PROCESSO Nº TST-PP

Transcrição

1 Requerente : KARLA BERNARDO MATTOSO MONTENEGRO Advogado : Dr. Haroldo Edem da Costa Spinula Requerido : JUIZ TITULAR DA 7ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO D E C I S Ã O SÚMULA DA DECISÃO: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS RECEBIDO COMO RECLAMAÇÃO CORREICIONAL. INTELIGÊNCIA DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL E DA PRETENSÃO ALI DEDUZIDA. I - A medida corretiva ora intentada qualifica-se não como o assinalado Pedido de Providências do artigo 6º, inciso II, do RICGJT, mas sim como a Reclamação Correicional do artigo 13 daquele Regimento. A partir da correta identificação da pretensão corretiva como Reclamação Correicional, agiganta-se a constatação de ela ter sido intentada após o vencimento do prazo de cinco dias, previsto no artigo 15 do Regimento Interno da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho. É que compulsando a decisão impugnada, em que fora convalidada a ordem de sobrestamento do feito, observa-se ter sido proferida em , ao passo que a Reclamação Correicional, subentendida no Pedido de Providências, só foi apresentada, já intempestivamente nesta Corregedoria-Geral, em II De toda sorte, quer se considere a pretensão corretiva como Pedido de Providências ou como Reclamação Correicional, verifica-se ter sido deduzida contra ato supostamente tumultuário praticado por Juiz de primeiro grau de jurisdição. Desse aligeirado histórico, extrai-se a flagrante ausência de atribuição funcional da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho frente à incontrastável atribuição funcional da Corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, conforme se infere dos artigos 709, inciso II, da CLT e 5º, inciso II, do RICGJT. III - Em outras palavras, colhe-se do preceito

2 fls.2 legal e do permissivo regimental que o acesso à Corregedoria-Geral pressupõe que os atos atentatórios da boa ordem processual sejam provenientes da atuação dos Tribunais Regionais, de seus Presidentes e respectivos Juízes, enquanto o acesso a Corregedoria Regional pressupõe que tais atos sejam oriundos da atuação de Juízes de primeiro grau. IV - Do manifesto equívoco no direcionamento do Pedido de Providências ou da Reclamação Correicional, que o deveria ser perante a Corregedoria-Regional da 1ª Região e não perante a Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, por envolver ato supostamente tumultuário da boa ordem processual, da lavra de Juiz de primeiro grau, ressai a inépcia da própria inicial. V - A inépcia ora detectada, por sua vez, conduz ao seu indeferimento liminar, a teor do artigo 295, inciso I, c/c o parágrafo único, incisos I e II, do CPC, aplicável subsidiariamente aos Pedidos de Providências e às Reclamações Correicionais, por força do artigo 24 do RICGJT, erigido, no artigo 267, inciso I, daquele Código, em causa de extinção da medida, sem resolução do mérito. VI - Aqui, vem a calhar, por similitude temática, o precedente da OJ nº 70 da SBDI-2, segundo o qual O manifesto equívoco da parte em ajuizar ação rescisória no TST para desconstituir julgado proferido pelo TRT, ou vice-versa, implica a extinção do processo sem julgamento do mérito por inépcia da inicial. VII - Indeferimento liminar da petição inicial. Incidência da norma do inciso I do art. 17 do RICGJT. R E L A T Ó R I O Pedido de Providências de Karla Bernardo Mattoso Montenegro contra ato do MM. Juiz da 7ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, consubstanciado em decisão pela qual Sua Excelência convalidara o sobrestamento do feito até que fosse proferida decisão final nos autos do conflito de competência

3 fls.3 suscitado perante o STJ. Para tanto, sustenta que a digna autoridade requerida acabou por subverter a boa ordem processual, uma vez que sobrestara a tramitação do seu processo que sequer se encontrava abrangido pelo tal conflito de competência, desrespeitando, ainda, a coisa julgada, pois a sentença nele proferida transitara em julgado, fazendo coisa julgada material, até neste e. TST (sic). Após se reportar ao inciso II do artigo 6º do Regimento Interno da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, concluiu dizendo-se confiante no acolhimento, em caráter de urgência, do Pedido de Providência, a fim de que seja determinado ao MM. Juiz da 7ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro que dê prosseguimento à execução do seu processo trabalhista (sic). D E C I S Ã O Sobressai da petição inicial o registro de a decisão do MM. Juiz da 7ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, pela qual fora determinado o sobrestamento do feito, ter implicado subversão da boa ordem processual, ocasionando ainda inversão tumultuária da boa ordem procedimental (sic). Significa dizer que a medida corretiva ora intentada qualifica-se não como o assinalado Pedido de Providências do artigo 6º, inciso II, do RICGJT, mas sim como a Reclamação Correicional do artigo 13 daquele Regimento. Com efeito, preconiza a norma regimental que A reclamação correicional é cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa ordem processual e que importem em atentado a fórmulas legais de processo, quando para o caso não haja recurso ou outro meio processual específico. A partir da correta identificação da pretensão corretiva como Reclamação Correicional, agiganta-se a constatação de ela ter sido intentada após o vencimento do prazo de cinco dias, previsto no artigo 15 do Regimento Interno da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho.

