TÉCNICAS DE APRENDIZAGEM
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- Carla Cortês Dias
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1 CEAP/CURSO DE DIREITO Disciplina: TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Professor: MsC. UBIRATAN RODRIGUES DA SILVA Texto de leitura complementar TÉCNICAS DE APRENDIZAGEM Compõem as técnicas de aprendizagem ou procedimentos didáticos ou, ainda, as formas de produzir conhecimento a leitura, o hábito de estudar, o exercício de resumir e a análise de texto. Quem não domina as técnicas dessas atividades com relativa competência e tranquilidade dificilmente conseguirá concluir algum trabalho científico. Ademais, em qualquer atividade humana existe a necessidade de um ordenamento do processo de aprendizagem, mesmo naqueles saberes que independem de uma educação formal. Todavia, são os estudantes de qualquer nível de ensino, os profissionais liberais e especialmente aqueles que se dispõem a seguir uma carreira acadêmica, e de pesquisadores, que precisam muito mais estruturar um sistema de estudos para poder, com tranquilidade, eficiência e segurança obter o êxito desejado. Estando na posição de tomar a decisão de ordenar o processo de aprendizagem, qualquer estudioso terá de se reposicionar frente a si próprio para saber e conhecer os seus próprios limites de competência, de incompetência, do que domina e do conhecimento que não domina. Terá, por outro lado, de se olhar de frente o mundo que poderá escalonar desde os seus vizinhos da comunidade próxima até todo mundo existente com suas belezas e suas mazelas, o que fazer e que saberes são indispensáveis aprender para o seu dia a dia. Ainda mais, qualquer pessoa precisa hoje, ao se predispor a aprender de forma regular e continuada, de ter uma ideia clara, mesmo que superficial, de como as sociedades chegaram ao nível atual e como os conhecimentos foram produzidos e organizados e qual a perspectiva futura de tudo isso a que se chama de mundo, ou tempos modernos ou tempos pós-modernos. A primeira atitude é se conscientizar de que só ter vontade é muito pouco, é indispensável pagar um tributo e manter constantemente uma ação organizada, constante e permanente, isto é, tornar claro o pensamento de Santos (1998, p. 24) 1 : "sem o esforço da busca torna-se impossível a satisfação da conquista." O desejo da vitória precisa da coragem e disposição para buscar algo, e esse desejo brota de dentro para fora, ele não é imposto, ele jorra quase que da própria alma da pessoa e somente os visionários vencem e atingem os louros da vitória. 1.1 LEITURA Ler significa tomar conhecimento de razoável quantidade de elementos, distinguindo a quantidade, a importância, a representatividade e, por fim, optar pelos mais adequados à sua intenção. Toda e qualquer leitura só é válida se o leitor conseguir aperceber-se do que foi lido e for capaz de comentar o seu conteúdo. Todos precisam 1 SANTOS, W. D. Resinente dos. Como passar em provas e concursos. 15. ed. Rio de Janeiro: Impetus, p
2 ler e já afirma o provérbio popular que "quem não lê, mal vê, mal fala, mal ouve, mal pensa e mal faz". É pela leitura que mais se aprende e mais se produz conhecimento. Existem várias classificações de leitura e entre elas estão a de distração, a de cultura geral ou informativa e a de aproveitamento ou formativa. O primeiro tipo não se reveste de preocupação, é apenas passatempo. A segunda fornece cultura geral sem profundidade e se refere à leitura de revistas, jornais, livros, periódicos e leituras de interesse temporário e local. O terceiro tipo visa a aprofundar conhecimentos e exige maior dedicação do leitor. Já se aproxima do estudo. Segundo Javier Lasso de Ia Vega, "toda leitura envolve um certo reconhecimento, uma organização, uma elaboração e um valor que variam de acordo com cada leitor e o material lido". A leitura só tem valor se o leitor for capaz de entender, avaliar, explicar, discutir e aplicar o que leu. Estas habilidades podem ser desenvolvidas pela repetição ou comentário em voz alta ou baixa do que leu, ou escrevendo o que leu em forma de resumo ou comentário. O leitor eficiente é aquele que evita a falta de concentração, inconstância, passividade, indolência e distração; ao contrário, busca objetivo determinado, tem gosto em ler, sabe o que lê, discute o que leu, pode repetir o texto lido, possui várias velocidades de leitura, lê sempre. De acordo com Martins (1990, p.12), o processo de leitura segue o roteiro seguinte: 1) "Faça uma leitura do título, do índice, da introdução, dos resumos no final dos capítulos, das orelhas, isto é, proceda a uma leitura de reconhecimento. 