Inovação nas Médias Empresas Brasileiras
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- Felícia Fialho Angelim
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1 Inovação nas Médias Empresas Brasileiras Prof. Fabian Salum 2012
2 Com o intuito de auxiliar no desenvolvimento estratégico e na compreensão da importância da inovação como um dos possíveis diferenciais competitivos para as organizações, o Núcleo Bradesco de Inovação da Fundação Dom Cabral (FDC) coletou informações para compreender e avaliar as práticas de inovação nas empresas de médio porte brasileiras. Essa inovação poderá se classificar como resultante em produtos, serviços, processo ou ainda modelos de negócios. Os participantes da pesquisa foram presidentes e principais dirigentes de empresas de médio e médio grande portes. A denominação e a classificação desta pesquisa estão de acordo com a classificação de porte de empresas adotada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As empresas de médio porte contemplam uma receita operacional bruta anual entre 16 e 90 milhões de reais; já as consideradas de médio-grande porte são as empresas que obtiveram uma receita operacional bruta anual entre 90 e 300 milhões de reais. (TAB.1) TABELA 1 Porte das empresas segundo o BNDES Porte Microempresa Pequena empresa Média empresa Empresa média-grande Grande empresa Fonte: BNDES (2011) Faturamento Anual Até R$ 2,4 milhões Acima de R$ 2,4 milhões até R$ 16 milhões Acima de R$ 16 milhões até R$ 90 milhões Acima de R$ 90 milhões até R$ 300 milhões Acima de R$ 300 milhões Dada a necessidade de se obter uma amostra de empresas em diferentes estágios de implantação da atividade de inovação como uma opção estratégica, foi necessário aplicar o questionário não só na região Sudeste do Brasil, região na qual se encontra a maior concentração de empresas dos quatro setores analisados: indústria, comércio, serviços e agronegócios, mas também em uma população empresarial mais ampla localizada em outras regiões do país, como Sul, Centro Oeste e Nordeste, regiões nas quais, segundo pesquisas recentes, há uma nova formação e composição do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro com forte contribuição de empresas nessas regiões onde se evidencia a estratégia de crescimento pela ascensão de classes menos favorecidas para níveis mais altos da sociedade. Mediante a base de dados de empresas e executivos participantes de programas de formação e desenvolvimento em gestão da FDC, foram selecionados e enviados ao todo 825 questionários, considerando, assim, um universo ou população a ser amostrada. A taxa de retorno foi de 28,2%, correspondente a 233 questionários respondidos e analisados. Podemos afirmar que a amostra foi relevante para garantir a confiabilidade e a representatividade dos dados. 2
3 A amostra analisada possui maior representatividade no setor de serviços, sendo 49,4% dos respondentes pertencentes a empresas desse setor. Em segundo lugar, encontra-se o setor industrial, que corresponde a 37,3% da amostra. Em terceiro e quarto lugares situam-se os setores Comércio e Agronegócio, que contribuem com 10,7% e 1,7% da amostra, respectivamente: (GRAF. 1) GRÁFICO 1: Setores empresariais analisados Participaram da análise 233 respondentes de 149 diferentes empresas distribuídas em quatro regiões do Brasil. Como demonstrado na FIG. 1, a seguir, a maior parte das empresas brasileiras participantes da pesquisa localiza-se na região Sudeste, contribuindo com 57,7% da amostra. Em seguida estão as empresas nordestinas, que representam 22,8%; as empresas da região Sul, com 16,8%, e, por último, as organizações da região Centro-Oeste, com 2,7%. 3
4 Figura 1: Localização das empresas participantes da pesquisa Após dois anos de trabalhos de coleta de dados e análises, a Fundação Dom Cabral divulga os resultados da pesquisa Inovação nas Médias Empresas Brasileiras. O trabalho comprova o preocupante fato de que empresas de médio porte no Brasil pouco utilizam inovação em sua estratégia empresarial e revela que o desconhecimento do assunto é o principal motivo para esse baixo envolvimento. 48,9% dos participantes da pesquisa dizem desconhecer programas de incentivo à inovação. Gráfico 2: Motivos para a não utilização de incentivos à inovação 4
5 ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO A questão da estratégia empresarial é de fundamental importância para a sobrevivência das empresas. Porém, menos de 50% dos respondentes enxergam claramente a presença da inovação na estrutura das médias empresas brasileiras. Quase sempre ou integralmente 42,67% De forma alguma ou parcialmente 57,33% Gráfico 3: Presença da Inovação na Estratégia das Empresas Apenas 12% dos participantes afirmam que a alta direção estimula integralmente nos colaboradores da empresa uma atitude orientada a inovar. A INOVAÇÃO COMO PARTE INTEGRANTE DA ESTRATÉGIA DA EMPRESA Os resultados demostram que os participantes da pesquisa desconhecem o conceito de inovação. Um exemplo disto está na seguinte contradição: 71,2% dos respondentes afirmam que a inovação aparece de forma evidente na ideologia de suas empresas, porém 79,8% dizem não fazer uso de incentivos à inovação e 69,4% não possuem parcerias para a inovação com universidades ou institutos de pesquisa e desenvolvimento, como demonstrado nos GRAF. 4 e 5, a seguir. Gráfico 4: Incentivos à Inovação 5
