Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 15ª Junta de Recursos

Transcrição

1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 15ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL JAÚ Benefício: 41/ Espécie: APOSENTADORIA POR IDADE Recorrente: APARECIDA ROSARIA BENITE PEGORARI - Titular Capaz Recorrente: DENILSON ROMAO - Procurador Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Retornam os autos de diligência solicitada por esta Junta de Recursos, no processo de Aposentadoria por Idade de interesse de Aparecida Rosária Benite Pegorari requerido em , indeferido por falta de período de carência. Observa se no Cadastro Nacional de Informações Sociais CNIS que a recorrente efetuou recolhimentos previdenciários, na condição de facultativo baixa renda, nas competências de 04/2012 a 02/2014 (evento 01, pág. 24/27). A recorrente apresentou cópia de Carteira de Trabalho e Previdência Social CTPS, com emissão em 05/05/1997 (p. 32/40). A agência local elaborou uma simulação de contagem de tempo de serviço e apurou 14 anos e 12 dias até , totalizando 174 contribuições (p. 43/44). Em atendimento a exigência do INSS (p. 45), o recorrente, por seu procurador, apresentou a cópia da ficha de registro de empregado, cópia do termo de rescisão de contrato de trabalho, cópia de aviso prévio e cópia de declaração da empresa E. C. XV de Novembro Jaú (p. 48/55). Consta nos autos Análise da Validação do Recolhimento do Contribuinte facultativo Baixa Renda, constando que não foram validadas as competências, pois a recorrente possui renda pessoal no CadÚnico. Informação de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS (p. 60/61). (p. 62/63). A agência do INSS apurou 08 anos, 11 meses e 06 dias até 31/03/2012, totalizando 111 contribuições Agência local informou que os recolhimentos como contribuinte facultativo de baixa renda não foram convalidados de acordo com análise da Divisão de Cadastro de Contribuinte Individual fls. 57, mesmo que cumpridas as pesquisas junto a Cia Jauense Industrial e Esporte Clube XV de Jaú, não implementaria a carência necessária para a concessão do benefício (p. 69). Em apenso benefício nº 41/ requerido em e indeferido por falta de período de carência (p. 73/99). Em recurso ordinário o requerente, por seu procurador, solicitou que fosse informado da data do julgamento, pois pretende apresentar defesa oral. Quanto ao mérito alegou que todos os requisitos indispensáveis a concessão do benefício foram preenchidos. Assim, protestou pela apresentação de complemento as razões de recurso, levando em consideração a complexidade do caso. Por fim, requereu antes da remessa dos autos a esta Instância recursal, a abertura de vista para complementar as razões ora apresentadas (p. 103/104). A agência da Previdência Social de Jaú apresentou contrarrazões alegando que no recurso, não foram apresentados novos elementos que alterassem a situação indeferitória (evento 04, p. 111). Verifica-se no CNIS que a recorrente efetuou recolhimentos no código 1473 nas competências de 09/2009 a 06/2014, na condição de contribuinte facultativo (evento 10, p. 114/119).

