TEORIAS AMBIENTAIS: A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO AMBIENTAL PARA O SUCESSO EMPRESARIAL
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- Ágatha Damásio Dias
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1 TEORIAS AMBIENTAIS: A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO AMBIENTAL PARA O SUCESSO EMPRESARIAL RESUMO Eduardo Rafael Pavin 1 Paloma Malta¹ Niqueli Webkoski¹ Rafael Baptista¹ Vivian Kuhn¹ Jeferson Quadros¹ Cleberson Plocarski¹ Orientador: Amilto Müller² Este artigo apresenta cinco conjuntos teóricos (ecologia organizacional, dependência de recursos, redes cooperativas, neoinstitucionalismo e custos de transação) originários de diversos campos do conhecimento, que embasam os estudos das relações interorganizacionais. O ambiente, com todos os seus componentes existentes, influenciam de forma sucinta as organizações, além da alteração no campo sub-organizacional, o relacionamento entre outras organizações tem sido importante e destacado, impulsionando assim a adoção de novas configurações organizacionais visando à sobrevivência. Temas como fusões, aquisições, alianças estratégicas, formação de redes e parcerias tem figurado constantemente nas listas de investigação de pesquisadores no mundo inteiro, tendo por resultado, pesquisas teóricas e práticas ao nível de análise inter-organizacional. O aumento da turbulência ocorrido nas das últimas décadas tornou fundamental melhor conhecimento do ambiente organizacional e de seus componentes para a sobrevivência das organizações e dentre os diversos fatores que compõem o ambiente, as relações com outras organizações vêm recebendo crescente atenção. Palavras-chave: ambiente; ecologia organizacional; dependência de recursos; redes cooperativas; neo-institucionalismo; custos de transação. INTRODUÇÃO Hoje se vive em uma realidade onde toda e qualquer mudança pode afetar as organizações, sejam as formais ou informais. As organizações sofrem diversas influências do ambiente que as circunda, sendo necessário a atualização destas para que possam manter-se no mercado de maneira sustentável e competitiva perante as concorrentes. As influências podem ocorrer vindas do ambiente externo e interno de uma organização, sejam influências externas, predomínio de mercado, consumidores insatisfeitos, e nas internas como uma 1 Acadêmico da disciplina de Administração Organizacional do curso de Administração de Empresas da Universidade Luterana do Brasil. ² Docente do curso de Administração de Empresas e da Universidade Luterana do Brasil e orientador deste trabalho.
2 2 comunicação conflituosa dentro das organizações. Estas diversas influências criam uma espécie de seleção natural, teoria esta proposta pelo inglês Charles Darwin, que de maneira geral diz que as espécies melhor adaptadas ao ambiente conseguiram manter-se e perpetuar seus genes. Nas empresas esta seleção natural faz com que de maneira geral evoluam em todos os sentidos. ORGANIZAÇÕES Uma organização é uma combinação de esforços individuais que realizam propósitos coletivos. Nas organizações além das pessoas, elas utilizam diversos recursos, como máquinas e equipamentos, dinheiro, tempo, espaço e conhecimentos. Por meio das organizações, podese perseguir e alcançar objetivos que se realizados por apenas uma pessoas seriam intangíveis (MAXIMIANO, 1995). Segundo o Maximiano uma das definições de organização (1995, p. 27): Uma grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório de análises ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de organizações (...) Sempre que alguém precisa realizar uma atividade para a qual é necessário recorrer ao concurso de outros, ou sempre que algumas pessoas descobrem que, se unirem suas forças, conseguirão fazer coisas que seriam impraticáveis se perseguidas por apenas uma delas, o resultado é uma organização. O dicionário da língua portuguesa define como: planejamento significa: ato ou efeito de planejar; função ou serviço de preparação de trabalho; plano de trabalho detalhado. Então, planejar é uma preparação do trabalho a ser realizado, englobando todos os detalhes do processo, com o intuito de minimizar os possíveis erros no momento de implementação. Segundo Maximiano (1995, p. 196): AMBIENTE ORGANIZACIONAL O futuro é não apenas inevitável, como dizia Oscar Wild, mas também incerto. É possível antever com clareza alguns eventos que acontecerão, porque estão sob controle, são conseqüências previsíveis de atos e decisões passadas, ou estão dentro de um calendário de acontecimentos regulares. As estações repetem-se todos os anos, há datas para o pagamento de impostos e prestações, e sabemos que é preciso comparecer aquela reunião da semana que vem para qual fomos convocados. O ambiente está se alterando de forma rápida e progressiva, pois da mesma forma o mundo muda. As organizações ao invés de terem apenas administradores, gerentes, irão necessitar de facilitadores, instrutores e mentores. Isto é resultado das muitas forças de fora e de dentro da organização que influenciam o desempenho administrativo (SILVA, 2002).
