Identidades Graduadas e o Produto Tensorial de Álgebras
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1 Universidade de Brasília Instituto de Ciências Exatas Departamento de Matemática Identidades Graduadas e o Produto Tensorial de Álgebras por Gabriel Silva Carvalho Orientador: José Antônio Oliveira de Freitas Brasília 2014
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3 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade de Brasília. Acervo C331 i Car va l ho, Gabr i e l Si l va. I den t i dades graduadas e o produ t o t ensor i a l de á l gebras / Gabr i e l Si l va Car va l ho f. ; 30 cm. Di sser t ação (mes t rado) - Un i ver s i dade de Bras í l i a, I ns t i t u t o de Ci ênc i as Exa t as, Depar t amen t o de Ma t emá t i ca, I nc l u i b i b l i ogra f i a. Or i en t ação : José An t ôn i o Ol i ve i ra de Fre i t as. 1. Ál gebra. 2. Grassmann, Teor i a da ex t ensão de. 3. Po l i nômi os. I. Fre i t as, José An t ôn i o Ol i ve i ra de. I I. Tí t u l o. CDU 512 3
4 Aos meus pais, à Leni e à Camila.
5 Agradecimentos Primeiramente, agradeço a Deus por essa oportunidade. A minha família, em particular aos meus pais Joaquim e Jurany por me mostrarem a importância do estudo, conhecimento, educação e dedicação. Por nunca terem deixado faltar nada, tanto no sentido físico quanto sentimental. A Leni por todo carinho e atenção nos momentos mais difíceis. Aos meus irmãos por serem os meus exemplos. Vocês são a minha eterna inspiração. À Camila, por todo amor e paciência que empregou nessa caminhada ao meu lado. Agradeço por mesmo nos momentos mais difíceis não ter me deixado desistir e por sempre ter acreditado em mim. A sua força durante todos esses anos foi essencial. A sua família por todo apoio e carinho que me ofereceram durante esta caminhada. Ao professor José Antônio por ter me aceitado como orientando de mestrado, mesmo na adversidade do meu limite de tempo escasso. Agradeço por tanto conhecimento compartilhado, pela paciência, pelas sugestões e por sempre me receber com extrema cordialidade e educação. Agradeço por tudo o que me ensinou. Aos demais membros da banca examinadora, formada pelos professores Alexei Krassilnivok e Thiago Castilho de Mello, por terem aceitado avaliar o meu trabalho. A todos os professores e funcionários do Departamento de Matemática da UnB. Em particular, gostaria de agradecer ao professor Mauro Luiz Rabelo, pelo valioso período em que estive no PETMAT, aprendendo muito sobre Matemática, sobre a docência e sobre responsabilidade social. Agradeço a professora Aline Gomes da Silva Pinto por em seu curso de Álgebra 2 ter feito eu me apaixonar pela área. Aos meus amigos, por todos os momentos de descontração que passamos juntos. Em particular, a Victor Jatobá e a Bruno Xavier por todas as manhãs, tardes e noites de estudo. Pelas pizzas e risadas compartilhadas. Sem vocês esta experiência não teria sido a mesma. Agradeço também a Yuri Santos que mesmo a quilômetros de distância sempre esteve disposto a ajudar e trocar valiosas informações sobre álgebra.
6 Resumo Neste trabalho introduzimos as noções básicas do estudo de PI-álgebras. Descrevemos um sistema de geradores das identidades polinomiais graduadas das álgebras do tipo M α (E) M β (E), em que E é a álgebra de Grassmann e α e β são funções que induzem uma Z 2 -graduação sobre E. Apresentamos uma forma alternativa para a prova de uma das PI-equivalências do Teorema de Kemer. Apresentamos resultados que relacionam as identidades graduadas das álgebras A e A E. Como resultado mostramos a PI-equivalência entre M 2 (E) e M 1,1 (E) E, um caso particular do Teorema de Kemer. Palavras-chave: PI-álgebras, identidades graduadas, produtos tensoriais, álgebras de Grassmann.
7 Abstract In this work we introduce the basics of the studies of PI-álgebras. We describe a system of generators of graded polynomial identities of algebras of type M α (E) M β (E), where E is the Grassmann algebra and α e β are maps that induce a Z 2 - gradings. We show an alternative proof of some of the PI-equivalences of kemer s theorem. We present results that relate the graded identities of the algebras A and A E. As a result, we show the PI-equivalence of M 2 (E) and M 1,1 (E) E, a particular case of Kemer s Theorems. Keywords: PI-algebra, graded identities, tensor products, Grassmann algebra.
8 Sumário Introdução 1 1 Identidade Polinomiais e PI-Álgebra Álgebras Identidades Polinomiais T-ideais e variedades de álgebras Polinômios homogêneos e multilineares Produto Tensorial e Identidades Polinomiais Representações de grupos Álgebras Graduadas Álgebras Graduadas Representação de S n T-ideais Graduados e Espaço Polinomial Multilinear A codimensão de uma Álgebra Base Multiplicativa Identidades Polinomiais Graduadas de Álgebras T -primas As subálgebras M α (E) M β (E) Identidades polinomiais graduadas de M α (E) M β (E) Identidades monômiais multilineares de M α (E) Identidades Polinomiais Graduadas de A E A função ζ J Identidades graduadas para A E Identidades Z n Z 2 -graduadas de M n (E) A álgebra M 2 (E) Considerações Finais Bibliografia 92
9 Introdução Uma identidade polinomial de uma álgebra associativa A sobre um corpo é um polinômio em variáveis não-comutativas que se anula sobre toda a álgebra. Uma álgebra que satisfaz ao menos uma identidade não trivial é chamada de PI-álgebra. São exemplos de PI-álgebras as álgebras comutativas, as álgebras de dimensão finita e as álgebras de matrizes quadradas sobre corpos. O objetivo de estudar PI-álgebras é tentar entender como a existência de identidades polinomiais influência a estrutura das álgebras que as satisfazem. Identidades polinomiais de álgebras são encontradas em trabalhos antigos de Dehn [9] e Wagner [36]. Mas o interesse geral na PI-teoria começou após o artigo de Kaplansky [22]. Mais tarde, Kaplansky, em [23], também elaborou uma extensa lista de problemas relevantes na teoria de anéis com vários problemas que hoje são estudados pela PI-álgebra. Na mesma epóca foi demonstrado o Teorema de Amitsur-Levistsky [3] o qual afirma que a álgebra M n (K) das matrizes n n sobre um corpo K satisfaz a identidade standard de grau 2n. Ainda na mesma época Spetch apresentou o seguinte problema: O T-ideal de identidades polinomiais satisfeitas por uma álgebra é sempre finitamente gerado?. Este problema ficou conhecido como o problema de Specht. A resposta afirmativa deste teorema, em característica zero, foi obtida por Kemer [25] e [24]. Em seu trabalho, Kemer ainda classificou as álgebras T-primas, a menos de PIequivalência, no que ficou conhecido como o teorema do produto tensorial de Kemer. Denotamos por A B se A e B satisfazem as mesmas identidades polinomiais. Teorema (Kemer). Se K é um corpo de característica zero, então i) E E M 1,1 (E); ii) M p,q (E) E M p+q (E); iii) M p,q (E) M r,s (E) M pr+qs,ps+qr (E). Provas alternativas deste teorema foram dadas em [32], [10] e [12]. Também foi provado em [4] e [5] que para característica positiva as afirmações i) e ii) falham. Por outro lado, Kemer não mostrou como encontrar as bases finitas. Atualmente a
