Extensão dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado a quem não foi parte na relação processual

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Armando Sousa Bandeira
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1 Extensão dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado a quem não foi parte na relação processual Parecer n o 14/00-CRTS Ementa: 1.Extensão dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado a quem não foi parte na relação processual. A adoção da solução judicial em hipóteses semelhantes, não abrangidas por ela, é uma decisão discricionária da Administração. Ação Rescisória n o 219/99. Discordância formal da Câmara Municipal com o teor da descisão rescindenda, o que impede, ao menos do ponto de vista lógico, a adoção generalizada dos seus comandos. 2. Progressão por mérito. Art. 17, 2 o do DL n o 26/91, na redação dada pelo DL n o 152/97. Servidores aposentados. Os servidores atualmente aposentados que, na data da publicação do DL n o 152, de , ainda não haviam requerido a sua aposentadoria (art. 3.), fazem jus à pontuação estabelecida pelos incisos III, IV, V, VI,e VII, do art. 17, 2º, do DL nº 26/91 (normas de eficácia plena e aplicabilidade direta). Para tanto, esses servidores deverão fazer prova da conclusão dos cursos referidos nos dispositivos, em requerimento específico, dirigido à Comissão de Avaliação de Desempenho (art. 19, da RMD n.º 4.018/00). Senhor Procurador-Geral, Solicitada por Vossa Excelência a me manifestar sobre a consulta formulada pelo Exmo. Sr. Primeiro Secretário, acerca da viabilidade jurídica do requerimento de fl. 23, passo a opinar, com as considerações que se seguem. II. Introdução 2. Através do procedimento formalizado nestes autos, a interessada, servidora aposentada desta Casa, pleiteou revisão de padrão conforme DL 152/97 de 13/03/97, publicado no DCM de 14/03/97, em seu artigo 3 o, parágrafo único, visto que na ocasião, embora não aposentada, já havia cumprido 176 Rev. Direito, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, jan./jun. 2001

A adoção da solução judicial em hipóteses semelhantes, não abrangidas por ela, é uma decisão discricionária da Administração. Ação Rescisória n o 219/99.

2 todos os requisitos previstos em lei para tal, tendo o seu pedido indeferido, com base na Informação n o 05/00-CRTS, desta Procuradoria-Geral (fl. 20). 3. Tomando ciência dessa decisão, a requerente reconsiderou o seu pedido inicial, solicitando vista da decisão judicial referida pela nobre Assessoria Jurídica à fl. 07, bem como a extensão dos efeitos dessa decisão à sua situação funcional, e, ainda, a concessão de todos os benefícios da progressão por mérito do DL 152/97 a que teria direito até 18/06/97, data de sua aposentadoria. 4. São essas as questões submetidas à análise deste órgão. III. Fundamentação 5. Quanto à primeira dessas pretensões o pedido de vista do processo n o 8.234/95 inexistem óbices ao seu deferimento, o mesmo não se podendo afirmar em relação à extensão dos efeitos dessa decisão à requerente. 6. É na sentença que consiste a efetiva entrega da prestação jurisdicional pelo Estado. Através dela, o órgão judicial examina os fatos trazidos e demonstrados pelas partes e determina o direito a eles aplicável, dando solução ao problema concretamente apresentado. 7. Por essa razão seus efeitos se restringem às partes no processo. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros (art. 472 do Código de Processo Civil). A solução nela contida não pode prejudicar ou beneficiar estranhos ao processo em que foi proferida. 8. Dessa forma, a extensão, pela Administração, dos efeitos de uma sentença judicial a sujeitos estranhos ao processo, ou, melhor dizendo, a adoção da solução judicial para outros casos não abrangidos por ela, será sempre uma decisão discricionária da Administração. 9. A Administração não é obrigada a chancelar o entendimento adotado pelo Judiciário em situações não abrangidas pela sentença e, conforme se demonstrará, tampouco poderá fazê-lo na hipótese destes autos. 10. A sentença que a interessada quer ver aplicada à sua situação funcional, conquanto definitiva, foi objeto de impugnação específica através da Ação Rescisória n o 219/99, em curso no 3 o Grupo de Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 11. Essa ação veicula uma discordância formal da Câmara Municipal com o seu teor da decisão rescindenda, o que impede, ao menos do ponto de Rev. Direito, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, jan./jun

07, bem como a extensão dos efeitos dessa decisão à sua situação funcional, e, ainda, a concessão de todos os benefícios da progressão por mérito do DL 152/97 a que teria direito até 18/06/97, data

