogio a uma comunidade de imigrantes - que seria legítimo, não fosse a forma como o negro é integrado na novela - em que o negro está congelado nequeles mesmos estereótipos. Pai Tomás, submisso, preocupado, quer dizer, são negros que têm por única função na trama da novela proteger o amor e a vida das famílias brancas. Eles são dóceis, subservientes, têm aquela fidelidade... José Arbex Jr. - Canina. Sueli Carneiro - Aquela fidelidade canina. Na verdade, são personagens que não têm nenhuma importância na trama. Então, por que existem? Para cumprir uma única função, que é maximizar a suposta superioridade do branco imigrante. E isso é tão visível para o senso comum - tem uma cena em que o menino que faz o negrinho lá, tziu, fala assim pro herói italiano, o Matteo: "Matteo, se você não se comportar direito, o patrão vai colocar você no tronco, como fazia com os negros". E aí o Matteo diz: "Se o capataz tentar me colocar no tronco, é um homem morto". Ou seja, os negros foram escravos porque se submeteram pacífica e documente a escravidão. Orgulho, bravura, dignidade humana são atributos brancos. Por isso é impensável, jamais um italiano aceitaria ser submetido ao mesmo tratamento a que os negros foram submetidos. Ricardo Vespucci - Diante do que você falou e das repercussões da revista raça, quero crer que nem passou pela cabeça do editor o fato de o Pitta ser acusado de corrupção, ser de direita, malufista, ao botá-lo na capa. Sueli Carneiro - Quero crer que não. Acho que a preocupação da revista é fazer elogio de negros que ascendam profissionalmente, que são bem-sucedidos, que estão fora dos lugares a que tradicionalmente os negros estão destinados, é promover a auto-estima, dar visibilidade aos negros de sucesso. Ricardo Vespucci - Eles pensam assim ou estão preocu- Trabalhadores pados com o nível dos 44 por cento da população? Sueli Carneiro - Não sei o que eles pensam, é como vejo a revista. Então, nesse sentido, ele é um homem negro que chegou a se eleger prefeito da cidade mais importante do país. É um fato inédito, histórico. Ricardo Vespucci - Ainda que seja inédito e histórico, é preciso ter uma visão crítica que a revista absolutamente não teve... Sueli Carneiro - O que temos de entender é o seguinte: os negros são plurais, são seres humanos, são múltiplos embora sejam disciplinados - há negro de direita, de esquerda, de centro. Para mim, o subtexto da sua pergunta é: "Como é que um negro pode ser de direita? "Ou: "Como é que um negro pode ser reacionário?"por que pode, sabe? (risos) Marina Amaral - E porque todo jogador de futebol negro arruma uma loira? Sueli Carneiro - Não é possível estabelecer que preto tem de casar com preto e branco com branco. Não dá para legislar no campo pessoal. Agora, é evidente que o racismo institui um paradigma estético, um ideal estético, um padrão de beleza que é valorizado e hegemônico. Esse padrão que estabelece o branco como parâmetro de beleza tem um impacto sobre as pessoas, e produz também um deslocamento do olhar, produz o desejo de possuir isso que é valorizado, aceito e reconhecido socialmente. Somos bombardeados o tempo todo que é a imagem do sucesso. E, como vivemos em uma sociedade em que a mulher é reificada, ela toma-se um símbolo, não é? Um símbolo de status; a mulher branca em primeiro lugar, sendo a loira o ápice. Então, a mulher branca corrobora sua vitória, corrobora seu processo de mobilidade social, ela é o signo de sua vitória, com ela se diz: "Eu cheguei lá". E acho que esse apelo é uma força irresistível, é como se fosse necessário provar, é como se ela coroasse um processo muito difícil de conquistas, uma luta heróica, geralmente os jogadores são meninos pobres, começaram jogando na rua etc. Então, tem esse forte apelo presente no nosso imaginário. E, no meio disso tudo, há uma valorização brutal dessa coisa inter-racial na mídia. Acho que a mulher branca dá segurança, facilita a aceitação social, abre espaço. Mas acho que há um viés econômico também nisso tudo: "Já que tem um bando de negros aí que estão enriquecendo, pagodeiros ou jogadores de futebol, vamos pelo menos garantir que o dinheiro fique dentro de casa"- da casa dos brancos, evidentemente. Então, na valorização da imagem do atleta ou artista negro na companhia da mulher branca tem muito dessa estratégia de assegurar que suas fortunas não sejam usadas para potencializar a comunidade de onde eles são originários. José Arbex Jr. - Mudando de assunto, que leitura você faz do Gilberto Freyre? Sueli Carneiro - Ele é muito responsável por esse imaginário de uma sexualidade diferenciada das mulheres negras, de uma promiscuidade natural, intrínseca. Acho que ele é um dano para as mulheres negras, um dano psíquico, emocional, um dano brutal para as mulheres carregar esse estigma de mulheres com uma excitação genérica diferenciada e disponíveis. José Arbex J. - O Roberto da Matta vai numa linha semelhante. Sueli Carneiro - O dramático dessa tradição cultural é que ela folcloriza, carnavaliza toda a violência original que está subjacente nessas construções literárias. Marco Frenette- O curioso é que Gilberto Freyre foi recrin inado nos anos 30 quando Jançou o Casa-Grande e Senzala justamente porque deu um espaço para o negro a que a sociologia brasileira não estava acostumada, não é? Sueli Carneiro - É, é o famoso apoio que afunda, (risos) CÜ