10 descrição das identidades é conhecida apenas para algumas álgebras. algumas descrições em [15], [26], [27] e [29]. 2 Encontramos Devido ao trabalho de Kemer, uma importante parte do estudo de PI-álgebras se concentra nas identidades graduadas das matrizes M n (K) e M n (E), onde E denota a álgebra de Grassmann. Muito sobre estas graduações foi feito em [35], [34], [17] e [10]. Em [7], Bahturin e Drensky descreveram a relação entre identidades G-graduadas da álgebra G-graduada M n (K) e as identidades G H-graduadas das álgebras M m (K) M n (K), onde M n (E) possui H-graduação. Nesta dissertação apresentamos os fundamentos da PI-teoria além de nos aprofundarmos no estudo das identidades G-graduadas das álgebras M n (E) e alguns de seus produtos tensoriais. Mais especificamente, daremos uma base das identidades Z n Z 2 -graduadas da álgebra das matrizes M n (E) e faremos uma demonstração alternativa da afirmação iii) do teorema de Kemer. Também apresentaremos as subálgebras de M m (E) que não admitem identidades monomiais não triviais e descreveremos a sequência de cocaracteres da álgebra M 2 (E). No Capítulo 1 são introduzidos os conceitos e resultados básicos da PI-teoria. Também construímos e exemplificamos o Produto Tensorial e apresentamos os conceitos básicos da representação de grupos. No Capítulo 2 nos aprofundamos no estudo de PI-álgebras apresentando a G- graduação e as identidades G-graduadas de uma álgebra. Mostramos a relação entre o T-ideal e o T G -ideal graduado. Apresentamos o espaço dos monômios multilineares graduados Vn G e definimos a sequencia de codimensões. Estudamos as definições básicas de representações de grupos simétricos e por fim o conceito de base multiplicativa. No Capítulo 3 nos concentramos nos resultados obtidos por Di Vincenzo e Nardozza em [14]. Estudamos álgebras do tipo M α (E) M m (E), onde α : {1,..., m} Z 2 é uma função que induz uma Z 2 -graduação sobre E. Mostraremos que o produto tensorial M α (E) M β (E), onde M β (E) M n (E), pode ser visto como uma álgebra Z mn - graduada e descreveremos um sistema de geradores das suas identidades polinomiais. Por fim mostraremos de forma alternativa a afirmação iii) do teorema de Kemer. No Capítulo 4 nos concentramos nos resultados obtidos em [13]. Tomamos a K- álgebra G-graduada A e consideramos a álgebra A E. Deduzimos então as identidades G Z 2 -graduadas de A E partindo das identidades G-graduadas de A. Mostramos também a PI-equivalência entre M 1,1 (E) E e M 2 (E), um caso particular do teorema de Kemer. Por fim apresentamos a sequência de cocaracteres de M 2 (E).
11 Capítulo 1 Identidade Polinomiais e PI-Álgebra Neste capítulo introduziremos definições básicas que serão necessárias para o desenvolvimento e compreensão da dissertação, construindo alguns dos principais objetos de estudo, como a álgebra de Grassmann E e a álgebra das matrizes sobre a álgebra de Grassmann M n (E). Alguns dos resultados apresentados neste capítulo foram encontrados em [2] e [18]. Iniciaremos com a definição de álgebra e seus resultados elementares, definimos identidades polinomiais, PI-álgebras e T-ideais. Depois, definimos variedades de álgebras e estudamos sua relação com T-ideais. Apresentaremos as definições e consequências básicas sobre representações e por fim construímos o produto tensorial sobre R-módulos. 1.1 Álgebras Seja A um espaço vetorial sobre um corpo K, então: Definição Dizemos que A é uma álgebra (ou K-álgebra) se A é munido com uma operação binária (i.e. uma função : (A, A) A) chamada multiplicação, tal que para quaisquer a, b, c A e qualquer α K, temos: i. (a + b) c = a c + b c ii. a (b + c) = a b + a c iii. α(a b) = (αa) b = a (αb). Denotaremos a multiplicação por e escreveremos ab ao invés de a b Definição Dizemos que uma álgebra A é:
12 1.1 Álgebras 4 i. Associativa se o produto de A é associativo, isto é, (ab)c = a(bc), para quaisquer a, b, c A. ii. Comutativa se o produto é comutativo, isto é, se ab = ba para quaisquer a, b A. iii. Unitária(ou com unidade) se o produto de A possui elemento neutro, isto é, se existe 1 A A tal que 1 A a = a 1 A = a para todo a A. Para melhor compreensão, mencionaremos alguns exemplos de álgebras sobre um corpo K. Dentre estes, chamamos atenção para os Exemplos 1.1.4, e que serão importantes no decorrer do trabalho. Exemplo Qualquer extensão L do corpo base K com a operação usual é uma K-álgebra. A dimensão da K-álgebra é a sua dimensão como K-espaço. Se a dimensão é finita, A chama-se álgebra de dimensão finita. Exemplo Seja M n (K) o espaço vetorial das matrizes n n com entradas em K. Munido da operação produto usual de matrizes, M n (K) é uma álgebra com unidade, que é exatamente a matriz identidade I n n. Destacamos que nesta álgebra as matrizes e ij, com 1 i, j n, onde e ij é a matriz elementar cuja única entrada não nula está na i-ésima linha e j-ésima coluna, formam uma base para M n (K) e, portanto, dim M n (K) = n 2. Generalizando, se A é uma K-álgebra e se consideramos o espaço vetorial M n (A) de todas as matrizes n n com entradas em A, definindo um produto em M n (A) análogo ao produto usual em M n (K), obtemos uma estrutura de K-álgebra em M n (A). Exemplo Sejam G um grupo e K um corpo. Denotaremos por KG = K[G] o conjunto de todas as somas formais finitas α g g; α g K. O conjunto KG possui g G estrutura de anel com respeito as operações ( ) ( ) + : α g g + β g g = g + β g )g g G(α g G g G ( ) ( ) : α g g β h h = g β h )gh = g G h G g,h G(α γ l l, l G em que 0 = ( ) 0 g e λ α g g = g )g, para λ K, l = gh e γ l = α g β h, para g G g G(λα g, h G. g G
13 1.1 Álgebras 5 Assim, munido destas operações, temos que KG é uma K-álgebra associativa e unitária com unidade 1 K 1 G, onde G (visto em KG) forma uma base para KG. Assim segue que dim KG = G. A álgebra KG é dita uma álgebra de grupo sobre K. Ela tem importante papel no estudo de representações, em especial a álgebra KS n, onde S n é o grupo das permutações. Exemplo O K-espaço M k,l (K) = ( P R ) Q, S onde P, Q, R e S são matrizes de dimensão k k, k l, l k e l l, respectivamente, com k l > 0, é uma K-álgebra associativa, unitária e não comutativa de dimensão (k + l) 2, com o produto usual de matrizes. Definição i. Um subespaço S da álgebra A é chamado de subálgebra se é fechado para a multiplicação, isto é, se s 1, s 2 S implica que s 1 s 2 S ii. Um subespaço I de A é um ideal (bilateral) de A se xa, ax I, para quaisquer x I e a A. Seja agora A uma álgebra e I um ideal de A. Consideramos o espaço vetorial quociente A/I = {a + I a A}, onde a + I = {a + x x I}. Para cada a A, vamos denotar a + I por a. As operações de soma e produto por escalar são definidas por a + b = a + b e λa = λa para a, b A e λ K. Considere agora o produto : A/I A/I A/I (a, b) a b = ab. Este produto está bem definido e é bilinear. Portanto, A/I munido desta operação é uma álgebra, chamada de álgebra quociente de A por I. Definição Seja A uma álgebra associativa com unidade e S um subconjunto de A. Definimos: i. A subálgebra de A gerada por S, denotada por K S, como sendo a interseção de todas as subálgebras de A que contém S {1}.
