ORIENTAÇÃO DE TRABALHOS
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- Filipe Schmidt Diegues
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1 ORIENTAÇÃO DE TRABALHOS Rosangela Maria Dalagnol Parizzi 1 RESUMO: O presente artigo tem por objetivo oferecer subsídios e levantar algumas questões sobre os projetos de trabalho para as feiras de matemática, delineando critérios e definindo papéis. Percebe-se a preocupação dos professores em lidar com o saber de forma significativa, desmistificando a matemática e produzindo conceitos com a efetiva participação do aluno e do seu contexto. Aborda também a construção do projeto, a escolha do tema, a forma de condução das atividades, o papel do professor e do aluno numa sequencia lógica para exposição pública do trabalho realizado em sala de aula, discorrendo sobre as etapas de orientação durante o processo pedagógico. Palavras-chave: aprendizagem, matemática, projeto. ABSTRACT: This article aims to provide insight and raise questions about the work projects for math fairs, outlining criteria and defining roles. We can see the concern of teachers in dealing with knowledge significantly demystifying mathematics concepts and producing with the effective participation of the student and its context. Discusses also the construction of the project, the choice of topic, how to conduct the activities, the role of teacher and student in a logical sequence for public exhibition of the work done in the classroom, discussing the steps of orientation during the educational process. Keywords: learning, math, project. INTRODUÇÃO A Feira de Matemática visa motivar os educandos na busca de novos conhecimentos, desmistificando a matemática, produzindo conceitos, integrando as diversas áreas do conhecimento e desenvolvendo o pensamento científico. O aluno expositor torna-se sujeito de sua aprendizagem e aprende no processo de produzir, levantar dúvidas, pesquisar e criar relações que incentivem novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções.... a busca do sentido do ensinar-e-aprender Matemática seria, pois, uma busca de acessar, reconstruir, tornar robusto, mas também flexíveis os significados da Matemática que é ensinada-e-aprendida (FONSECA, 2002b, p. 3) Para tanto, faz-se necessário personagens para dar consistência ao projeto a ser realizado: o(s) aluno(s) expositor(es) e o professor orientador, ambos devem ser investigadores e pesquisadores, aprendizes e capazes de enfrentar desafios, comprovar e justificar resultados e a desenvolver estratégias. 1 Pedagoga com especialização em séries iniciais Supervisor de Educação Básica e Profissional / GERED/Joaçaba Coordenadora das Feiras Regionais de Matemática Membro da Comissão Permanente das Feiras de Matemática, roparizzi@yahoo.com.br.
2 O trabalho com a matemática em sala de aula representa um desafio para o professor que exige e conduz o ensino de forma significativa e estimulante para o aluno. Cabe então buscar novas formas de trabalhar com a matemática, de modo que os alunos percebam que pensamos e agimos matematicamente o tempo todo e que a matemática, portanto, faz parte da vida e pode se aprendida de uma maneira dinâmica e desafiante. Imagine-se a dificuldade em tarefas simples como anotar ou discar um numero telefônico, comparar preços e pesos; e em atividades um pouco mais elaboradas, como acessar uma caixa eletrônica para conseguir um simples saldo bancário ou analisar o tal saldo com números positivos e negativos ou ao passar por um viaduto, nos cálculos ali embutidos; ao divertir-se com um joguinho de computador, na qualidade de conhecimento matemático ali inserido (José Rui Giovani- 2005). Ao falar de matemática enquanto vivência e experiência e pensar em qualidade de ensino, a feira de matemática é o espaço pedagógico privilegiado para divulgar o reconhecimento dos trabalhos de pesquisa e atividades matemáticas realizados nas escolas. Diante do exposto, busca-se nessa reflexão discorrer sobre o processo de orientação de trabalhos para as feiras de matemática (papel do professor) durante todo o processo pedagógico. ORIENTAÇÃO Pesquisar é uma maneira inteligente de estudar e aprender, promover o desenvolvimento cognitivo dos alunos possibilitando-lhes adquirir capacidades de análise e resolução de problemas no contexto escolar ou no seu cotidiano. O professor também é um pesquisador. Uma boa orientação estimula a criatividade, o desenvolvimento do raciocínio lógico, a iniciativa pessoal e o trabalho coletivo, bem como fornece ferramentas que ajudam o aluno a enfrentar desafios, comprovar e justificar resultados, a desenvolver estratégias, analisar e interpretar criticamente as informações apresentadas nos diversos meios de comunicação, tornando o aprendizado mais significativo. Também possibilita que os alunos interajam de forma cooperativa, trabalhando coletivamente na busca de soluções para problemas propostos, identificando aspectos consensuais ou não na discussão de um assunto, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles. É fundamental que a questão a ser pesquisada parta da curiosidade, das dúvidas, das indagações dos alunos, e não imposta pelo professor. Isto porque a motivação é intrínseca e própria do individuo. Também podem ser escolhidos pelos alunos entre um conjunto de temas sugeridos pelo professor, porém, é importante que o professor dê abertura para que os alunos sugiram novos temas, desde que estes tenham relação clara com matemática. Professores relatam ter-se surpreendido com a quantidade de informações que os alunos trazem; como optam por questões diferentes, singulares, importantes, gerando oportunidades 2
