PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE LETRAS
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- Leandro Leal Neto
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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE SÃO LUÍS DE MONTES BELOS PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE LETRAS São Luís de Montes Belos 2009
2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE SÃO LUÍS DE MONTES BELOS PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE LETRAS Projeto Pedagógico do Curso de Letras, para fins de Renovação de Reconhecimento do Curso conforme exigências legais. São Luís de Montes Belos 2009
3 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DO CURSO... 1 CONCEPÇÃO DO CURSO... 2 IDENTIFICAÇÃO DO CURSO... 3 HISTÓRICO DA UEG Perfil institucional Das Finalidades: Área de atuação Órgãos de administração superior da UEG Conselho Universitário Reitoria Conselho Acadêmico Pró-Reitoria de Graduação - PrP Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis - PrE Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação PrP Iniciação Científica Pós-Graduação Pró-Reitoria de Administração, Planejamento e Finanças Programa Universidade Para os Trabalhadores da Educação... 4 HISTÓRICO DA UnU - SÃO LUÍS DE MONTES BELOS... 5 JUSTIFICATIVA DO CURSO... 6 OBJETIVOS DO CURSO Objetivo geral do curso: Objetivos específicos:... 7 PERFIL DO EGRESSO FORMADO EM LETRAS NA UEG... 8 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS... 9 ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA Coordenação pedagógica: Administração Acadêmica Coordenação de curso Colegiado do curso Registro acadêmico Biblioteca: Área 94,2 m2 nº de exemplares: 2461 nº de títulos: Organização e Funcionamento Cadastro do curso METODOLOGIA DE ENSINO INTERDISCIPLINARIDADE ESTRATÉGIAS DE FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR Seleção dos Conteúdos Ênfase na formação do professor de Letras como intelectual-crítico-reflexivo Flexibilização Ação coletiva A indagação ou a intervenção Relação entre os conhecimentos específicos e pedagógicos Formação inicial e continuada ARTICULAÇÃO ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Integração do Ensino (teoria e prática) PESQUISA Políticas de incentivo e investigação científica...
4 A Revista Ícone Os eventos Projetos de Pesquisa do curso Projetos de extensão ATIVIDADES COMPLEMENTARES ESTÁGIO CURRICULAR (Obrigatório) ATIVIDADE PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR (Licenciaturas) O TRABALHO DE CURSO AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM ESTRUTURA CURRICULAR ATIVIDADES prática conhecimento/intervenção, elaboração e comunicação partilhada e coletiva independente o aluno direciona seus estudos Disciplinas Jornadas científicas estudantis Simpósios temáticos Oficinas Investigações colaborativas Atividades independentes MATRIZ CURRICULAR MATRIZ CURRICULAR UNIFICADA DO CURSO DE LETRAS DIMENSIONAMENTO DA CARGA HORÁRIA DAS ÁREAS E ATIVIDADES Áreas de formação e atividades de aprofundamento Área de formação de um sistema de referência para análise e ação crítica Área de formação pedagógica docente Área de formação específica Área de formação, de investigação e de prática profissional Pesquisa através de trabalho de curso Estágio Supervisionado Prática profissional dos conteúdos das áreas de estudo Currículo de Aprofundamento e Ampliação Oferta optativa curricular Experiências pedagógicas Participação em eventos científicos Carga horária regulamentada nas diretrizes curriculares nacionais Eixos Temáticos EMENTAS E BIBLIOGRAFIAS RECURSOS HUMANOS Corpo Docente Corpo Discente Corpo Técnico-Administrativo INSTALAÇÕES Salas de aula Secretaria Biblioteca Laboratórios SISTEMA DE AVALIAÇÃO CONTÍNUA DO CURSO... Soma do 1º Ano... Atividades Complementares...
5 5 APRESENTAÇÃO DO CURSO A Universidade Estadual de Goiás (UEG), apresenta o Projeto Pedagógico do curso de Letras das Unidades Universitárias de Anápolis, Campos Belos, Cidade de Goiás, Formosa, Goianésia, Inhumas, Iporá, Itapuranga, Jussara, Morrinhos, Pires do Rio, Porangatu, Quirinópolis, São Luís de Montes Belos, São Miguel do Araguaia e Extensão Universitária de Caçu. Por meio desses Cursos de Letras, nas suas respectivas regiões, a universidade pretende desenvolver a sua função social que é a de formação de professores para o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Ao acreditar que esse é um dos melhores caminhos para uma melhoria qualitativa da educação não só em Goiás, mas no Brasil, a UEG confirma a importância da renovação de reconhecimento desses cursos. Trata-se de um documento de estudo e elaboração conjunta das coordenações do Curso de Letras, com esforços de todas as Unidades Universitárias da UEG em avaliar suas concepções e suas ações pedagógicas, curriculares e organizacionais, a partir das necessidades e interesses das comunidades regionais as quais os cursos atendem. A concretização do presente projeto e sua dinamização é fruto do compromisso coletivo com a proposta de mudança das discussões, de modo que, a UEG possa desempenhar seu papel educativo frente às transformações da sociedade e às demandas da Universidade. O engajamento e a mobilização de todos os docentes dos cursos de Letras nos debates, nas análises e na elaboração deste projeto, foi de fundamental importância. Este trabalho resulta numa diretriz norteadora efetiva da política de formação de professores de Letras na UEG. Este documento reflete o esforço dos próprios docentes e da pró-reitoria de Graduação, que há muito, vem caminhando nesta direção. O Projeto Pedagógico do Curso de Letras surgiu da necessidade de se criar um espaço aglutinador de proposições e discussões das políticas educacionais, no que se refere ao Curso de Letras da UEG. As comissões regionais foram compostas pelos Coordenadores dos Cursos de Letras, por dois professores e por dois discentes do curso. A comissão central é composta pelos coordenadores e por um docente do curso das Unidades Universitárias. Esse projeto foi desempenhado por essas comissões locais e regionais, frente às transformações, demandas e necessidades da sociedade nas quais as Unidades Universitárias estão inseridas. A necessidade de se definir um perfil do Profissional de Letras da UEG, o papel e a função do curso no âmbito da UEG foi o que levou o grupo a definir um plano de trabalho coletivo que fosse capaz de garantir a proposta de unicidade da Matriz curricular, das ementas que compõem o Projeto Político Pedagógico do curso, mas que respeite e considere também
