Capítulo 3. Modelos Probabilísticos

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Capítulo 3. Modelos Probabilísticos"

Transcrição

1 Capítulo 3 Modelos Probabilísticos 3.1 Introdução Neste capítulo serão descritos vários modelos adequados para dados de séries temporais. Tais modelos são chamados de processos estocásticos. Matematicamente um processo estocástico pode ser definido como uma coleção de variáveis aleatórias ordenadas no tempo e definidas em um conjunto de pontos T, que pode ser contínuo ou discreto. Iremos denotar a variável aleatória no tempo t por X(t) no caso contínuo (usualmente < t < ), e por X t no caso discreto (usualmente t = 0, ±1, ±2,... ). O conjunto de possíveis valores do processo é chamado de espaço de estados que pode ser discreto (e.g. o número de chamadas que chegam a uma central telefônica a cada 2 horas) ou contínuo (e.g. a temperatura do ar em uma localidade observada em intervalos de 1 hora). Em análise de séries temporais a situação é bem diferente da maioria dos problemas estatísticos. Embora seja possível variar o tamanho da série observada, usualmente será impossível fazer mais do que uma observação em cada tempo. Assim, tem-se apenas uma realização do processo estocástico e uma única observação da variável aleatória no tempo t denotada por x(t) no caso contínuo e x t, para t = 1,..., N no caso discreto. Uma maneira de descrever um processo estocástico é através da distribuição de probabilidade conjunta de X(t 1 ),..., X(t k ) para qualquer conjunto de tempos t 1,..., t k e qualquer valor de k. Esta é uma tarefa extremamente complicada e na prática costuma-se descrever um processo estocástico através das funções média, variância e autocovariância. Estas funções são definidas a seguir para o caso contínuo sendo que definições similares se aplicam ao caso discreto. média µ(t) = E[X(t)] variância σ 2 (t) = V ar[x(t)] autocovariância γ(t 1, t 2 ) = E[X(t 1 ) µ(t 1 )][X(t 2 ) µ(t 2 )] 21

2 22 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS Note que a função de variância é um caso especial da função de autocovariância quando t 1 = t 2. Momentos de ordem mais alta do processo também ser definidos mas são raramente utilizados na prática e as funções µ(t) e γ(t 1, t 2 ) são em geral suficientes. 3.2 Processos Estacionários Uma importante classe de processos estocásticos são os chamados processos estacionários. A idéia intuitiva de estacionariedade foi introduzida no capítulo anterior e aqui será apresentada a definição formal. Definição 3.1 Um processo estocástico é dito ser estritamente estacionário se a distribuição de probabilidade conjunta de X(t 1 ),..., X(t k ) é a mesma de X(t 1 + τ),..., X(t k + τ). Ou seja, o deslocamento da origem dos tempos por uma quantidade τ não tem efeito na distribuição conjunta que portanto depende apenas dos intervalos entre t 1,..., t k. Em particular, para k = 1 a estacionariedade estrita implica que a distribuição de X(t) é a mesma para todo t de modo que, se os dois primeiros momentos forem finitos, temos que µ(t) = µ e σ 2 (t) = σ 2 são constantes que não dependem de t. Para k = 2 a distribuição conjunta de X(t 1 ) e X(t 2 ) depende apenas da distância t 2 t 1, chamada defasagem. A função de autocovariância γ(t 1, t 2 ) também depende apenas de t 2 t 1 e pode ser escrita como γ(τ) onde γ(τ) = E[X(t) µ][x(t + τ) µ] = Cov[X(t), X(t + τ)] é chamado de coeficiente de autocovariância na defasagem τ. Note que o tamanho de γ(τ) depende da escala em que X(t) é medida. Portanto, para efeito de interpretação, é mais útil padronizar a função de autocovariância dando origem a uma função de autocorrelação ρ(τ) = γ(τ)/γ(0) que mede a correlação entre X(t) e X(t+τ). No capítulo anterior foi apresentado o seu equivalente empírico r k para séries discretas. Note também que o argumento τ será discreto se a série temporal for discreta e contínuo se a série temporal for contínua.

3 3.3. A FUNÇÃO DE AUTOCORRELAÇÃO 23 Na prática é muito difícil usar a definição de estacionariedade estrita e costuma-se definir estacionariedade de uma forma menos restrita. Definição 3.2 Um processo estocástico {X(t), t T } é dito ser estacionário de segunda ordem ou fracamente estacionário se a sua função média é constante e sua função de autocovariância depende apenas da defasagem, i.e. E[X(t)] = µ e Cov[X(t), X(t + τ)] = γ(τ). Nenhuma outra suposição é feita a respeito dos momentos de ordem mais alta. Além disso, fazendo τ = 0 segue que V ar[x(t)] = γ(0), ou seja a variância do processo assim como a média também é constante. Note também que tanto a média quanto a variância precisam ser finitos. Esta definição mais fraca de estacionariedade será utilizada daqui em diante já que muitas propriedades dos processos estacionários dependem apenas da estrutura especificada pelo primeiro e segundo momentos. Uma classe importante de processos aonde isto se verifica é a classe de processos normais ou Gaussianos aonde a distribuição conjunta de X(t 1 ),..., X(t k ) é normal multivariada para todo conjunto t 1,..., t k. A distribuição normal multivariada fica completamente caracterizada pelo primeiro e segundo momentos, i.e. por µ(t) e γ(t 1, t 2 ), assim estacionariedade fraca implica em estacionariedade estrita para processos normais. Por outro lado, µ e γ(τ) podem não descrever adequadamente processos que sejam muito não-normais. 3.3 A Função de Autocorrelação Foi visto na Seção 2.4 que os coeficientes de autocorrelação amostral de uma série temporal observada são uma ferramenta importante para descrever a série. Analogamente, a função de autocorrelação teórica (fac) de um processo estocástico estacionário é uma ferramenta importante para assessar suas propriedades. A seguir serão apresentadas propriedades gerais da função de autocorrelação. Se um processo estocástico estacionário X(t) tem média µ e variância σ 2 então ρ(τ) = γ(τ)/γ(0) = γ(τ)/σ 2 e portanto ρ(0) = 1. As seguintes propriedades são facilmente verificáveis. 1. A correlação entre X(t) e X(t + τ) é a mesma que entre X(t) e X(t τ), ou seja ρ(τ) = ρ( τ) < ρ(τ) < 1.

4 24 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS 3. Embora um processo estocástico tenha uma estrutura de autocovariância única o contrário não é verdadeiro em geral. É possível encontrar vários processos com a mesma função de autocorrelação, o que dificulta ainda mais a interpretação do correlograma. 3.4 Alguns Processos Estocásticos Nesta seção serão apresentados alguns processos estocásticos que são utilizados com frequência na especificação de modelos para séries temporais Sequência Aleatória Um processo em tempo discreto é chamado puramente aleatório se consiste de uma sequência de variáveis aleatórias {ɛ t } independentes e identicamente distribuidas. Isto implica nas seguintes propriedades 1. E(ɛ t ) = E(ɛ t ɛ t 1, ɛ t 2,... ) = µ 2. V ar(ɛ t ) = V ar(ɛ t ɛ t 1, ɛ t 2,... ) = σ 2 ɛ 3. γ(k) = Cov(ɛ t, ɛ t+k ) = 0, k = ±1, ±2,.... Como a média e a função de autocovariância não dependem do tempo o processo é estacionário em segunda ordem. A função de autocorrelação é simplesmente ρ(k) = { 1, k = 0 0, k = ±1, ±2,.... Um processo puramente aleatório é as vezes chamado de ruído branco e pode ser útil por exemplo na construção de processos mais complicados. As propriedades acima podem ser entendidas como ausência de correlação serial e homocedasticidade condicional (variância condicional constante) Passeio Aleatório Seja {ɛ t } um processo discreto puramente aleatório com média µ e variância σ 2 ɛ. Um processo {X t } é chamada de passeio aleatório se X t = X t 1 + ɛ t.