3 3 Todas estas forças são originadas no ambiente geral, no ambiente das tarefas e no ambiente interno das organizações. Conforme Silva (2002, p. 62): As organizações modernas são moldadas por componentes de seu ambiente. Nenhuma organização pode ignorar o ambiente em que se situa, que contém oportunidades e ameaças [...] As oportunidades existem em forma de mercados, recursos e outras externas que a organização pode explorar para crescer e prosperar. As ameaças por outro lado, são forças no ambiente que podem restringir a organização, prejudicando o crescimento ou a eficácia, ou mesmo ameaçar a sobrevivência da organização. Ameaças podem surgir de novos competidores que desafiam o nicho ou a posição no mercado, de condições legais ou políticas, de mudanças demográficas globais. A mudança nas condições do ambiente provoca mudanças nas organizações. Estas mudanças criam turbulência, o que significa que os administradores devem estar atentos ao ambiente e, mais uma vez, obter informações para uma melhor qualidade na tomada de decisão. Nas condições de ambiente calmo, isto é, caracterizado por pequenas mudanças, as organizações podem se utilizar de métodos ou planos já estabelecidos, aceitáveis, se já trouxeram bom resultados (SILVA, 2002). ECOLOGIA POPULACIONAL Estabelecimento de ligações interorganizacionais: propriedade, contratos, joint ventures, cooptação, diretorias interligadas, recrutamento de executivos, publicidade, relações públicas. Controle do Domínio Ambiental: mudança de domínio, atividade política, regulamentação, associações comerciais, atividades ilegítimas. As ligações interorganizacionais proporcionam controle sobre elementos ambientais vulneráveis. Alianças estratégicas, diretorias interligadas e propriedade direta fornecem mecanismos para reduzir a dependência em relação ao ambiente. O ambiente externo tem impacto decisivo na incerteza gerencial e no funcionamento das organizações (CUNHA, 2002). O modelo de ecologia populacional supõe que novas organizações estão sempre surgindo na população. Desse modo, as populações da organização estão constantemente passando por mudanças. O processo de mudança da população é definido por três princípios que ocorrem em etapas: variação, seleção e retenção. O processo de variação, seleção e retenção conduzem ao estabelecimento de novas formas organizacionais numa população de organizações (CUNHA, 2002). A teoria da Ecologia Populacional tem seu foco nos aspectos estruturais do ambiente. Dado o fato de que existem diversas formas organizacionais possíveis, ao estudar essa diversidade, teóricos dessa corrente tentam explicar a tendência de alguns tipos de
4 4 organizações em predominarem durante um período em alguns ambientes específicos. Por que em alguns ambientes predominam organizações menores e orgânicas e, em outros, organizações maiores e mais burocratizadas? Quais as razões da diversidade de formas organizacionais? Como e por que se dá o crescimento de famílias e populações de organizações de certo tipo em um setor específico? Essas são algumas das questões abordadas pela Teoria da Ecologia Populacional (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Motta e Vasconcelos (2008, p. 370) afirmam que a Teoria da Ecologia Populacional opõe-se a da contingência estrutural: Não é a maior flexibilidade ou a capacidade de uma organização adaptar rapidamente suas estruturas internas as características de seu ambiente que garante o seu sucesso. Ou seja, não é o fato de serem orgânicas em ambientes complexos e turbulentos ou serem mecânicas em ambientes simples e previsíveis que assegura a adaptação das organizações ao ambiente e à sua sobrevivência (...) Organizações não se adaptam ao ambiente, ao contrário, tendem a ser inertes e conservar suas formas organizacionais originais. É o ambiente que as seleciona. Principais características da Ecologia Populacional No ano de 1977 foi publicado um artigo chamado The Population ecology of organizations, artigo este criado por Hanna e Freeman, onde foram lançadas as primeiras conjeturas da Ecologia Populacional. A teoria foi elaborada utilizando como base primária a teoria de Darwin sobre a seleção das espécies, mostrando como são as características estruturais de um ecossistema que seleciona as espécies mais aptas à sobrevivência nesse ambiente dada as características biológicas de base. Selecionadas pela ambiente, essas espécies se reproduzem e sua população aumenta. Quando as características estruturais do ambiente se transformam, no entanto, outras espécies, com outras características biológicas, podem tornar-se mais aptas a sobreviver nesse novo ambiente, sendo selecionadas, enquanto a população anterior diminui, podendo até desaparecer (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Assim, a teoria da Ecologia Populacional não analisa o ambiente do ponto de vista de uma organização, mas, ao contrário, sua unidade de análise são grupos de organizações com características estruturais similares, formando populações de certo tipo. A teoria procura estudar o ciclo de vida das organizações, ou seja, que fatores levam certas comunidades e conjuntos de organizações de um mesmo tipo a predominar em certo ambiente e, mais tarde, a desaparecer (MOTTA; VASCONCELOS, 2008 apud BAUM, 1998). A teoria da população organizacional difere dos outros estudos no campo da análise macro-organizacional, em quatro pontos: (1) focaliza-se na natureza e na distribuição de recursos no ambiente organizacional; (2) examina as organizações como representativas de