19 QUINZENA N c Mulher Jornal da CUT - S. Paulo / março de 2000 Proteção à maternidade é urgente Empregadores querem revisão da Convenção 103 da OIT A proteção da maternidade foi uma das primeiras preocupações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que aprovou em 1919, no ano de sua fundação, a Convenção n 0 3 de Proteção à Maternidade, ratificada pelo Brasil em A atual Convenção de n texto revisto e aprovado em 1952 foi ratificada pelo Brasil em 1965, instituindo uma série de direitos que protegem a maternidade no trabalho, como licença-matemidade, garantia de acesso a serviços médicos, intervalos no trabalho para amamentação, proibição da demissão no período da gestação e da licença maternidade etc. A Convenção aplica-se a todas as mulheres empregadas, inclusive as trabalhadoras rurais. Por pressão dos empregadores e de vários governos, foi agendada uma nova revisão dessa Convenção. Iniciou-se em junho de 1999, debate a ser concluído em junho desse ano, na 88 a Conferência Internacional do Trabalho, a instância máxima da OIT. O debate da última Conferência da OIT, realizado a partir de um texto de referência proposto pelo secretariado da OIT (a estrutura permanente), concluiu com sua proposta de Convenção que significa um retrocesso nas conquistas e direitos das trabalhadoras. Estabelece normas mínimas de proteção às mulheres grávidas e em período de amamentação, refletindo o empenho dos empregadores (e também de alguns governos) em conseguir seus objetivos: maior flexibilização dos diretos das trabalhadoras e dos trabalhadores, desregulamentando cada vez mais a legislação. A atual proposta de texto deixa em aberto a duração da licença-matemidade obrigatória, estipulando que a sua duração e a sua distribuição (pré ou pós parto) serão determinadas por cada pais membro. A convenção atual estipula essa duração em seis semanas. Embora a legislação brasileira garanta a licença-maternidade em 120 dias, temos que lutar pela manutenção da atual Convenção, visando a garantia da saúde e do bemestar da mãe e da criança em diversos países que não possuem sequer essa garantia mínima. Da mesma forma, é preciso atentar para esse movimento global de redução dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores. Um movimento que, direta ou indiretamente, acaba repercutindo em nosso país. Na Conferência de junho passado, surgiu a proposta de retirar do texto as disposições sobre a interrupção para a amamentação. Vale lembrar que são cientificamente comprovados os diversos benefícios da amamentação, para a saúde materna e para a saúde da criança. Essa proposta foi rejeitada. Mas precisamos trabalhar com muito empenho a fim de garantir essa "conquista' da bancada dos trabalhadores. Outra questão importante no projeto de revisão é o valor da remuneração das trabalhadoras durante o período da licença-matemidade. O texto proposto na revisão indica que a remuneração deve ser fixada: I) seja um valor não inferior a dois terços das ganhos anteriores da mulher; 2) seja mediante uma remuneração uniforme de um valor apropriado. Isto traz mais um problema,,pois significa não haver um valor mínimo. As discussões no âmbito da OIT não foram fáceis para o Grupo dos Trabalhadores, que necessita da adesão de governos para a aprovação de suas propostas. Por isso, os resultados da próxima Conferência, em grande medida, da maneira como levaremos adiante nosso trabalho de pressão em âmbito nacional. Além da tarefa de lutar por uma Convenção que de fato garanta a proteção à maternidade em escala mundial, impedindo que mais um direito fundamental dos trabalhadores seja vitimado pela onda de desregulamentação neoliberal, compete aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras lutar pela manutenção das conquistas da legislação brasileira. O estabelecido nas convenções intemacionais é um padrão mínimo, para ser atendido pelos países mais pobres e países industrializados. Mesmo lutando para que o padrão mínimo seja o melhor possível, não aceitaremos o rebaixamento do padrão que já conquistamos no Brasil. Maria Ednalva Bezerra de Lima é coordenadora da Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora da CUT José Olivio Miranda Oliveira é membro Trabalhador no Conselho de Administração da OIT e ex-secretário Nacional de Política Sindical da CUT. Notícia Mulheres de 75 países programam passeatas durante do ano para exigir a igualdade total de direitos. A coordenação francesa que reúne duzentas organizações feministas, sindicais e políticas prevê uma grande manifestação em Paris no dia 17 de junho, pois considera que as desigualdades são ainda flagrandes, noventa anos depois da instituição do dia Internacional da Mulher. Na França a taxa de desemprego feminino é de 13,5%, antes de 9,8% dos homens. Um recente relatório indica que a diferensa médica de salários entre homens e mulheres é de 33%. Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução.