14 1.1 Álgebras 6 ii. O ideal de A gerado por S como sendo a interseção de todos os ideias de A que contém S. Se A = K S, então dizemos que S gera A como álgebra ou que S é um conjunto gerador de A como álgebra. Uma caracterização de subálgebra gerada e ideal gerado por um conjunto de uma álgebra associativa é dada a seguir. Sejam A uma álgebra associativa com unidade e S um subconjunto não vazio de A. Então: i. A subálgebra de A gerada por S coincide com o subespaço de A gerado pelo conjunto {1, s i1 s i2 s ik i 1, i 2,..., i k I, s i S}, onde I é um conjunto de índices. Note que o produto s i1 s ik irá abranger diferentes comprimentos. ii. O ideal de A gerado por S coincide com o subespaço de A gerado por {asb s S, a, b A}. Definição Sejam A e B duas álgebras. Uma transformação linear φ : A B é um homomorfismo de álgebras se φ(xy) = φ(x)φ(y) para todo x, y A. Se A e B possuírem unidade, vamos exigir que φ(1 A ) = 1 B. Se o homomorfismo φ for bijetor, ou seja injetor e sobrejetor, dizemos que φ é um isomorfismo. Quando existe um isomorfismo φ : A B, dizemos que A e B são álgebras isomorfas e denotaremos por A = B. Se φ é um homomorfismo de A em A dizemos que φ é um endomorfismo. Denotamos por i. EndA o conjunto de todos os endomorfismos de A. ii. Imφ a imagem da transformação φ, isto é, Imφ = {φ(a) a A}. iii. Kerφ o núcleo de φ, isto é, Kerφ = {a A φ(a) = 0}. Exemplo Seja V um K-espaço vetorial. Então End K (V ), o conjunto das transformações lineares de V munido da composição de funções, é uma K-álgebra com unidade (operador identidade). É bastante conhecido e de fácil verificação que Kerφ é ideal de A e que Imφ é subálgebra de B. Com isso, temos o importante teorema do homomorfismo de álgebras.
15 1.1 Álgebras 7 Teorema (Teorema do homomorfismo de álgebras). Sejam A e B álgebras e φ : A B um homomorfismo de álgebras. Então A/Kerφ = Imφ. Vamos agora construir um importante objeto que será amplamente utilizado e estudado no decorrer desta dissertação, a álgebra de Grassmann. Para tal, começaremos apresentando a álgebra livre. Sejam X = {x 1, x 2,...} um conjunto enumerável de variáveis não comutativas. A álgebra livre associativa K X livremente gerada por X sobre K é o K-espaço que tem por base o conjunto de monômios {x i1... x in n = 0, 1, 2,...}, onde chamamos estes monômios de palavras e denotaremos por 1 a palavra vazia (comprimento zero). Dois monômios da álgebra K X são iguais se eles possuem o mesmo comprimento e termos iguais nas respectivas posições, ou seja, x i1 x i2 x in = x j1 x j2 x jm se, e somente se, n = m e i 1 = j 1, i 2 = j 2,..., i n = j n. Os elementos de K X são chamados de polinômios. Consideremos em K X a multiplicação de monômios definida por justaposição, ou seja, (x i1 x i2 x in ) (x j1 x j2 x jm ) = x i1 x i2 x in x j1 x j2 x jm. Podemos estender esta operação para todo K X por linearidade. Com isso, K X munido deste produto é uma álgebra associativa com elemento neutro 1. A cardinalidade de X é chamada de posto. Observe que se a cardinalidade de X for finita a construção de K x 1,..., x n é análoga. Agora, finalmente, vamos construir a álgebra de Grassmann, encerrando os nossos exemplos de álgebras sobre um corpo. Exemplo Seja K X a álgebra livre sobre X = {x 1, x 2,...}, de posto enumerável e seja I o ideal bilateral gerado pelo conjunto dos polinômios {x i x j +x j x i i, j 1}. Então a álgebra de Grassman E é tal que E = K X /I. Se escrevermos e i = x i + I para i = 1, 2,..., então E tem a seguinte representação E = 1, e 1, e 2,... e i e j = e j e i, para todo i, j 1, pois e i e j + e j e i = (x i + I) (x j + I) + (x j + I) (x i + I) = (x i x j + x j x i ) + I = 0 + I. Denote por S n o grupo simétrico sobre {1, 2,..., n}. É fácil ver que para quaisquer 1 k < l n e i1 e ik 1 e ik e ik+1 e il 1 e il e il+1 e in = e i1 e ik 1 e il e ik+1 e il 1 e ik e il+1 e in, uma vez que e i e j = e j e i. Portanto, escrevendo qualquer permutação σ S n como produto de transposições, obtemos que
16 1.2 Identidades Polinomiais 8 e σ(i1 ) e σ(in) = (sgnσ)e i1 e in, em que sgnσ é o sinal da permutação σ (i.e, sgnσ = 1 se σ for par e sgnσ = 1 se σ for ímpar). Segue que B = {1, e i1 e ik 1 i 1 <... < i k } gera E sobre K. Vamos verificar agora que B é base de E. De fato, suponha que n h = α i w i = 0 é uma relação com o número minimal de coeficientes não-nulos α i, i=1 onde w i B. Se o elemento e m aparece em w 1, mas não aparece em w 2, temos que n e m w 1 = 0, pois e 2 i = 0, e que e m h = α i e m w i = 0. Isto contradiz a minimalidade de h, portanto B é base de E. É conveniente escrever E na forma E = E 0 E 1, onde E 0 = span{e i1 e i2k 1 i 1 <... < i 2k, k 0} E 1 = span{e i1 e i2k+1 1 i 1 <... < i 2k+1, k 0}, de onde temos que E 0 E 0 + E 1 E 1 E 0 e E 0 E 1 + E 1 E 0 E 1. i=2 1.2 Identidades Polinomiais Seja K um corpo, X um conjunto de variáveis não comutativas e K X a álgebra livre associativa de X sobre K. Escreveremos um polinômio f K X da forma f = (x 1, x 2,..., x n ) para indicar que x 1,..., x n X são as únicas variáveis que ocorrem em f. Definimos deg(αm), o grau do monômio αm, α K, como o comprimento da palavra m. Da mesma forma, definimos deg xi (αm), o grau de αm na variável x i, como o número de ocorrências de x i em αm. Naturalmente, o grau de f, denotado por deg f, é o grau máximo entre seus monômios. Análogo para deg xi f. Exemplo Seja m(x, y, z) = 2x 2 yz 3 x. Temos que deg x m = 3, deg y m = 1, deg z m = 3 e deg m = 7. Exemplo Seja f(x 1, x 2, x 3 ) = 2x 2 1x 2 x 3 3x 1 3x 1 x 2 x 4 3, temos que deg x1 f = 3, deg x2 f = 1, deg x3 f = 4 e deg f = 7. Sejam A uma álgebra e h : X A uma função arbitrária de modo que h(x i ) = a i, para x i X e a i A. Esta aplicação pode ser estendida unicamente por um homomorfismo φ h : F X A tal que φ h (1) = 1 A e φ h (x i1 x i2 x in ) = a i1 a i2 a in, onde φ h h = h.
17 1.2 Identidades Polinomiais 9 Esta propriedade é conhecida como Propriedade Universal de K X. Dado f = f(x 1,..., x n ) K X, denotamos por f(a 1,..., a n ) a imagem de f por φ h. Note que, como A é álgebra, f(a 1, a 2,..., a n ) é um elemento de A obtido por substituição dos x is por a is em f. Definição Seja A uma K-álgebra e f = f(x 1,..., x n ) K X. Dizemos que f é uma identidade polinomial de A, se f(a 1, a 2,... a n ) = 0, para todos a 1, a 2,..., a n A. Seja Φ o conjunto de todos os homomorfismo φ : K X A. Então é claro que f 0 é identidade polinomial de A se, e somente se, f Ker φ. De fato, se φ Φ f(x 1, x 2,..., x n ) 0 então para qualquer φ : K X A, temos que φ(f(x 1,..., x n )) = f(φ(x 1 ),..., φ(x n )) = f(a 1,..., a n ) = 0, logo f Kerφ, para qualquer φ Φ. Assim, f φ Φ Ker φ. Por outro lado, se f φ Φ Ker φ, então dados quaisquer a 1,..., a n e uma função h : X A; h(x i ) = a i, para i = 1,..., n, existe um homomorfismo φ : K X A, tal que φ X = h, daí segue que 0 = φ(f(x 1,..., x n )) = f(φ(x 1 ), φ(x 2 ),..., φ(x n )) = f(a 1,..., a n ), logo f = f(x 1,..., x n ) é identidade de A. Dizemos que f 0 é uma identidade de A ou que A satisfaz f 0. Como f = 0 é uma identidade polinomial trivial para qualquer álgebra A, temos a seguinte definição: Definição Se uma K-álgebra A satisfaz uma identidade polinomial não trivial f 0, então dizemos que A é uma PI-álgebra ou álgebra com identidades polinomiais. Para melhor compreender o conceito de PI-álgebra, vamos ver alguns exemplos. Exemplo Se A é uma álgebra comutativa e [x, y] = xy yx o comutador de Lie. Então A é uma PI-álgebra, pois f(x, y) = [x, y] 0 em A. Exemplo Se A é uma álgebra nilpotente, ou seja, A n = 0 para algum n N, então A é uma PI-álgebra. De fato, é uma identidade para A. f(x 1,..., x n ) = x 1 x n
18 1.3 T-ideais e variedades de álgebras 10 Exemplo Seja UT n (K) a álgebra das matrizes triangulares superiores de ordem n sobre K. Para simplificar o caso, vamos começar avaliando n = 3. Note que, se x, y UT n (K), então 0 k 1 k 2 [x, y] = xy yx = 0 0 k 3, para quaisquer x, y UT 3 (K). Vemos então que [x, y] é triangular estritamente superior. Tomando o caso geral, em UT n (K) temos que [x, y] é estritamente triangular superior para todo n. Assim, temos que [x, y] n = 0, pois a primeira coluna de [x, y] é nula e a cada produto uma coluna subsequente se anula. Portanto, UT n (K) é PI-álgebra, pois satisfaz o polinômio f(x 1, x 2,..., x 2n ) = [x 1, x 2 ] [x 2n 1, x 2n ]. Exemplo Primeiramente, note que na álgebra das matrizes M 2 (K) se a = [x, y], com x, y M 2 (K), temos que tr(a) = 0. Por outro lado, o polinômio característico é tal que x 2 tr(a)x + det(a)i = 0, em que I = I 2 2. Substituindo x por a, temos que a 2 = det(a)i. Assim, a 2 é uma matriz escalar e então comuta com qualquer outra matriz. Daí, M 2 (K) é uma PI-álgebra, pois satisfaz o polinônio [ [x, y] 2, z ] Exemplo A álgebra de Grassmann E é uma PI-álgebra, pois satisfaz a identidade polinomial [[x, y], z] 0. De fato, como E 0 coincide com o centro de E, qualquer comutador de dois elementos de E torna-se uma combinação linear de monômios e i s de comprimento par. Assim, [E, E] E 0 e a conclusão é imediata. 1.3 T-ideais e variedades de álgebras Dada uma álgebra A, denotamos por T (A) = {f K X f 0 em A} o conjunto das identidades polinomiais de A. Claramente, T (A) é um ideal bilateral de K X, pois se f 0, então af 0 e fa 0, para todo a K X. Mais ainda, se
19 1.3 T-ideais e variedades de álgebras 11 f(x 1, x 2,..., x n ) T (A) e g 1,..., g n são polinômios arbitrários de K X é claro que f(g 1,..., g n ) T (A). Como todo endomorfismo de K X (homomorfismo de K X em K X ) é determinado pela função x g, em que x X e g K X, segue que T (A) é um ideal invariante com respeito aos endomorfismos de K X. Proposição Dado uma álgebra A, considere T (A) = {f K X f 0} o conjunto das identidades polinomiais de A. O conjunto T (A) é fechado sob os endomorfismo de K X. Demonstração. Sejam f = f(x 1,..., x n ) T (A), g 1, g 2,..., g n φ End(K X ), onde φ(x i ) g i. Temos que K X e tome φ(f(x 1,..., x n )) = f(φ(x 1,..., x n )) = f(g 1,..., g n ) 0, pois g i (a 1,..., a n ) A, com a 1,..., a n A e f T (A). Assim, φ(f) 0, para todo f K X. Logo φ (T (A)) T (A). Os ideais com essa propriedade são chamados de T-ideais. Definição Um ideal I de K X é um T-ideal se φ(i) I para todo endomorfismo φ de K X. Assim, temos que T (A) é um T-ideal de K X. Por outro lado, não é difícil verificar que todo T-ideal é deste tipo. De fato, se I é T-ideal, então K X é PI-álgebra, uma I vez que, se f(x 1,..., x n ) I e g 1,..., g n K X, então f(g 1,..., g n ) = f(g 1,..., g n ) = 0, pois f(g 1,..., g n ) I. Assim, I T (K X /I). Por outro lado, se f(x 1,..., x n ) T (K X /I), então para x i = x i + I temos 0 = f(x 1,..., x n ) = f(x 1,..., x n ). Logo, f(x 1,..., x n ) I e assim T (K X /I) I. Portanto, I = T (K X /I). Definição Dado um conjunto não vazio S K X, a classe de todas as álgebras A tais que f são identidades em A, f S, é chamada de variedade e denotada por V = V(S) determinada por S. Uma variedade V é não trivial se S 0 e é própria se S é não trivial e V (S) 0. Exemplo Seja S = {[x, y]}, então V(S) é a classe de todos as álgebras comutativas.
20 1.3 T-ideais e variedades de álgebras 12 Exemplo Seja S = {x n }, então V(S) é a classe de todas as álgebras que são nil de expoente limitado n. Se S K X, denotamos por S T o T-ideal gerado por S. Assim, S T = T (A). Definimos então que T (V) = S T. O teorema de Birkhoff caracteriza A V(S) uma variedade. Teorema (Birkhoff). Seja V uma classe não vazia de álgebras. Então V é uma variedade se, e somente se, i. Se A V e B A é um monomorfismo (homomorfismo injetor), então B V. ii. Se A V e A B é um epimorfismo (homomorfismo sobrejetor), então B V. iii. Se {A λ } λ Γ é uma família de álgebras e A λ V, para todo λ Γ, então λ Γ A λ V. Tomemos agora uma variedade V, uma álgebra A V e Y A um subconjunto de A. Dizemos que A é relativamente livre sobre Y, se para qualquer álgebra B V e para qualquer função α : Y B, existe um homomorfismo β : A B estendendo α. Este homomorfismo é único. Quando V é a variedade de todas as álgebras, a definição coincide com a de álgebra livres sobre Y. Teorema Sejam X um conjunto não vazio, K X uma álgebra livre sobre X e V uma variedade com ideal correspondente T (V) K X. Então K X /T (V) é relativamente livre sobre o conjunto X = {x + T (V) x X}. Além disso, quaisquer duas álgebras relativamente livres com respeito a V de mesmo posto são isomorfas. Demonstração. Seja B V e α : X B uma função. Definimos então β : X B por β(x) = α(x + T (V)). Como K X é uma álgebra livre podemos estender β para todo K X pela função β : K X B. Observe que, se f T (V), então β(f) = 0. Assim, T (V) Ker(β) e α pode ser estendido a um homomorfismo α : K X /T (V) B, onde α (g + T (V)) = β(g). Então K X /T (V) é uma álgebra relativamente livre sobre X. Agora, sejam F 1, F 2 V álgebras relativamente livres de mesmo posto sobre X = {x i i I} e Y = {y i i I}, respectivamente. Existem homomorfismos α 1 : F 1 F 2 e α 2 : F 2 F 1, tais que α 1 (x i ) = g i e α 2 (g i ) = x i.
21 1.4 Polinômios homogêneos e multilineares 13 É claro que α 1 α 2 = id e α 2 α 1 = id. Portanto, temos um isomorfismo e F 1 = F2. Com isso, temos que a correspondência entre T-ideais e variedades é bem entendida. Teorema Existe uma correspondência biunívoca entre T-ideais de K X e variedades de álgebras. Nesta correspondência a variedade V corresponde ao T-ideal de identidades T (V) e o T-ideal I corresponde a variedade de álgebras satisfazendo todas as identidades de I. Demonstração. Se I 1 e I 2 são T-ideais, I 1 I 2, então existe f I 1 \I 2, sem perda de generalidade. Assim, K X /I 2 não satisfaz f. Logo, K X /I 2 V(I 2 ) e K X /I 2 / V(I 1 ). Portanto, V(I 1 ) V(I 2 ). Por outro lado, se V 1 e V 2 são variedades, com V 1 V 2, então existe A V 1 \V 2. Logo, existe f T (V 2 ), tal que f / T (A). Como, T (A) T (V 1 ), segue que T (V 1 ) T (V 2 ). Observação Esta correspondência inverte inclusão, isto é, V 2 V 2 T (V 1 ) T (V 2 ), S 1 S 2 V(S 1 ) V(S 2 ), em que S 1, S 2 K X. Se V é uma variedade e A é uma K-álgebra tal que T (A) = T (V), então dizemos que V é uma variedade gerada por A e escrevemos V = var(a). 1.4 Polinômios homogêneos e multilineares Quando o corpo K é infinito, o estudo das identidades polinomiais de uma dada álgebra sobre K pode ser reduzido ao estudo de polinômios homogêneos e multilineares. Seja K n = K x 1,..., x n uma álgebra livre de posto n, n 1, sobre K. Então K n é naturalmente decomposta como onde K (k) n K n = K (1) n K (2) n..., é o subespaço gerado pelos monômios de grau k, k 1. Como K n (i) K n (j) K (i+j) n, para todo i, j 1, dizemos que K n tem estrutura de álgebra graduada. Cada termo K (i) n é chamado de componente homogêneo de K n. Assim, podemos refinar a decomposição e escrever
22 1.4 Polinômios homogêneos e multilineares 14 K (k) n = i 1 + +i n=k K (i 1,...,i n) n, em que K (i 1,...,i n) n é o espaço gerado pelos monômios em que x j tem grau i j. Claramente, K (i 1,...,i n) n K (j 1,...,j n) n K (i 1+j 1,...,i n+j n) n e neste caso K n é multigraduada. Definição Um polinômio pertencente a K n (k) para algum k 1 é denominado homogêneo de grau k. Se f pertence a K (i 1,...,i n) n, então f é multihomogêneo de grau (i 1,..., i n ). Exemplo O polinômio f(x, y) = xy + x 2 + y 2 é homogêneo de grau 2, enquanto o polinômio g(x, y) = xy é multihomogêneo de grau (1, 1) e por consequência é homogêneo de grau 2. Note pelo exemplo anterior que a condição de ser multihomogêneo é mais forte que a condição de ser homogêneo. Exemplo O polinômio é homogêneo em x com deg x f = 2. f(x, y, z) = x 2 yz 3 y 2 x 2 z + z 2 yx 2 Sobre um corpo infinito podemos decompor qualquer polinômio f como f = i 1 0,...,i j 0 f (i 1,...,i n), onde f (i 1,...,i n) K (i 1,...,i n) n é uma combinação linear de monômios onde o grau de x j é igual a i j. Os polinômios f (i 1,...,i n) que não são nulos são chamados de componentes multihomogêneas de f com multigrau (i 1,..., i n ). Exemplo Seja f(x, y, z) = xy + x 2 y + xyz yx. Neste caso temos que xy yx, x 2 y e xyz são as componentes multihomogêneas de grau (1, 1, 0), (2, 1, 0) e (1, 1, 1), respectivamente. Teorema Seja K um corpo infinito. Se f 0 é uma identidade polinomial para a álgebra A, então toda componente multihomôgenea de f também é uma identidade polinomial para A.
23 1.4 Polinômios homogêneos e multilineares 15 Demonstração. Para toda variável x t, 1 t n, podemos decompor f = n i=0 f i, onde f i é a soma de todos os monômios em que x t tem grau i e m = deg xt f é o grau de f em relação a x t. Vamos mostrar que, para todo x t, f i 0. Tomemos então um t qualquer e seja α 0,..., α m elementos distintos de K, estes vão existir pois K é infinito. Claramente, para todo j = 0,..., m, temos que f(x 1,..., α j x t,..., x m ) 0. Como cada componente f i é homogênea de grau i, segue que f i (x 1,..., α j x t,..., x n ) = αjf i i (x 1,..., x n ). Da decomposição de f e do fato anterior, segue que m f(x 1,..., α j x t,..., x n ) = αjf i i (x 1,..., x m ) 0 (1.4.1) sobre A, para todo j = 0,..., m. Assim, escrevendo a matriz de Vandermonde α = 0 α 1... α n... α0 m α1 m... αn m e denotando f i (a 1,..., a n ) = f i, para todo a i,..., a n A, então de 1.4.1, segue que i=0 (f n... f n ) = 0. Como a matriz de Vandermonde é inversível, det 0, segue que (f n... f n ) = 0. Logo, f 0 0,..., f m 0 são identidades sobre A. Note que a demonstração contínua válida se K é finito com K > deg f. Por outro lado, se K possui q elementos, o polinômio x q x é uma identidade para K, mas as componentes homogêneas x q e x não são identidades. Uma das consequências mais importantes do Teorema é que sobre um corpo infinito todo T-ideal é gerado pelos polinômios multihomogêneos. Definição Um polinômio f é linear na variável x i se x i possui grau 1 em todos os monômios de f. Um polinômio que é linear em todas as variáveis é dito multilinear.
24 1.4 Polinômios homogêneos e multilineares 16 Em um polinômio multilinear f(x 1,..., x n ) K X cada variável aparece uma única vez em cada monômio. Assim, f tem o formato f(x 1,..., x n ) = σ S n α σ x σ(1) x σ(n). Observação Seja A uma K-álgebra gerada como espaço vetorial por um conjunto B sobre K. Se f é um polinômio multilinear que se anula em B, então f é uma identidade polinomial em A. Demonstração. Sejam a i = a ij u j,..., α in u n = α ij u j elementos de A, onde u j B e α ij K. Uma vez que f(x 1,..., x n ) é linear em cada variável, temos em A. f(a 1,..., a n ) = i 1,...,i n α 1i1... α nin f(u i1,..., u in ) = 0 Proposição Toda K-álgebra de dimensão finita n satisfaz o polinômio multilinear standard s n+1 (x 1,... x n+1 ) = σ S n+1 ( 1) σ x σ(1) x σ(2)... x σ(n+1). Demonstração. Como o polinômio em questão é multilinear, basta verificar que o mesmo se anula para elementos da base β de A. Seja β = {v 1,..., v n } uma base de A, então, ao substituirmos cada x i por um elemento de β, algum v j aparecerá pelo menos duas vezes em cada monômio. Denotemos por x i1 e x i2 duas variáveis substituídas pelo mesmo v j. Então, para cada σ S n+1 par, os monômios associados às permutações σ e (i 1 i 2 )σ fornecem o mesmo elemento de A com o sinal trocado. Logo a soma de tais parcelas se anula e, portanto s n+1 é uma identidade para A. Definição Dois conjuntos de polinômios são equivalentes se geram o mesmo T-ideal. Definição Seja S um conjunto de polinômios. Dizemos que f é uma consequência de S quando f S T. Seja f(x 1,..., x n ) K X um polinômio multihomogêneo de grau k em x 1. Considere também as variáveis y 1, y 2 X, distintas de x 2,..., x n. Substituindo a variável x 1 de f por y 1 + y 2, obtemos o polinômio h(y 1, y 2, x 2,..., x n ) = f(y 1 + y 2, x 2,..., x n ). Desenvolvendo a componente da direita, encontramos uma componente homogênea de grau 1 em y 1. Chamando essa componente de h 1, tem-se que deg y2 h 1 = k 1 e que h 1 (x 1, x 1,..., x n ) = kf(x 1,..., x n ).
25 1.4 Polinômios homogêneos e multilineares 17 Exemplo Tome o polinômio f(x 1, x 2 ) = x 2 x x 1 x 2 x 1. Note que f é multihomogêneo de grau 2 em x 1. Sendo y 1, y 2 X, obtemos que f(y 1 + y 2, x 2 ) = x 2 (y 1 + y2) 2 + (y 1 + y 2 )x 2 (y 1 + y 2 ) = x 2 y1 2 + x 2 y 1 y 2 + x 2 y 2 y 1 + x 2 y2 2 + y 1 x 2 y 1 + y 2 x 2 y 1 + y 1 x 2 y 2 + y 2 x 2 y 2. Logo, e finalmente, h 1 (y 1, y 2, x 2 ) = x 2 y 1 y 2 + x 2 y 2 y 1 + y 2 x 2 y 1 + y 1 x 2 y 2 Portanto, h 1 (y 1, y 1, x 2 ) = x 2 y x 2 y y 1 x 2 y 1 + y 1 x 2 y 1 = 2x 2 y y 1 x 1 y 1. h 1 (y 1, y 1, x 2 ) = 2f(x 1, x 2 ). Teorema Se a álgebra A satisfaz uma identidade de grau k, então ela satisfaz uma identidade multilinear de grau k. Demonstração. Seja f(x 1,..., x n ) K X uma identidade polinomial da álgebra A de grau k. Se cada variável x i aparece com grau 1, em todo monômio de f, então f é multilinear e o teorema segue diretamente. Portanto, vamos assumir que exista uma variável x 1 tal que deg x1 f = d > 1. Defina o polinômio h(y 1, y 2, x 2,... x n ) = f(y 1 + y 2, x 2,..., x n ) f(y 1, x 2,..., x n ) f(y 2, x 2,..., x n ). Note que h é uma identidade polinomial de A e que h não é um polinômio nulo. De fato, suponha que h = 0. Qualquer função X X pode ser estendida a um endomorfismo de K X. Substituindo y 1 e y 2 por x 1 em h continuamos com o polinômio nulo, isto é h(x 1, x 1, x 2..., x n ) = f(2x 1, x 2,..., x n ) 2f(x 1, x 2,..., x n ) = 0. Decompondo f na soma f = f 0 + f 1 + f f d, onde f k é a soma dos monômios em que x 1 tem grau k, obtemos f 0 + (2 2)f 1 + (2 2 2)f (2 d 2)f d = 0 f 0 = (2 2 2)f (2 d 2)f d o que contradiz o fato de d > 1. Assim, deg y1 h = d 1 < deg x1 f e por um argumento indutivo nós obtemos a identidade multilinear de A desejada.
26 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 18 Teorema Se chark = 0, então cada polinômio não nulo f K X é equivalente a um conjunto finito de polinômios multilineares. Demonstração. Sabemos que f é equivalente ao conjunto de componentes homogêneas. Podemos assumir que f(x 1,..., x n ) é multihomogêneo. Utilizando o processo de multilinearização f(y 1 + y 2, x 2,..., x n ) = d g i (y 1, y 2, x 2,..., x n ), em que deg y1 g i = i, deg y2 g i = d i e deg xt g i = deg xt f, t = 2,..., n. Então todos os polinômios g i = g i (y 1, y 2, x 2,..., x n ) são consequências de f. Por outro lado, g i (y 1, y 1, x 2,..., x n ) = i=0 ( ) d f(y 1, x 2,..., x n ) i para cada i e como chark = 0 temos ( d i) 0. Segue que f é consequência de qualquer g i, i = 1,..., d 1. Corolário Se chark = 0 e I é um T-ideal, então I é gerado por seus polinômios multilineares. Demonstração. Como chark = 0, K é um corpo infinito e portanto I é um ideal gerado por seus polinômios multihomogêneos. Seja f = f(x 1,..., x n ) I um polinômio multihomogêneo. Como I é um T-ideal, temos que h(y 1, y 2, x 2,..., x n ) = f(y 1 + y 2, x 2,... x n ) I. Então, por K ser um corpo infinito, h 1 (y 1, y 2, x 2,..., x n ) I, onde h 1 é a componente homogênea de h em que y 1 tem grau 1. Da igualdade h 1 (x 1, x 1, x 2,..., x n ) = kf(x 1, x 2,... x n ) e pela hipótese de chark = 0, segue que f é consequência de h 1 (y 1, y 2, x 2,..., x n ). Assim, continuando o processo de linearização para h 1, encontraremos h 2 e então h 1 será consequência de h 2. Dessa forma, concluiremos que f é consequência de algum polinômio multilinear e é equivalente a ele. 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais Nesta seção definiremos o produto tensorial. Começaremos pelo produto tensorial de espaços vetoriais, por este ilustrar de forma mais fácil a ideia central e as vantagens desta operação. Depois faremos a construção do produto tensorial por meio de propriedade universal. Para uma visão mais aprofundada veja [8].