5 5 tipos encontrados na população, contando com centenas ou milhares de organizações, usando o nível de análise agregado em oposição ao nível individualista; (3) leva em conta o contexto histórico, dando atenção especial para as condições políticas e econômicas; e por fim, (4) restabelece a ligação entre a sociologia organizacional e o nível geral de análise das organizações (CUNHA, 2002 apud ALDRICH, 1978). A teoria não nega o fato de que os dirigentes organizacionais tomam decisões localizadas e mudam em parte as estruturas organizacionais. Essas mudanças podem ter impactos locais, contudo, têm pouco impacto a médio e longo prazos sobre a seleção de populações organizacionais em determinado ambiente (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Cunha (2008, p. 5) comenta sobre as decisões no ambiente externo: A maior parte das decisões, atividades e resultados organizacionais podem ser explicados por estímulos do ambiente externo. Outras técnicas para controlar o ambiente incluem a modificação do domínio no qual a organização opera atividades políticas, participação em associações comerciais e, eventualmente, atividades ilícitas. As organizações podem aprender e se adaptar ao ambiente e elas pode modificar e controlar o ambiente. São estratégias especialmente verdadeiras para grandes organizações que controlam muitos recursos. Essas organizações podem adaptar-se quando necessário, mas também podem neutralizar ou modificar áreas problemáticas do ambiente. As empresas sempre foram dependentes de outras organizações para obter suprimentos, matérias e informações. A questão é como esta relação são gerenciadas. Mesmo sendo influenciadas pelas ações de seus dirigentes, as formas organizacionais mudam, porém com lentidão, de forma conservadora. As organizações que melhor preservam suas rotinas e formas de procedimentos originais são selecionadas pelo ambiente, dado seu alto grau de confiabilidade e estabilidade na prestação de serviços e fornecimento de produtos. Como as organizações não influenciam os fatores do ambiente que as seleciona, não é o fato de mudarem de estrutura ou adaptarem-se que melhora suas possibilidades de sobrevivência. Elas apenas sobreviverão caso as características de sua população as tornem mais aptas à sobrevivência nesse ambiente, o que está fora de seu controle. Assim, no que caso de ter a sorte de pertencer a uma população naturalmente selecionada como apta, é fato de ter consolidado e preservado sua forma original que fará uma organização sobreviver (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Em resumo, a Ecologia Populacional diz que existe certa variedade de formas organizacionais em um ambiente, diversos tipos de famílias de organizações com diferentes características. Duas populações de organizações diferentes, exemplo, organizações grandes ou pequenas, públicas ou privadas, mais ou menos burocratizadas, etc. vão competir por
6 6 recursos no nicho em que atuam. Nesse nicho, certos tipos de estrutura são considerados mais legítimos, dado seu maior nível de confiabilidade e aceitação social, características conquistadas com base em sua eficiência em atender durante relativo período, de forma estável, às demandas do setor. Essa população específica será selecionada e aumentará em uma dinâmica de crescimento e expansão populacional. Haverá durante um período a concentração dessa forma organizacional no setor e o declínio das outras populações. Quando as características estruturais do setor mudar, outras populações serão selecionadas (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Motta e Vasconcelos (2008, p.371) detalham melhor esta seleção: Estudos com base nessa teoria mostram que no inicio de seu ciclo de vida a população organizacional mais apta tende a crescer lentamente, substituindo de forma progressiva as antigas formas predominantes nesse mesmo setor. Após conquistar certo grau de confiabilidade e legitimidade no setor, essa população passa a ter um crescimento rápido e espetacular, atingindo seu pico. Em seguida há uma queda brusca, dado o aumento da competição e, finalmente, a população se estabiliza. São os fatores externos às organizações (fatores econômicos e socais) que determinam que tipo de característica ambiental as organizações deverão atender e que tipo de eficiência deverão ter. PERSPECTIVA DAS ORGANIZAÇÕES EM REDE Para a teoria das redes sociais, uma rede consiste de todas as interações entre organizações em uma população, sem necessariamente levar em conta se é uma relação, um conjunto de organizações ou um conjunto de ações. A consideração básica da teoria das redes sociais é a de que todas as organizações são compostas de múltiplas redes por meio das quais transitem fluxo de bens e serviços, influências e informação (CUNHA, 2002). O central interesse dos teóricos que estudam redes é encontrar caminhos para a criação dos limites de significação do escopo do agregado inter-organizacional. As cinco premissas básicas que guiam à perspectiva da abordagem de redes nas organizações: 1) Todas as organizações são importantes redes sociais precisam ser analisadas como tal. Esta premissa aborda a organização como nível de análise - pequenos ou grandes grupos, subunidades da organização, organizações inteiras, conjunto de organizações, regiões, indústrias, a economia nacional, e de igual modo às organizações num sistema mundial. Para a perspectiva de rede, a estrutura de qualquer organização pode ser compreendida e analisada em termos de múltiplas redes de relacionamentos na organização, podendo ser desenhadas utilizando várias combinações.
