não vislumbrou necessidade de intervenção no feito.

Transcrição

1 PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gab Des Jorge Fernando Gonçalves da Fonte Av. Presidente Antonio Carlos, o andar - Gab.17 Castelo RIO DE JANEIRO RJ PROCESSO: RTOrd Acórdão 3a Turma Concessão de auxílio-doença após o desligamento. Patologia degenerativa dos joelhos. Perícia médica conclusiva acerca da inexistência de nexo causal entre as lesões e o trabalho, e tampouco de incapacidade laboral para ministrar aulas. Correta a sentença ao julgar improcedente o pedido. Vistos estes autos de recurso ordinário em que figuram, como recorrente, EDNILSON LIMA FERREIRA e, como recorrido, SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - DEPARTAMENTO NACIONAL RIO DE JANEIRO. RELATÓRIO Recurso ordinário interposto pelo reclamante, às fls. 311/317, contra a r. sentença de fls. 305/309, proferida pelo MM. Juiz Bruno Andrade de Macêdo, da 1ª Vara do Trabalho de Itaperuna, que julgou improcedente o pedido. Sustenta o recorrente que é cabível a reintegração no emprego, haja vista a nulidade da sua dispensa quando estava enfermo em recuperação de acidente de trabalho; que a incapacidade laborativa foi constatada pelo INSS, não tendo sido realizado exame demissional, configurando violação ao art. 168 da CLT; que a controvérsia não diz respeito ao nexo causal, como equivocadamente decidido pelo magistrado de primeiro grau. modo. Contrarrazões do recorrido às fls. 320/321, apresentadas a tempo e Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho (art. 85 do Regimento Interno deste Tribunal), sendo que na sessão de julgamento o Parquet não vislumbrou necessidade de intervenção no feito

2 V O T O Conhecimento. Estão presentes os requisitos de admissibilidade do recurso. O apelo é tempestivo, a parte está bem representada e há dispensa do recolhimento das custas processuais (fls. 305/309). Conheço. Mérito. Breve resumo dos fatos. Trata-se, em resumo, de ação trabalhista proposta pelo reclamante em face de seu ex-empregador, SENAI, em 23/05/2011 (fl. 02), narrando na emenda à inicial substitutiva ter trabalhado para o réu de 06/10/2009 a 16/05/2011 (fls. 29/37). Relata que sofreu um primeiro acidente de trabalho in itinere no início de 2010, ao se dirigir ao local de trabalho com sua motocicleta, com emissão do CAT pelo empregador. Dizendo-se recuperado, sofreu uma queda acidental em 16/04/2011, afastando-se para tratamento de saúde a partir de 18/04/2011, ocasião em que obteve licença médica com retorno ao trabalho em 02/05/2011, continuando a realizar à época exames e tratamento pré-cirúrgico, em decorrência de dores no joelho ao ministrar cursos de pé, quando foi dispensado em 16/05/2011 inapto para o trabalho, sem o devido exame demissional. Vindicou assim, com fundamento no art. 168 da CLT, a declaração de nulidade da dispensa, reintegração no emprego sem interrupção de sua remuneração mensal e indenização por danos morais. Ao contestar o pedido, a parte demandada confirmou os dois acidentes sem nexo causal, sustentando que o autor retornou ao trabalho recuperado em 03/05/2011, tendo sido constatada a capacidade laboral do ex-empregado por exame médico realizado em 11/05/2011, com posterior dispensa em 16/05/2011. Foi deferida realização de perícia médica, vindo aos autos o laudo de fls. 168/181, com esclarecimentos à fl O MM. Juiz de primeiro grau julgou improcedente o pedido, com fundamento na ausência de nexo de causalidade entre o dano sofrido e a função exercida, bem como na inexistência de incapacidade para o trabalho (fl. 308). Feito este breve relato dos principais eventos processuais, passo a analisar a controvérsia. Nulidade da dispensa e reintegração no emprego