27 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 19 Definição Sejam A e B K-espaços vetoriais sobre um corpo K, com bases formadas por {a 1, a 2,..., a n } e {b 1, b 2,..., b m }, respectivamente. O produto tensorial A K B = A B de A e B é o espaço vetorial de base {a i b j 1 i n e 1 j m}. n m Em A B tem-se que se a = α i a i e b = β j b j, definimos a b = em que α i, β j K. i=1 j=1 ( n ) ( m ) α i a i β j b j = i=1 j=1 j=1 i=1 m n α i β j (a i b j ), Os elementos a b, a A, b B, satisfazem as seguintes propriedades: i. (v 1 + v 2 ) b = (v 1 b) + (v 2 b) ii. a (w 1 + w 2 ) = (a w 1 ) + (a w 2 ) iii. (λa) b = λ(a b) = a (λb) para quaisquer v 1, v 2, a A, w 1, w 2, b B e λ K. Sejam A e B K-álgebras. Vamos definir o produto usual de A B como o produto bilinear dado por : (A B) (A B) (A B) ((a 1 b 1 ), (a 2 b 2 )) (a 1 b 1 ) (a 2 b 2 ) = (a 1 a 2 b 1 b 2 ) O produto anterior está bem definido, pois se a = a e b = b, tem-se que (a b) (c d) = (ac bd) = (a c b d) = (a b ) (c d). Note que, o espaço A B munido com está operação se torna uma K-álgebra chamada de produto tensorial. Exemplo Sejam A e B álgebras sobre Q tais que A = B = Q[ 2]. As bases de A e B coincidem e são {1; 2} e tomando a álgebra A B temos a base {1 2; 1 1; 2 1; 2 2}. Tomando r = e s = , segue que rs = ( 2 1) 2 (1 2) 2 = = 0. Observe que A B não é domínio. Caracterização por uma propriedade universal Para descrever o produto tensorial de modo universal, comecemos definindo o conceito de módulo.
28 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 20 Definição Seja R um anel. Um conjunto M com operação binária + chama-se um R-módulo à esquerda (módulo sobre R) se: i. (M, +) é um grupo abeliano; ii. para quaisquer m M e r R existe um único rm M; iii. (r 1 + r 2 )m = r 1 m + r 2 m para quaisquer m M e r 1, r 2 R; iv. r(m 1 + m 2 ) = rm 1 + rm 2 para quaisquer m 1, m 2 M e r R; v. (r 1 r 2 )m = r 1 (r 2 m) para quaisquer m M e r 1, r 2 R. Se R é um anel unitário, então um R-módulo chama-se unitário com unidade 1 R, se 1 R m = m para qualquer m M. De modo análogo, define-se R-módulo à direita. Exemplo Seja V um espaço vetorial sobre um corpo K de dimensão n e R = M n (K). Definindo a multiplicação R V V como Bv V, para B M n (K) e v V, temos que V é M n (K)-módulo à esquerda. Sejam M e N R-módulos a direita e a esquerda, respectivamente. Definição Uma aplicação φ : M N G é dita balanceada se satisfaz as seguintes propriedades: i. φ(a 1 + a 2, b) = φ(a 1, b) + φ(a 2, b) ii. φ(a, b 1 + b 2 ) = φ(a, b 1 ) + φ(a, b 2 ) iii. φ(ar, b) = φ(a, rb) Agora, podemos definir o produto tensorial por meio de uma propriedade universal. Definição Sejam M um R-módulo à direita e N um R-módulo à esquerda. Um grupo abeliano T juntamente com uma aplicação balanceada φ : M N T, é dito um produto tensorial de M e N se para qualquer grupo abeliano aditivo A e qualquer aplicação balanceada ψ : M N A, existe um único homomorfismo de grupos ψ : M N A, tal que ψ = ψ φ. Denotamos o produto tensorial T por M N, conforme citado anteriormente. Lema Dado um conjunto X e um grupo abeliano livre F, para todo grupo abeliano G e para toda aplicação f : X G, existe um único homomorfismo f : F G tal que f X = f.
29 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 21 Demonstração. Seja F = n x x n x Z e x X e f : F A = n x x G n x f(x), X F f f Note que, G ( f(a + b) = f nx x + ) ( ) m x x = f (nx + m x )x = (n x + m x )f(x) = f(a) + f(b). Assim, f é homomorfismo e como F é livre f é unico. Lema Seja F um grupo, L F e π : F F/L a projeção canônica. Para todo grupo G e para todo homomorfismo f : F G tal que L Ker(f), existe um homomorfismo ψ : F/L G tal que ψ π = f. Demonstração. Defina ψ(a) = f(a), para todo a F F π F/L f ψ G Assim, ψ π = f. Como L f segue que ψ está bem definido e claramente é um homomorfismo. Teorema Sejam A e B R-módulos à direita e à esquerda, respectivamente. Existe V e φ : A B V tal que V = A B e V é único. Demonstração. Vamos começar demonstrando a existência. Seja X = A B e F o grupo livre gerado por X. Defina L como o gerado por (a 1 + a 2, b) (a 1, b) (a 2, b); (a, b 1 + b 2 ) (a, b 1 ) (a, b 2 ); (ar, b) (a, rb),
30 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 22 onde a, a 1, a 2 A, b, b 1, b 2 B e r R. Seja V = F/L, temos que V = F/L = A B é o produto tensorial de A e B com aplicação balanceada φ : A B V (a, b) (a, b) + L. De fato, φ é balanceada, pois φ(a 1 + a 2, b) φ(a 1, b) φ(a 2, b) = ((a 1 + a 2, b) + L) ((a 1, b) + L) ((a 2, b) + L) = (a 1 + a 2, b) (a 1, b) (a 2, b) + L = 0, pois (a 1 + a 2, b) (a 1, b) (a 2, b) L. Assim, φ(a 1 + a 2, b) = φ(a 1, b) + φ(a 2, b). As demais propriedades que caracterizam a aplicação balanceada seguem de forma análoga. Agora, seja G um grupo e ϕ : A B G uma aplicação balanceada. X ϕ G φ f V Pelo Lema 1.5.7, existe um homomorfismo ϕ : F G, tal que ϕ F = ϕ. X F π V ϕ ϕ ψ G Note que L Ker(ϕ) e φ F na verdade é a projeção canônica. Assim, pelo Lema 1.5.8, existe um homomorfismo ψ : V G tal que ψ π = ψ φ = ϕ. Resta mostrar a unicidade de ψ. Seja f : V G um homomorfismo tal que f φ = ϕ. Temos que para x X f φ(x) = f(x + L) = ϕ(x + L) = ψ(x + L), x X. Portanto, f(x + L) = ψ(x + L). É facil ver que podemos estender para qualquer α = n x x F e f(α + L) = ψ(α + L). Portanto, V = A B.