5 3.4. ALGUNS PROCESSOS ESTOCÁSTICOS 25 Fazendo-se substituições sucessivas obtém-se que X t = X t 2 + ɛ t 1 + ɛ t = X t 3 + ɛ t 2 + ɛ t 1 + ɛ t. = X 0 + e iniciando o processo em X 0 = 0 não é difícil verificar que t j=1 ɛ j E(X t ) = V ar(x t ) = t E(ɛ j ) = tµ j=1 t V ar(ɛ j ) = tσɛ 2. j=1 Além disso, a função de autocovariância é dada por Cov(X t, X t k ) = Cov(ɛ ɛ t k + ɛ y k ɛ t, ɛ ɛ t k ) = (t k)σ 2 ɛ e portanto a função de autocorrelação fica ρ t (k) = t k. t Como a média, a variância e as autocovariâncias dependem de t este processo é não estacionário. No entanto, é interessante notar que a primeira diferença de um passeio aleatório é estacionária já que X t = X t X t 1 = ɛ t. O passeio aleatório também é conhecido como tendência estocástica pois uma realização do processo pode parecer uma tendência quando na verdade é uma soma de pequenas flutuações estocásticas. Como exemplo, na Figura 3.1 aparecem os valores simulados de dois passeios aleatórios e seus respectivos correlogramas. Os exemplos mais conhecidos de séries temporais que se comportam como um passeio aleatório são os preços de ações em dias sucessivos (ver por exemplo Morettin & Toloi 2004) Processos de Média Móveis Seja {ɛ t } um processo discreto puramente aleatório com média zero e variância σ 2 ɛ. Um processo {X t } é chamado de processo de médias móveis de ordem q, ou

6 26 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS observacoes autocorrelacoes tempo defasagem observacoes autocorrelacoes tempo defasagem Figura 3.1: 50 observações simuladas segundo um passeio aleatório com σ 2 ɛ igual a 0.1 e 1 e as 20 primeiras autocorrelações amostrais. MA(q), se X t = ɛ t + β 1 ɛ t β q ɛ t q, (3.1) sendo β i R, i = 1,..., q. Não é difícil verificar como ficam a média e a variância deste processo, E(X t ) = E(ɛ t ) + q β j E(ɛ t j ) = 0 j=1 V ar(x t ) = V ar(ɛ t ) + q βj 2 V ar(ɛ t j ) = (1 + β βq 2 ) σɛ 2. j=1

7 3.4. ALGUNS PROCESSOS ESTOCÁSTICOS 27 Além disso, como Cov(ɛ t, ɛ s ) = σɛ 2 para t = s e Cov(ɛ t, ɛ s ) = 0 para t s, a função de autocovariância é dada por γ(k) = Cov(X t, X t+k ) = Cov(ɛ t + β 1 ɛ t β q ɛ t q, ɛ t+k + β 1 ɛ t+k β q ɛ t+k q ) 0 k > q q k = β j β j+k k = 0,..., q (3.2) σ 2 ɛ j=0 γ( k) k < 0 com β 0 = 1. Como a média e a variância são constantes e γ(k) não depende de t o processo é (fracamente) estacionário para todos os possíveis valores de β 1,..., β q. Além disso, se os ɛ t s forem normalmente distribuidos os X t s também serão e portanto o processo será estritamente estacionário. A função de autocorrelação pode ser facilmente obtida dividindo-se (3.2) por γ(0), 1 k = 0 q k q β j β j+k/ βj 2 k = 1,..., q ρ(k) = j=0 j=0 0 k > q ρ( k) k < 0. Note que a função tem um ponto de corte na defasagem q, i.e. ρ(k) = 0 para k > q. Esta é uma característica específica de processos médias móveis e será útil na especificação do valor de q na prática (Box & Jenkins 1970, p. 170). Vamos analisar agora com mais detalhes o caso particular do processo MA(1). A função de autocorrelação fica 1 k = 0 ρ(k) = β 1 /(1 + β1) 2 k = ±1 0 k > 1. (3.3) O processo é estacionário para qualquer valor de β 1 mas em geral é desejável impor restrições para que ele satisfaça uma condição chamada inversibilidade. Considere os seguintes processos MA(1) X t = ɛ t + θɛ t 1 X t = ɛ t + 1 θ ɛ t 1. Substituindo em (3.3) não é difícil verificar que estes dois processos diferentes têm exatamente a mesma função de autocorrelação. Assim, não é possível identificar

8 28 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS um processo MA(1) único a partir da função de autocorrelação. Por outro lado, podemos fazer substituições sucessivas e reescrever estes dois processos colocando ɛ t em função de X t, X t 1,..., i.e. ɛ t = X t θx t 1 + θ 2 X t 2 θ 3 X t ɛ t = X t 1 θ X t θ 2 X t 2 1 θ 3 X t Se θ < 1 a primeira série converge e o modelo é dito ser inversível mas a segunda não converge e o modelo é não inversível. Ou seja, a condição de inversibilidade (neste caso θ < 1) garante que existe um único processo MA(1) para uma dada função de autocorrelação. Outra consequência da inversibilidade é que o processo MA(1) pode ser reescrito como uma regressão de ordem infinita nos seus próprios valores defasados. Para um processo MA(q) esta condição pode ser melhor expressa usando-se o operador de retardo, denotado por B e definido como B j X t = X t j, para todo j. A equação (3.1) pode então ser reescrita como X t = (1 + β 1 B + β 2 B β q B q )ɛ t = θ(b)ɛ t onde θ(b) é um polinômio de ordem q em B. Um processo MA(q) é inversível se as raízes da equação θ(b) = 1 + β 1 B + β 2 B β q B q = 0 estiverem fora do círculo unitário. Ou seja, se δ 1,..., δ q são q soluções de θ(b) = 0 então o processo é inversível se δ i > 1, i = 1,..., q. Teremos então 2 q modelos com a mesma função de autocorrelação mas somente um deles será inversível. Finalmente, vale notar que uma constante µ qualquer pode ser adicionada ao lado direito de (3.1) dando origem a um processo com média µ, X t = µ + ɛ t + β 1 ɛ t β q ɛ t q. O processo continuará sendo estacionário com E(X t ) = µ e em particular a função de autocorrelação não será afetada Processos Autoregressivos Suponha que {ɛ t } seja um processo puramente aleatório com média zero e variância σ 2 ɛ. Um processo {X t } é chamada de processo autoregressivo de ordem p,

9 3.4. ALGUNS PROCESSOS ESTOCÁSTICOS 29 ou AR(p), se X t = α 1 X t α p X t p + ɛ t. (3.4) Note a similaridade com um modelo de regressão múltipla, onde os valores passados de X t fazem o papel das regressoras. Assim, processos AR podem ser usados como modelos se for razoável assumir que o valor atual de uma série temporal depende do seu passado imediato mais um erro aleatório. Por simplicidade vamos começar estudando em detalhes processos de primeira ordem, AR(1), i.e. X t = αx t 1 + ɛ t. (3.5) Note que existe uma estrutura Markoviana no processo AR(1) no sentido de que, dado X t 1, X t não depende de X t 2, X t 3,.... Fazendo subtituições sucessivas em (3.5) obtemos que X t = α(αx t 2 + ɛ t 1 ) + ɛ t = α 2 X t 2 + αɛ t 1 + ɛ t = α 2 (αx t 3 + ɛ t 2 ) + αɛ t 1 + ɛ t = α 3 X t 3 + α 2 ɛ t 2 + αɛ t 1 + ɛ t. r = α r+1 X t r 1 + α j ɛ t j. j=0 Se X t for estacionário com variância finita σ 2 X podemos escrever que E[X t r α j ɛ t j ] 2 = α 2r+2 E(Xt r 1) 2 = α 2r+2 σx 2 j=0 e se α < 1 temos que α 2r+2 0 quando r. Portanto, esta condição nos permite escrever X t como o seguinte processo MA infinito, X t = ɛ t + αɛ t 1 + α 2 ɛ t e assim α < 1 é uma condição suficiente para que X t seja estacionário. Neste caso, reescrevendo o processo k períodos à frente, i.e. X t+k = ɛ t+k + αɛ t+k α k ɛ t +... (3.6) note como o efeito de ɛ t sobre X t+k diminui a medida que k aumenta e por isso é chamado efeito transitório. Podemos também usar o operador de retardo reescrevendo a equação (3.5) como (1 αb)x t = ɛ t

10 30 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS ou equivalentemente X t = 1 (1 αb) ɛ t = (1 + αb + α 2 B )ɛ t = ɛ t + αɛ t 1 + α 2 ɛ t Escrevendo o processo AR(1) neste formato de MA infinito fica fácil ver que a sua média e variância são dados por E(X t ) = 0 e V ar(x t ) = σ 2 ɛ (1 + α 2 + α ) = σ2 ɛ 1 α 2. A função de autocovariância pode ser obtida usando os resultados acima. Reescrevendo a equação (3.6) como X t+k = ɛ t+k + + α k 1 ɛ t+1 + α k ɛ t + α k+1 ɛ t 1 + α k+2 ɛ t pode-se verificar que, para qualquer k = 1, 2,..., Portanto, Cov(ɛ t + αɛ t 1 + α 2 ɛ t , ɛ t+k + + α k 1 ɛ t+1 ) = 0. E(X t X t+k ) = Cov(ɛ t + αɛ t 1 + α 2 ɛ t , α k ɛ t + α k+1 ɛ t 1 + α k+2 ɛ t ) = α k E(ɛ 2 t ) + α k+2 E(ɛ 2 t 1) + α k+4 E(ɛ 2 t 2) +... = α k σ 2 ɛ (1 + α 2 + α ) = α k σ 2 ɛ 1 α 2 = αk σ 2 X = γ(k). Assim, a função de autocorrelação é ρ(k) = α k para k = 0, 1, 2,.... Assim, como a média e a variância são constantes e γ(k) não depende de t o processo AR(1) com α < 1 é estacionário. Na Figura 3.2 são mostradas graficamente as autocorrelações teóricas de um processo AR(1) até a defasagem k = 20 para α igual a 0,8, -0,8, 0,2 e -0,2. Note como a função de autocorrelação decai rapidamente para zero quando α = 0, 2 e se alterna entre valores positivos e negativos quando α = 0, 8. Ou seja sempre há um decaimento exponencial para zero mas este decaimento depende do sinal e magnitude de α. Generalizando os resultados acima para um processo AR(p) escrevemos novamente X t como um processo MA infinito com coeficientes ψ 0, ψ 1,..., i.e. X t = ψ 0 ɛ t + ψ 1 ɛ t 1 + ψ 2 ɛ t 2 + = (ψ 0 + ψ 1 B + ψ 2 B )ɛ t = ψ(b)ɛ t. e em analogia com o caso AR(1) segue que o processo será estacionário se j ψ2 j <