4 fls.4 É que compulsando a decisão impugnada, em que fora convalidada a ordem de sobrestamento do feito, observa-se ter sido proferida em , ao passo que a Reclamação Correicional, subentendida no Pedido de Providências, só foi apresentada, já intempestivamente nesta Corregedoria-Geral, em , em função da qual impõe-se a rejeição liminar da petição inicial, a teor do artigo 17, inciso I, do RICGJT. De toda sorte, quer se considere a pretensão corretiva como Pedido de Providências ou como Reclamação Correicional, verifica-se ter sido deduzida contra ato supostamente tumultuário praticado por Juiz de primeiro grau de jurisdição. Desse aligeirado histórico, extrai-se a flagrante ausência de atribuição funcional da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho frente à incontrastável atribuição funcional da Corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, conforme se infere dos artigos 709, inciso II, da CLT e 5º, inciso II, do RICGJT. Efetivamente, dispõe o artigo 709, inciso II, da CLT, caber ao Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual praticados pelos Tribunais Regionais e seus presidentes, quando inexistir recurso processual específico. O artigo 5º, inciso II, do RICGJT, a seu turno, melhor explicitando o sentido e o alcance da norma consolidada, explicita ser atribuição da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho decidir reclamações contra atos atentatórios à boa ordem processual, praticados pelos Tribunais Regionais, seus Presidentes e Juízes, quando inexistir recurso processual específico. Em outras palavras, colhe-se do preceito legal e do permissivo regimental que o acesso à Corregedoria-Geral pressupõe que os atos atentatórios da boa ordem processual sejam provenientes da atuação dos Tribunais Regionais, de seus Presidentes e respectivos Juízes, enquanto o acesso a Corregedoria Regional pressupõe que tais atos sejam oriundos da atuação de Juízes de primeiro grau. Do manifesto equívoco no direcionamento do Pedido de Providências ou da Reclamação Correicional, que o deveria ser perante a Corregedoria Regional da 1ª Região e não perante a Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, por envolver ato supostamente tumultuário da boa

5 fls.5 ordem processual, da lavra de Juiz de primeiro grau, ressai a inépcia da própria inicial. A inépcia ora detectada, por sua vez, conduz ao seu indeferimento liminar, a teor do artigo 295, inciso I, c/c o parágrafo único, incisos I e II, do CPC, aplicável subsidiariamente aos Pedidos de Providências e às Reclamações Correicionais, por força do artigo 24 do RICGJT, erigido, no artigo 267, inciso I, daquele Código, em causa de extinção da medida, sem resolução do mérito. Em caso análogo, envolvendo incompetência funcional do STF, lobrigada a partir da simples constatação de a decisão rescindenda ter sido prolatada por outro Tribunal, posiciona-se Theotônio Negrão no mesmo sentido, de priorizar a extinção do processo, por inépcia da inicial, em detrimento da remessa dos autos ao Tribunal competente, amparado no preceito segundo o qual setentia debet esse conformis libello. Com efeito, escreve à página 499 do seu Código de Processo Civil que se a rescisória é proposta contra acórdão de tribunal local, em hipótese para a qual a competência seria do STF, não é caso de remessa dos autos a este, para que conheça do pedido como se fosse feito para anular o seu acórdão. Aplica-se o preceito Setentia debet esse conformis libello, impondo-se em conseqüência a extinção do processo. A recíproca, prossegue o autor, também é verdadeira: proposta a ação rescisória contra acórdão do STF que não apreciou o mérito do recurso extraordinário, o caso é de extinção do processo, pura e simplesmente. Aqui, vem a calhar, também por similitude temática, o precedente da OJ nº 70 da SBDI-2, segundo o qual O manifesto equívoco da parte em ajuizar ação rescisória no TST para desconstituir julgado proferido pelo TRT, ou vice-versa, implica a extinção do processo sem julgamento do mérito por inépcia da inicial. Do exposto, com fundamento no artigo 17, inciso I, do RICGJT, indefiro liminarmente a inicial, quer por intempestiva, quer por inepta. Publique-se. Brasília, 27 de abril de 2011.

6 fls.6 MINISTRO BARROS LEVENHAGEN Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho