Cenários Mercadológicos da Saúde: Perspectivas Internacionais e Brasileiras

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1 Cenários Mercadológicos da Saúde: Perspectivas Internacionais e Brasileiras André Medici XIII Congresso Nacional das Operadoras Filantrópicas de Planos de Saúde São Paulo (SP), 25 e 26 de Julho de 2018

2 Temas a abordar 1 PERSPECTIVAS INTERNACIONAIS 2 PERSPECTIVAS BRASILEIRAS

3 PERSPECTIVAS INTERNACIONAIS

4 Tendências Mundiais do Mercado em Saúde 1. Desafios Sociais: A cobertura universal de saúde passou a ser um compromisso em todos os países e a população passa a cobrar dos governos e da sociedade a tarefa de cumpri-lo. 2. Desafios Competitivos: Provedores e financiadores procuram formas inovadoras e rentáveis para a organização dos cuidados integrados de saúde, centradas no paciente, baseadas em resultados, remuneradas por valor e com uso em massa de tecnologia da informação. Cerca de 100 milhões de pessoas estão na extrema pobreza (menos de US$1.90 por dia) por terem que pagar mais do que podem por serviços de saúde; Cerca de 12% da população mundial (800 milhões) pagam mais de 10% de sua renda mensal com serviços de saúde); Pelo menos 50% da população mundial não tem cobertura completa dos serviços essenciais básicos de saúde; Aumentar eficiência, qualidade e remuneração numa economia da saúde cheia de incertezas; Mudanças no perfil da força de trabalho em saúde; Engajar o paciente e avaliar sua experiência nos serviços; Responder a complexas regulações e políticas de saúde; Investir em tecnologias que reduzem custo, aumentam o acesso e melhoram a qualidade; Passar da remuneração em volume para valor.

5 Cobertura Universal é a garantia de... Serviços Essenciais e de Qualidade para todos Coordinação da gestão e compromisso com resultados Proteção Financeira com múltiplas fontes de recursos Subsidios cruzados dos mais saudáveis aos mais doentes Subsídios cruzados dos mais ricos aos mais pobres 5

6 Pilares da Cobertura Universal nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Todos recebem serviços com qualidade e proteção financeira Acesso e Capacidade de Resposta Gestão Eficiente Equidade e Justiça Qualidade Forma Sustentável 6

7 Como alcançar a cobertura universal de saúde? Através de 3 Dimensões: Inclusão da População: Todos devem ter acesso aos serviços e meios de cuidar de sua saúde. Inclusão dos Serviços: Busca progressiva pela integralidade da atenção incluindo novos serviços. Proteção Financeira: Reduzir o nivel de gasto direto das famílias com saúde até o seu desaparecimento. 7

8 Tres temas para viabilizar la cobertura universal de salud Definir Beneficios Epidemiologia Garantir Equidade Espaço Fiscal Capacidade financeira Sustentabilidade 8

9 Dimensões do Mercado em Saúde: 2015 Em dólares correntes: US$ 7,4 trilhões. (População 7,4 bilhões) Em dólares com paridade do poder de compra: US$ 9,4 trilhões. 9,9% do PIB Mundial 59.2% gasto do governo 40,8% gasto privado Gasto direto das famílias: 18,1% do gasto total em saúde mundial

10 O Mercado em Saúde em 2015 por Regiões Regiões (Banco Mundial) População (Milhões) Gasto em Saúde Per- Capita (US$ corrente) Gasto em Saúde Percapita (US$ PPP) Gasto em Saúde (% PIB) Participação do Gasto Público (%) Asia do Leste e Pacífico 2279,1 626,1 959,60 6,8 57,7 Europa e Ásia Central 907,8 2089,1 2645,9 9,3 77,5 América Latina e Caribe 633,0 636,5 1081,3 7,4 51,7 Oriente Médio e Norte da Africa 424,2 415,8 1056,6 5,5 59,6 América do Norte (sem México) 357,3 9031,1 9040,4 16,3 51,5 Ásia do Sul 1744,2 58,2 211,9 3,7 25,6 Africa Sub-Sahariana 1001,0 84,9 198,7 5,4 34,7 Mundo 7346,7 1001,7 1300,1 9,9 59,2