2) Faça uma segunda leitura rápida do livro todo, selecionando o melhor, de acordo com o propósito do seu trabalho. Busque a compreensão da ideia geral do autor. Não assinale. Trata-se de leitura seletiva. 3) Conhecido o conteúdo do livro, ou do capítulo, você deverá lê-lo refletidamente, concentrando-se nos aspectos que julgar mais importantes. Durante esta leitura, resolva as dúvidas e transcreva, em fichas, os trechos mais importantes, registrando os termos mais significativos. Assinale (sublinhe) palavras ou frases que considere essenciais. Trata-se de leitura crítica ou reflexiva. 4) A última etapa da leitura de um texto é a leitura crítica e interpretativa, isto é, partindo-se das intenções do autor, busca-se interpretá-las e criticá-las em função dos objetivos propostos." Duas direções nortearão o estudante desejoso de ter um aprendizado regular e constante sem atropelos, seja o estudo de uma simples disciplina, seja o preparo para produzir um saber mais aprofundado no sentido de caminhar para a produção propriamente dita de um saber sistemático e organizado. Certo é que qualquer que seja o objetivo, por menor e mais simples, obriga a tomada de uma postura em cujo contexto esteja presente em um sentido lato, mas consistente e perene de decidir mudar ou melhorar. Tomada esta decisão, automaticamente virá a etapa do estabelecimento de critérios, tais como: estabelecimento do objeto de estudo, e do seu objetivo. Considerando que o objeto responde à indagação: que fazer? Ou o que vou estudar? Propondo-se a classificar a questão e importância do estudo, necessidades de realização da tarefa, a relevância e vantagens que virão com o estudo. Saber o que se deseja ou precisa exe- 2
3 cutar já representa um avanço, é o início do primeiro passo. O objetivo do estudo a ser feito virá responder a duas indagações: para quê? Para quem? No bojo desse raciocínio deverá ser buscado o por que o estudo é relevante, considerando que, ao saber esse porquê do estudo, a motivação tende a aflorar. Em prosseguimento surge naturalmente a indagação de como será realizado o estudo, que se traduz na metodologia, ou seja, quais caminhos serão seguidos para executar o trabalho. Daí em diante, o estudante ou simples leitor terá de reunir todas as ferramentas necessárias para realizar a etapa com tranquilidade e sem o perigo de perder e não chegar ao fim da jornada proposta. Então, eis as ferramentas que devem constar: lápis, canetas de várias cores, marca-texto, dicionário e os livros ou textos que servirão de base para o trabalho. O esquema a seguir indicado visualiza com clareza a importância da leitura. QUEM NÃO LÊ: É no dizer de Collares (2002, p. 23) 2 : [...] Ademais o discurso do conhecimento produzido de forma organizada só é concebido e tem validade se for feito por escrito. E quem não sabe ver muito, escutar com paciência, pensar com sabedoria e sensatez, fazer com humildade e competência, e falar na hora adequada e oportuna, por certo não produzirá conhecimento organizado porque em sua vivência não processou a construção do seu conhecimento individual. Aí está a necessidade de se integrar e interagir as faces do ver, escutar, pensar e fazer, com vistas a produzir conhecimento capaz de servir de resposta para a sociedade e antes mesmo para o próprio estudante, profissional ou simples leitor. 2 COLLARES. Izete Pauer dos Santos. O hábito de ler como peça fundamental para a formação do cidadão f. Monografia apresentada à Escola de Educação da Unigranrio, como requisito de conclusão de curso de Especialização em Psicopedagogia. Unigranrio, Duque de Caxias, RJ,