3 vista lógico, a adoção generalizada de seus comandos. 12. Não merece, portanto, acolhida, a extensão pleiteada. 13. No que respeita aos benefícios da progressão por mérito do DL 152/97 requeridos pela interessada, sua análise exige algumas considerações de ordem preliminar. 14. A par da generalidade dessa formulação, é de se observar que a progressão, por natureza e determinação legal (art. 2 o, da RMD n o 4.018/00), está indissociavelmente vinculada aos servidores detentores de cargo de provimento efetivo, ou seja, aos servidores em atividade, excluindo, portanto, a princípio, todos os inativos. 15. Apesar da aparente limitação contida nessa regra geral, os servidores atualmente aposentados que, na data da publicação do DL nº 152, de , ainda não haviam requerido a sua aposentadoria (art. 3º), fazem jus aos benefícios da progressão por mérito, estabelecidos pelos incisos III, IV, V, VI e VII, do art. 17, 2º, do DL nº 26/91, na redação dada pelo DL nº 152/ De acordo com os pareceres nº 05-CRTS e 11/98-JMS, as normas contidas nesses dispositivos têm eficácia plena e aplicabilidade direta e imediata, beneficiando, portanto, todos os servidores efetivos, em atividade na data de sua publicação. 17. Para tanto, esses servidores deverão fazer prova da conclusão dos cursos referidos nos dispositivos, em requerimento específico, dirigido à Comissão de Avaliação de Desempenho, instituída pela RMD nº 4.018/00, na forma do art. 19, dessa resolução. 18. Quanto aos critérios definidos nos incisos I e II, do art. 17, 2º, do DL 26/91, na redação dada pelo DL 152/97 (desempenho e aproveitamento em curso de atualização ou aperfeiçoamento, respectivamente), sua pontuação somente poderá ser atribuída aos servidores efetivos em atividades. 19. A eficácia desses comandos dependia de regulamentação, que foi implementada em , pela publicação da RMD nº 4.018/ Os cursos de atualização ou aperfeiçoamento realizados até essa data não autorizam, portanto, a pontuação estabelecida pelo inciso II, do art. 17, 2º, do DL 26/97 (art. 16, da RMD nº 4.018/00). IV. Conclusão Sob tais razões, opino pelo deferimento do pedido de vista do processo nº 178 Rev. Direito, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, jan./jun. 2001

A par da generalidade dessa formulação, é de se observar que a progressão, por natureza e determinação legal (art. 2 o, da RMD n o 4.

4 8.234/95 (em apenso) e pelo indeferimento da extensão dos efeitos da decisão nele contida à situação funcional da requerente. Quanto à progressão, genericamente pleiteada, sua viabilidade somente poderá ser aferida após a comprovação da conclusão de algum dos cursos arrolados nos incisos III a VII, do art. 17, 2º, do DL nº 26/91, na redação dada pelo DL nº 152/97. É este o parecer que submeto à elevada consideração de Vossa Excelência.. Rio de Janeiro, 13 de novembro de Claudia Rivolli Thomas de Sá Procuradora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro Visto. Aprovo o lúcido Parecer nº 14/00-CRTS, supra. A extensão de decisum atacado por ação rescisória proposta pela Câmara importaria indireta manifestação, por parte desta, de falta de interesse processual respectivo. A aplicação retroativa da progressão por mérito, à luz dos incisos III a VII do art. 17 do Decreto Legislativo nº 26/91, com a redação do Decreto Legislativo nº 152/97, depende de prova, não feita pela Interessada, das condições ali estabelecidas para a aquisição de pontos, ouvida a douta Comissão de Avaliação de Desempenho. Quanto ao pedido de vistas à supracitada decisão do Poder Judiciário, parece traduzir a conhecimento do teor da sentença e dos acórdãos proferidos no processo judicial nº , do MM. Juízo da 8ª Vara da Fazenda Pública desta Capital e na Apelação Cível nº /98, da Colenda 18ª Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, reproduzidos no apenso proc. CMRJ... Embora se trate de documentos acessíveis, em teor original, naqueles autos judiciais, nada obsta a que os examine a Interessada no referido apenso. Encaminhe-se, pois, ao Exmº. Sr. Primeiro Secretário, com a sugestão de deferir-se vista do mencionado proc. CMRJ... e indeferirem-se os mais Rev. Direito, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, jan./jun

17, 2º, do DL nº 26/91, na redação dada pelo DL nº 152/97. É este o parecer que submeto à elevada consideração de Vossa Excelência.. Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2000.

5 pedidos de fls. 23. Em 13 de novembro de Roberto Benjó Procurador-Geral da Câmara Municipal do Rio de Janeiro 180 Rev. Direito, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, jan./jun. 2001

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