6 as peculiaridades e as necessidades de cada realidade onde o curso se instala. As reuniões destinaram-se ao estudo e à discussão dos problemas comuns a todas as Unidades e, em seqüência, à realização das atividades planejadas. A partir dessas discussões e estudos, incluindo o relato das experiências de cada Unidade, percebeu-se com maior clareza a necessidade de elaboração de um Projeto, que indicasse uma melhor diretriz para os Cursos de Letras da UEG. O compromisso das comissões para com o Projeto Pedagógico, visa oferecer aos alunos do Curso de Letras conhecimentos teórico-práticos acerca dos estudos lingüísticos e literários, proporcionando uma compreensão crítica do mundo através dos processos de transmissão, construção e reconstrução do conhecimento, ou seja, possibilitar a esses alunos condições para que mudem a sua prática pedagógica, até então voltada para a reprodução do conhecimento, transformando-a numa práxis em que a produção de saberes norteie o ensino das línguas materna e estrangeira e de suas respectivas literaturas. Neste sentido, estão alocados neste projeto: a apresentação, concepção do curso, identificação do curso, histórico da UEG, histórico da UnU, justificativa do curso, objetivo do curso, objetivo geral, objetivos específicos, perfil do egresso, habilidades e competências, organização didático-pedagógica administração acadêmica, coordenação do curso, colegiado do curso, registro acadêmico, metodologia de ensino, interdisciplinaridade, estratégias de flexibilização curricular, articulação entre ensino, pesquisa e extensão, pesquisa política de incentivo à investigação científica, projetos de pesquisa, extensão, projetos de extensão, estágio curricular, atividades práticas como componentes curricular, trabalho de curso, avaliação do processo de ensino e aprendizagem,estrutura curricular, matriz curricular, dimensionamento da carga horária das áreas e atividades, ementas e bibliografias, recursos humanos, instalações, biblioteca, laboratórios, sistema de avaliação do curso, planilha de custo e alteração e reestruturação curricular. O Projeto Pedagógico do Curso de Letras tem como finalidade oferecer referências, a partir das exigências atuais para a formação adequada e consistente de professores para o Ensino Fundamental e Ensino Médio, tanto do ponto de vista legal, implementado pela nova LDBEN nº 9.394/96, bem como dos resultados de vários estudos e pesquisas sobre o tema. O Projeto se concretiza em diretrizes relacionadas ao currículo, à organização institucional e às ações de implantação com saberes e competências profissionais de professores, propondo uma estrutura organizacional e curricular. É necessário esclarecer ainda que este projeto, assume a concepção de um sistema unitário de formação do profissional de
7 7 Letras, superando as dicotomias do modelo vigente do bacharelado e da licenciatura. O que se considera como diretriz prioritária neste documento é o entendimento de que, a formação do profissional de Letras, se constitue na Universidade como um processo autônomo, integral e terminal. Este documento terá sua identidade própria que o distinguirá claramente dos cursos de bacharelado e dos demais cursos profissionalizantes, embora mantendo com eles a interface determinada pela própria natureza dos conhecimentos envolvidos na formação. É pertinente acrescentar ainda que, o fato do curso habilitar para duas licenciaturas (Língua Portuguesa e Língua Inglesa), faz dele um curso compromissado com a formação docente de qualidade assim como a formação específica nas áreas afins. Pois, a formação do profissional da docência e da atividade técnica pressupõe, não apenas a formação pedagógica, mas também a construção científica do conhecimento na área, mediante procedimentos investigativos. 1 CONCEPÇÃO DO CURSO O curso de Letras da UEG-UnU-São Luís de Montes Belos-Go é um curso que tem como meta a formação de professores para o Ensino Fundamental, Ensino Médio e para atuação em outros espaços que requeiram conhecimentos específicos de línguas. E, para isso terá que orientar os acadêmicos para a busca dos interesses e das necessidades pertinentes à construção do projeto de aprendizagem de cada um. Nesse intento, a concepção epistemológica que o curso toma como embasamento teórico para suas ações, atitudes, normas e rotinas é a de que os conhecimentos têm função adaptativa, isto é, eles servem para dar sentido às experiências que os sujeitos realizam no mundo de limitações impostas pelo contexto físico. Assim, os conhecimentos têm função de viabilizar as experiências do homem, para abandonar e evitar as que constituem fracasso e controlar as que representam um sucesso. A concretização do presente projeto e sua dinamização permitirão que o acadêmico, ao longo de sua trajetória de estudos e pesquisas, estará discutindo e analisando realidades análogas às que poderá enfrentar futuramente, e que, para isso, precisa estar preparado. Por isso, esse Projeto é fruto do compromisso coletivo com a proposta de mudança das discussões, de modo que, a UEG possa desempenhar seu papel educativo frente às transformações da sociedade em rede e às necessidades dos ingressantes no curso.