11 3.4. ALGUNS PROCESSOS ESTOCÁSTICOS Figura 3.2: As 20 primeiras autocorrelações teóricas de um processo AR(1) com (a) α = 0, 8, (b) α = 0, 8, (c) α = 0, 2 e (d) α = 0, 2.. Usando agora o operador de retardo a equação (3.4) fica (1 α 1 B α 2 B 2 α p B p )X t = ɛ t ou φ(b)x t = ɛ t e portanto o processo AR(p) pode ser escrito como X t = φ(b) 1 ɛ t = ψ(b)ɛ t. Assim, os coeficientes ψ j podem ser obtidos a partir dos coeficientes α j fazendo-se (1 α 1 B α 2 B 2 α p B p )(ψ 0 + ψ 1 B + ψ 2 B ) = 1

12 32 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS Desenvolvendo-se esta expressão segue que ψ 0 + ψ 1 B + ψ 2 B 2 + α 1 ψ 0 B α 1 ψ 1 B 2 α 1 ψ 2 B 3... α 2 ψ 0 B 2 α 2 ψ 1 B 3 α 2 ψ 2 B α p ψ 0 B p α p ψ 1 B p+1 = 1 + 0B + 0B e agora agrupando em termos de B, B 2,... ψ 0 + (ψ 1 α 1 ψ 0 )B + (ψ 2 α 1 ψ 1 α 2 ψ 0 )B 2 + = 1 + 0B + 0B donde obtém-se os coeficientes MA recursivamente como ψ 0 = 1 ψ 1 = ψ 0 α 1 ψ 2 = ψ 1 α 1 + ψ 0 α 2 ψ 3 = ψ 2 α 1 + ψ 1 α 2 + ψ 0 α 3. ψ i = i ψ i j α j. j=1 O efeito de ɛ t sobre X t+k é dado por ψ k, k = 1, 2,.... Pode-se mostrar que (ver por exemplo Box, Jenkins, & Reinsel 1994) a condição de estacionariedade do processo X t é que todas as raízes de φ(b) = 0 estejam fora do círculo unitário. Em particular, para p = 1 temos que φ(b) = 1 αb = 0 implica que B = 1/α e a condição de estacionariedade fica α < 1 conforme já haviamos verificado. Para reescrever um processo AR(p) em forma vetorial, defina Z t = (X t 1,..., X t p ) e portanto Z t = ΦZ t 1 + u t sendo a matriz Φ definida como φ 1 φ 2... φ p 1 φ p Φ =

13 3.4. ALGUNS PROCESSOS ESTOCÁSTICOS 33 e u t = (ɛ t, 0,..., 0). Para obter a função de autocorrelação de um processo AR(p) é algebricamente mais simples assumir a priori que o processo é estacionário com E(X t ) = 0, V ar(x t ) = σx 2 e Cov(X t, X t k ) = γ(k). Neste caso, multiplicando a equação (3.4) por X t k, i.e X t X t k = α 1 X t 1 X t k + + α p X t p X t k + ɛ t X t k. e tomando o valor esperado obtemos que E(X t X t k ) = γ(k) = α 1 E(X t 1 X t k ) + + α p E(X t p X t k ) = α 1 γ(k 1) + + α p γ(k p), k > 0. Dividindo-se ambos os lados pela variância constante σ 2 X obtem-se que ρ(k) = α 1 ρ(k 1) + + α p ρ(k p), k > 0 chamadas equações de Yule-Walker. Por exemplo, para um processo AR(1) com coeficiente α segue que ρ(1) = α, ρ(2) = αρ(1) = α 2,..., ρ(k) = α k como já haviamos verificado. Para um processo AR(2) com coeficientes α 1 e α 2 segue que ρ(1) = α 1 ρ(0) + α 2 ρ(1) ρ(1) = α 1 /(1 α 2 ) e as outras autocorrelaçõs são obtidas iterativamente como Autocorrelações Parciais ρ(k) = α 1 ρ(k 1) + α 2 ρ(k 2), k 2 Para um processo AR(p), o último coeficiente α p mede o excesso de correlação na defasagem p que não é levado em conta por um modelo AR(p 1). Este é chamado de p-ésimo coeficiente de autocorrelação parcial. Assim, variando k = 1, 2,... temos a chamada função de autocorrelação parcial (FACP). Por outro lado, em um processo AR(p) não existe correlação direta entre X t e X t p 1, X t p 2,... e substituindo k = p + 1, p + 2,... nas equações de Yule- Walker obtem-se que todos os coeficientes de correlação parcial serão nulos para k > p. Por exemplo, substituindo-se k = p + 1 segue que ρ(p + 1) = α 1 ρ(p) + + α p ρ(1) + α p+1. O fato de que a facp é igual a zero para k > p é sugerido em Box and Jenkins (1970, p. 170) como uma ferramenta para determinar a ordem p do processo

14 34 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS autoregressivo para séries temporais observadas Modelos Mistos ARMA Combinando-se modelos AR e MA pode-se obter uma representação adequada com um número menor de parâmetros. Processos autoregressivos médias móveis (ARMA) formam um classe de modelos muito úteis e parcimoniosos para descrever dados de séries temporais. O modelo ARMA(p, q) é dado por X t = α 1 X t α p X t p + ɛ t + β 1 ɛ t β q ɛ t q onde {ɛ t } é um processo puramente aleatório com média zero e variância σ 2 ɛ. Note que, modelos AR ou MA podem ser obtidos como casos especiais quando p = 0 ou q = 0. Usando o operador de retardo o modelo pode ser reescrito como (1 α 1 B α 2 B 2 α p B p )X t = (1 + β 1 B + β 2 B β q B q )ɛ t ou φ(b)x t = θ(b)ɛ t. Os valores de α 1,..., α p que tornam o processo estacionário são tais que as raízes de φ(b) = 0 estão fora do círculo unitário. Analogamente, os valores de β 1,..., β q que tornam o processo inversível são tais que as raízes de θ(b) = 0 estão fora do círculo unitário. Vale notar que as funções de autocorrelação e autocorrelação parcial ficam consideravelmente mais complicadas em processos ARMA. De um modo geral, para um processo ARMA(p, q) estacionário a função de autocorrelação tem um decaimento exponencial ou oscilatório após a defasagem q enquanto que a facp tem o mesmo comportamento após a defasagem p (Box & Jenkins 1970, p. 79). Em princípio este resultado pode ser utilizado para auxiliar na determinação da ordem (p, q) do processo mas na prática pode ser bastante difícil distinguir entre decaimentos exponenciais e oscilatórios através das estimativas destas funções. A Tabela 3.1 mostra as propriedades teóricas das funções de autocorrelação e autocorrelação parcial para alguns processos estacionários como auxiliar na identificação do modelo Modelos ARMA Integrados Os modelos discutidos até agora são apropriados para séries temporais estacionárias. Assim, para ajustar estes modelos a uma série temporal observada é necessário remover as fontes de variação não estacionárias. Por exemplo, se a série observada for não estacionária na média pode-se tentar remover a tendên-

15 3.4. ALGUNS PROCESSOS ESTOCÁSTICOS 35 Tabela 3.1: Propriedades teóricas da fac e facp. Processo FAC FACP série aleatória 0 0 AR(1), α > 0 decaimento exponencial 0, k 2 AR(1), α < 0 decaimento oscilatório idem AR(p) decaimento para zero 0, k > p MA(1) 0, k > 1 decaimento oscilatório ARMA(p, q) decaimento a partir de q decaimento a partir de p cia tomando-se uma ou mais diferenças (esta abordagem é muito utilizada em Econometria). Um modelo ARMA no qual X t é substituido pela sua d-ésima diferença d X t é capaz de descrever alguns tipos de séries não estacionárias. Denotando a série diferenciada por W t = d X t = (1 B) d X t o processo autoregressivo integrado médias móveis denotado ARIMA(p, d, q) é dado por W t = α 1 W t α p W t p + ɛ t + β 1 ɛ t β q ɛ t q ou, equivalentemente φ(b)(1 B) d X t = θ(b)ɛ t. (3.7) Da equação (3.7) acima pode-se notar que o modelo para X t é claramente não estacionário já que o polinômio autoregressivo φ(b)(1 B) d tem exatamente d raízes sobre o círculo unitário, ou d raízes unitárias. Um processo que se torna estacionário após d diferenças é dito ser não estacionário homogêneo, ou integrado de ordem d, I(d). Na prática valores pequenos são em geral especificados para d, sendo d = 1 o valor mais frequentemente utilizado e excepcionalmente d = 2. Note também que o passeio aleatório pode ser considerado um processo ARIMA(0,1,0). Vale notar que para dados reais um modelo ARIMA (e de fato qualquer modelo) é no máximo uma aproximação para o verdadeiro processo gerador dos dados. Na prática pode ser bem difícil distinguir entre um processo estacionário com memória longa (e.g. AR(1) com α 1) e um processo não estacionário homogêneo. Existe uma vasta literatura econométrica sobre testes de raíz unitária (ver por exemplo Hamilton 1994 e Bauwens, Lubrano, & Richard 1999). Mais recentemente, modelos da classe ARFIMA (ou ARIMA fracionários) tem sido utilizados para analisar séries com memória longa. Estes tópicos não serão abordados aqui

16 36 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS e o leitor interessado pode consultar por exemplo Brockwell & Davis (1991) além das referências acima.