7 7 2) O ambiente organizacional é propriamente visto como uma rede de outras organizações. O ambiente é visto como o campo de relacionamento que mantém as organizações juntas. Estas organizações incluem fornecedores, consumidores, agências de regulamentação, entre outras organizações que produzem bens e serviços. Esta perspectiva leva à relação entre ambiente e organização para noções abstratas de incerteza ambiental, dependência de recursos e pressões institucionais. 3) As ações (atitudes e comportamentos) dos atores nas organizações podem ser melhor explicadas em termos de suas posições na rede de relacionamento. Variações nessas ações (e o sucesso ou fracasso delas) podem melhor ser explicadas pelo conhecimento da posição relativa destes atores em função dos outros em várias redes de relacionamento, e também pelo conhecimento da diferenciação de suas atitudes das dos outros. Segundo o pensamento de Burt (1982), os estudiosos de rede utilizam-se de cinco princípios diferentes para analisar a posição de um ator na rede e para explicar como isto influencia as ações do referido ator: coesão, equivalência, proeminência, distância e contato (influência). 4) Redes levam as ações e consequentemente são modificadas por estas. As redes são socialmente construídas, reproduzidas e alteradas a todo instante como resultado da interação dos diversos atores. No modelo de rede, os atores não são cristalizados em um ponto fixo, tendo todas as suas ações determinadas pela sua estrutura social. 5) Na análise comparativa das organizações são consideradas suas características na rede. Focalizando diretamente as características dos relacionamentos através de técnicas analíticas, como análise gráfica ou análise por blocos, a perspectiva em rede oferece muitas formas de criar o conjunto de ferramentas para desenvolver as questões comparativas. As redes são sistemas complexos, compostos por diversos subsistemas, e cada qual responsável pelo desenvolvimento de determinado conjunto de funções. Compreender as ligações entre os diversos subgrupos e a organização e desta com o seu ambiente são questões fundamentais para garantir melhores oportunidades de sobrevivência no ambiente. O uso das redes resulta de várias características do ambiente nos quais as organizações operam. Nessas está incluída a crescente interdependência entre organizações, grupos e indivíduos e a complexidade ambiental. A estes fatores adicionam-se os ambientes turbulentos, nos quais mais e mais as organizações operam (CUNHA, 2002) Uma rede particular deve depender de um ou mais dos seguintes tipos de conteúdo relacional: (a) conteúdo de comunicação - troca de informações entre as entidades; (b)
8 8 conteúdo de troca - fluxo de bens e serviços ou (c) conteúdo normativo - expectativas compartilhadas que os membros de uma rede unidos têm um do outro com base em algumas características sociais. As perspectivas das redes sociais ampliam o escopo da análise organizacional, abrindo as portas para a identificação e o estudo dos relacionamentos que as organizações desenvolvem no ambiente, bem como alternativa para integração dos diversos níveis de análise. CUSTOS DE TRANSAÇÃO Os Custos de Transação são necessários para negociar, monitorar e controlar as trocas entre organizações, indivíduos e agentes econômicos. As buscas por informação, realizações de contratos, a burocracia, são alguns dos custos necessários para efetivar trocas comercias e interações entre indivíduos e agentes econômicos. Segundo a teoria dos Custos de Transação, um dos principais objetivos das organizações é minimizar os custos envolvidos nas trocas de recursos com o meio ambiente e com as organizações, economizando tempo e recursos (MOTTA; VASCONCELOS, 2008 apud WILLIAMSON, 1995). A teoria dos Custos de Transação mostra que os indivíduos, bem como os grupos organizacionais, possuem uma capacidade limitada de obter e interpretar informações (MOTTA; VASCONCELOS, 2008 apud SIMON, 1957). Dessa forma, quanto mais complexo e incerto for o ambiente, quanto mais rápidas forem as mudanças, maiores serão as dificuldades para obter e processar informações e negociar; consequentemente, maiores serão os Custos de Transação (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). A teoria afirma que os agentes econômicos e as organizações, em um ambiente complexo e instável, procuram controlar as mudanças, influenciando o curso delas. As organizações não são assim estruturas passivas que se adaptam ao ambiente, mas são formadas de indivíduos que interagem e buscam estruturar, de forma ativa, regras, leis e mecanismos de troca em seu meio ambiente de negócios. Em tese, quanto maior for a incerteza do ambiente, mais as organizações reagirão de forma procurando controlar essa incerteza por meio de alianças e contratos (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Associando os princípios da teoria da Dependência de Recursos e da teoria dos Custos de Transação, pode-se dizer que quanto maior for à dependência que uma organização tem dos recursos pela outra, maior será o tipo de controle que essa organização procurará exercer
