ÍNDICE APRESENTAÇÃO... 4 SUMÁRIO EXECUTIVO... 7 CENÁRIOS DO IDEIES PARA
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- Ana Laura da Mota Assunção
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1 !"#$%&&'"(&) PERSPECTIVAS ECONÔMICAS PARA 2009
2 ÍNDICE APRESENTAÇÃO... 4 SUMÁRIO EXECUTIVO... 7 CENÁRIOS DO IDEIES PARA Cenário 1: Turbulência em Céu Claro Cenário 2: Turbulência de Cumulus Nimbus Economia Internacional Fundo Monetário Internacional FMI. Panorama Econômico Mundial (06/11/2008) Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico OCDE. Panorama Econômico nº 84 (25/11/2008) Organização das Nações Unidas ONU. Economia Mundial: Situação e Perspectivas para 2009 (01/12/2008) BANCO MUNDIAL. Perspectivas Econômicas Globais 2009 (09/12/2008) Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CEPAL. Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2008 (18/12/2008) Agência Internacional de Energia (AIE). Petróleo (9/12/2008) A Crise e o Processo Inflacionário. Inflação ou Deflação? Índice de Confiança do Consumidor Conclusão Economia Nacional Banco Central Do Brasil BCB. Relatório de Inflação, Quarto Trimestre. (22/12/2008) Confederação Nacional da Indústria CNI. A Economia Brasileira em 2008 e Perspectivas para 2009 (16/12/2008) Arrecadação Federal Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) Comércio varejista Despesa de Consumo das Famílias Mercado de Trabalho Relatório FOCUS BCB (26/12/2008. Último do ano 2008) Indicadores de Expectativas e Confiança da Indústria e do Consumidor Conclusão
3 3. A Economia do Espírito Santo Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo Produção Física Industrial Comércio Exterior Emprego Comércio Varejista Minério de Ferro Siderurgia Setor Metalmecânico Celulose Petróleo e Gás Rochas Ornamentais Construção Civil Conclusão ANEXO A Depressão Está de Volta. Paul Krugman
4 APRESENTAÇÃO A partir de janeiro de 2009, o Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo IDEIES, entidade do Sistema FINDES, coloca a disposição dos Sindicatos que constituem a FINDES; da Diretoria Plenária da FINDES; dos executivos e colaboradores do Sistema FINDES; de empresários, profissionais, mídia e sociedade em geral o BOLETIM IDEIES, informativo mensal condensando os últimos estudos, informações e percepções dos atores públicos, econômicos e industriais sobre as ambiências internacional e nacional, os reflexos da crise financeira e econômica internacional no Brasil, sua repercussão e impactos para o desenvolvimento da economia capixaba. Com este Boletim, o IDEIES implanta um novo veículo com informações e análises estratégicas que possam contribuir para a tomada de decisão, no momento em que as restrições impostas pela crise internacional estão aprofundando as incertezas voltadas para uma análise mais clara dos caminhos a serem seguidos por todos, em particular pela indústria capixaba. Não se trata, neste primeiro número, de apresentar um extensivo documento com várias tabelas e gráficos estatísticos, mas de maneira sucinta, as atuais visões para o Brasil frente à crise internacional instalada e suas possíveis conseqüências para a economia do Espírito Santo, durante o ano de Também não se trata de levantar e avaliar os investimentos de longo prazo que poderão vir a acontecer na economia capixaba, assunto já apresentado pela Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo FINDES, em dezembro de Neste primeiro número destacam-se as perspectivas para a economia em 2009, divulgadas pelas maiores instituições internacionais públicas nos últimos dois meses de 2008; as avaliações do Banco Central do Brasil sobre 2008 e sua visão para 2009; as perspectivas para 2009 da Confederação Nacional da 4