17 3.4. ALGUNS PROCESSOS ESTOCÁSTICOS 37 Exercícios Nos exercícios a seguir {ɛ t } é um processo discreto puramente aleatório com média zero e variância σ 2 ɛ. 1. Encontre a fac do processo X t = ɛ t + 0, 7ɛ t 1 0, 2ɛ t Encontre a fac do processo X t µ = 0, 7(X t 1 µ) + ɛ t. 3. Encontre a fac do processo X t = 1 3 X t X t 2 + ɛ t. 4. Se X t = µ + ɛ t + βɛ t 1 mostre que a fac do processo não depende de µ. 5. Reescreva cada um dos modelos abaixo em termos de operador de retardo B e verifique se o modelo é estacionário e/ou inversível: (a) X t = 0, 3X t 1 + ɛ t. (b) X t = ɛ t 1, 3 ɛ t 1 + 0, 4 ɛ t 2. (c) X t = 0, 5X t 1 + ɛ t 1, 3 ɛ t 1 + 0, 4 ɛ t 2. (d) X t = 0, 3 X t 1 + ɛ t 0, 6 ɛ t 1 (e) X t = X t 1 + ɛ t 1, 5ɛ t 1 6. Mostre que o processo X t = X t 1 + cx t 2 + ɛ t é estacionário se 1 < c < 0 e obtenha a fac para c = 3/ Mostre que o processo X t = X t 1 + cx t 2 cx t 3 + ɛ t é não estacionário para qualquer valor de c. 8. Descreva como deve se comportar a função de autocorrelação teórica para os seguintes processos, (a) AR(1) estacionário, para α = 0, 1, α = 0, 75 e α = 0, 99. (b) Médias móveis de ordem q. (c) Como deveriam ficar as funções de autocorrelação e autocorrelação parcial amostrais que identificam os processos acima? 9. Descreva como deveriam se comportar as funções de autocorrelação e autocorrelação parcial amostrais para processos AR, MA e ARMA não sazonais. 10. Para o modelo (1 B)(1 0, 2B)X t = (1 0, 5B)ɛ t, identifique os valores de p, q, e d e verifique se o processo é estacionário e inversível. 11. Mostre que a função de autocovariância de um processo AR(1) estacionário com variância σx 2 é dada por αk σx 2 (Sugestão: use a expressão (3.2) com q )

18 38 CAPÍTULO 3. MODELOS PROBABILÍSTICOS 12. Verifique se X t = t j=1 ɛ t é estacionário. 13. Mostre que a fac do processo X t = ax t 1 + ɛ t + bɛ t 1 é dada por ρ(1) = (1 + ab)(a + b) 1 + b 2 + 2ab ρ(k) = aρ(k 1), k = 2, 3, Obtenha a função de autocovarância do processo sendo que 0 < a < 1. X t = ɛ t + 1 a ɛ t a 2 ɛ t a m ɛ t m 15. Se {X t } é um processo estacionário obtenha a função de autocovariância de Y t = X t X t Mostre que o processo X t = (α + 1)X t 1 αx t 2 + ɛ t tem exatamente uma raiz unitária e reescreva-o como um processo ARIMA(1,1,0). 17. Obtenha a função de autocorrelação do passeio aleatório X t = X t 1 + ɛ t com E(ɛ t ) = µ, V ar(ɛ t ) = σ 2 ɛ e Cov(ɛ t, ɛ s ) = 0, t s. 18. Verifique se o processo {Y t } tal que P (Y t = 1) = P (Y t = 1) = 1/2 é estacionário. Obtenha sua média, variância e covariância. 19. Sejam os processos Y t = ɛ t + θɛ t 1, θ > 1 e {X t } tal que X t = 1 se Y t 0 e X t = 1 se Y t < 0. Verifique se {X t } e {Y t } são estacionários. Calcule a função de autocorrelação de {X t }. 20. Verifique que o processo Y t = ( 1) t ɛ t é estacionário e que X t = Y t + ɛ t não é estacionário. 21. Se {X t } e {Y t } são independentes e estacionários verifique se Z t = αx t +βy t, α, β R também é estacionário. 22. Obtenha a representação MA( ) de um processo AR(2) estacionário. 23. Obtenha a representação AR( ) de um processo MA(1) inversível.

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS RICARDO S. EHLERS Laboratório de Estatística e Geoinformação Universidade Federal do Paraná Primeira publicação 2003 Segunda edição publicada em 2004 Terceira edição publicada

Leia mais

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS RICARDO S. EHLERS Primeira publicação 2003 Segunda edição publicada em 2004 Terceira edição publicada em 2005 Quarta edição publicada em 2007 Quinta edição publicada em 2009

Leia mais

Modelos para Séries Temporais Aula 1. Morettin e Toloi, 2006, Capítulo 2 Morettin, 2011, Capítulo 2 Bueno, 2011, Capítulo 2

Modelos para Séries Temporais Aula 1. Morettin e Toloi, 2006, Capítulo 2 Morettin, 2011, Capítulo 2 Bueno, 2011, Capítulo 2 Modelos para Séries Temporais Aula 1 Morettin e Toloi, 2006, Capítulo 2 Morettin, 2011, Capítulo 2 Bueno, 2011, Capítulo 2 Modelos para Séries Temporais Os modelos utilizados para descrever séries temporais

Leia mais

teoria de probabilidade e estatística, uma sequência de palavra série de tempo é usada alternativamente para

teoria de probabilidade e estatística, uma sequência de palavra série de tempo é usada alternativamente para Na teoria de probabilidade e estatística, uma sequência de variáveis aleatórias é independente e indenticamente distribuida (i.i.d) se cada variável aleatória tem a mesma distribuição de probabilidade

Leia mais

Econometria IV Modelos Lineares de Séries Temporais. Fernando Chague

Econometria IV Modelos Lineares de Séries Temporais. Fernando Chague Econometria IV Modelos Lineares de Séries Temporais Fernando Chague 2016 Estacionariedade Estacionariedade Inferência estatística em séries temporais requer alguma forma de estacionariedade dos dados Intuição:

Leia mais

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS Ralph S. Silva http://www.im.ufrj.br/ralph/seriestemporais.html Departamento de Métodos Estatísticos Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro Definição

Leia mais

Estimação no Domínio do tempo: Covariâncias e modelos ARIMA

Estimação no Domínio do tempo: Covariâncias e modelos ARIMA Estimação no Domínio do tempo: Covariâncias e modelos ARIMA Airlane Pereira Alencar 8 de Março de 2019 Alencar, A.P., Rocha, F.M.M. (IME-USP) Processos Estocásticos 8 de Março de 2019 1 / 26 Índice 1 Estacionariedade

Leia mais

= p(x 1 )p(x 2 x 1 )p(x n,..., x 3 x 2, x 1 ). = p(x 1 ) t=2. Em particular para um modelo ARMA(p, q), denotando o vetor de parâmetros. t=p+1.