4 1.2 ESTUDO o estudo é o segundo passo na produção de conhecimento a que todo estudante ou profissional liberal está sujeito, para o qual devem ser ultrapassadas as fases seguintes: a) justificar por que está frequentando um curso ou levando a cabo uma tarefa intelectual; b) iniciar o estudo pelas partes mais fáceis, buscando a seguir o que é mais complexo e difícil; c) vencer o limite da indisposição para o estudo; d) estudar com afinco e disposição de aprender, enraizando o hábito da disciplina; e) planejar o tempo, ser responsável, buscar local agradável e silencioso para estudar; f) organizar-se com materiais e instrumentos para realizar um bom estudo (lápis, corretor de texto, marcador de texto, dicionários, fichas, enciclopédia e livros diversos sobre a disciplina em apreço); g) ter atitude participativa: discutir, escrever, relatar o que estudou; seguir métodos e técnicas para comunicar o que estudou. O esquema a seguir (MARTINS, 1990, p. 13) indica esquematicamente o processo de estudo: a) procure uma boa razão que justifique sua participação no curso em que está matriculado; b) comece a estudar as coisas mais agradáveis. É preciso vencer o limite do "não gostar de estudar"; c) estude para aprender. Vença suas limitações. Habitue-se ao estudo; d) tenha uma atitude responsável e participativa; e) planeje seu tempo para atividades escolares; f) diariamente reserve um espaço para seus estudos. Sempre há o que estudar; g) frequentemente organize o material de estudo; h) estude em local "tranquilo, silencioso e privativo". A atividade de estudar se refere a relação estudante-escola-professor, contudo, pode existir estudo sem que obrigatoriamente o estudante esteja matriculado em um curso. De qualquer forma, o processo de estudo exige uma ação severa, constante, segura e planejada de alguém que tenha um objetivo bem definido. Dois processos de estudo se destacam: o individual e o em grupo. Quanto ao individual, a Universidade de Ohio nos Estados Unidos da América estruturou um sistema baseado na seguinte sigla: S Q 3 R, onde: S = SURVEY = PESQUISE Q = QUESTION = PERGUNTE R = READ = LEIA R = RECITE = RECITE R = REVIEW = REVEJA Este modelo de estudo pode ser aplicado por qualquer estudante e em qualquer área. O estudo precisa ser precedido por uma pesquisa, que, no caso, é a leitura exploratória, quando se lê rapidamente: orelhas das capas, dedicatória, agradecimentos, prefácio, introdução, resumos dos capítulos e a conclusão. Em seguida sugerem questionamentos que devem ser feitos imediatamente à pesquisa: de que trata o livro ou texto; o que sei do assunto; o assunto atende aos meus objetivos; o que já aprendi do livro ou 4
5 texto, etc. Tais perguntas podem ser feitas em voz baixa, em voz alta, por escrito, pelo próprio leitor ou como se fossem do autor ao leitor. Após uma leitura mais reflexiva, feita detidamente, de cada parte do livro, inclusive citações e notas de rodapé, marque as partes mais importantes, anote palavras-chave, transcreva em fichas citações literais do autor, resumos e comentários próprios. Torne a ler, quantas vezes forem necessárias, os trechos não entendidos. Feita essa leitura, passa o estudante a recitar o que foi lido em voz alta ou mentalmente. Para melhor gravar, repetir o que leu discutir as ideias do autor e o conteúdo da obra. Em seguida deve ser procedida uma revisão do texto lido, com a repetição, leitura dos apontamentos e redação com suas próprias palavras. O estudo em grupo é decorrente do individual. Nele o estudante colabora, contribui, dá alguma coisa. E ninguém pode dar o que não tem. No grupo se discutem pontos de concordâncias e de discórdia, apresentam-se pontos de vista e são tomadas posições quanto às colocações dos colegas. O estudo em grupo é consequência natural do acúmulo de conhecimento e saber individual. Nunca se deve juntar a um grupo para estudar sem que antes tenha feito a leitura e o estudo de forma individual do conteúdo a ser tratado pelo grupo. Se isso acontecer haverá certa exploração onde a falta de compromisso com o estudo individual fará com que todo o grupo seja explorado e que não haja troca de experiências. O estudo em grupo é o momento em que o saber individual dos seus membros seja socializado. REFERÊNCIA SANTOS, Izequias Estevam dos. MANUAL DE MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA CIENTÍFICA, 10ª edição, revista e atualizada. Niterói: Editora Ímpetus, 2013, p
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