31 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 23 Vamos mostrar agora que V é único a menos de isomorfismo. Suponha que existe (V, φ ) outro produto tensorial de A e B. Então, temos a existência de um único homomorfismo de R-módulos j : V V, tal que φ = j φ. M N φ V φ j V Por outro lado, usando a propriedade universal sobre (V, φ ), temos um único homomorfismo j : V V tal que φ = j φ. M N φ V φ V j Assim, pelos diagramas e pelo fato de que a extensão é única M N g V g V id V segue que id V = j j e analogamente id V = j j. Assim, j é isomorfismo e concluímos a demonstração. Exemplo Sendo A uma K-álgebra. A transformação linear Φ : M n (K) A M n (A) e ij a ae ij é um isomorfismo de álgebras. De fato, primeiramente, note que {ae ij 1 i, j n, a L} é uma base para M n (A) como espaço vetorial, onde L é uma base de A. Considere a trasnformação linear definida por
32 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 24 Ψ : M n (A) M n (K) A ae ij e ij a Note que ( ( )) ( ) Ψ Φ (e ij a ij ) = Ψ a ij e ij = (e ij a ij ) i,j i,j i,j e ( ( )) ( ) Φ Ψ (a ij e ij ) = Φ (e ij a ij ) = a ij e ij. i,j i,j i,j Logo, Φ 1 = Ψ e assim Φ é bijetiva. Resta mostrar que Φ é um homomorfismo. De fato, como Φ é linear, é suficiente mostrar que é homomorfismo nos elementos da base de M n (K) A. Para tal, observe que 0, se j v e ij e vw = e iw, se j = v, pois se j v todo elemento da matriz resultante dado por c ik = a i1 b 1k + a i2 b 2l a in b nk irá se anular. Se j v, temos que Φ ((e ij a)(e vw b)) = Φ(e ij e vw ab) = Φ(0 ab) = 0 = ae ij be vw = Φ(e ij a)φ(e vw b) Por outro lado, se j = v, temos que Φ ((e ij a)(e vw b)) = Φ(e ij e vw ab) = abe iw = ae ij be vw = Φ(e ij a)φ(e vw b). Segue que Φ é um homomorfismo bijetor, ou seja, é um isomorfismo e então M n (K) A = M n (A) como álgebra. Observação Do exemplo anterior, tomando a álgebra de Grassmann E, temos que M n (K) E = M n (E). Este produto tensorial será amplamente estudado no Capítulo 4 desta dissertação. Veremos agora um importante exemplo que retrata o produto tensorial de álgebras de matrizes.
33 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 25 Exemplo Se A = M n (K), pelo exemplo anterior, temos que M m (K) M n (K) = M m (M n (K)). Sendo a 11 a 12 a 1m a x = 21 a 22 a 2m M m(k) a m1 a m2 a mm e b 11 b 12 b 1m b y = 21 b 22 b 2m M n(k) b m1 b m2 b mm segue que a 11 y a 12 y a 1m y a x y = 21 y a 22 y a 2m y a m1 y a m2 y a mm y onde cada termo a ij y tem o formato a ij b 11 a ij b 12 a ij b im a a ij y = ij b 21 a ij b 22 a ij b 2m a ij b m1 a ij b m2 a ij b mm para todo i, j = 1,..., n. Enfim, obtemos a 11 b 11 a 11 b 1n a 1m b 11 a 1m b 1n a 11 b 21 a 11 b 2n a 1m b 21 a 1m b 2n a 11 b n1 a 11 b nn a 1m b n1 a 1m b nn. x y = a m1 b 11 a m1 b 1n a mm b 11 a mm b 1n a m1 b 21 a m1 b 2n a mm b 21 a mm b 2n a m1 b n1 a m1 b nn a mm b n1 a mm b nn
34 1.5 Produto Tensorial e Identidades Polinomiais 26 Portanto, M mn (K) = M m (M n (K)) e daí M m (K) M n (K) = M mn (K), em que o isomorfismo é dado por Φ : M m (K) M n (K) M mn (K) e ij e vw e n(i 1)+v,n(j 1)+w este produto é conhecido como o produto de Kronecker. ( ) ( ) Para ilustrar o exemplo anterior, considere as matrizes A = e B = sobre M 2 (R), temos que A B = = Sejam A uma K-álgebra, C uma K-álgebra comutativa e considere a K-álgebra A K C. Algumas das identidades polinomiais de A podem ser identidades para A K C. Proposição Sejam A uma K-álgebra, C uma K álgebra comutativa não nilpotente e K um corpo de característica zero. Então T (A K C) = T (A). Demonstração. Seja f um polinômio multilinear em T (A K C). Como C é uma álgebra comutativa não nilpotente, existem c 1,..., c n C tais que c 1 c n 0. Então, para quaisquer a 1,..., a n A, temos que 0 =f(a 1 c 1,..., a n c n ) = σ S n α σ (a 1 c 1 ) (a n c n ) = σ S n α σ (a 1 a n ) (c 1 c n ) = f(a 1,..., a n ) (c 1 c n ). Portanto, T (A K C) T (A). Por outro lado, sejam B A e B C bases de A e C, respectivamente. Então B = {a c a B A e c B C } é uma base para A F C. Agora seja f um polinômio multilinear em T (A). Se a 1,..., a n B A e c 1,..., c n B C, temos que f(a 1 c 1,..., a n c n ) = f(a 1,..., a n ) (c 1 c n ) = 0 (c 1 c n ) = 0 Logo T (A) T (A K C) e T (A) = T (A K C).
35 1.6 Representações de grupos 27 Corolário Sejam K um corpo de característica zero e F uma extensão do corpo K. Então as identidades polinomiais de A coincidem com as identidades da K-álgebra A K F consideradas sobre o corpo K. Mais do que isso, também podemos assumir que em algum sentido as identidades polinomiais de A sobre K coincidem com as identidades de A K F considerada sobre F. Proposição Sejam A uma PI-álgebra sobre um corpo K e F K uma extensão do corpo. Então, T K (A) K F = T F (A K F ), em que T K (A) é o ideal das identidades de A consideradas sobre o corpo K e T F (A K F ) é o ideal das identidades de A K F consideradas sobre o corpo F. Demonstração. Não é difícil verificar que T K (A) K F T F (A K F ), basta ver que uma identidade polinomial multiplicada por uma constante continuará sendo uma identidade. Seja agora f(x 1,..., x m ) = r i=1 k im i, onde os M i s são monômios distintos no alfabeto X e k i F. Seja {b 1,..., b n,...} uma base do espaço vetorial F sobre K e seja k i = α ij b j, α ij K, para todo i = 1,..., r. Então f(x 1,..., x m ) = r i=1 n α ij b j M i = j=1 ( n r ) α ij M i b j. Como os b js são linearmente independentes sobre K, segue que j=1 i=1 r α ij M i é uma identidade polinomial para todo j = 1,..., n. Assim, T F (A K F ) T K (A) F. i=1 1.6 Representações de grupos Nesta seção apresentaremos definições e propriedades básicas de representações de grupos. Para maiores detalhes ver [8], [21], [33], [16] e [20]. Começaremos dando algumas definições sobre R-módulos. Definição Seja M um R-módulo. Um submódulo N de M é um subgrupo de M tal que r n N, para todo r R e n N Definição Um R-módulo à esquerda M 0 diz-se simples ou irredutível se não possui submódulo próprio, ou seja, submódulo diferente de 0 ou M.
1 Noções preliminares
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