= p(x 1 )p(x 2 x 1 )p(x n,..., x 3 x 2, x 1 ). = p(x 1 ) t=2. Em particular para um modelo ARMA(p, q), denotando o vetor de parâmetros. t=p+1. Capítulo 4 Estimação No capítulo anterior foram estudados modelos probabilísticos que podem ser utilizados para descrever dados de séries temporais. Neste capítulo será discutido o problema de ajustar

Leia mais

Aula 1. Wilson Correa. June 27, 2017

Aula 1. Wilson Correa. June 27, 2017 Aula 1 Definições Básicas Wilson Correa June 27, 2017 Série de Tempo Definição Uma série de tempo é qualquer conjunto de observações ordenadas no tempo. Podem ser: Discretas. Ex: Valores Diários de Poluição,

Leia mais

Metodologia de Box-Jenkins. Metodologia de Box-Jenkins. Metodologia de Box-Jenkins

Metodologia de Box-Jenkins. Metodologia de Box-Jenkins. Metodologia de Box-Jenkins Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção Análise de séries temporais: Modelos de Box-Jenkins Profa. Dra. Liane Werner Metodologia de Box-Jenkins Para os modelos de decomposição e os modelos

Leia mais

ECONOMETRIA AVANÇADA Prova Intermediária - 09/04/2015

ECONOMETRIA AVANÇADA Prova Intermediária - 09/04/2015 ECONOMETRIA AVANÇADA Prova Intermediária - 09/04/2015 Solução Questão I (2,0 pontos): Para o modelo y t = 0, 7y t 1 + ɛ t, com ruído branco ɛ t (0, 1), (a) (0,5) Obtenha a previsão h-passos a frente, ŷ

Leia mais

Econometria em Finanças e Atuária

Econometria em Finanças e Atuária Ralph S. Silva http://www.im.ufrj.br/ralph/especializacao.html Departamento de Métodos Estatísticos Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro Maio-Junho/2013 Modelos condicionalmente

Leia mais

A Metodologia de Box & Jenkins

A Metodologia de Box & Jenkins A Metodologia de Box & Jenins Aula 03 Bueno, 0, Capítulo 3 Enders, 009, Capítulo Morettin e Toloi, 006, Capítulos 6 a 8 A Metodologia Box & Jenins Uma abordagem bastante utilizada para a construção de

Leia mais

Séries de Tempo. José Fajardo. Agosto Fundação Getulio Vargas-EBAPE. José Fajardo (FGV-EBAPE) Fundamentos Estatísticos Agosto / 49

Séries de Tempo. José Fajardo. Agosto Fundação Getulio Vargas-EBAPE. José Fajardo (FGV-EBAPE) Fundamentos Estatísticos Agosto / 49 Séries de Tempo José Fajardo Fundação Getulio Vargas-EBAPE Agosto 2011 José Fajardo (FGV-EBAPE) Fundamentos Estatísticos Agosto 2011 1 / 49 Definição de esperança não condicional ou incondicional Considere

Leia mais

Modulo I. Séries Temporais: ARIMA

Modulo I. Séries Temporais: ARIMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS FACULDADE DE ESTATÍSTICA Modulo I Séries Temporais: ARIMA Curso: Bacharelado em Estatística Disciplina: Estatística Aplicada Nome: Verena

Leia mais

Conceitos Básicos de Séries Temporais para Modelagem Macroeconômica

Conceitos Básicos de Séries Temporais para Modelagem Macroeconômica Conceitos Básicos de Séries Temporais para Modelagem Macroeconômica Material de apoio à aula de RBC Referencia bibliográfica: Introduction to Econometrics G S Maddala e Kajal Lahiri 4a. Edição, John Wiley

Leia mais

Econometria Financeira

Econometria Financeira Ralph S. Silva http://www.im.ufrj.br/ralph/econometriafinanceira.html Departamento de Métodos Estatísticos Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro Setembro-Dezembro/2015 Análise

Leia mais

Séries Temporais e Modelos Dinâmicos. Econometria. Marcelo C. Medeiros. Aula 9

Séries Temporais e Modelos Dinâmicos. Econometria. Marcelo C. Medeiros. Aula 9 em Econometria Departamento de Economia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Aula 9 Data Mining Equação básica: Amostras finitas + muitos modelos = modelo equivocado. Lovell (1983, Review

Leia mais

Análise e Previsão de Séries Temporais Aula 1: Introdução às séries temporais. Eraylson Galdino

Análise e Previsão de Séries Temporais Aula 1: Introdução às séries temporais. Eraylson Galdino Análise e Previsão de Séries Temporais Aula 1: Introdução às séries temporais egs@cin.ufpe.br Agenda Séries Temporais: Definições Exemplos Modelos simples com média zero: Ruído I.I.D Processo Binário Random

Leia mais

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS Ralph S. Silva http://www.im.ufrj.br/ralph/seriestemporais.html Departamento de Métodos Estatísticos Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro Estimação

Leia mais

Processos Estocásticos

Processos Estocásticos Processos Estocásticos Luis Henrique Assumpção Lolis 26 de maio de 2014 Luis Henrique Assumpção Lolis Processos Estocásticos 1 Conteúdo 1 Introdução 2 Definição 3 Especificando um processo aleatório 4

Leia mais

Séries Temporais. Fernando Lucambio. Agosto de Departamento de Estatística Universidade Federal do Paraná Curitiba/PR, , Brasil

Séries Temporais. Fernando Lucambio. Agosto de Departamento de Estatística Universidade Federal do Paraná Curitiba/PR, , Brasil Séries rais Autocorrelação Fernando Lucambio Departamento de Estatística Universidade Federal do Paraná Curitiba/PR, 81531 990, Brasil email: lucambio.ufpr@gmail.com Agosto de 2015 AUTOCORRELAÇÃO Uma importante

Leia mais

Econometria Semestre

Econometria Semestre Econometria Semestre 2010.01 174 174 21.4. PROCESSOS ESTOCÁSTICOS INTEGRADOS O passeio aleatório é apenas um caso particular de uma classe de processos estocásticos conhecidos como processos integrados.

Leia mais

2. Séries Temporais Definição

2. Séries Temporais Definição 23 2. Séries Temporais 2.1. Definição Um processo estocástico é uma função aleatória que evolui no tempo (e/ou no espaço), definida sob um espaço de probabilidades. Mais precisamente, um processo estocástico

Leia mais

4 Modelos de Regressão Dinâmica

4 Modelos de Regressão Dinâmica 4 Modelos de Regressão Dinâmica Nos modelos de regressão linear (Johnston e Dinardo, 1998) estudados comumente na literatura, supõe-se que os erros gerados pelo modelo possuem algumas características como:

Leia mais

Séries Temporais e Modelos Dinâmicos. Econometria. Marcelo C. Medeiros. Aula 4

Séries Temporais e Modelos Dinâmicos. Econometria. Marcelo C. Medeiros. Aula 4 em Econometria Departamento de Economia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Aula 4 O Processo Média-Móvel Muitas vezes, a estrutura auto-regressiva não é suficiente para descrever totalmente

Leia mais

Modelos de previsão utilizando séries Temporais

Modelos de previsão utilizando séries Temporais Universidade Estadual da Paraíba Centro de Ciências e Tecnologia Departamento de Estatística Erasnilson Vieira Camilo Modelos de previsão utilizando séries Temporais Campina Grande Dezembro de 2012 Erasnilson

Leia mais

Análise de Séries Temporais. Modelos estacionários Processos puramente aleatórios, AR(p), MA(q) ARIMA(p,q)

Análise de Séries Temporais. Modelos estacionários Processos puramente aleatórios, AR(p), MA(q) ARIMA(p,q) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto Análise de Séries Temporais. Modelos estacionários Processos puramente aleatórios, AR(p), MA(q) ARIMA(p,q)

Leia mais

Módulo IV: Processos Aleatórios Estacionários, Cicloestaionaridade e Análise de Continuidade de Processos Aleatórios

Módulo IV: Processos Aleatórios Estacionários, Cicloestaionaridade e Análise de Continuidade de Processos Aleatórios Módulo IV: Processos Aleatórios Estacionários, Cicloestaionaridade e Análise de Continuidade de Processos Aleatórios Wamberto J. L. Queiroz Universidade Federal de Campina Grande-UFCG Departamento de Engenharia

Leia mais

Introdução Técnicas Descritivas. Modelos Probabilísticos. Previsão. Exercício 19/11/2012. Recursos Gráficos Decomposição Filtros Lineares

Introdução Técnicas Descritivas. Modelos Probabilísticos. Previsão. Exercício 19/11/2012. Recursos Gráficos Decomposição Filtros Lineares Professores: Paulo Maciel Ricardo Massa Aluno: Anderson Elias - aen@cin.ufpe.br Ayhalla Riceli carlp@cin.ufpe.br Introdução Técnicas Descritivas Recursos Gráficos Decomposição Filtros Lineares Modelos

Leia mais

Estatística (MAD231) Turma: IGA. Período: 2018/2

Estatística (MAD231) Turma: IGA. Período: 2018/2 Estatística (MAD231) Turma: IGA Período: 2018/2 Aula #04 de Probabilidade: 26/10/2018 1 Variáveis Aleatórias Contínuas De modo informal as variáveis aleatórias são contínuas quando resultam de algum tipo

Leia mais

Uso de séries temporais na análise da temperatura média mensal da cidade de Mossoró, RN

Uso de séries temporais na análise da temperatura média mensal da cidade de Mossoró, RN Uso de séries temporais na análise da temperatura média mensal da cidade de Mossoró, RN Ben Dêivide de Oliveira Batista 1 2 Tales Jesus Fernandes 2 Thelma Sáfadi 2 Wesley de Oliveira Santos 3 1 Introdução

Leia mais

A análise de séries temporais é uma área da estatística dedicada ao estudo de dados orientados no tempo (MONTGOMERY, 2004).

