O que fazer sem experiência profissional

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1 O que fazer sem experiência profissional A falta de experiência profissional é uma das barreiras mais difíceis de ultrapassar para quem procura emprego, sendo frequente ouvir-se candidatos ao primeiro emprego atribuir a este facto a causa dos seus insucessos. Na verdade, a experiência profissional é, na mente da generalidade dos empregadores, o que garante a boa escolha dos seus colaboradores, constituindo uma das exigências, pelo menos como fator preferencial, na quase totalidade dos anúncios publicados nos média. Mesmo quando, para um determinado posto de trabalho, não foi requerida, à partida, esta exigência, é frequentemente a opção final de escolha recair sobre quem a possui por tornar mais previsível a adaptação profissional, dando, assim, mais segurança ao empregador. Que fazer, então, face a este círculo vicioso em que não se tem acesso ao emprego porque não se possui experiência profissional e em que não se tem experiência profissional porque esta é condição básica para se conseguir emprego? De um modo geral, quando um empregador recorre a candidatos ao primeiro emprego, irá centrar a sua seleção, principalmente, nas capacidades que possam evidenciar, por exemplo, de integração num determinado projeto ou equipa, de aprendizagem sobre o know-how e cultura da empresa e de evolução na profissão, e não tanto no saber fazer. São assim testadas, preferencialmente, as potencialidades dos candidatos, ou seja, as competências intelectuais e características de personalidade e sociabilidade, cujo desenvolvimento e expressão se adquire, e vivencia, em múltiplas atividades e interesses. Se passou o seu tempo de estudante concentrado exclusivamente no estudo, resumindo o seu dia-a-dia entre casa e as aulas, centrado, apenas, nos resultados escolares, poderá no final do curso exibir, eventualmente, uma boa média, capaz de interessar a um ou outro empregador. No entanto, dificilmente adquiriu experiências, redes de conhecimentos e competências transferíveis para a atividade profissional, 1

2 suscetíveis de o ajudar a construir projetos profissionais concretos e a abrir-lhe as portas de um emprego. Não deverá, assim, desligar a sua carreira escolar da construção progressiva dos seus sonhos ou projetos profissionais que, uma vez concluída a sua formação escolar, lhe possibilite a passagem para o exercício de uma atividade profissional. Da inventariação de todas as atividades ou experiências que o poderão ajudar a complementar os conhecimentos escolares com competências transferíveis para o plano profissional, enunciam-se à frente algumas, que nos parecem importantes: Participe na vida académica, se possível assumindo cargos de direção ao nível das associações, núcleos, comissões, etc. Se souber gerir o seu tempo chegará à conclusão que os estudos não serão significativamente afetados, ganhando, em contrapartida, experiências comparáveis à atividade profissional. Criará redes de conhecimentos que, a qualquer momento, lhe poderão ser úteis e aprofundará o conhecimento das suas características pessoais, tais como: capacidade de iniciativa, organização, liderança, entre outras; Projete os seus estudos para fora da escola optando por trabalhos práticos que o ligue às empresas, obrigando-o a contactá-las, a conhecer o seu funcionamento, a perceber a relação entre a teoria e a prática. Adquira conhecimentos complementares, através da frequência de cursos de formação profissional, que o habilitem com conhecimentos que possam fazer a diferença na futura candidatura a um emprego, tais como, a aquisição do domínio de uma língua rara ou ao nível do aprofundamento dos conhecimentos informáticos. Participe em cooperações internacionais entre estabelecimentos de ensino, como os programas Erasmus. Para além de conhecimentos específicos que pode adquirir, são ótimas ocasiões para estabelecer contactos internacionais, conhecer novas culturas, 2

3 alargar horizontes, aperfeiçoar o domínio de outras línguas e reforçar a sua capacidade de iniciativa, autonomia, sociabilidade e adaptação a novas situações; Mantenha contactos profissionais da sua área de formação para se aperceber dos vários domínios da sua intervenção profissional, o que o ajudará a fazer opções em termos de projetos profissionais. Estes contactos podem ser facilitados através de associações profissionais ou de antigos alunos e, também, da organização nas escolas, de sessões com profissionais que podem dar o seu testemunho. E porque não ter iniciativa na organização de umas dessas reuniões? Terá como ganhos pôr à prova as suas capacidades e alargar o seu leque de relações. Se tem uma ideia ou um projeto que pode interessar a uma empresa, como, por exemplo, o estudo de mercado de um produto, apoiar o lançamento de um novo produto ou a instalar uma rede informática, poderá sugerir à empresa um estágio profissional. Fazer voluntariado, quer na área da ação social, quer em outras áreas, é sempre favorável pois mostra iniciativa. Se não tem ideias concretas sobre a utilidade da sua formação académica, porque não estabelece, individualmente ou em grupo, contactos com responsáveis dos departamentos de empresas com ligação à sua formação? Verá como eles gostam de falar do que fazem, lhe darão ideias práticas, lhe abrirão portas para um eventual estágio ou, pelo menos, serão mais um contacto a juntar à sua agenda. Estágios profissionais são um ótimo passo para obter experiência profissional. Aproveite os seus tempos livres para frequentar estágios ou desenvolver pequenos trabalhos temporários, em Portugal ou no estrangeiro, mesmo em áreas não diretamente relacionadas com a sua formação. Há sempre bases comuns entre as diversas atividades profissionais que proporcionam competências transferíveis para outros ramos. Para conseguir estas atividades dirija-se diretamente às empresas ou a pessoas conhecidas no sector, informe-se nos gabinetes de saídas profissionais das universidades ou nas associações de estudantes, nos organismos oficiais, tais como o IPJ, nas empresas de trabalho temporário, etc.; 3