9 9 sobre a outra, então, quanto maior for à dependência de recursos entre organizações, maiores serão os custos de transação (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Um exemplo muito claro de custos de transação são as montadoras de automóveis que com o advento do estoque zero ficaram dependentes de que seus fornecedores entregassem a matéria-prima necessária para a fabricação dentro do prazo e da qualidade exigida, uma vez que atrasos nas entregas e defeitos teriam conseqüências desastrosas, tais como a paralisação de produção, com implicação no custo de mão-de-obra e energia. Tendo em esse problema, muitas empresas-clientes começaram a aumentar seus controles e auditorias em seus fornecedores de peças. Cada auditoria, porém, envolvia altos custos de transação, em termos de tempo e custo de mão-de-obra. Com o surgimento da ISO 9000 entre outros fatores, criavase uma tentativa de unificar os procedimentos de auditoria, terceirizando para entidades supraorganizacionais credenciadas que poderiam emitir o certificado após uma única auditoria. A ISO 9000 permitiu assim reduzir os custos de transação (MOTTA; VASCONCELOS, 2008 apud VASCONCELOS, 2000). Para Umeda (1197, p. 1) estes custos de transação podem ser na aplicação errada de métodos organizacionais: Por exemplo, aquele tempo enorme gasto para procurar um determinado documento ou material não adiciona nenhum valor e não produz também nenhum lucro. O transporte ou manuseio de materiais, para lá e para cá, dentro de uma fábrica não acrescenta praticamente valor algum. E tem mais, os materiais e produtos nãoconformes estocados, sem serventia, causam até prejuízo, além de não agregarem qualquer valor. De acordo com essa visão, como vimos anteriormente, o ideal do ponto de vista do grupo organizacional é estudar que tipo de vínculo desenvolverá com as diversas organizações com as quais se relaciona, buscando sempre diminuir os riscos e custos envolvidos e mantendo o maior grau de autonomia possível (MOTTA; VACONSCELOS, 2008). Um dos limites dessa teoria é que, ao focar em uma organização específica e nos links que ela estabelece com outra, ignora as influências do ambiente institucional (MOTTA; VACONSCELOS, 2008). NEO-INSTITUCIONALISMO A institucionalização é um processo composto por três momentos: a externalização, a objetivação e a internalização. A externalização é a forma como interpretamos nossas ações como tendo um sentido externo separado de nós mesmos. Ao agirmos no mundo social, ao
10 10 praticarmos um ato, podemos contemplar e julgar o efeito desse ato no mundo social, de forma externa a nós, ou seja, ao impacto de nossas ações sobre os outros e o ambiente. Mais tarde, essa realidade construída por nós e pelos que nos cercam, com base em nossas ações e interpretações da realidade, é percebida como um elemento objetivo, imutável e intangível, acima de nós, que nos cabe aceitar. As organizações são construídas pelos indivíduos que nelas interagem todos os dias, porém estes as consideram como entidades abstratas acima deles. Normas, regras e valores construídos pelo grupo social são transmitidos pelos processos de socialização primária e secundária para outros indivíduos desse grupo, reproduzindo esse imaginário social (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Segundo Motta e Vasconcelos (2008, p. 383): Setores Institucionais Em uma organização existe o confronto entre várias verdades, correspondendo às diversas formas de percepção e enação dos diversos grupos organizacionais e das diversas racionalidades existentes. Certos grupos conseguem impor suas soluções para os problemas, entre outras possíveis, buscando influenciar os outros. Essas soluções são baseadas em sua visão do mundo e sua interpretação da realidade, que será institucionalizada na organização por meio de regras, na criação de rotinas de trabalho e não estrutura organizacional, como a verdade e a solução correta e superior. Esses elementos serão reificados e percebidos pelos outros grupos como elementos objetivos da realidade. O neo-institucionalismo considera as organizações como atores sociais que interagem e