A análise de séries temporais é uma área da estatística dedicada ao estudo de dados orientados no tempo (MONTGOMERY, 2004). 3 Séries temporais A análise de séries temporais é uma área da estatística dedicada ao estudo de dados orientados no tempo (MONTGOMERY, 2004). 3.1. Princípios fundamentais Conforme Box et al. (1994), uma

Leia mais

Mestrado Profissionalizante em Finanças as e Economia Empresarial FGV / EPGE Prof. Eduardo Ribeiro Julho Setembro 2007

Mestrado Profissionalizante em Finanças as e Economia Empresarial FGV / EPGE Prof. Eduardo Ribeiro Julho Setembro 2007 Projeções de Séries S Temporais Econometria dos Mercados Financeiros Mestrado Profissionalizante em Finanças as e Economia Empresarial FGV / EPGE Prof. Eduardo Ribeiro Julho Setembro 2007 Objetivo do curso

Leia mais

Análise e previsão das taxas da população ocupada em Fortaleza, Ceará, de setembro de 1991 a dezembro de 2008

Análise e previsão das taxas da população ocupada em Fortaleza, Ceará, de setembro de 1991 a dezembro de 2008 Análise e previsão das taxas da população ocupada em Fortaleza, Ceará, de setembro de 1991 a dezembro de 2008 Daniela Bandeira, Paulo Germano, Filipe Formiga e Jeremias Leão Universidade Federal do Piauí

Leia mais

Cadeias de Markov em Tempo Continuo

Cadeias de Markov em Tempo Continuo Cadeias de Markov em Tempo Continuo Ricardo Ehlers ehlers@icmc.usp.br Departamento de Matemática Aplicada e Estatística Universidade de São Paulo Capitulos 6 Taylor & Karlin 1 / 44 Análogo ao processo

Leia mais

Econometria. Séries Temporais Lista de Exercícios

Econometria. Séries Temporais Lista de Exercícios Econometria Séries Temporais Lista de Exercícios 1. Estimação da Autocovariância e da Autocorrelação Tome a série de dados da planilha estimacao.xlsx e estime o que se pede sobre a série de tempo dada.

Leia mais

TE802 Processos Estocásticos em Engenharia. Processo Aleatório. TE802 Processos Aleatórios. Evelio M. G. Fernández. 18 de outubro de 2017

TE802 Processos Estocásticos em Engenharia. Processo Aleatório. TE802 Processos Aleatórios. Evelio M. G. Fernández. 18 de outubro de 2017 TE802 Processos Estocásticos em Engenharia Processos Aleatórios 18 de outubro de 2017 Processo Aleatório Processo Aleatório (ou Estocástico), X(t): Função aleatória do tempo para modelar formas de onda

Leia mais

2 Metodologia. 2.1 Série Temporal

2 Metodologia. 2.1 Série Temporal 2 Metodologia 2.1 Série Temporal Uma série temporal é um conjunto de observações de uma dada variável, ordenada pelo parâmetro tempo. Estas observações são, em geral, feitas em intervalos de tempo equidistantes.

Leia mais

2. Modelos periódicos autorregressivos 2.1. Planejamento da Operação do Sistema Interligado Nacional

2. Modelos periódicos autorregressivos 2.1. Planejamento da Operação do Sistema Interligado Nacional 24 2. Modelos periódicos autorregressivos 2.1. Planejamento da Operação do Sistema Interligado Nacional A energia de origem hídrica predomina na matriz elétrica brasileira. Isso devese ao fato de o país

Leia mais

Modelos de Regressão Linear Simples - parte I

Modelos de Regressão Linear Simples - parte I Modelos de Regressão Linear Simples - parte I Erica Castilho Rodrigues 19 de Agosto de 2014 Introdução 3 Objetivos Ao final deste capítulo você deve ser capaz de: Usar modelos de regressão para construir

Leia mais

Análise e Previsão de Séries Temporais Aula 2: Introdução às séries temporais. Eraylson Galdino

Análise e Previsão de Séries Temporais Aula 2: Introdução às séries temporais. Eraylson Galdino Análise e Previsão de Séries Temporais Aula 2: Introdução às séries temporais egs@cin.ufpe.br Análise e Previsão de Séries Temporais Aula 1 Agenda Resumo da Aula anterior; Estimação e eliminação dos componentes

Leia mais

Exercícios de Teoria da Probabilidade e Processos Estocásticos Parte II

Exercícios de Teoria da Probabilidade e Processos Estocásticos Parte II Exercícios de Teoria da Probabilidade e Processos Estocásticos Parte II 13 de Dezembro de 2013 Exercício 1. Descreva o espaço de probabilidade associado às seguintes experiências aleatórias: 1. Uma moeda

Leia mais

Eixo Temático: Estratégia e Internacionalização de Empresas

Eixo Temático: Estratégia e Internacionalização de Empresas Eixo Temático: Estratégia e Internacionalização de Empresas PREVISÃO DA ARRECADAÇÃO DE ICMS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: UMA ABORDAGEM COM MODELOS ARIMA RESUMO PREDICTING THE COLLECTION OF ICMS OF RIO

Leia mais

Testes de Raiz Unitária para Dados em Painel

Testes de Raiz Unitária para Dados em Painel Aula 7 Bibliografia: Stata, 2017. help xtunitroot. From Stata/SE 13 (accessed on Oct. 23, 2018). Pesaran, M.H. (2015). Time series and panel data econometrics. Oxford: Oxford University Press. Rafael S.

Leia mais

3 Modelos Comparativos: Teoria e Metodologia

3 Modelos Comparativos: Teoria e Metodologia 3 Modelos Comparativos: Teoria e Metodologia Para avaliar o desempenho do modelo STAR-Tree, foram estimados os modelos Naive, ARMAX e Redes Neurais. O ajuste dos modelos ARMAX e das redes neurais foi feito

Leia mais

Prof. Lorí Viali, Dr.

Prof. Lorí Viali, Dr. Prof. Lorí Viali, Dr. viali@mat.ufrgs.br http://www.mat.ufrgs.br/~viali/ Uma variável aleatória X tem uma distribuição normal se sua fdp for do tipo: f(x) 1.e 1 2. x µ σ 2, x R 2π. σ com - < µ < e σ >

Leia mais

Anexo 1 - Revisões de Teoria das Probabilidades e Processos Estocásticos

Anexo 1 - Revisões de Teoria das Probabilidades e Processos Estocásticos 1 Anexo 1 - Revisões de Teoria das Probabilidades e Processos Estocásticos Documento auxiliar à disciplina de Modelação, Identificação e Controlo Digital Alexandre Bernardino IST-Secção de Sistemas e Controlo

Leia mais

Introdução aos Proc. Estocásticos - ENG 430

Introdução aos Proc. Estocásticos - ENG 430 Introdução aos Proc. Estocásticos - ENG 430 Fabrício Simões IFBA 16 de novembro de 2015 Fabrício Simões (IFBA) Introdução aos Proc. Estocásticos - ENG 430 16 de novembro de 2015 1 / 35 Fabrício Simões

Leia mais

IND 1115 Inferência Estatística Aula 6

IND 1115 Inferência Estatística Aula 6 Conteúdo IND 5 Inferência Estatística Aula 6 Setembro de 004 A distribuição Lognormal A distribuição Beta e sua relação com a Uniforme(0,) Mônica Barros mbarros.com mbarros.com A distribuição Lognormal

Leia mais

Convergência em espaços normados

Convergência em espaços normados Chapter 1 Convergência em espaços normados Neste capítulo vamos abordar diferentes tipos de convergência em espaços normados. Já sabemos da análise matemática e não só, de diferentes tipos de convergência

Leia mais

UTILIZAÇÃO DE MODELOS ARIMA PARA PREVISÃO DA ARRECADAÇÃO DE ICMS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

UTILIZAÇÃO DE MODELOS ARIMA PARA PREVISÃO DA ARRECADAÇÃO DE ICMS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL UTILIZAÇÃO DE MODELOS ARIMA PARA PREVISÃO DA ARRECADAÇÃO DE ICMS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Deise Scheffer Universidade Federal de Santa Maria scheffer.deise@gmail.com Adriano Mendonça Souza Universidade

Leia mais

Análise de previsão da inflação no período pós-plano Real

Análise de previsão da inflação no período pós-plano Real Análise de previsão da inflação no período pós-plano Real Marina Rodrigues Maestre 1 Jayane Pereira de Oliveira 2 Raquel Castellucci Caruso Sachs 3 Vitor Augusto Ozaki 4 1 Introdução Durante a década de

Leia mais

Capítulo 1. ˆ Observações correlacionadas são mais difíceis de analisar e requerem técnicas

Capítulo 1. ˆ Observações correlacionadas são mais difíceis de analisar e requerem técnicas Capítulo 1 Introdução Uma série temporal é uma coleção de observações feitas sequencialmente ao longo do tempo. A característica mais importante deste tipo de dados é que as observações vizinhas são dependentes

Leia mais

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais:

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: Espaços Euclidianos Espaços R n O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: R n = {(x 1,..., x n ) : x 1,..., x n R}. R 1 é simplesmente o conjunto R dos números

Leia mais

PRE29006 LISTA DE EXERCÍCIOS #

PRE29006 LISTA DE EXERCÍCIOS # INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA CAMPUS SÃO JOSÉ COORDENADORIA DE ÁREA DE TELECOMUNICAÇÕES ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES PRE9006 LISTA DE EXERCÍCIOS #3 06. Exercícios. [, Exercício 7.] Seja A uma variável

Leia mais

p(x) Note que 1/p(x), que não depende de θ, funciona como uma constante normalizadora

p(x) Note que 1/p(x), que não depende de θ, funciona como uma constante normalizadora Capítulo 1 Introdução A informação que se tem sobre uma quantidade de interesse θ é fundamental na Estatística. O verdadeiro valor de θ é desconhecido e a idéia é tentar reduzir este desconhecimento. Além

Leia mais

Inferência Estatistica

Inferência Estatistica Inferência Estatistica Ricardo Ehlers ehlers@icmc.usp.br Departamento de Matemática Aplicada e Estatística Universidade de São Paulo Modelos e Inferência Um modelo é uma simplificação da realidade (e alguns

Leia mais

Processos Estocásticos. Variáveis Aleatórias. Variáveis Aleatórias. Luiz Affonso Guedes. Como devemos descrever um experimento aleatório?