2 Já com o processo nesta Instância, a recorrente, por seu procurador, apresentou adendo ao recurso solicitando a inclusão do período de 01/04/2000 a 25/07/2001 trabalhado para Esporte Clube XV de Jaú devidamente registrado em CTPS, sem qualquer vício ou rasura e, constando, inclusive no CNIS a data de admissão em 01/04/2000, apresentando para tanto a ficha de registro de empregado, comunicação de dispensa, Termo de rescisão do contrato de trabalho, aviso prévio e declaração da empresa Esporte Clube XV de Novembro de Jaú. Observou que as contribuições são de obrigação da empregadora e não do empregado, conforme artigo 216, I, a, do Decreto 3.048/99. Requereu, ainda, a inclusão do período de 06/01/1967 a 30/05/1970, alegando que a Carteira de Trabalho foi extraviada, razão pela qual foi anotada referido vínculo em CTPS emitida posteriormente, sendo que eventuais dúvidas quanto a real prestação de serviços devem ser sanadas com a realização de pesquisa ou outro meio de prova. Inclusão do período de 20/02/1998 a 01/07/1998 trabalhado na Associação Hospitalar Perlatti devidamente registrado em CTPS. Postulou pela validação das contribuições como baixa renda, sendo autorizada a complementação dos valores pagos. Por fim, requereu a realização de pesquisa junto empresa Tavex como foi requerida, e se julgar necessário, pesquisa junto a Associação Hospitalar Perlatti, pesquisa junto as microfichas. Por fim, requereu a concessão do benefício (evento 13. p. 122/126). Pela decisão constante do evento 15, p. 132/135, esta Instância determinou que a recorrente apresentasse documentos relacionados ao período de a trabalhado na Associação Hospital Thereza Perlatti, tais como ficha de registro de empregado, declaração de empregador e etc; fosse concluída as pesquisas referentes aos vínculos junto às empresas Cia Jauense Industrial e Esporte Clube XV de Novembro de Jaú, devendo elaborar despacho fundamentado; APS local deverá esclarecer o motivo de não computar as competências de 04/2012 a 06/2014 (desconsiderando os períodos em gozo de auxílio-doença), pois consta no CNIS que os recolhimentos foram na condição de facultativo (código 1473) e não facultativo baixa renda (código 19/29), conforme evento 10; se as contribuições acima forem na condição de facultativo baixa renda e caso for atingido à carência necessária com a inclusão dos outros períodos, a APS local deverá notificar a recorrente para efetuar a complementação das contribuições (11%) das competências recolhidas com alíquota de 5%; a APS local deverá elaborar uma nova contagem de tempo de contribuição, com a inclusão dos períodos, mesmo se não atingir a carência necessária, bem como reanalisar o pedido e fundamentar sua decisão; por fim, após a inclusão do processo em pauta, houve a juntada de novos documentos constantes no evento 13, desta forma, solicita-se que a APS local análise a documentação apresentada elaborando despacho fundamentado e conclusivo. Em atendimento, foi realizada pesquisa externa na empresa Santista Têxtil Brasil S/A e a servidora do INSS informou que foi atendida pelo sr. Alvimar Rodrigues, do RH da referida, sendo informado que a empresa Cia Jauense Industrial se encontra encerrada desde 01/2005; que foi comprada pela Santista Têxtil e que os documentos referentes a 1º empresa ficam arquivados numa central em Jundiaí. Com relação à segurada foi apresentado apenas Ficha de Registro de Empregados nº para o período de 08/02/1979 a 09/02/1979, com características da época e sendo informado que nada mais foi localizado em nome da segurada e, portanto para o período da pesquisa de 06/01/1967 a 30/05/1970 não existem documentos. Assim, concluiu que não ha como comprovar o vínculo da segurada com a empresa Cia Jauense Industrial para o período de 06/01/1976 a 30/05/1970, visto que não foram localizados documentos para o período (evento 17, p. 138/139). Também foi realizada pesquisa externa na empresa Esporte Clube XV de Novembro e a servidora do INSS informou que foi atendida pelo sr. Lima, gerente financeiro da empresa, que apresentou-me os seguintes documentos em nome da recorrente: Ficha de Registro de Empregados, número 568, Atestado de Saúde Ocupacional