moldam o ambiente. Segundo Motta e Vasconcelos (2008, p. 383 apud MEYER; SCOTT, 1991): Os setores Institucionais são setores em que predominam um conjunto de regras e normas as quais as organizações devem se conformar se elas pretendem sobreviver e receber apoio e obter legitimidade de outras organizações, agentes econômicos, governamentais e privados. A abordagem institucional considera o homem um ator social, que formula suas estratégias conforme os significados atribuídos às regras de funcionamento organizacional, institucionalizadas na sociedade (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). A organização é sucessivamente conceitualizada em três abordagens,o sistema racional, universo cognitivo (reserva de conhecimentos e artefatos simbólicos) e área social (MOTTA; VASCONCELOS, 2008 apud FONSECA; SILVA, 2001). As formas de Incorporação de Modelos Cognitivos pelas Organizações A incorporação do modelo normativo ou cognitivo ocorre quando ele corresponde a um interesse concreto, seja do ponto de vista dos atores sociais, seja do das organizações. O nível de influência exercido pelo modelo sobre os atores sociais será proporcional ao grau de
11 11 adesão desse. Em seguida, os indivíduos e grupos organizacionais interpretarão as normas e agirá no mundo social, influenciando, por sua vez, a evolução do próprio modelo, em uma relação dialética. O neo-institucionalismo considera as associações profissionais, corporativas, e o estado como atores importantes no processo de criação e moldagem das organizações (MOTTA.VASCONCELOS, 2008 apud VASCONCELOS, 2001). Essas últimas, com base na estratégia definida pelos dirigentes, adotam modelos normativos e estruturais por meio de quatro formas de institucionalização: a coerção, normalização, indução e mimetismo organizacional. Esses processos de incorporação dos modelos predominantes em determinado setor pelas organizações estão inseridos em um fenômeno geral chamado isomorfismo estrutural, ou a tendência de as organizações de um mesmo setor possuírem estruturas, regras, modelos cognitivos e tecnologias similares A Coerção O estado é o único detentor do monopólio do uso legítimo da força e violência. A imposição feita por uma autoridade vista como legítima gera menos resistência, é mais estável e concretiza-se com mais rapidez que a imposição feita unicamente pela força. Os grupos organizacionais adotam assim formas de comportamento, regras e estruturas por força de lei, porque são obrigados a isso sob pena de sanções governamentais. A imposição de critérios regulando a atividade industrial (nível de poluição permitido, adoção de filtros nas fábricas, fechando negócios) (MATTOS; VASCONCELOS, 2008). No Brasil, formas de institucionalização coercitivas favorecem práticas administrativas e culturas caracterizadas pelo excesso de formalismo, produzindo uma legislação pouco adaptada a nossa realidade. Essa inadaptação das leis e regras às necessidades concretas da vida cotidiana bem como o individualismo predominante em nossa cultura explicam o famoso jeitinho brasileiro (MATTOS; VASCONCELOS, 2008) A Normalização ou a Autorização Esse tipo de mecanismo institucional envolve a autorização ou a legitimação das estruturas adotadas pela organização com base no reconhecimento de sua validade feito por
12 12 uma entidade supra-organizacional (MOTTA; VASCONCELOS, 2008 apud SCOTT, 1987). O órgão que dá a autorização de utilização de sua marca, ao contrário do Estado, não pode impor seu modelo normativo às outras organizações, como no modo de institucionalização coercitivo. Essas devem escolher voluntariamente se querem aderir a esse modelo, incorporando-o ou não. Esse órgão é considerado supra-organizacional porque tem o poder dado pelas organizações de todo um setor produtivo de conferir a elas a autorização para o uso de uma marca de prestígio após a auditoria. No caso de essas organizações terem efetivamente implantado os modelos produtivo e normativo defendidos por esta entidade supra-organizacional, elas poderão usar a marca, sendo esta fonte de prestígio ou diferenciação no mercado, ou ainda lhes proporcionando autorização para exportar seus produtos em certos mercados, serem fornecedoras de produtos, participar de concorrência, etc. Segundo Motta e Vasconcelos (2008, p. 387) sobre as formas de jogos de poder e pressão de mercado: Cria-se com freqüência no setor um sistema de jogos de poder e pressões que torna quase obrigatória a adesão a essa marca ou certificado instituído, sobretudo para organizações que queiram continuar atuando em certos mercados ou conquistar novos clientes (...) Em determinado