4 Alargue e diversifique as suas atividades de tempos livres, participando em associações culturais, desportivas, humanitárias ou outras. Constituem ótimas oportunidades para alargar a sua rede de contactos, enriquecer-se socialmente e aprofundar aptidões transferíveis para a esfera profissional. Planeie férias alternativas à rotina da praia, pais (eles compreenderão) e discoteca, participando em programas desportivos, de ocupação de tempos livres (OTL), campos de férias ou junte amigos e viaje. Naturalmente que a imagem que transmitirá de si próprio indiciará iniciativa, autonomia, atividade e outras qualidades apreciadas no mundo do trabalho e que os recrutadores notarão. Oportunidades sazonais como as contratações de empregados temporários no Natal ou em períodos turísticos e empregos voltados para pessoas sem experiência, por exemplo, categorias de operador de telemarketing, entre outras, podem fazer a diferença em futuros processos de seleção. Muitos empregadores evitam contratar alguém que nunca esteve num emprego formal, com chefe, metas e horários a cumprir, sendo que, este tipo de experiência profissional pode ser suficiente para acalmar esta preocupação. Entre no seu meio profissional, envie artigos para revistas científicas do seu campo de atuação, contribua para sites, colabore ativamente em fórum de discussão, dê aulas em IPSS, entre outros. Um outro aspeto importante consiste em realizar uma pesquisa sobre sectores de atividades e áreas de intervenção e/ou funções a desempenhar, pois é essencial definir áreas de interesse e informar-se sobre o conteúdo das funções para poder decidir com maior certeza em que é que gostaria de trabalhar no futuro e ser seletivo nas suas candidaturas. Um finalista que não selecione nem hierarquize as suas possíveis futuras áreas de intervenção profissional, pode correr o risco de não contemplar funções de potencial interesse, ou mesmo, de não se sentir identificado e seguro quanto à sua decisão. Os 4

5 que se limitam a seguir a maioria (ex. consultadoria; auditoria; marketing e recursos humanos), excluem um amplo universo de outras oportunidades de interesse e com as quais poderiam obter uma maior identificação e satisfação. Outro aspeto fundamental é distinguir e discriminar as várias áreas e funções. Para tal é necessário investir algum tempo a analisar as saídas profissionais, as atividades/tarefas realizadas nessas funções, o dia-a-dia de um profissional que trabalha em X, Y ou Z. Os estudantes que não fazem esta preparação e análise, podem desiludir-se e sentir-se frustrados quando confrontados com a sua primeira experiência profissional. Conselhos: o Faça uma lista das áreas do seu interesse; o Procure pelo menos duas pessoas que trabalham em cada uma destas áreas e faça-lhes uma entrevista informal. Pode recorrer a familiares, amigos, conhecidos, colegas da universidade, ex-finalistas, gabinetes de apoio à integração profissional da sua universidade, especialistas em orientação profissional. Eis algumas questões que pode colocar: quais as principais tarefas que estão incluídas na sua função?; Por que função é comum iniciar a carreira na empresa onde trabalha?; Como decorre um dia típico do seu trabalho?; Quais são as competências e conhecimentos essenciais no exercício da sua função?; Quais as vantagens e desvantagens que encontra em trabalhar nesta área? Concluindo, seja pró-ativo na sua obtenção de experiência profissional. Para qualquer emprego, seja em que área for, a iniciativa e a motivação são pilares essenciais para demonstrar um bom desempenho. Se, por exemplo, organizou um projeto na faculdade, numa entrevista de emprego pode promover a sua capacidade de organização e de liderança adquiridas nesse projeto. Confie em si e tenha uma postura sempre profissional, seja em estágios, voluntariado ou entrevistas de emprego. 5