demissional datado em 25/07/2001, Aviso Prévio datado em 26/06/2001, os documentos apresentados constam cópias no processo. Foi solicitado ao funcionário mais documentos, como folha de pagamentos, recibos de salários, cartão de ponto, GFIPs e outros que pudessem comprovar a prestação de serviços, mas segundo ele possui apenas a pasta com os documentos apresentados e não sabe informar da documentação desse período, pois ele está na empresa a partir de 01/2009. Assim, concluiu que os documentos apresentados são insuficientes para comprovar a prestação de serviços da Sra Aparecida Rosaria Benite Pegorari à empresa Esporte Clube XV de Novembro de Jaú para o período de 01/04/2000 a 25/07/2001 (p. 142/143). A APS local informou que há contribuições efetuadas para a Previdência Social, períodos 04/2012 a 06/2012 e 08/2012 a 01/2014 sob o código 1929 (Facultativo - Baixa Renda), não validado pelo SAIS/Bauru, assim, foi encaminhado carta de exigências ao procurador da recorrente, com ciência em 22/09/2014, sem cumprimento até o momento. Esclareceu que os períodos de 01/04/2000 a 25/07/2001 laborado junto a empresa Esporte Clube XV de Novembro de Jaú e de 06/01/1967 a 30/05/1970 junto a Cia Jauense Industrial não puderam ser computados, conforme pesquisas externas realizadas, que não restou comprovado o vínculo. O período de 20/02/1998 a 01/07/1998 junto a empresa Associação Hospitalar Thereza Perlatti foi objeto de exigência, porém, não cumprida pelo procurador do segurado. O período de 04/2012 a 06/2012 e 08/2012 a 01/2014 não foram regularizados. Por fim, informou que considerando que os períodos não foram comprovados/regularizados, a contagem já existente nos autos não foi alterada, não restando outras diligências a serem cumpridas por esta APS (evento 20, p. 193/194). A recorrente, por seu procurador, apresentou declaração da empresa Associação Hospitalar Thereza Perlatti, ficha de registro de empregado nº 333-6, contrato de trabalho com a referida empresa (evento 23, p. 196/202).

3 É o relatório. Inclusão em Pauta Peço inclusão em pauta. Incluído em Pauta no dia 26/11/2014 para sessão nº 0272/2014, de 12/12/2014. Voto EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. INDEFERIMENTO. FALTA DE PERÍODO DE CARÊNCIA. INCLUSÃO NO TEMPO DE SERVIÇO DE PERÍODOS CONSTANTES EM CTPS ARTIGO 55 DA LEI Nº 8.213/91 E ARTIGO 62 DO RPS, APROVADO PELO DECRETO 3.048/99. MESMO QUE FOSSE VALIDADO OS RECOLHIMENTOS EFETUADOS COMO SEGURADA FACULTATIVA BAIXA RENDA, A RECORRENTE AINDA NÃO TERIA A CARÊNCIA NECESSÁRIA PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. NÃO PREENCHIMENTO DO PRESSUPOSTO CARÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO NOS TERMOS DOS ARTIGOS 48 CAPUT E 142 DA LEI Nº 8.213/91 RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE Em , o procurador da recorrente fez carga dos autos e tomou ciência do indeferimento do benefício (evento 03, pág. 107). O recurso foi protocolado em (evento 01, pág. 102/104), portanto, tempestivo nos termos do artigo 305, parágrafo 1º do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 a seguir reproduzido: Art Das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social e da Secretaria da Receita Previdenciária nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da seguridade social, respectivamente, caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), conforme o disposto neste Regulamento e no Regimento do CRPS. 1º É de trinta dias o prazo para interposição de recursos e para o oferecimento de contra-razões, contados da ciência da decisão e da interposição do recurso, respectivamente. A recorrente pretende que lhe seja concedido o benefício da aposentadoria por idade, pois atualmente conta com mais de 60 anos de idade, tal como estabelecido no art. 48, caput da Lei 8.213/91: Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher. O art. 142 da Lei 8.213/91 exige um número de 180 contribuições para o ano de 2011, ano em que a recorrente completou a idade de 60 anos. No presente caso, o pedido foi indeferido em razão de falta de período de carência, pois a APS local informou que os recolhimentos como contribuinte facultativo de baixa renda não foram