6 Gráfico 5: Parcerias para Inovação PRÁTICAS INOVATIVAS NAS EMPRESAS Segundo os integrantes da pesquisa, inovação em produtos, em processos, na gestão, em serviços e no modelo de negócios são práticas presentes nas médias empresas brasileiras. Porém, em menos de 50% destas, o grau de investimento nessas práticas é alto. Gráfico 6: Práticas Inovativas Obs.: O respondente podia marcar entre 1 a 3 opções, o que totalizou 813 marcações. 6
7 Pesquisa básica, pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental e nacionalização / tropicalização de produtos, que estão diretamente relacionados e relevantes à inovação, também são pouco praticados por essas organizações. Varia entre 40,5% e 57,9% o número de empresas que não exerce nenhuma dessas atividades ou que raramente as pratica. Observe a seguir no GRAF. 7: Gráfico 7: Atividades inovativas Obs.: O respondente podia marcar entre 1 a 3 opções, o que totalizou 658 marcações. INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO E P&D O investimento em Inovação e P&D ainda é pouco recorrente nas médias empresas brasileiras que participaram desta pesquisa. Em média, 2,01% do faturamento anual dessas empresas é investido em atividades inovativas. A taxa alarmante é que 46% dos respondentes investem nada ou muito pouco (até 1%) em inovação e P&D. 7
8 Gráfico 8: Investimento em Inovação e P&D BARREIRAS À INOVAÇÃO São inúmeras as variáveis que afetam o potencial inovador das empresas. Aproximadamente um terço (31,25%) das empresas pesquisadas considerou como grandes barreiras internas à Inovação: cultura conservadora, sem espaço para inovar; aversão da empresa ao risco; falta de incentivo para ideias inovadoras; cultura departamentalizada, rígida, hierarquizada e burocratizada. Conclusão: De acordo com a literatura, uma empresa dita inovadora é aquela capaz de mobilizar seus colaboradores a criarem novas rotinas e produtos que possam se tornar diferenciais e que tragam ganho para a organização. Uma estrutura para inovação inclui tê-la como opção estratégica, fomentar a cultura para inovação além de ter métodos de gestão que criem processos facilitadores, acompanhados de indicadores de gestão. Diante desse cenário, os resultados obtidos através da pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral com as médias empresas brasileiras comprovam o que outras pesquisas realizadas pela FDC sobre inovação vêm mostrando: as empresas brasileiras, independente do porte, desconhecem o que é inovação e a sua importância no que tange à competitividade e sustentação do negócio. Os resultados apresentados neste caderno de ideias demonstram que ainda há muito discurso e pouca ação nas empresas de médio porte quando o assunto é inovação. 8
9 Considerando relevância das médias empresas na economia e também na cadeia produtiva das grandes empresas, torna-se necessário que a inovação adquira uma posição de destaque dentro da estratégia e das metas organizacionais. É preciso encarar o tema com uma nova percepção, tratando a inovação como prioridade e também como opção para o crescimento. As empresas de médio porte pesquisadas não possuem uma direção clara da inovação em sua estratégia empresarial sendo que a ausência do conhecimento do papel da inovação pode ser apontado como principal motivo para este baixo envolvimento. Um exemplo que explicita este fato na pesquisa, é a contradição de 71,2% dos participantes acreditarem que a inovação aparece de forma evidente na ideologia da sua empresa, porém grande parte (48,9%) diz desconhecer programas de incentivo a Inovação. Isso corrobora a percepção que, no Brasil, a criação de uma cultura para inovação é essencial para que o empresariado enxergue valor na inovação, como forma de trazer ganhos competitivos para a empresa. Existem grandes avanços a serem alcançados quando o assunto é inovação. É preciso avançar no que tange à cultura, processos, parcerias etc. As empresas de médio porte se quiserem crescer precisarão correr atrás de uma gestão mais eficiente da inovação, tornando o tema como prioridade estratégica, podendo assim dar o salto competitivo que elas precisam. Para maiores informações sobre esta e outras pesquisa do Núcleo Bradesco de Inovação, viste o site: RESPONSÁVEL PELA PESQUISA FDC Contatos: Prof. Fabian Salum fabian@fdc.org.br 9
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