8 O Projeto Pedagógico do Curso de Letras traz também no seu intento, a concepção de que a Universidade dos tempos atuais não pode se limitar à reprodução do conhecimento. Seu compromisso é com a produção, com qualidade, do conhecimento propulsor da justiça social, da liberdade, da criatividade e da consciência crítica e investigativa. O Projeto se concretizará em diretrizes relacionadas ao currículo, à organização institucional e às ações de implantação com saberes e competências profissionais de professores, propondo uma estrutura organizacional e curricular. O compromisso com a qualidade da licenciatura em Língua Portuguesa e Língua Inglesa se faz pela necessidade de garantir o objetivo da universidade e do curso: formação integral do ser como pesquisador, observador, investigador e crítico da realidade. A UEG como universidade pública e democrática tem compromisso com a produção do conhecimento, dos valores, da cultura e das relações sociais no contexto da sociedade contemporânea, tanto no âmbito local quanto no cenário nacional e internacional. Desse modo, registra, também, o compromisso de manter uma educação de qualidade social. Assim, pensar o papel da universidade exige o reconhecimento de que se vive numa sociedade marcada pela era da velocidade da informação, a chamada sociedade do conhecimento, na qual a flexibilidade e as constantes transformações no mundo do trabalho se dão de formas cada vez mais intensas e velozes. Esta realidade, determinada e determinante do desenvolvimento científico e tecnológico, tem proporcionado mudanças radicais na capacidade de acesso da sociedade à produção do conhecimento. Uma questão importante que se apresenta para esta proposta é a da globalização, caracterizada pelos seus efeitos homogeneizantes nas esferas das finanças e da política, e também pela cristalização regionalizada das mazelas socioeconômicas, hajam vista que os sistemas de proteção e desenvolvimento social permanecem nacionalizados. Desse modo, o Curso de Letras deve contribuir, para que a tecnologia continue se desenvolvendo através da formação de quadros e da geração de conhecimento para esta sociedade concreta, e estar a serviço de uma concepção radical e universal da cidadania (PNG, ForGRAD, 2000). É importante considerar ainda que, embora a Universidade divida a produção e a sistematização do conhecimento com as empresas produtoras de bens e serviços vinculadas ao sistema econômico vigente, ainda mantenha a sua função de agência formadora dos técnicos e dos pesquisadores que integram as instituições que atuam no mercado. (PNG, ForGRAD, 2000). Outro dado importante é a tendência atual de se enfatizar o aspecto tecnológico do conhecimento nas relações sociais de produção em detrimento de outros aspectos, tais como
9 9 filosófico, ético e seu comprometimento social. A UEG e o curso de Letras, por meio deste projeto e consequentemente de sua operacionalização, refuta essa tendência por considerar que a formação acadêmica amplia a visão de mundo exatamente por oferecer pressupostos teóricos, éticos e científicos possíveis para a análise crítica do contexto real. Como desdobramento desses aspectos, uma questão fundamental se apresenta, a relação entre o curso e o mercado de trabalho. Quanto a isso, é necessário ressaltar que a função da Universidade oscila entre duas perspectivas, uma de apenas preparar tecnicamente para o mercado de trabalho, outra, de pensar criticamente sua realidade, identificando as contradições do sistema. Esses dados na verdade, se complementam para atender a concretização da função política do Curso contrapondo-se à tendência privatizante da produção do conhecimento. Ademais, outro princípio necessário à estruturação do curso é o da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, como o tripé da formação universitária proporcionada pela UEG. Este princípio se fundamenta nos seguintes nortes teóricos: a) a relação não dicotômica entre teoria e prática; b) a interdisciplinaridade; c) a utilização da pesquisa e serviços comunitários com fins pedagógicos e científicos d) e as monitorias. Quanto à relação ensino e extensão, essa indissociabilidade é necessária porque desenvolve a noção de cidadania, permitindo atender às demandas da sociedade. No que se refere à relação ensino e pesquisa, ela permite o domínio dos instrumentos peculiares a cada profissão (PNG, ForGRAD, 2000). Essa proposta acadêmica se fundamenta, portanto, em uma formação científica, profissional e cidadã, comprometida com um processo de emancipação humana que prepare para conquistar, garantir e ampliar a qualidade de vida para todos, por meio da prática dos direitos e deveres sociais. Com a necessidade de oferecer uma nova constituição ao Curso, este Projeto de renovação e revitalização procura adequar-se a uma nova realidade de currículo. 2 IDENTIFICAÇÃO DO CURSO O curso de Letras foi criado e autorizado por meio do Decreto nº de 13/03/2000, tendo o primeiro vestibular em janeiro daquele mesmo ano, oferecendo 40 (quarenta) vagas. O curso foi criado para atender a demanda de professores qualificados nas áreas de Línguas, Comunicação Expressão, Redação e Literatura, nas escolas Estaduais, Municipais e
10 Particulares de São Luís de Montes Belos e região. O curso de Letras da UnU-São Luís de Montes Belos Go, é um curso que funciona em regime seriado anual de licenciatura plena em Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Tem duração mínima de quatro anos e máxima de seis anos com uma carga horária total de horas. O curso funciona no turno matutino oferecendo, no máximo, 40 vagas por ano. A primeira Matriz curricular do curso a ser chancelada tinha a carga horária de horas e a última turma que integralizou currículo nessa matriz foram os concluintes de A Matriz Curricular deste projeto terá vigência a partir do ano de 2009 com o ingresso da turma selecionada pelo vestibular do mesmo ano. Assim, durante três anos seguidos (2009, 2010, 2011) o curso terá duas Matrizes em vigência. Uma aprovada e chancelada em 2004, com carga horária de horas, conforme a Resolução CsU nº 33/03, que a partir de 2004, foi unificada para todos os cursos de Letras da UEG. Essa Matriz foi chancelada por meio da Resolução nº 049/2006, em 18 de dezembro de 2006 com a carga horária de horas, distribuídas em teoria e prática e a Habilitação em Língua Portuguesa, Língua Inglesa e suas respectivas Literaturas. E a outra, a atual, com vigência a partir de 2009, com carga horária de e Habilitação em Língua Portuguesa e Inglesa, conforme descrita acima. 