11 Características dos Mercados de Saúde por Região Mundial -1

12 Características dos Mercados de Saúde por Região Mundial -2

13 13

14 Participação do Gasto Público no Gasto Total em Saúde na América Latina 14

15 Gastos Públicos em saúde como % do PIB em Países Selecionados da América Latina 15

16 Crescimento do Gasto Público em Saúde na América Latina 16

17 Participação do Gasto Público em Saúde no Gasto Total do Governo em Países Selecionados da América Latina 17

18 Alguns Marcadores Epidemiológicos do Mercado em Saúde O gasto global de saúde crescerá 4.1% ao ano no período depois de crescer apenas 1.3% no período ; A expectativa de vida mundial deverá crescer de 73 para 74 anos e a população com mais de 65 anos alcançará 635 milhões (11.5% da população); A mortalidade anual por malária alcançou em mil casos depois de chegar a 1 milhão em Número de pessoas diabéticas passará dos atuais 415 milhões para 642 milhões em Atualmente o número de casos de dementia (50 milhões) é estimado em dobrar nos próximos 20 anos, passando a ser uma doença de um trilhão de dolares

19 Fatores Indutores do Mercado em Saúde nos Próximos Anos Cobertura Universal Continuidade e Integração do Cuidado Mix Público- Privado Regulada pelos Governos Proteção Financeira [ Continuidade e Integração, APS, Linhas de Cuidado Separação dos papéis de regulação, financiamento e provisão e Subsídio público aos mais pobres 19

20 Princípios que orientarão os mercados de saúde 20

21 Focalização Entorno Populacional... Centrado no En Paciente...e Comunitário 21

22 Integração Integração Clínica e Financeira Custos por Paciente e Por Patologia Pagamento associado aos resultados e não aos processos Sistemas de informação Clínica e Financeira Integrados Cordenação e Integração do Cuidado Redes de Saúde integradas e cuidado distribuido por nivel de complexidade e natureza da intervenção Integração entre domicílio, ambulatório, clínica, laboratório e hospital Sistemas de informação centrados no paciente em toda a rede Integração de Equipes Multiprofissionais e Pacientes Grupos de trabalho multiprofissionais integrados independentemente de aonde estão na rede. Trabalho de equipe em todos os níveis com informação disponibilizada on line e pacienes integrados com papel definido na linha de cuidados. 22

23 Valor A Tripla Meta Melhor Cuidado Paciente Qualidade Melhor Saúde População Gastos Menor Custo Adaptado de Porter, M.E., What is Value in Healthcare, NEJM, 2010, 363:

24 A métrica do valor e da qualidade Valor= Resultados/Custos Qualidade= (Relevância x Resultados)/Desperdício Métricas a serem desenvolvidas: (1) resultados clínicos de cada ciclo completo de cuidado; (2) custos de cada ciclo completo de cuidado; (3) relevancia das ações tomadas em cada ciclo completo de cuidado; (4) desperdício de recursos em cada ciclo completo de cuidado. 24

25 Um mercado cada vez mais dependente de inovações Capital Tecnologia da Informação Insumos EQUIPAMENTOS MÉDICOS, INFRAESTRUTURA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GERENCIAL, REGISTROS MEDICOS ELETRÔNICOS, BIGDATA, INTEROPERABILIDADE MEDICAMENTOS, IMUNOBIOLÓGICOS TECIDOS, PROTESES, ETC. 25

26 ...geradas de forma cada vez mais rápida Numero de anos para atingir um mercado de 50 milhões de usuários instagram facebook internet 0,5 3,5 4 tv 13 radio 30 telefone

27 Com custos que, ainda que mais elevados que a inflação, tendem a diminuir Custos Anuais de Incorporação de Tecnologia Médica nos Estados Unidos: PWC, Health Research Institute, Behind the numbers, 2018 (USA) 27