3 de muitas buscas e experimentações. As situações problema podem apresentar diversas soluções possíveis, desde que possibilite conhecimentos matemáticos e tomada de decisão, por parte do aluno e que ele possa situar-se, perceber dados, e conceitos que vai precisar. Saber procurá-los ou criá-los, saber raciocinar e relacioná-los de modo a obter uma resposta que não fechada, única e definida, seja uma solução plausível dentro do contexto. (TV Escola- Conhecimento Matemático: desenvolvendo Competências para a Vida 2004). O professor orientador com seus alunos deve selecionar e analisar as informações obtidas e partir para tomada de decisão que de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais exigirá linguagem, procedimentos e formas de pensar matemáticos que devem ser desenvolvidos ao longo do trabalho, bem como a capacidade de avaliar limites, possibilidades de adequação das tecnologias em diferentes situações (PCN Ensino médio 2002). A escolha adequada de um tema promove a interação social, possibilita que os estudantes percebam e reflitam sobre os problemas da sua realidade, aplicando conteúdos conceituais, procedimentais e atitudes na sua vida gerando condições distintas de ensino e aprendizagem. Os professores do Ensino Regular atuam com turmas, então o conhecimento é trabalhado, discutido, aprofundado com todos os alunos. Para a Feira de Matemática, cabe ao professor, juntamente com seus alunos selecionar dois representantes para apresentação do trabalho. Se o professor trabalha com grupos estes já estão constituídos por afinidade ou interesses específicos. É importante que o trabalho desenvolvido seja inserido para a feira na categoria e na modalidade adequada, presente no regimento da Feira Catarinense de Matemática, que deve ser lido e discutido juntamente com os orientadores. Os critérios de avaliação devem ser a base para a discussão, formulação e apresentação, porém o processo de orientação deve ser visto como construção do conhecimento, análise da realidade, da reflexão, do estabelecimento de relações, da observância de causas, de conseqüências, de continuidades, de oposições, e jamais, como um fim para garantir uma premiação, estimulando a competitividade, empregando assim os conceitos de aquisição e de transmissão, e não o de construção. Um projeto de trabalho pode assumir um papel relevante no ensino e na aprendizagem da matemática, para tanto há que se delinear critérios e definição de papéis: Papel do aluno pesquisador, construtor e socializador de conhecimento, sujeito de sua aprendizagem. Papel do professor pesquisador, mediador, provocador de reflexões, facilitador de recursos, materiais e informações, avaliador de resultados, sistematizador. Autoria em cooperação, alunos e professor. Contexto realidade da escola, comunidade e vida do aluno, conceitos matemáticos. Para que construção e socialização de conhecimentos relacionados a situações problemáticos significativos. 3
4 Decisões heterárquicas, sem verticalidade do poder e do saber, definições compartilhadas. Objetivo aprimoramento do raciocínio lógico matemático, construção, seleção, organização, interpretação e avaliação do conhecimento. Resultados Desvinculados da competição, voltados para o espírito de investigação e desenvolvimento do conhecimento matemático. Um projeto para a feira de matemática não se restringe a coleta de informações, pressupõe a interpretação desses dados, a ação orientada por essa interpretação e uma produção; este é o meio privilegiado para melhor compreender uma situação e poder intervir de forma fundamentada. Escolha do tema e disposição (professor e aluno) para realização da pesquisa com ênfase nos conceitos matemáticos, estabelecendo conduções propícias para as atividades, indicando possibilidades e necessidades. Ajustar a redefinição de objetivos, metas, conteúdos e estratégias. Orientação e acompanhamento para a coleta, seleção, análise de dados e elaboração do projeto. Definição democrática dos alunos que apresentarão o trabalho na Feira de Matemática. Promover a crítica e a autocrítica de forma a permitir que os expositores possam interferir na dinâmica dos acontecimentos. Análise da relevância, eficiência, eficácia, impacto e sustentabilidade do trabalho. Acompanhamento sistemático para elaboração do resumo e do relatório que deverão estar no estande da feira. Inscrição do trabalho para a feira, com atenção para a categoria e modalidade nas quais o trabalho está inserido. Preparação dos alunos para exposição do trabalho respeitando o tempo (sugestão: 20 min); linguagem clara e objetiva; sequência lógica (sem decoreba), que identifique e transmita o conteúdo do trabalho; prepará-los para criticas e questionamentos; comprometimento com o trabalho e a apresentação. Acompanhar a montagem do trabalho na feira no local a ele destinado. Permanecer junto aos alunos durante exposição evitando inserções e interferências durante a avaliação. Orientar os alunos (e a si mesmo) para que acatem as decisões dos grupos de trabalho e da coordenação. O trabalho com projetos possibilita ao professor colocar em ação metodologias investigativas, proporcionando aos alunos a possibilidade de perceber a matemática como uma construção sócio-histórica, impregnada de valores que influenciam na vida humana; 4