5 Indústria - CNI; as percepções do mercado para 2009 e a economia do Espírito Santo em 2008 e perspectivas para São desenhados dois cenários para o desenvolvimento econômico do Espírito Santo em 2009, como conseqüência da evolução da crise no mundo e no Brasil, com base nos cenários apresentados pelos organismos internacionais, pelo Banco Central do Brasil, pela CNI e nas expectativas do mercado: Cenário 1: Turbulência em Céu Claro. (Quando não existe nenhuma nuvem no céu e, assim mesmo, surge turbulência. Após um breve tempo, volta tudo ao normal). Neste cenário, espera-se que o Brasil se recupere a partir do segundo semestre de 2009 e os países desenvolvidos a partir do início de O Espírito Santo, estado mais globalizado do País, sofre menos os reflexos da crise internacional e também se recupera a partir do último trimestre de Cenário 2: Turbulência de Cumulus Nimbus (o famoso CB. Quando, para qualquer lado que o avião vai existem nuvens carregadas, com relâmpagos, altos solavancos e demora muito mais tempo para que se volte a um vôo tranqüilo). Neste cenário, a crise se aprofunda, o nível de desempregos aumenta muito, o Brasil somente consegue se recuperar em 2010 e os países desenvolvidos apenas a partir do segundo semestre de 2010, ou início de O Espírito Santo é impactado profundamente pela crise, e sua economia somente retorna a níveis razoáveis no segundo semestre de Este Boletim está dividido em quatro partes: Na primeira parte, destaca-se um sumário executivo com as visões mais atualizadas sobre a crise internacional e os dois cenários desenhados pelo IDEIES. 5
6 Na segunda parte, são apresentadas resenhas dos relatórios sobre 2008 e perspectivas para a economia mundial em 2009, efetuada pelos principais organismos internacionais que estão acompanhando a evolução da crise internacional. Na terceira parte, destacam-se as avaliações do Banco Central do Brasil, da CNI, do IBGE e de outras instituições, além de avaliações do mercado, sobre a economia brasileira no último trimestre de 2008 e as perspectivas para o Brasil em Na quarta parte, são apresentadas informações sobre o desenvolvimento do Espírito Santo e as repercussões da crise no ano de 2008; e as perspectivas para 2009 no Estado. O IDEIES espera, com este Boletim, contribuir para as análises e decisões dos leitores, contando com a colaboração para o envio de conteúdo para os próximos BOLETIM IDEIES, através dos quais serão informados, mensalmente, os principais indicadores econômicos internacionais, nacionais e capixabas, com análises sobre a crise econômica internacional e seus reflexos no desenvolvimento da economia do Espírito Santo. Boa leitura! Equipe do IDEIES 6
7 SUMÁRIO EXECUTIVO O que começou, em meados de 2007, como um problema do mercado de hipotecas de alto risco ( subprime ) nos Estados Unidos - portanto uma questão nitidamente financeira microeconômica - transformou-se em uma profunda crise financeira sistêmica no final de 2008, afetando os mercados de crédito dos países desenvolvidos, e passando a atingir a economia real, tanto dos países desenvolvidos, com a maioria deles em processo recessivo crescente, como a dos países emergentes, como o Brasil, a China e a Índia, e em desenvolvimento. A profundidade e duração da crise internacional dependerão da eficácia das medidas que vêm sendo adotadas em todos os países para estimular a demanda. As previsões dos organismos internacionais (FMI, OCDE, ONU, BANCO MUNDIAL e CEPAL), divulgadas em novembro e dezembro de 2008, indicam crescimento mundial do PIB em torno de 2,5% para 2008, e desde queda de 0,4% (conforme cenário pessimista da ONU) a um crescimento de 2,2% (FMI) para No Brasil, a crise vem se instalando pela falta de crédito externo; pela queda brusca dos valores e da demanda das commodities; pela redução do ingresso de capitais; e, sobretudo, pela falta de confiança dos consumidores e empresários. Segundo o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica Americano (NBER, da sigla em inglês), a economia dos Estados Unidos está em recessão desde dezembro de O NBER não utiliza o critério de queda do PIB em dois trimestres consecutivos para caracterizar um processo recessivo, conforme o mercado financeiro. Para a instituição, uma recessão é uma queda significativa da atividade econômica que se espalha por seus setores, dura mais do que alguns poucos meses, e é normalmente visível na produção, no emprego, na renda real e em outros indicadores. 7