Processos Estocásticos. Variáveis Aleatórias. Variáveis Aleatórias. Luiz Affonso Guedes. Como devemos descrever um experimento aleatório? Processos Estocásticos Luiz Affonso Guedes Sumário Probabilidade Funções de Uma Variável Aleatória Funções de Várias Momentos e Estatística Condicional Teorema do Limite Central Processos Estocásticos

Leia mais

Definição. Os valores assumidos pelos estimadores denomina-se estimativas pontuais ou simplesmente estimativas.

Definição. Os valores assumidos pelos estimadores denomina-se estimativas pontuais ou simplesmente estimativas. 1. Inferência Estatística Inferência Estatística é o uso da informção (ou experiência ou história) para a redução da incerteza sobre o objeto em estudo. A informação pode ou não ser proveniente de um experimento

Leia mais

Processos Estocásticos. Variáveis Aleatórias. Variáveis Aleatórias. Variáveis Aleatórias. Variáveis Aleatórias. Luiz Affonso Guedes

Processos Estocásticos. Variáveis Aleatórias. Variáveis Aleatórias. Variáveis Aleatórias. Variáveis Aleatórias. Luiz Affonso Guedes Processos Estocásticos Luiz Affonso Guedes Sumário Probabilidade Funções de Uma Variável Aleatória Funções de Várias Momentos e Estatística Condicional Teorema do Limite Central Processos Estocásticos

Leia mais

g(s, X n s )ds + t f (s, X s ) 2 ds <, P-q.s. t f (s, X s )db s, t 0.

g(s, X n s )ds + t f (s, X s ) 2 ds <, P-q.s. t f (s, X s )db s, t 0. CHAPTER 3. INTEGRAIS ESTOCÁSTICOS 88 2. Quais são as propriedades destas soluções? 3. Como podemos resolver uma dada equação? O método usual para provar a existência de uma solução da equação diferencial

Leia mais

Métodos Quantitativos para Avaliação de Políticas Públicas

Métodos Quantitativos para Avaliação de Políticas Públicas ACH3657 Métodos Quantitativos para Avaliação de Políticas Públicas Aula 11 Análise de Resíduos Alexandre Ribeiro Leichsenring alexandre.leichsenring@usp.br Alexandre Leichsenring ACH3657 Aula 11 1 / 26

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC BC49 Cálculo Numérico - LISTA - sistemas lineares de equações Profs André Camargo, Feodor Pisnitchenko, Marijana Brtka, Rodrigo Fresneda Métodos diretos Analise os sistemas

Leia mais

Processos estocásticos

Processos estocásticos 36341 - Introdução aos Processos Estocásticos Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Departamento de Engenharia Elétrica Universidade de Brasília Processos estocásticos Geovany A. Borges gaborges@ene.unb.br

Leia mais

Modelos de Regressão Linear Simples parte I

Modelos de Regressão Linear Simples parte I Modelos de Regressão Linear Simples parte I Erica Castilho Rodrigues 27 de Setembro de 2017 1 2 Objetivos Ao final deste capítulo você deve ser capaz de: Usar modelos de regressão para construir modelos

Leia mais

Modelos ARCH e GARCH Aula 8. Morettin e Toloi, 2006, Capítulo 1 e 14 Morettin, 2011, Capítulo 1 e 5 Bueno, 2011, Capítulo 8

Modelos ARCH e GARCH Aula 8. Morettin e Toloi, 2006, Capítulo 1 e 14 Morettin, 2011, Capítulo 1 e 5 Bueno, 2011, Capítulo 8 Modelos ARCH e GARCH Aula 8 Morettin e Toloi, 2006, Capítulo 1 e 14 Morettin, 2011, Capítulo 1 e 5 Bueno, 2011, Capítulo 8 Motivação Pesquisadores que se dedicam a prever séries temporais, tais como preços

Leia mais

SUMÁRIOS DE VARIÁVEIS ALEATÓRIAS CONTINUAS

SUMÁRIOS DE VARIÁVEIS ALEATÓRIAS CONTINUAS 4 SUMÁRIOS DE VARIÁVEIS ALEATÓRIAS CONTINUAS Em muitos problemas de probabilidade que requerem o uso de variáveis aleatórias, uma completa especificação da função de densidade de probabilidade ou não está

Leia mais

Processos aleatórios - características

Processos aleatórios - características Capítulo 6 Processos aleatórios - características temporais 6.1 O conceito de processo aleatório Um processo aleatório ou estocástico é um espaço de amostras em que cada elemento é associado a uma função

Leia mais

Métodos de Alisamento (ou Suavização)

Métodos de Alisamento (ou Suavização) Métodos de Alisamento (ou Suavização) Ricardo Ehlers ehlers@icmc.usp.br Departamento de Matemática Aplicada e Estatística Universidade de São Paulo Alisamento Exponencial Nesta técnica os valores suavizados

Leia mais

4. Experimentos em Blocos aleatorizados, quadrados latinos e experimentos relacionados

4. Experimentos em Blocos aleatorizados, quadrados latinos e experimentos relacionados 4. Experimentos em Blocos aleatorizados, quadrados latinos e experimentos relacionados 4.2 Quadrados Latinos (QL) Suponha que um experimentador esteja estudando o efeito de 5 formulações diferentes de

Leia mais

A estacionariedade prova-se de maneira semel- hante.

A estacionariedade prova-se de maneira semel- hante. Se por outro lado (U 1, U 2,...) é IID então mostremos que X n U 1 + + U n tem incrementos independentes e estacionários. De facto, dados n > m temos que X n X m U m+1 + + U n. Tome-se quaisquer n 1

Leia mais

Gibbs Sampler para ANOVA e Misturas

Gibbs Sampler para ANOVA e Misturas Gibbs Sampler para ANOVA e Misturas Renato Assunção - DCC, UFMG Outubro de 014 1 Modelo ANOVA: componentes de variância Suponha que temos K grupos ou classes. Em cada grupo, temos um certo número de dados

Leia mais

MAE0229 Introdução à Probabilidade e Estatística II

MAE0229 Introdução à Probabilidade e Estatística II Exercício Entre jovens atletas, um nível alto de colesterol pode ser considerado preocupante e indicativo para um acompanhamento médico mais frequente. Suponha que são classificados como tendo taxa de

Leia mais

Conteúdo Teórico: 04 Esperança

Conteúdo Teórico: 04 Esperança ACH2053 Introdução à Estatística Conteúdo Teórico: 04 Esperança Marcelo de Souza Lauretto Sistemas de Informação EACH www.each.usp.br/lauretto Referência: Morris DeGroot, Mark Schervish. Probability and

Leia mais

Processos de Poisson

Processos de Poisson Processos de Poisson Ricardo Ehlers ehlers@icmc.usp.br Departamento de Matemática Aplicada e Estatística Universidade de São Paulo Capitulo 5 Taylor & Karlin 1 / 37 Distribuição de Poisson Seja a variável

Leia mais

O Triedro de Frenet. MAT Cálculo Diferencial e Integral II Daniel Victor Tausk

O Triedro de Frenet. MAT Cálculo Diferencial e Integral II Daniel Victor Tausk O Triedro de Frenet MAT 2454 - Cálculo Diferencial e Integral II Daniel Victor Tausk Seja γ : I IR 3 uma curva de classe C 3 definida num intervalo I IR. Assuma que γ é regular, ou seja, γ (t) 0 para todo

Leia mais

, (1) onde v é o módulo de v e b 1 e b 2 são constantes positivas.