20 CUINZENAN C 2 7 2C Analise Semanal da Conjuntura Econdmica-2 semana de março/2000 O espetáculo tem que continuar José Martins A passagem para o ano 2000 foi marcada por manifestações contra a globalização em Seatle, Estados Unidos, e em outras partes do mundo. Mas os donos da economia e seus burocratas não se abalaram; estavam muito mais preocupados em comemorar o fim da tempestade da última crise econômica e o início de mais um ciclo de expansão do capital. No final do ano passado, deveria acontecer uma grande reunião da Organização Internacional do Comércio (OMC), na cidade de Seatle, Estados Unidos. Acabou dando em nada. Ou melhor, acabou em uma grande pancadaria policial e prisões nas ruas próximas do local da reunião, bloqueadas por manifestantes contrários à devastação que as regras de livre-comércio da OMC impõem à vida da população mundial. No começo deste ano, duas novas frustrações para os donos da economia mundial. Primeiro, na reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, onde anualmente se reúne a nata da malandragem ideológica do livre mercado: presidentes, primeirosministros, capitalis tas de todos os naipes, intelectuais e escritores da pior espécie, etc. Tudo armado para discutir e propagar para o mundo a filosofia do mercado, os benefícios da civilização globalizada e _, outras bobagens. No lado de --:..; fora do circo, novas manifestações contrárias, mais prisões e novo vexame para aquela _~ desqualificada confraria de traficantes de mercadorias. Alguns dias depois, o mesmo circo voltou a ser armado pela UNCTAD, mais uma daquelas inúmeras e inúteis organizações burocráticas da ONU encarregadas de propor medidas (apenas propor!) para diminuir os "desequilíbrios"entre países pobres e ricos. Desta vez, o circo foi armado do outro lado do mundo, em Bangkok, capital de um patético e falido "tigre asiático" chamado Tailândia. Neste tipo de país, a alta burocracia globalizada sempre se sente muito bem protegida, com seguro total contra imprevistos como aqueles ocorridos em Seatle e Davos. Mas parece que as coisas estão mudando. Mais do que as duas outras reuniões anteriores, a da Unctad não daria mesmo em nada. Mas se era para não dar em nada, que pelo menos oferecesse para os espectadores da mídia mundial alguma coisa realmente espetacu- lar. A exigência foi prontamente atendida: na frente das Ecciicniía câmeras da televisão mundial, Michel Candessus, presidente do FMI, convidado principal da reunião, quando se dirigia para a mesa em que faria seu discurso, acabou recebendo na cara uma gordurosa torta vermelha, desferida à queima roupa por um jovem americano. Refeito do susto e com a cara mais lavada do que de costume, Candessus continuou com o espetáculo. Sob aplausos de todos os demais eunucos presentes, o ator principal de um sem número de sangrentos "ajustes fiscais" nas economias dominadas discorreu sobre a urgente necessidade de se implantar, naquelas mesmas economias, políticas públicas de distribuição da renda e de combate à pobreza! Não se deve imaginar que os senhores do capital e seus serviçais se abalaram com esses gritos das ruas e manifestações contrárias ao seu espetáculo globalizado. Nada disso. Princ i- palmente agora, que está temporariamente afastada a crise econômica que AG*Umi2ACA0 mm o Nivei po realmente poderia abalálos, eles voltam a ficar mais confiantes do que nos últimos dois anos com os seus negócios e com a governabilidade da ordem capitalista. Todos eles estão muito felizes com o m da tempestade da crise e com o início de mais uma rodada de expansão do capital global. Mas esses gritos contra o neoliberalismo e a globalização, que nesta virada de ano já fizeram uma tímida e contida estréia no coração das economias dominantes, poderão no momento certo crescer para movimentos mais amplos. Só que, desta vez, comandados pelos trabalhadores industriais e povos oprimidos de todo o mundo. E não apenas contra as encenações dos dirigentes, burocratas e ideólogos do sistema, mas contra a própria base de exploração que sustenta as estruturas e o enredo desta civilização do espetáculo globalizado. Verifiquemos mais de perto essa nova situação econômica, pois é dela que dependem os desdobramentos políticos e sociais dos próximos anos. Temos então que voltar à aridez dos números, à realidade dos fatos e à paciência da análise para, só então, engatilhar a arma da crítica. É o que faremos a partir do próximo boletim.

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