3 HISTÓRICO DA UEG A proposta de criação da UEG não é recente. A mobilização entre diversos segmentos da sociedade para implantação de uma Instituição de Ensino Superior pública, gratuita e de qualidade, no Estado de Goiás, tem seus primeiros registros datados da década de A Reforma Universitária, ocorrida em 02 de novembro de 1968, através da Lei 5.540, facilitou a disseminação do Ensino Superior, e em Goiás, foram criadas as Faculdades Isoladas. Nos anos de 1968 e 1987 foram organizados, pela Delegacia Regional do Ministério da Educação e Cultura em Goiás (DEMEC), o I e II Seminários sobre a Expansão do Ensino de 3º Grau, e, durante os mesmos, os movimentos sociais, tanto de professores quanto de alunos, evidenciaram o desejo de interiorização do Ensino Superior. A década de 1980 também foi marcada por uma série de mobilizações da União Estadual dos Estudantes (UEE) para a estruturação de uma Universidade Multicampi em Goiás. Até o ano de 1986, o Estado de Goiás, em termos de Ensino Superior, dispunha de 10
11 11 autarquias em funcionamento nos seguintes municípios: Goiânia, Anápolis, Goiás, Porto Nacional, Porangatu, Araguaina, Morrinhos, Iporá, Itapuranga e Quirinópolis. Através de outras treze leis autorizativas, o Chefe do Poder Executivo dispunha do poder de criá-las, mas algumas ficaram no papel, inclusive a lei nº , de 22 de maio de 1985,... Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a criar a Universidade Estadual de Anápolis - UNIANA. A Lei nº /91 criou a Universidade Estadual de Goiás com sede em Anápolis, originada a partir da Faculdade de Ciências Econômicas de Anápolis (FACEA) e a incorporação das treze demais IES existentes, mantidas pelo Estado, o que veio fortalecer a luta de diversos segmentos interessados na criação de uma Universidade Pública Estadual em Goiás. Um projeto de Universidade Estadual, elaborado pela Assembléia Legislativa, ainda no governo de Ary Ribeiro Valadão, através da Lei de nº 8772, de 15 de janeiro de 1980, delegava ao Poder Executivo autorização para criar a Universidade do Estado de Goiás com sede em Anápolis, sob a forma de Fundação; porém, o Decreto somente foi assinado pelo governador Dr. Henrique Antônio Santillo, que instituiu a Fundação Estadual de Anápolis, mantenedora da UNIANA, sob nº 3355, de 9 de fevereiro de A partir do sonho de se construir um projeto de Universidade democrática, solidamente enraizada em todas as regiões em que estivesse presente como instrumento de transformação regional e de inclusão social, nasce a Universidade Estadual de Goiás - UEG, resultado do processo de transformação da UNIANA e da incorporação das Instituições de Ensino Superior (IES) isoladas, mantidas pelo Poder Público Estadual, pelo Governador Marconi Ferreira Perillo Júnior, por força da Lei Estadual nº , de 16 de abril de 1999, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Goiás. A UEG foi organizada como uma Universidade Multicampi, tendo como sede central o campus da anteriormente denominada UNIANA. O artigo 2º da Lei Estadual nº , de 16 de abril de 1999, ao transformar a UNIANA e as demais faculdades na Universidade Estadual de Goiás, com sede em Anápolis, procedeu também à transformação da Fundação Universidade Estadual de Anápolis na Fundação Universidade Estadual de Goiás. As Unidades Universitárias, localizadas nas várias regiões do Estado, oferecendo cursos a distância, tecnológicos, seqüenciais e programas emergenciais de formação superior, além dos cursos regulares, integrados numa organização maior, conforme as peculiaridades regionais, cumpre suas finalidades estratégicas, oportunizando o acesso da juventude ao ensino superior público e gratuito, elevando o nível de formação técnico-profissional e
12 cultural do povo goiano, contribuindo para o processo de modernização e desenvolvimento, colocando o Estado de Goiás a patamares respeitáveis de competitividade econômica e política, seja em níveis regionais, seja em níveis nacionais. Com a publicação da Lei nº , de 30 de maio de 2008, a UEG é transformada em autarquia, com a denominação de Universidade Estadual de Goiás. 3.1 Perfil institucional Da Missão Institucional da UEG: Missão original constante do Estatuto da Fundação Universidade Estadual de Goiás: Pesquisar, desenvolver, organizar, divulgar e partilhar conhecimentos, ciências e percepções, ampliando o saber e a formação do ser humano para a atuação sócioprofissional solidária e coerente com as necessidades e a cultura regionais, com o objetivo de que homens e mulheres conquistem sua cidadania, num projeto de sociedade equilibrada, nos parâmetros da eqüidade. Por ocasião da elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento Institucional (2001 a 2004), a missão da UEG passou a ser: Produzir e socializar o conhecimento científico e o saber, desenvolver a cultura e a formação integral de profissionais e indivíduos capazes de inserirem-se criticamente na sociedade e promoverem a transformação da realidade sócio-econômica do Estado de Goiás e do Brasil. (PDI, 2003, v. 1, p. 26). 3.2 Das Finalidades: As finalidades da UEG constam do artigo 5º do Estatuto da Instituição, homologado pelo Decreto nº 5.130, de 03/11/ Área de atuação A UEG, através de suas Unidades Universitárias e Pólos, atua em todas as áreas do conhecimento, segundo a classificação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, com 35 cursos regulares que se desdobram em 131, 3 cursos de ensino à distância, desdobrados em 12 e 10 cursos de graduação tecnológica, desdobrados em 19. Oferece, ainda, cursos de graduação para formação de professores, por meio de programas especiais de valorização dos Profissionais de Educação, além de prestar outros serviços relevantes à sociedade.