8 No terceiro trimestre de 2008, a economia dos Estados Unidos caiu 0,5% em relação ao trimestre anterior. Dados divulgados, em 24/12/2008, indicaram que o processo recessivo nos Estados Unidos aumentou, com pessoas pedindo auxílio-desemprego em uma semana, no maior nível nos últimos 26 anos. Durante o ano de 2008, quase 2,0 milhões de pessoas perderam o emprego, elevando a taxa de desemprego para 6,7%. O gasto dos consumidores caiu 0,6%, em novembro, depois de cair 1.0%, em outubro. Em 30 de dezembro de 2008, penúltimo dia do ano, o índice de Confiança do Consumidor nos Estados Unidos teve a pior queda de todos os tempos, quando o consumidor colocou em 38 pontos, muito abaixo de 44,7 pontos em novembro, suas expectativas de confiança na economia. A Eurostat, agência de estatísticas da União Européia informou, em 04/12/2008, que a economia dos 15 países que adotam o Euro como moeda caiu 0,2%, no terceiro trimestre de 2008, no pior resultado desde a adoção de moeda única em 2002, já tendo caído 0,2%, no segundo trimestre, entrando em recessão técnica. O Banco Central Europeu prevê queda de 0,5%, em média, para o PIB em O nível de desemprego subiu para 7,7%, em outubro, com o número de desempregados tendo aumentado em 225 mil, atingindo 12 milhões de pessoas. O grau de confiança dos empresários alemães chegou ao menor nível em dezembro de 2008, desde 1990, caindo pelo sétimo mês consecutivo. O índice do Instituto de Pesquisa Econômica (IFO, na sigla em alemão) informou que o índice caiu para 82,6 contra 84,0 em novembro. A economia japonesa recuou, no terceiro trimestre de 2008, em 1,8%, pelo segundo trimestre consecutivo, entrando em recessão técnica. O governo japonês prevê crescimento zero para 2009, após sete anos de crescimento. 8
9 Em novembro de 2008, a produção industrial japonesa caiu 8,1%, em relação a outubro, constituindo-se na pior queda desde que as estatísticas começaram a ser publicadas em O governo japonês estima que a produção industrial cairá em torno de 8,0%, em dezembro de 2008, e 2,1%, em janeiro de Em novembro de 2008, a taxa de desemprego no Japão aumentou 0,2%, em relação a outubro, chegando a 3,9%. O governo estima que, até abril de 2009, o país perderá mais empregos. O grau de confiança dos empresários japoneses teve a maior queda dos últimos 34 anos, no quarto trimestre de 2008, tendo ficado com menos 24 pontos (21 pontos menos do que o terceiro trimestre que estava em menos 03 pontos). Esse indicador é a diferença entre a percentagem das empresas que consideram a situação positiva menos a das que consideram negativa. A produção industrial da China caiu, em novembro de 2008, para o menor nível em sete anos, com uma produção de 5,4%, em relação a novembro de Em outubro, havia crescido 8,2%, em relação ao mesmo mês do ano anterior. De janeiro a novembro de 2008, a produção industrial cresceu 13,7%, em relação aos primeiros onze meses de O PIB da China cresceu 9,0% no terceiro trimestre de 2008, o menor nível nos últimos cinco anos. Segundo o Banco Mundial, o crescimento da economia chinesa será de 7,5% em Nas últimas semanas de 2008, aumentaram as preocupações dos países desenvolvidos e da China quanto a uma possível deflação em 2009, conjugado com recessão, o que poderá aumentar o período de crise internacional e seu tamanho, com aumento muito maior no desemprego. 9
10 O Banco Mundial prevê que a crise financeira, após passar por uma crise econômica, se transformará em uma crise de empregos em Para o Brasil, as previsões feitas pelos organismos internacionais para o crescimento do PIB, em 2008, são entre 5,9% (CEPAL) a 5,2% (OCDE e Banco Mundial) e de um crescimento entre 3,0% (FMI) a apenas 0,5% (cenário pessimista da ONU,) em Para o Banco Central do Brasil (BCB) a economia brasileira aumentará 5,6%, em 2008, mesmo valor esperado pelo mercado, e uma inflação de 6,2%. A CNI estima que o crescimento do PIB brasileiro será de 5,7%, em Para 2009, as previsões sobre a economia brasileira vêm piorando, na medida em que a crise internacional e suas conseqüências no Brasil se aprofundam. O