28 Comentarios Adicionais Aumento nos níveis de renda, envelhecimento e estilos de vida são frequentemente apontados como indutores do mercado de saúde não relacionados à saúde. Inovações em produtos farmacêuticos e equipamentos médicos são baseadas em pesquisas que podem levar a um aumento, mas também podem reduzir custos. Muitos novos medicamentos e equipamentos médicos estão associados a novos tratamentos que evitam a internação e oferecem soluções mais rápidas e seguras para aumentar o bem-estar do paciente a custos mais baixos. A transição do pagamento por volume de serviços para pagamentos baseados em valor também contribui para reduzir os custos de saúde; Promoção, prevenção e diagnóstico precoce podem evitar muitos tratamentos dispendiosos

29 PERSPECTIVAS BRASILEIRAS

30 Características do Mercado em Saúde no Brasil Dois segmentos: SUS e Saúde Suplementar, Além destes dois segmentos, existem pessoas que recorrem a entidades de saúde pagando de seu próprio bolso. Antes da crise de 2014, a maior parcela do financiamento da saúde (cerca de 40%) vinha do orçamento das famílias. Atualmente essa proporção pode ser muito maior, pois as necessidades de saúde tendem a ser inelásticas e as famílias tendem a pagar de seu próprio bolso.

31 Os Efeitos da Crise iniciada em 2014 Entre 2014 e 2016 os brasileiros ficaram em média 10% mais pobres. Havia esperança de que as reformas (trabalhista, previdencia, tributaria) trouxessem de volta o crescimento, mas as reformas foram adiadas. A crise, na ausência de reformas necessárias, reduziu o gasto público federal em saúde em 2017 e provavelmente em Os Estados podem ter sido mais afetados ainda. A crise teve seu fundo do poço entre 2014 e 2017 e, com isso, empurrou muita gente da saúde suplementar para o SUS. Entre agosto de 2014 e dezembro de 2017 o número de beneficiários de planos de saúde caiu de 50,3 para 47.3 milhões de beneficiários (uma perda líquida de 3 milhões de segurados). Mas, entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018, verificase uma ligeira recuperação de 47,3 para 47,4 milhões de beneficiários. Mas ainda estamos muito aquém do nível pré-crise em termos de tamanho do mercado.

32 Gastos públicos federais cresceram muito nos últimos anos. Mas com a crise...

33 A participação do gasto federal no gasto público se reduz, dado o aumento dos gastos dos Estados e Municípios...

34 O Governo Federal tem sido um grande fator de limitação dos gastos em saúde no Brasil

35 Gastos em saúde nem sempre respondem ao ciclo econômico...

36 Mesmo assim, antes da crise, o crescimento do gasto em saúde foi maior que o do PIB

37 E tudo isso num contexto onde a preferência da sociedade é ter um plano privado de saúde

38 Os gastos do SUS se direcionam aos mais pobres Fonte: Edson Araujo (Banco Mundial) 2018

39 A maioria dos Hospitais Brasileiros são pequenos para ser eficientes Há um processo de deseconomia de Escala Fonte: Edson Araujo (Banco Mundial) 2018

40 Na APS a eficiência é diretamente proporcional a cobertura da ESF, mas inversamente proporcional ao gasto per-capita Fonte: Edson Araujo (Banco Mundial) 2018

41 Opções para o financiamento da saúde no Brasil Fazer a conta de quanto custa a saúde dos pobres e garantir esses recursos. Aumentar as opções de financiamento da saúde para quem pode pagar. Aumentar as sinergias entre o financiamento público e o privado de saúde (especialmente no que diz respeito a saúde suplementar)

42 Otimizar a utilização dos recursos disponíveis Gerir melhor o acesso à tecnologia e aos procedimentos caros, com uma solução explícita para reduzir a judicialização. Intensificar promoção, prevenção e diagnóstico precoce para todos os riscos Utilizar modalidades de acesso com maior uso de pessoal qualificado e cuidado integral (one stop shop) em cada unidade de saúde Passar do pagamento por serviços ao pagamento por valor e performance.

43 MUITO OBRIGADO Andre Medici