convalidados de acordo com análise da Divisão de Cadastro de Contribuinte Individual e mesmo que cumpridas as pesquisas junto a Cia Jauense Industrial e Esporte Clube XV de Novembro de Jaú, não implementaria a carência necessária para a concessão do benefício (p. 69). Cabe ressaltar que foram apresentados documentos com relação a empresa Esporte Clube XV de Novembro Jaú, tais como a cópia da ficha de registro de empregado, cópia do termo de rescisão de contrato de trabalho, cópia de aviso prévio e cópia de declaração. No caso em apreço, o processo foi convertido em diligência para que fosse realizadas pesquisas e apresentados alguns documentos e etc. Analisando o cumprimento da diligência e em que pese às alegações da Autarquia, o período de 24/11/2000 a 25/07/2001 trabalhado junto à empresa Esporte Clube XV de Novembro de Jaú deve ser computado (já foi incluído o período de 01/04/2000 a 23/11/2000), pois a CTPS está corretamente preenchida, em ordem cronológica e sem rasuras, e até prova em contrário, a CTPS é documento probo e como tal deve ser acatada, bem como foi apresentado ficha de registro de empregado, cópia de aviso prévio e cópia de declaração da empresa referida empresa confirmando o vínculo. Por seu turno, também deve ser incluído na contagem de tempo de serviço o período de 20/02/1998 a 01/07/1998 trabalhado junto à empresa Associação Hospitalar Thereza Perlatti, pois foi apresentada declaração da referida, ficha de registro de empregado e contrato de trabalho, além de constar na CTPS o vínculo corretamente preenchido, em ordem cronológica e sem rasuras, e até prova em contrário, a CTPS é documento probo e como tal deve ser acatada. No mesmo sentido, as anotações da CTPS presumem-se verdadeiras, salvo prova de fraude. O ônus provar a contrafação recai sobre o INSS. Afinal, é consabido que aquele que alega o fato apto a afastar a presunção juristantum é quem se incumbe de realizar a prova. Nesse diapasão, assim estabelece a Súmula nº. 75 da TNU:

4 A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Noutro giro, o período de 06/01/1967 a 30/05/1970 não deve ser incluído na contagem de tempo de serviço, pois o vínculo foi anotado na CTPS de forma extemporânea, além de não ter sido apresentado documentos comprobatórios, bem como na pesquisa externa, não foi encontrado nenhum documento na empresa referente ao alegado vínculo. Outrossim, mesmo se fosse facultado à complementação das contribuições das competências recolhidas com alíquota de 5% (04/2012 a 06/2012 e 08/2012 a 01/2014) e restassem validados os recolhimentos efetuados como segurada facultativa baixa renda, a recorrente ainda não teria a carência necessária para a concessão do benefício, pois o art. 142 da Lei 8.213/91 exige um número de 180 contribuições para o ano de 2011, ano em que a recorrente completou a idade de 60 anos. Portanto, embora a recorrente tenha completado o requisito em relação à idade de 60 anos, não implementou às condições necessárias para a aquisição da aposentadoria por idade, uma vez que não conta com o período de carência exigido para a sua concessão, não atendidos os requisitos dos artigos 48 caput e 142 da Lei nº 8.213/91. Nos termos do item 4 e subitem 4a do Memorando Circular Conjunto nº. 001/DAJ/CGT/GP-CRPS a conclusão deste voto será de provimento parcial por ter sido acatado parte do pedido da requerente. CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO ORDINÁRIO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, reconhecendo os períodos de 20/02/1998 a 01/07/1998 e 24/11/2000 a 25/07/2001, porém, mantendo o indeferimento do benefício. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). CIDALIA RITA DA ROCHA Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). BRUNO CESAR BATISTA Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Presidente concorda com voto do relator(a). SUELY APARECIDA ELOY Presidente Decisório Nº Acórdão: 5561 / 2014 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 15ª Junta de

5 Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. BATISTA. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros CIDALIA RITA DA ROCHA e BRUNO CESAR Relator(a) SUELY APARECIDA ELOY Presidente