BCB, em seu último Relatório Trimestral de Inflação, estima um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,2%, menor que a previsão anterior, com uma inflação de 4,7%; enquanto a CNI, especialistas e economistas estimam um aumento bem inferior para o PIB de 2,4%, com uma inflação maior de 4,8% para a CNI e de 5,0% para o mercado. A taxa de câmbio para o dólar que o mercado espera para o final de 2009 mantém-se em níveis superiores a R$ 2,00, podendo estar no patamar de R$ 2,25. Quanto a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - que mede os investimentos em máquinas, equipamentos e construção civil - estima-se crescimento em torno de 15,0%, para 2008, com uma queda brusca para 4,4%, para 2009, conforme o BCB; a CNI estimando um crescimento de 3,0%; e o mercado, abaixo de 3,0%. 10
11 Para a produção industrial, o BCB projeta crescimento de 5,4%, para 2008 e, para 2009, um crescimento de 3,6%, apoiado pelas indústrias extrativas e a construção civil, enquanto o mercado estima um crescimento de 5,15% para 2008 e de 2,9% para A CNI estima que a produção industrial cresceu 6,0% em 2008, com destaque para a construção civil com aumento de 9,1%. Em 2008, as exportações brasileiras foram de US$ 197,9 bilhões e as importações atingiram US$ 173,2 bilhões. O superávit comercial encerrou o ano com US$ 24,7 bilhões, valor 38,2% abaixo do registrado em 2007 (US$ 40,0 bilhões). Para 2009, a CNI e o mercado estimam que a balança comercial cairá ainda mais, ficando em torno de US$ 15,0 bilhões. CENÁRIOS DO IDEIES PARA 2009 Cenário 1: Turbulência em Céu Claro Medidas adotadas pelos Estados Unidos, Zona do Euro e Japão passam a dar certo, a partir do segundo semestre de 2009, e revertem à confiança dos consumidores, empresários e setor financeiro internacional. Economia nos países desenvolvidos volta a crescer no final de 2009, saindo de uma recessão, com o PIB do mundo crescendo em torno de 2,0%. A China, principal motora do crescimento da demanda mundial nos últimos anos, embora diminua o seu ritmo de desenvolvimento, conseguirá manter o crescimento em 2009 em 8,0%, considerado o mínimo para manter sua estabilidade econômica e de aumento sustentável de empregos. 11
12 A oferta de crédito internacional começa a ser maior e se estabilizar no segundo semestre de 2009, conseqüência de maior confiança internacional na recuperação da economia mundial. O preço das commodities, após atingirem o mais baixo valor no final de 2008, se recuperarão, porém sem voltar ao patamar verificado antes do início da crise internacional em setembro de No último trimestre de 2008 e primeiro trimestre de 2009 o PIB brasileiro será negativo, com o Brasil entrando em recessão técnica (dois trimestres seguidos de queda), a recuperação se dará apenas no segundo semestre de 2009, ficando em 2,6% a.a. no final de A inflação, medida pelo IPCA, atingirá 5,0% no final de A taxa de juros SELIC chegará a 12,0% no final de A taxa de câmbio para o dólar ficará em R$ 2,30, no final de A produção industrial brasileira se recupera no segundo semestre de 2009, atingindo crescimento de 2,5% no ano. No comércio internacional, a balança comercial brasileira deverá ser próxima dos US$ 15,0 bilhões. Para o Espírito Santo, cuja economia é muito dependente do comércio exterior, particularmente da exportação de commodities, o crescimento do PIB ficará abaixo da média nacional, e atingirá 2,3%, em 2009, fortemente apoiado no crescimento da produção de gás, petróleo e pela construção civil. 12