3 O recorrente insiste na declaração de nulidade da sua dispensa e reconhecimento do direito à reintegração no emprego, com fundamento na violação ao disposto no art. 168, inciso II, da CLT: Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: (...) II - na demissão; (...). Da análise dos elementos dos autos, mormente a emenda à inicial (fls. 29/37), a contestação (fls. 72/77) e a prova pericial (fls ), conclui-se que dois fatos são incontroversos. O primeiro diz respeito à ocorrência de acidente de percurso, enquanto que o segundo refere-se à inexistência de nexo causal, como o próprio autor confirma em suas razões de recurso: O Ilustre magistrado signatário da r. sentença recorrida fundamentou sua decisão na ausência de nexo causal capaz de gerar responsabilidade da Recorrida e, partindo desse pressuposto, julgou improcedentes todos os pedidos da inicial pela ausência de culpa da Ré no acidente de percurso. Todavia, ao proferir seu julgado, o Magistrado a quo não observou que o pedido constante da inicial, em momento algum, caminha no sentido de atribuir responsabilidade objetiva à Ré e as consequências desse responsabilidade. Ao contrário, o pedido fundamenta-se, exclusivamente, na ilicitude da demissão de um funcionário doente, que se encontrava em tratamento médico na ocasião de sua rescisão, atitude esta, vedada por lei. (fl º e 3º parágrafos, destaques no original). Ao contrário do que alega o recorrente, além da inexistência de nexo de causalidade, o ilustre Magistrado de primeiro grau também entendeu que não havia incapacidade laborativa na época da dispensa, com fundamento na prova pericial, nos seguintes termos: Ao contrário, o laudo pericial de fls. 170/181 concluiu pela existência de patologia degenerativa, sofrida em acidente de percurso, sem incapacidade laborativa a ponto de atrair a aplicação do art. 20, 1º, da Lei 8.213/91. (fl sublinhei). Assim, constatada pela ilustre perita a capacidade laborativa (fl quesito b e fl. 181), ao tempo da dispensa em maio de 2011 e da diligência pericial em maio 2012, o autor basicamente tinha lesões de cunho degenerativo, que não podem ser atribuídas ao local de trabalho. A respeito, transcrevo trecho da prova pericial: Pelos exames apresentados, pelo retorno rápido ao trabalho, nas mesmas atividades que exercia anteriormente,

4 pode-se concluir que o periciado não apresentava condições de saúde diferentes das que possuía antes do acidente, ou seja, estável, apresentando patologias articulares em joelhos, que não o impediam de trabalhar, dirigir motocicleta e carro. Atividades essas que eram suportadas pelo periciado antes do alegado acidente, com as mesmas lesões apresentadas nos exames, antigas. (fl parte inicial). Neste sentido, o 1º do art. 20 da Lei nº 8.213/91: 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; (...) E tanto isso é verdade, que o reclamante declarou em seu depoimento pessoal...que se locomoveu para o trabalho de carro, logo após o retorno do acidente para ministrar aulas (ata de fl parte final). Ademais, quanto ao exame médico demissional, o mesmo não foi realizado porque ainda em vigência o exame médico periódico, realizado havia menos de 135 dias, conforme previsão contida na NR-7, inciso , Quadro I da NR-4 (vide prova pericial à fl. 180). O exame periódico realizado em 11/05/2011 está documentado à fl. 27. Em relação ao auxílio-doença concedido ao reclamante no código 31, deve-se ter em conta que foi a partir de 21/06/2011 (fl. 143), posteriormente à dispensa em 16/05/2011 (fl. 17) e ao período do aviso prévio indenizado. Em suma, quer porque o autor só teve deferido auxílio-doença após a data da dispensa e do aviso prévio, quer porque não caracterizado nexo causal entre as lesões que apresenta e qualquer ato patronal e, ainda, quer pela capacidade laboral à época da dispensa constatada por prova pericial, correta a sentença ao julgar improcedente o pedido. Nego provimento. CONCLUSÃO Pelo exposto, conheço e nego provimento ao recurso ordinário. A C O R D A M os Desembargadores da Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao recurso ordinário, nos termos da fundamentação supra

5 Rio de Janeiro, 21 de julho de JORGE F. GONÇALVES DA FONTE Desembargador do Trabalho Relator rsl/laac/tc

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