13 Órgãos de administração superior da UEG Conselho Universitário O Conselho Universitário é o órgão normativo e deliberativo supremo da Instituição, com atribuições definidas no Estatuto da UEG, sendo a última instância de recurso da Instituição Reitoria A Reitoria, composta pelo Reitor e Pró-Reitores, é o órgão executivo superior da UEG, cabendo-lhe representá-la, coordená-la, fiscalizá-la, bem como acompanhar e supervisionar o desenvolvimento dos trabalhos de suas Unidades Universitárias, prover meios e recursos para Ensino, Pesquisa e Extensão, implementar políticas e estratégias de desenvolvimento e avaliar os resultados das atividades acadêmicas, em todos os níveis e em todas as Unidades Universitárias, executando as deliberações do Conselho Universitário e do Conselho Acadêmico da Universidade Conselho Acadêmico O Conselho Acadêmico da Universidade supervisiona e delibera, técnica e administrativamente, sobre Graduação, Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão, Cultura, Assuntos Estudantis e Cursos Seqüenciais. O Conselho Acadêmico da Universidade é composto pelas Câmaras de Graduação, de Pesquisa e de Pós-Graduação, as quais, dentre as competências específicas da sua área de atuação, instruem processos a serem deliberados pelo CsA. As Pró-Reitorias são órgãos executivos responsáveis pelo planejamento, coordenação, execução, controle, supervisão e avaliação das atividades de Graduação, Pesquisa, Pós- Graduação, Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis. 3.5 Pró-Reitoria de Graduação - PrP A Pró-Reitoria de Graduação, parte integrante da Reitoria, tem como papel principal implementar, no âmbito da graduação, ações que viabilizem o cumprimento da missão institucional da UEG, no que diz respeito à produção e socialização do conhecimento
14 científico e do saber, realizando ações e procedimentos que busquem desenvolver a cultura e a formação integral dos alunos, para que se tornem capazes de inserção crítica na sociedade, buscando assegurar novos horizontes sócio-culturais, científicos, tecnológicos e econômicos, além de valorizar e implementar as diferentes vocações e potencialidades da cada uma das regiões que integram nosso Estado. A principal responsabilidade desta Pró-Reitoria é gerir o ensino de graduação, primando pela excelência de seus cursos, dando ênfase à construção do conhecimento e contribuição com a transformação dos sujeitos e da sociedade. Essa tarefa dá-se através de ações que buscam o aprimoramento científico-cultural e humanístico do corpo discente, docente e administrativo da UEG e também de procedimentos acadêmicos, integradores de nossos alunos, desde o ingresso até a conclusão de curso de graduação ou de curso superior de formação específica. Para tal, guia-se pelo princípio de que a formação é um processo contínuo e deve ser pautado pelo desenvolvimento da capacidade de ação crítica dos cidadãos, que deverá refletirse numa atuação profissional, ética, competente e de participação nos processos de desenvolvimento e transformação da sociedade. Compõe a Pró-Reitoria de Graduação: Coordenação Geral de Legislação e Normas, Coordenação Geral de Acompanhamento e Registro Acadêmico e Coordenação Geral de Gestão Curricular e Acadêmica. Compõem, ainda, a PrG: 1º Câmara de Graduação A Câmara de Graduação é um órgão deliberativo, com espaços de participação e representatividade estudantil na discussão dos rumos acadêmicos da UEG. A implantação e consolidação de uma política estudantil, em consonância com os objetivos e missão institucional é uma das suas obrigações, pois o ensino de graduação da UEG deve estimular e promover a participação dos acadêmicos em projetos de investigação científica e comunitária, que contextualizem com a realidade e o conhecimento científico adquirido durante o desenvolvimento do curso. A Câmara de Graduação destina-se ao acompanhamento, deliberação, orientação de todos os processos necessários ao desenvolvimento do ensino-aprendizagem conforme a legislação vigente em todas as instâncias e as estabelecidas no Estatuto e Regimento Geral da UEG. 2º - Sistema Acadêmico de Gestão Unificada - SAGU
15 15 O Sistema Acadêmico de Gestão Unificada SAGU foi concebido visando agilizar o processo dentro das secretarias acadêmicas e gerenciar todo o relacionamento do aluno com a Instituição. Ele permite o gerenciamento otimizado de todos os recursos envolvidos, de forma unificada, padronizando os documentos, como: histórico, declaração, certidão (com o mesmo modelo entre as Unidades Universitárias), possibilitando a interligação direta com outros sistemas como o UEGONLINE (sistema onde os professores podem cadastrar notas, freqüências, e os alunos acessarem as mesmas), o GNUTECA (Sistema de automação de todos os processos das bibliotecas) e o MATVET (Sistema de Cadastro de Matrizes Curriculares). 3º - Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais - SIBRE O Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais SIBRE, implantado em janeiro de 2001, integra 42 bibliotecas das Unidades Universitárias da UEG. Os acervos bibliográficos estão sendo automatizados no Software GNUTECA e serão interligados por redes, oferecendo acesso à informação a toda a comunidade acadêmica. O SIBRE tem como objetivo dar suporte às atividades de ensino, pesquisa e extensão, a fim de estimular a produção técnicocientífica, acadêmica e cultural da UEG. 4º - Laboratórios Os laboratórios, implantados na UEG, têm por fim a qualificação dos acadêmicos, por meio do treinamento profissional, da cooperação, do intercâmbio técnico e do desenvolvimento de ações sociais. São ambientes que promovem a integração, a formação profissional do aluno e a operacionalização da indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão em atividades de cunho acadêmico com reflexos sociais por meio, inclusive, da prestação de serviços à comunidade. 3.6 Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis - PrE A Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis PrE, órgão executivo da UEG, tem a atribuição de coordenar e superintender as atividades de extensão, cultura e assuntos estudantis, enfatizando a missão e os objetivos da UEG, bem como as políticas regionais e nacionais nessas áreas. Responsabiliza-se também pelo desenvolvimento e implementação de uma política de acompanhamento e apoio estudantil. As atividades extensionistas são pautadas, em seu desenvolvimento pela relação social de impacto, a bilateralidade, a interdisciplinaridade e a indissociabilidade ensino-pesquisa-
16 extensão. 3.7 Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação PrP A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação PrP tem como atribuição coordenar o ensino de pós-graduação stricto e lato sensu e as atividades de pesquisa na UEG. A pesquisa desenvolvida na Universidade é pautada nos princípios e elementos do método científico, salvaguardando as peculiaridades das ciências não-empíricas e das ciências naturais e sociais, praticadas e ensinadas na Universidade, objetivando a produção do saber e tendo a investigação científica como suporte, para a resolução de questões pertinentes à melhoria da qualidade de vida da sociedade. A Pós-Graduação é o processo de formação continuada para a superação no confronto de problemas, visando atender aos anseios da sociedade, contribuindo para a formação e a qualificação de cidadãos com consciência crítica, sob os critérios de equidade e democratização sociais. Sendo indissociáveis da Pesquisa, os Programas de Pós-Graduação orientam-se por eixos temáticos e grupos de pesquisa emergentes da Universidade, contribuindo para a consolidação dos mesmos, buscando a integração das atividades inerentes ao ensino, à pesquisa e à extensão. São metas prioritárias da PrP a elevação da qualidade, por meio da qualificação do corpo decente, a inovação pela utilização de recursos tecnológicos na pesquisa e programas de formação continuada e a expansão pela busca de novas formas de financiamento e parcerias para as atividades programadas Iniciação Científica A Iniciação Científica é um instrumento de formação do aluno e tem por objetivo despertar a vocação científica, incentivar potenciais de novos talentos, estimular o pensamento científico e a criatividade nos estudantes de graduação. O aluno de iniciação científica participa de atividades de pesquisa sob a orientação de um pesquisador qualificado, tendo a possibilidade de aprender técnicas, métodos de pesquisa e de se qualificar para os programas de pós-graduação.