momento, estar certificado pela ISO 9000 passou a ser praticamente uma obrigação para a sobrevivência em certos mercados, manutenção de clientes e obtenção de recursos fundamentais para as organizações A Indução Existem casos em que os agentes econômicos do setor não têm o poder ou a autoridade para impor ou pressionar as outras organizações a adotar seus modelos ou normas, seja pela força ou por uma autorização de funcionamento como a descrita anteriormente. Neste caso os agentes se utilizam de agentes financeiros indiretos para convencer as organizações a se moldarem segundo seus modelos, aceitando suas proposições. Os agentes econômicos podem prometer subsídios, empréstimos a taxas favoráveis abaixo do mercado, ajuda técnica de pessoal especializado e outros tipos de assistência e recurso às organizações que aceitarem adotar seu modelo. Motta e Vasconcelos (2008, p. 388) falam de que maneira pode ser realizada esta indução por parte dos governos: A organização governamental, mostra como o governo federal, que não tinha autoridade legítima sobre o governo dos Estados nem força para impor suas normas, utilizava essa política de indução distribuindo subsídios e financiamentos visando obter a adesão dos estados e municípios norte americanos à política federal.
13 Mimetismo Organizacional ou a Aquisição de um Modelo ou Estrutura Mimetismo e quando uma empresa se inspira em outra organização e incorpora o modelo desta adaptando-o às suas necessidades (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Existem vários modelos normativos de diversos setores. As normas editadas pelas entidades normalizadoras ou certificadoras e pelas instituições de controle servem como modelo (como as normas ISO 9000), mas também as estruturas organizacionais, os modelos de produção, as tecnologias e ferramentas de administração desenvolvidas e adotadas pelas empresas líderes do setor podem ser consideradas modelos a serem seguidos pelas outras empresas (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). modelos: Motta e Vasconcelos (2008, ) comentam sobre a incorporação de ferramentas e DEPENDÊNCIA DE RECURSOS Uma organização que não incorpora,pelo menos de modo superficial ou cerimonial, certas ferramentas de administração, certos jargões, símbolos e modos de funcionamentos vistos pelos formadores de opinião como os melhores em dado momento será considerada ultrapassada e poderá perder clientes. A teoria da dependência de recursos vê as organizações como um sistema aberto que precisa manter o balanço de recursos e contribuições em relação com o ambiente, onde este é considerado como a soma de todas as outras organizações. Uma organização poderá tornar-se dependente de outra para posterior extensão do controle dos seus recursos que no momento não é possível. Neste sentido, dependência pode ser definida como a importância de determinada entrada ou saída para a organização que é controlada por, relativamente, poucas organizações. (CUNHA, 2002 apud PFEFFER E SALANCIK, 1978). A teoria sugere que existe uma perspectiva alternativa à institucional que se denomina Dependência de Recursos, a qual o ambiente é a fonte de influência nas organizações, mas de uma maneira diferente. A premissa básica da perspectiva da Dependência de Recursos é que as decisões são tomadas dentro das organizações, ou seja, dentro do contexto político interno das mesmas, e se relacionam com condições ambientais enfrentadas por elas. Nela o gerenciamento das relações externas é a chave para a sobrevivência organizacional, e é fortemente influenciada pelas forças externas (ROSSETO; ROSSETO, 2005 apud ALDRICH; PFEFFER, 1976; PFEFFER; SALANCIK, 1978). Existem três considerações da sociologia política que motiva a perspectiva da Dependência de Recursos. Primeiro, o principal objetivo das organizações é a maximização
14 14 do seu poder. Segundo, para sobreviver, organizações precisam obter seus recursos do ambiente e por último, o ambiente das organizações é incerto. O resultado é um mercado que é desordenado e caracterizado por lutas, conflitos, barganha contínua e negociação que conduz a ganhadores e perdedores (CUNHA, 2002). Para a perspectiva da dependência de recursos, a unidade de análises tem variado da organização, para a consideração do conjunto de interdependências entre organizações. O nível de análise é primariamente inter-organizacional, Enquanto situações de troca e competição são incertas e problemáticas, organizações tentam estabelecer ligações com elementos em seus ambientes e usam estas ligações para acessar recursos, estabilizar resultados e para evitar controle do