5 aprenderão a valorizar o processo de criação do saber e não um produto final, uma matemática pronta, acabada e sem significado. Na sequencia, relato de uma professora que corrobora com as reflexões e afirmações contidas neste artigo: FEIRAS DE MATEMÁTICA grande paixão. Sou Juciana Souza de Araujo Soares, sempre fui apaixonada pelas feiras de matemática, buscando sempre que possível participar. Desde muito cedo, ainda na vida escolar tive oportunidade de participar de feiras de matemática, enquanto aluna e depois, enquanto professora e tive muitas conquistas nesta caminhada e muitos destaques que foram conquistados com bastante significação. Participei com meus alunos de inúmeras feiras escolares, municipais, regionais, estaduais e da I Feira Nacional de Matemática no qual também fomos destaque, falando em números participei enquanto professora orientadora, numas 10 feiras com destaque em quase todas. A participação nas feiras de matemática, deram-me a oportunidade de levar um pedacinho da sala de aula pra socializar com a comunidade em geral, no qual aprendi, troquei experiência e ensinei. Em sala de aula os trabalhos sempre foram amplos, sempre trabalhados de forma significativa, valorizando a realidade, construindo partir dali possibilidades para ensinar, sempre enfatizei, que podemos trabalhar com o que temos, sendo criativos e transformadores. O alvo principal foi o aluno, os trabalhos sempre foram antes estudados, aplicados pela turma toda. Dependendo da série que lecionava, abordava conjuntos de conteúdos e nunca um só conteúdo, pois como sempre foi um processo continuo, conforme os meses iam passando o trabalho com os conteúdos iam acontecendo e isso favorecia para a agregação no projeto para a feira de matemática. As escolhas dos títulos foram de forma que não me delimitassem a um só conteúdo: ex: aprendendo matemática de forma lúdica; compreendendo eu aprendo matemática; a magia do tangran na matemática; a matemática no corpo humano... Outro aspecto importante é que nada era decorado e sim os alunos ao expor sabiam o que estavam falando e exemplificavam, faziam o público interagir, sempre tinham novidades, desafios, técnicas e ensinamentos diferentes de como abordar os conteúdos matemáticos. Como sempre trabalhei com 1º ao 5º ano nunca esqueci da forma que o aluno aprende: de forma lúdica, explorando o concreto, dando significação ao desenvolvimento do aluno, até conseguir proporcionar a compreensão da abstração dos conteúdos matemáticos. Não tem segredo nenhum em participar de uma feira de matemática, mas tem comprometimento, estudos, pesquisas, relatos, empenho e gostar de projetos, mas só tem sentido, quando parte de um trabalho feito em sala de aula, com toda turma, com propósito de levar uma mostra do que é feito no dia a dia em sala de aula. 5
6 Quanto à escolha dos alunos, ai é claro que temos que oportunizar a todos, e isto já fazia parte do trabalho, pois os alunos sabiam que apenas alguns iriam apresentá-lo, diante disso buscavam se superar e fazer o melhor, e às vezes a vontade e crescimento era tanto que o aluno era merecedor devido ao empenho em querer participar da feira de matemática. A matemática escolar não reduz ao cálculo, mas promove a capacidade de pensar em termos matemáticos e de usar idéias matemáticas em contextos diversos. Não é através da memorização e mecanização de definições e procedimentos que os alunos irão atingir os principais objetivos visados por ela. Ao contrário, a aprendizagem deve ocorrer por meio da compreensão e da reinvenção do aluno, com base na dinâmica e na interação com sua realidade, com o propósito de despertar o pensamento e raciocínio para os desafios da descoberta. Propostas como a das Feiras de Matemática, extrapolam o âmbito acadêmico, na medida em que motivam estudantes e professores a conhecerem mais sobre o seu entorno, valoram as ações dos envolvidos e instigam a comunidade escolar a serem sujeitos na construção da escola. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTONI, Nilza Eigeeer. Conhecimento Matemático: desenvolvendo Competências para a Vida. TV Escola/Salto para o Futuro, Boletim de Março de Brasília: MEC, FONSECA, J.J.S. Caderno de orientações didáticas para EJA. São Paulo: Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Apostila. GIOVANI, José Rui e GIOVANI JUNIOR, José Rui. Matemática Pensar e Descobrir. São Paulo: Editora FTD, MICHAELIS, Dicionário prático da Língua Portuguesa, 2ª Ed. São Paulo: Editora Melhoramentos, Orientações curriculares para o ensino médio, vol. 2, Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias / Secretaria de Educação Básica Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Parâmetros curriculares nacionais: matemática, vol. 3 / Secretaria de Educação Fundamental Brasília: MEC/SEF,
7 Programa Gestão da Aprendizagem Escolar Gestar II, Matemática: Caderno de teoria e pratica 4 TP4: construção do conhecimento matemático em ação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Programa de Gestão da Aprendizagem Escolar Gestar II, Matemática: Caderno de teoria e pratica 5- TP5: diversidade cultural e meio ambiente: de estratégias de contagem as propriedades geométricas. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,
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