17 Pós-Graduação A Coordenação de Pós-Graduação Stricto-Sensu é responsável pelos cursos de pós, oferecidos pela UEG e, ainda, pelo levantamento de demanda e tramitação junto à CAPES de propostas de cursos stricto-sensu de mestrado e doutorado assim como pela análise de solicitação de afastamento para qualificação docente, em programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, consolidados e reconhecidos pelo Sistema Federal de Educação. 3.8 Pró-Reitoria de Administração, Planejamento e Finanças Além das atividades rotineiras das Pró-Reitorias existentes, são realizados alguns Programas que colaboram com a UEG no processo do desenvolvimento educacional, tanto regional como nacional, inserindo o cidadão no verdadeiro contexto do exercício da cidadania. 3.9 Programa Universidade Para os Trabalhadores da Educação Ministrado em todas as unidades universitárias e nos 9 pólos localizados em: Águas Lindas, Anápolis, Aruanã, Cristalina, Itapaci, Piranhas, Planaltina, Pontalina e Santo Antônio do Descoberto. A Universidade Estadual de Goiás implantou, em 1999, o Programa Universidade para Trabalhadores da Educação, incampando o maior Projeto de Formação de Professores do país: a Licenciatura Plena Parcelada. O programa, hoje, com nova denominação: Cursos Especiais de Formação em Licenciatura tem o objetivo de promover a graduação de professores das redes: pública, municipal e estadual, e da rede particular de ensino, para atender à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.294/96 a qual estabeleceu prazo, para que todos os professores em sala de aula fossem licenciados para tal, proporcionando melhores condições para o exercício profissional no campo da docência e da gestão escolar, contribuindo para o desenvolvimento educacional na região e a formação continuada dos profissionais. O Programa Universidade Para os Trabalhadores da Educação - uma experiência de sucesso na formação de professores, por meio dos Cursos Especiais de Formação em Licenciatura concretiza-se através de parcerias com a Secretaria de Estado da Educação, Associação Goiana de Municípios AGM, com adesão das prefeituras, sindicatos e
18 associações de professores da rede particular de ensino. Atualmente, a UEG conta com 42 Unidades Universitárias nos seguintes municípios: Anápolis CSEH, CET e EAD, Aparecida de Goiânia, Caldas Novas, Campos Belos, Ceres, Crixás, Edéia, Formosa, Goianésia, Goiânia ESEFFEGO e Laranjeiras, Goiás, Inhumas, Ipameri, Iporá, Itaberaí, Itapuranga, Itumbiara, Jaraguá, Jataí, Jussara, Luziânia, Minaçu, Mineiros, Morrinhos, Niquelândia, Palmeiras de Goiás, Pirenópolis, Pires do Rio, Porangatu, Posse, Quirinópolis, Sanclerlândia, Santa Helena de Goiás, São Luis de Montes Belos, São Miguel do Araguaia, Senador Canedo, Silvânia, Trindade e Uruaçu. Assim, em 2008, a UEG está presente em 51 cidades do Estado de Goiás, atingindo cerca de 20% da totalidade dos municípios, o que a coloca na posição de segunda maior Universidade Estadual do Brasil. 4 HISTÓRICO DA UnU - SÃO LUÍS DE MONTES BELOS Em funcionamento desde 1993, quando foi realizado o primeiro vestibular, a UnU de São Luís de Montes Belos-GO1, tem sido de suma importância para a cidade e a região, formando profissionais na área de educação, zootecnia, gestão pública e gestão do agronegócio. Ela tem se destacado por atender uma demanda desses profissionais na comunidade local, em vários municípios circunvizinhos, de outras regiões do Estado e, nos últimos anos, de outros Estados. Embora a UnU tenha realizado seu primeiro processo seletivo em 1993, a sua criação já havia sido idealizada a mais de 20 anos, surgindo em 1973 as primeiras manifestações para a implantação do Ensino Superior na cidade. O caminho foi longo e, como em todo processo de desenvolvimento, surgiram dificuldades e muitos obstáculos para concretização desse projeto. Foi uma luta que se caracterizou pela participação da sociedade, representada por vários segmentos e por entidades locais. O movimento que deu início à mobilização foi o que criou a Associação montebelense do Ensino Superior (AMES). Liderada por alguns membros da comunidade, chamou a atenção de outros segmentos da sociedade local. Dentre eles o Bispo Dom Stanislaw, funcionários da 1 Inicialmente a Unidade recebeu o nome de FECIL-BELOS Faculdade de Educação Ciências e Letras de São Luís de Montes Belos. Este nome foi utilizado até a junção com as outras Faculdades Isoladas no Estado para a criação da Universidade Estadual de Goiás.