ambiente. (CUNHA, 2002 apud PFEFFER E SALANCIK, 1978). A perspectiva da Dependência de Recursos ao contrário da Teoria da Ecologia populacional, afirma o poder das organizações sobre o ambiente. Segundo Rosseto e Rosseto (2005, p. 8): A perspectiva da Dependência de Recursos reconhece os efeitos do ambiente sobre os resultados das estratégias, mas também se concentra no papel da gerência em captar recursos para obter performance satisfatória. A capacidade organizacional para obter recursos vitais e a negociação e o relacionamento inter-organizacional também constituem duas atividades fundamentais nesta perspectiva que admite que certas mudanças no meio ambiente ocorrem, em parte, pela determinação dos administradores organizacionais, porque estes se preocupam em compatibilizar as características do ambiente aos interesses específicos das suas organizações. Quando uma organização depende de outras para obter recursos de valor, essas outras podem influenciar suas decisões, essas outras podem influenciar suas decisões administrativas. Para conservar a autonomia, as organizações que já dispõem de recursos abundantes tenderão a não estabelecer novos vínculos. As que necessitam de recursos deixarão de lado a independência para obtê-los. O modelo da dependência de recursos do comportamento inter-organizacional trata dependência como um conceito central, enfatizando extensão na qual uma organização é dependente de outras organizações que controla recursos cercados necessários para assegurar sua sobrevivência (CUNHA, 2002 apud ALDRICH E WHETTEN, 1984). As organizações estão a todo momento buscando a não dependência sobre os recursos do ambiente, segundo Cunha (2002 apud DAFT, 1999): As organizações dependem do ambiente, mas esforçam-se para adquirir controle sobre os recursos para minimizar sua dependência. As organizações ficam vulneráveis quando os recursos vitais são controlados por outras organizações, e por isso tentam ser tão independentes quanto possível. Contudo, quando os custos e os
15 15 riscos são elevados, as empresas também se aliam para reduzir a dependência de recursos e a possibilidade do fracasso. A capacidade organizacional para obter recursos vitais e a negociação e o relacionamento inter-organizacional também constituem duas atividades fundamentais nesta perspectiva que admite que certas mudanças no meio ambiente ocorrem, em parte, pela determinação dos administradores organizacionais, porque estes se preocupam em compatibilizar as características do ambiente aos interesses específicos das suas organizações. Outro aspecto importante desta perspectiva, é que as organizações tentam se relacionar ativamente com o ambiente, manipulando-o para seu próprio benefício. Em lugar de assumir um papel passivo das forças ambientais, as organizações tomam decisões estratégicas para adaptarem-se ao ambiente. Um elemento chave na perspectiva da Dependência de Recursos é a escolha estratégica (MATTOS; VASCONCELOS, 2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS O que é o ambiente concorrencial no atual mercado capitalista, senão uma selva, onde a lei da evolução e adaptação fazem-se mais do que presentes. A globalização atual, o rápido crescimento das tecnologias e outros diversos pontos, fizeram com que a competição e busca pela lucro torna-se mais acirrada e disputada em cada centavo possível do mercado, desta forma os fatores ambientais demonstram evolução das organizações faz com que o As Teorias Ambientais fazem-se mais do que necessárias para o sucesso das organizações nos dias atuais. É de suma importância de que as organizações usem destas informações para que obtenham o conhecimento necessários de todas as variáveis que circundam-nas. REFERÊNCIAS CUNHA, Cleverson Renan. (2002), Perspectivas Teóricas de Análise das Relações Interorganizacionais. < Acesso em: 26 Out. de KWASNICKA, E.L. Introdução à administração. São Paulo: ed. MAXIMIANO, A.C.A. Introdução à Administração. São Paulo: Atlas, ed. MAXIMIANO, A.C.A. Teoria Geral da Administração: Da Revolução Urbana à Revolução Digital. São Paulo, ed. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. F. G. de. Teoria geral da Administração. 3. ed. São Paulo: Thomson, ROSSETO, Carlos Ricardo; Rosseto, Adriana Marques. (2005), Teoria Institucional e Dependência De Recursos na Adaptação Organizacional: Uma Visão Complementar. < Acesso em: 29 Out de 2008.
16 16 SILVA, Reinaldo O. Teorias da Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, UMEDA, Masao. As sete para o sucesso do 5S. Belo Horizonte: Fundação Cristiano Ottoni, 1997.
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