, (1) onde v é o módulo de v e b 1 e b 2 são constantes positivas. Oscilações Amortecidas O modelo do sistema massa-mola visto nas aulas passadas, que resultou nas equações do MHS, é apenas uma idealização das situações mais realistas existentes na prática. Sempre que

Leia mais

INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Mestrado Integrado em Engenharia Física Tecnológica Ano Lectivo: 2007/2008 Semestre: 1 o

INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Mestrado Integrado em Engenharia Física Tecnológica Ano Lectivo: 2007/2008 Semestre: 1 o INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Mestrado Integrado em Engenharia Física Tecnológica Ano Lectivo: 27/28 Semestre: o MATEMÁTICA COMPUTACIONAL Exercícios [4 Sendo A M n (C) mostre que: (a) n A 2 A n A 2 ; (b)

Leia mais

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS Ralph S. Silva http://www.im.ufrj.br/ralph/seriestemporais.html Departamento de Métodos Estatísticos Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro Referências

Leia mais

PROCESSOS ESTOCÁSTICOS. O resultado de muitas experiências aleatórias é função do tempo ou de uma (ou mais) coordenada espacial.

PROCESSOS ESTOCÁSTICOS. O resultado de muitas experiências aleatórias é função do tempo ou de uma (ou mais) coordenada espacial. 37 PROCESSOS ESTOCÁSTICOS O resultado de muitas experiências aleatórias é função do tempo ou de uma (ou mais) coordenada espacial. Ex: i) O valor da temperatura média diária ou semanal numa cidade. O acontecimento

Leia mais

Aula 2 Tópicos em Econometria I. Porque estudar econometria? Causalidade! Modelo de RLM Hipóteses

Aula 2 Tópicos em Econometria I. Porque estudar econometria? Causalidade! Modelo de RLM Hipóteses Aula 2 Tópicos em Econometria I Porque estudar econometria? Causalidade! Modelo de RLM Hipóteses A Questão da Causalidade Estabelecer relações entre variáveis não é suficiente para a análise econômica.

Leia mais

3 Metodologia 3.1. Tipo de pesquisa

3 Metodologia 3.1. Tipo de pesquisa 3 Metodologia 3.1. Tipo de pesquisa Este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa descritiva, quantitativa, bibliográfica, experimental, exploratória e explicativa. Este estudo é descritivo, pois

Leia mais

Cointegração fracionária em séries financeiras. Victor Sakimoto Shie DISSERTAÇÃO APRESENTADA INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA

Cointegração fracionária em séries financeiras. Victor Sakimoto Shie DISSERTAÇÃO APRESENTADA INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA Cointegração fracionária em séries financeiras Victor Sakimoto Shie DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM CIÊNCIAS

Leia mais

Análise do volume útil do reservatório de Furnas via modelos de séries temporais

Análise do volume útil do reservatório de Furnas via modelos de séries temporais Análise do volume útil do reservatório de Furnas via modelos de séries temporais Cristina Henriques Nogueira 1 3 Thelma Sáfadi 2 1 Introdução A energia elétrica é, sem dúvida, um recurso indispensável

Leia mais

2 Conceitos de Teoria da Probabilidade

2 Conceitos de Teoria da Probabilidade 2 Conceitos de Teoria da Probabilidade Neste capítulo, enunciaremos algumas denições e resultados de teoria de probabilidade. justicativa deste capítulo reside no fato que u objetivo nal é estimar momentos

Leia mais

Material Teórico - Módulo Equações do Segundo Grau. Equações de Segundo Grau: outros resultados importantes. Nono Ano do Ensino Funcamental

Material Teórico - Módulo Equações do Segundo Grau. Equações de Segundo Grau: outros resultados importantes. Nono Ano do Ensino Funcamental Material Teórico - Módulo Equações do Segundo Grau Equações de Segundo Grau: outros resultados importantes Nono Ano do Ensino Funcamental Autor: Prof. Fabrício Siqueira Benevides Revisor: Prof. Antonio

Leia mais

Anexo 1 - Revisões de Teoria das Probabilidades e Processos Estocásticos

Anexo 1 - Revisões de Teoria das Probabilidades e Processos Estocásticos 1 Anexo 1 - Revisões de Teoria das Probabilidades e Processos Estocásticos Documento auxiliar à disciplina de Modelação, Identificação e Controlo Digital Alexandre Bernardino 003/005 IST-Secção de Sistemas

Leia mais

Ralph S. Silva

Ralph S. Silva ANÁLISE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA Ralph S Silva http://wwwimufrjbr/ralph/multivariadahtml Departamento de Métodos Estatísticos Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro Sumário Revisão:

Leia mais

Disciplina: Processamento Estatístico de Sinais (ENGA83) - Aula 02 / Processos Aleatórios

Disciplina: Processamento Estatístico de Sinais (ENGA83) - Aula 02 / Processos Aleatórios Disciplina: Processamento Estatístico de Sinais (ENGA83) - Aula 02 / Processos Aleatórios Prof. Eduardo Simas (eduardo.simas@ufba.br) Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica/PPGEE Universidade

Leia mais

Séries Temporais e Modelos Dinâmicos. Econometria. Marcelo C. Medeiros. Aula 12

Séries Temporais e Modelos Dinâmicos. Econometria. Marcelo C. Medeiros. Aula 12 em Econometria Departamento de Economia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Aula 12 Regressão com Variáveis Não-Estacionárias Considere três processos estocásticos definidos pelas seguintes

Leia mais

AGA Análise de Dados em Astronomia I 7. Modelagem dos Dados com Máxima Verossimilhança: Modelos Lineares

AGA Análise de Dados em Astronomia I 7. Modelagem dos Dados com Máxima Verossimilhança: Modelos Lineares 1 / 0 AGA 0505- Análise de Dados em Astronomia I 7. Modelagem dos Dados com Máxima Verossimilhança: Modelos Lineares Laerte Sodré Jr. 1o. semestre, 018 modelos modelagem dos dados dado um conjunto de dados,

Leia mais

Disciplina: Processamento Estatístico de Sinais (ENGA83) - Aula 06 / Classes Especiais de Processos Aleatórios

Disciplina: Processamento Estatístico de Sinais (ENGA83) - Aula 06 / Classes Especiais de Processos Aleatórios Disciplina: Processamento Estatístico de Sinais (ENGA83) - Aula 06 / Classes Especiais de Processos Aleatórios Prof. Eduardo Simas (eduardo.simas@ufba.br) Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica/PPGEE

Leia mais

)XQGDPHQWRVGHSUREDELOLGDGHHHVWDWtVWLFD

)XQGDPHQWRVGHSUREDELOLGDGHHHVWDWtVWLFD )XQGDPHQWRVGHUREDELOLGDGHHHVWDWtVWLFD,QWURGXomR A história da estatística pode ser dividida em três fases. De acordo com PEANHA (00), a estatística inicialmente não mantinha nenhuma relação com a probabilidade,

Leia mais

Equação da reta. No R 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 05

Equação da reta. No R 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 05 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 05 Assunto:Equações da reta no R 2 e no R 3, equações do plano, funções de uma variável real a valores em R n Palavras-chaves: Equação da reta,

Leia mais

Processos Estocásticos. Luiz Affonso Guedes

Processos Estocásticos. Luiz Affonso Guedes Processos Estocásticos Luiz Affonso Guedes Sumário Probabilidade Variáveis Aleatórias Funções de Uma Variável Aleatória Funções de Várias Variáveis Aleatórias Momentos e Estatística Condicional Teorema

Leia mais

ESTATÍSTICA COMPUTACIONAL

ESTATÍSTICA COMPUTACIONAL ESTATÍSTICA COMPUTACIONAL Ralph dos Santos Silva Departamento de Métodos Estatísticos Instituto de Matemática Universidade Federal do Rio de Janeiro Sumário Motivação Por exemplo, queremos analisar a série

Leia mais

AJUSTE DE UM MODELO DE SÉRIES TEMPORAIS PARA PREVISÃO DA TEMPERATURA MÍNIMA DO AR PARA LAVRAS/MG EM 2011

AJUSTE DE UM MODELO DE SÉRIES TEMPORAIS PARA PREVISÃO DA TEMPERATURA MÍNIMA DO AR PARA LAVRAS/MG EM 2011 AJUSTE DE UM MODELO DE SÉRIES TEMPORAIS PARA PREVISÃO DA TEMPERATURA MÍNIMA DO AR PARA LAVRAS/MG EM 2011 LUIZ G. CARVALHO 1, CAMILA C. ALVARENGA 2 DANIELA C. RODRIGUES 3 1 Eng. Agrícola, Prof. Adjunto,

Leia mais

Capítulo 5 Distribuições de Probabilidades. Seção 5-1 Visão Geral. Visão Geral. distribuições de probabilidades discretas

Capítulo 5 Distribuições de Probabilidades. Seção 5-1 Visão Geral. Visão Geral. distribuições de probabilidades discretas Capítulo 5 Distribuições de Probabilidades 5-1 Visão Geral 5-2 Variáveis Aleatórias 5-3 Distribuição de Probabilidade Binomial 5-4 Média, Variância e Desvio Padrão da Distribuição Binomial 5-5 A Distribuição

Leia mais