19 19 Delegacia Regional de Educação, da Secretaria Municipal de Educação, Sindicatos, Liga Montebelense de Futebol, Igrejas, Rotary Clube, Lojas Maçônicas, Câmara dos Diretores Lojistas (CDL), Câmara de Vereadores, Profissionais Liberais e outros2. Foram realizadas várias campanhas para arrecadar fundos para implantação da Faculdade de São Luís de Montes Belos. Nesta ocasião foi adquirido um terreno e contratou-se um profissional para a elaboração do Projeto de criação da Faculdade de São Luís. Porém, vários fatores impediram a realização desse projeto. A sanção do Ministério de Educação e Cultura (MEC) proibindo a abertura de Faculdades em todo território nacional foi um deles. Mas a luta não parou. Em 1982 foi feita uma reivindicação verbal ao prefeito, na época o Sr. Waldemir Xerife de Souza Guimarães, para que se implantasse a Faculdade, havendo uma manifestação pública na inauguração do Ginásio de Esportes José Neto. Na oportunidade, várias lideranças políticas, dentre elas o Governador do Estado o Sr. Íris Rezende Machado, prometeu viabilizar a instalação da mesma. Vale ressaltar que, de acordo com Germano (1994), o início da década de 1980 foi marcado por uma significativa mobilização da sociedade civil brasileira, em prol da organização de várias entidades que representavam um movimento de oposição ao regime militar. Além do fortalecimento dessas entidades, os partidos de oposição já vinham ganhando espaço político e se tornando uma ameaça ao regime militar. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), por exemplo, nas Eleições de 1982 sagrou-se vitorioso e elegeu o novo governador no Estado de Goiás, Sr. Íris Rezende Machado. Como ressalta a Justificativa n o 3 do Documento (UnU de São Luís de Montes Belos, 2005), datado de 30/05/1985, entregue ao Governador Íris Rezende, requerendo a criação de uma Faculdade em São Luís de Montes Belos, a cidade foi um marco da oposição ao Regime Militar. Logo, fica implícito que a implantação de uma Faculdade na cidade representava um reconhecimento do Governo ao povo montebelense na ocasião do apoio oferecido ao movimento de abertura política liderado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em dezembro do mesmo ano, a reivindicação foi atendida e, por meio da Lei n o de 10 de setembro de 1985 e do Decreto n o de 19 de Dezembro de 1985, o Governo do 2 Foi elaborado um documento, requerendo a implantação de uma Faculdade em São Luís de Montes Belos, foi assinado por entidades (Lojas Maçônicas, Representantes de várias Igrejas, Representantes de Sindicatos, Representantes esportivos), órgãos públicos (Câmara Municipal e Prefeitura, Delegacia Regional), Escolas Estaduais e Particulares. 3 Essa Lei autoriza o Governo a criar, em forma de autarquia, Faculdade de Educação, Ciências e Letras nos municípios de: Morrinhos, Gurupi, Iporá, Jussara Goianésia, Quirinópolis, São Luís de Montes Belos, Formosa, Luziânia, e Santa Helena de Goiás.
20 Estado de Goiás criou a Faculdade de Educação, Ciências e Letras de São Luís de Montes Belos - FECIL-BELOS. Posteriormente o Decreto n o de 26 de novembro de 1992, alterou o Art. 3 o da Lei 2.532/1985, que propunha formar profissionais nas áreas de Ciências Humanas e Letras, por meio dos Cursos de Letras, História, Geografia e Estudos Sociais. A partir do Decreto 3.891/92, a instituição deveria formar profissionais de nível superior nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências da Saúde por meio dos Cursos de Licenciatura Plena em Pedagogia, com habilitações em Administração Escolar e Magistério das Séries aniciais, Curso de Administração Escolar e Curso de Zootecnia. Embora o MEC tenha dificultado a criação de instituições de ensino superior na década de 1980, essa atitude do Governo do Estado representa um caminho inverso tanto em relação à política do MEC para a contensão da expansão do ensino superior, quanto em relação à proposta de diminuir os investimentos públicos nesse nível de ensino. A FECIL-BELOS funcionava como uma instituição autárquica, com duração indeterminada e personalidade jurídica de direito público, dotada de autonomia patrimonial, financeira, administrativa, disciplinar e didático-científico, sendo jurisdicionada à Secretaria da Educação (Art. 8 o do Dec. 2532/85). Embora houvesse um esforço local para ampliação do ensino superior público, em nível nacional isso não acontecia. Apesar ter sido criada em 1985 a FECIL-BELOS só realizou o seu primeiro processo seletivo em 1993, quando o Curso de Pedagogia, por meio do Parecer nº 131/93 Conselho Estadual de Educação de 20/01/93 e da Portaria de Autorização do dia 09 de Setembro de (Decreto Federal), foi autorizado a funcionar. Sob a direção da professora Luiza de Paula Correia e a Coordenação da professora Ederlaine Fernandes Braga, no ano de 1993, realizou-se o primeiro vestibular, oferecendo 60 vagas, divididas em 02 (duas) turmas, sendo 30 (trinta) para Habilitação em Magistério e 30(trinta) para Habilitação em Administração Escolar, iniciando as aulas em janeiro de O Curso de Pedagogia foi reconhecido pelo Decreto nº 4.937, de 10 de agosto de 1998, publicado no DOE-GO de 14 de agosto do mesmo ano. De acordo com este Decreto, o Curso ficaria reconhecido a partir de 1997 por 05 (cinco) anos letivos. No ano de 2000, cria-se o curso de Letras por meio do Decreto nº O curso funciona no período matutino e atende a clientela que deseja formar-se na área, mas não podem e/ou não desejam estudar no período noturno. Em 2008, a UnU-São Luís de Montes Belos conta com quatro cursos regulares reconhecidos pelo MEC: Letras, Pedagogia, Zootecnia e Tecnologia em Laticínios. Além
21 21 desses cursos regulares, a unidade possui Licenciatura curta em Educação Física e História. 5 JUSTIFICATIVA DO CURSO Os fatores que justificam o curso de Letras na região de São Luís de Montes Belos estão relacionados principalmente a duas realidades. A primeira diz respeito à importância da interiorização da Educação Superior no Estado de Goiás, dadas as dificuldades de acesso da população de baixa renda, aos grandes centros. Além disso, as estatísticas revelam as necessidades de profissionais qualificados para atuarem na Educação Básica, já que são grandes as deficiências de leitura, de escrita e de interpretação nas escolas de todos os níveis, especialmente no ensino básico. Esses fatores, acrescidos de outros problemas de aprendizagem, requerem profissionais qualificados para enfrentar essa situação. A segunda realidade inerente à primeira, diz respeito às habilitações oferecidas pelo curso: a falta de profissional qualificado para trabalhar a Língua Inglesa nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Essa carência é evidente no início de todo ano letivo quando a Subsecretaria de Educação do Estado lança mão dos contratos pró-labore e as escolas particulares buscam esses profissionais em outras localidades. Considerando as metas do PNE/2001 de matricular pelo menos 30% de jovens entre 18 a 24 anos e elevar para 40% das matrículas no Ensino Superior em instituições públicas (BRASIL, 2001), o curso de Letras desta UnU tem contribuído significativamente uma vez que 58,3% dos alunos classificados nos processos seletivos a tem até 22 anos. Outro fator importante que justifica a existência do curso de letras é a contribuição para com as políticas de interiorização e democratização do acesso ao ensino superior. Nesse sentido, os dados do Núcleo de Seleção da UEG apontam que 93,4% dos alunos residem em cidades do interior do Estado de Goiás e de outros estados. Além disso, 77% desses alunos afirmaram ter renda familiar de até três salários mínimos mensais e 82% deles têm três ou mais pessoas que vivem desta renda. Portanto, mais de ¾ das famílias dos alunos vivem com média de até um salário mínimo por pessoa. Conclui-se com isso, que esses estudantes não teriam condições econômicas de pagar mensalidades em instituições privadas ou condições de se manterem nos grandes centros para estudar. Os dados mostram também que diferente de outras universidades públicas, a UEG tem 4 Dados fornecidos pelo Núcleo de Seleção da UEG.
22 possibilitado o ingresso de alunos que concluíram a educação básica em escolas públicas. Dos alunos do curso, 88,5 afirmaram ter estudado na educação básica apenas em escolas públicas. Outra informação importante é o fato de 29,5% dos alunos ter escolhido esse curso da UEG por acreditar na sua qualidade e 53,8% terem escolhido cursar Letras na UEG por ser gratuito. Desde que o curso de Letras foi criado em São Luís de Montes Belos, toda a região é beneficiada com a formação de profissionais qualificados para atuarem nas escolas estaduais, municipais e particulares, proporcionando mudança significativa na qualidade de ensino dessa área. Considerando que as deficiências na leitura e na escrita são os principais entraves na educação brasileira e que a formação de bons professores é fundamental para solucionar o problema, as contribuições do curso nessa região justificam a sua existência. Por entender que a UEG é uma instituição pública e democrática e, por isso mesmo, se põe como o lugar da oportunidade para aqueles que desejam se formar conforme seu desejo, necessidade e interesse devem sustentar-se pela qualidade e não pela quantidade. A realidade que serve de base para a existência do curso é uma realidade diversificada, contraditória, exigente, multifacetada e multicultural. Em face a essa diversidade, a universidade atual só tem um caminho a construir, o da participação com os grupos que a ela se aliam por áreas afins. No caso da formação humana, as ciências da educação e, especificamente, as ações pedagógicas responsáveis pela formação do professor competente para trabalhar na realidade das escolas estaduais e municipais, não podem ignorar esse local como campo de pesquisa e experiência. A tônica difundida hoje pela comunidade recai sobre a relevância da formação de professores para atuarem na formação básica. Cerca de 80% dos alunos que concluem o Ensino Médio procuram a Universidade para prosseguir seus estudos, dentre estes 60% dão prioridade aos cursos de Licenciaturas, inclusive ao próprio curso de Letras. O Curso atua na qualificação dos professores que trabalham na Educação Básica, a fim de garantir aprendizagens essenciais à sua formação, possibilitando-lhes competências suficientes para difundir o desenvolvimento social, econômico e cultural da região. É notório que só a existência de educadores capacitados e comprometidos com o processo ensino-aprendizagem poderá garantir condições básicas para o funcionamento da escola como uma dimensão pedagógica da qual ela tanto se ressente nos dias de hoje. As mudanças na maneira de se pensar a formação do profissional de Letras, porém, não garantiram inovações e alterações imediatas nas licenciaturas, e alguns dilemas ainda persistem e que no geral, são:
23 23 separação entre disciplinas de conteúdos e disciplinas pedagógicas; bacharelado versus licenciatura; desarticulação entre formação acadêmica e realidade prática; licenciaturas noturnas com precárias condições de funcionamento, entre outros problemas. Para discutir o último dilema apontado, é preciso destacar ainda, que o curso de Letras da UnU-São Luís de Montes Belos funciona no período matutino para atender aqueles que não podem ou não querem estudar à noite. Essa condição minimiza problemas de qualidade que normalmente enfrentam os cursos de licenciatura noturnos. Nas últimas décadas do século XX, constitui-se em âmbito mundial novas exigências no campo educacional, em conseqüência do avanço da ciência, da implementação, da microeletrônica na base de produção e da globalização dos mercados. Tais ocorrências, vinculadas ao modelo político-econômico neoliberal, caracterizam-se pelas transformações sociais, econômicas, políticas e culturais que afetam a sociedade como um todo e os sistemas educacionais em especial. Junto com um intenso progresso no campo tecnológico, a intensificação da informação e dos processos comunicacionais incidem problemas sociais, especialmente relacionados com a ampliação da exclusão social. A educação escolar, nesse contexto, assume responsabilidades cruciais, uma vez que a inserção crítica das novas realidades do mundo contemporâneo depende substancialmente de um processo de escolarização que valorize o conhecimento, o desenvolvimento das capacidades cognitivas, a formação ética e a formação da cidadania crítica e participativa através da formação de professores. A proposta de formação de professores tem sido alvo de crítica dos mais diversos setores da sociedade. As reformas educacionais, em curso desde a década de 70, tanto no Brasil como nos outros países da América Latina, apresentam como principais objetivos adequar o sistema educacional ao processo de reestruturação produtiva e à nova organização do Estado, bem como colocam a formação de professores na centralidade desse processo. Uma questão importante que se apresenta para esta proposta é a da globalização, caracterizada pelos seus efeitos homogeneizantes nas esferas das finanças e da política, e também pela cristalização regionalizada das mazelas socioeconômicas, haja vista que os sistemas de proteção e desenvolvimento social permanecem nacionalizados. Desse modo, o Curso de Letras deve contribuir, para que a tecnologia continue se desenvolvendo através da formação de quadros e da geração de conhecimento para esta
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