13 A produção industrial do Espírito Santo começa a se recuperar no segundo semestre de 2009, com o aumento das exportações de commodities, causado por uma pequena recuperação dos preços e pela queda dos estoques nos países consumidores, atingindo a média nacional de 2,5% no ano. Cenário 2: Turbulência de Cumulus Nimbus Medidas adotadas pelos Estados Unidos, Zona do Euro e Japão não são suficientes para reverter à confiança dos consumidores, empresários e setor financeiro internacional em 2009; as economias dos países desenvolvidos entram em processo de depressão com deflação. O aumento do desemprego diminui o consumo nos Estados Unidos, Zona do Euro e Japão, com conseqüentes cortes nos investimentos das empresas e novos desempregos durante o ano de A economia dos países desenvolvidos somente volta a crescer em meados de A China passa a ter crescimento de sua economia abaixo de 8,0%, com forte queda na produção siderúrgica e maior taxa de desemprego, diminuindo, em muito, suas importações de commodities e desviando suas exportações para outros países emergentes e em desenvolvimento, com preços muito baixos. Aumenta a restrição de crédito internacional, diminuindo, ainda mais, o fluxo internacional de comércio durante todo o ano de O preço das commodities metálicas e não-metálicas continuam com seus níveis muito baixos, além de forte diminuição dos níveis de demanda, afetando diretamente as exportações brasileiras, durante todo o ano de
14 O crescimento da economia brasileira em 2009 aproxima-se dos cenários mais pessimistas e atingirá 1,5%, com a recessão se instalando durante todo o primeiro semestre do ano. Nesse caso, o crescimento da economia brasileira começa a voltar a maiores níveis apenas no final do primeiro semestre de A inflação fica abaixo da meta de 4,5%, conseqüência de forte retração no consumo. A taxa de juros SELIC cai mais rapidamente, devendo se situar em torno de 11,0%. A taxa de câmbio para o dólar ficará em torno de R$ 2,40, no final de 2009, A produção industrial brasileira aumenta apenas 1,5% no ano, somente se recuperando no primeiro semestre de No comércio internacional, o saldo positivo da balança comercial deverá ser bem menor, situando-se abaixo dos US$ 10,0 bilhões. O Espírito Santo terá um crescimento em torno da média brasileira de 1,5%, com níveis de desemprego mais altos. A produção industrial do Espírito Santo consegue manter o crescimento igual ao da média brasileira de 1,5%, apoiada no aumento de produção de gás e petróleo, com os níveis mensais de exportação de commodities abaixo da média dos dois últimos dois meses de A produção industrial somente volta a maiores patamares a partir do segundo semestre de
15 CENÁRIOS IDEIES PARA Turbulência com Céu Limpo Turbulência de Cumulus Nimbus MUNDO PIB (% a.a.) 2,5 2,0 1,0 CHINA PIB (% a.a;) 9,5 8,0 6,0 BRASIL PIB (% a.a.) 5,6 2,6 1,5 IPCA (% no 6,2 5,0 4,0 ano) Taxa de juros Selic (% no final 17,65 12,00 11,00 de 2009) Taxa de Câmbio (R$ no final de 2,33 2,30 2, ) Produção Industrial (% no 6,0 2,5 1,5 ano) Balança Comercial (US$ 24,7 15,0 9,5 bilhões) ESPÍRITO SANTO PIB (% a.a.) - 2,3 1,5 Produção Industrial (%a.a.) - 2,5 1,5 15
16 1. Economia Internacional Várias entidades internacionais publicaram, nos meses de novembro e dezembro de 2008, avaliações sobre o desenvolvimento da economia mundial, os reflexos da crise internacional e as perspectivas para Entre elas, o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). A seguir destacam-se os principais aspectos desses relatórios, na seqüência em que foram sendo divulgados. 1.1 Fundo Monetário Internacional FMI. Panorama Econômico Mundial (06/11/2008) No último relatório Panorama Econômico Mundial de novembro de 2008, o Fundo Monetário Internacional FMI indica que as perspectivas para a economia mundial em 2009 pioraram em relação às estimativas feitas em outubro, com a manutenção dos desequilíbrios no setor financeiro mundial e com o agravamento na falta de confiança dos consumidores e dos empresários. O crescimento do PIB mundial que foi de 5,0% em 2007, cairá para 3,7% em 2008 e espera-se um crescimento de 2,2% em Em outubro o FMI estimava um crescimento mundial do PIB em 3,0% para O FMI destaca que uma ação global para apoiar os mercados financeiros, emprestar maior estímulo orçamentário e a flexibilização monetária podem ajudar a limitar o declínio no crescimento mundial. No documento, o FMI ainda afirma que uma forte política macroeconômica em resposta à crise pode ajudar a limitar os danos: Existe uma clara necessidade de uma política macroeconômica adicional ao que foi anunciado até agora, para 16
17 apoiar o crescimento e fornecer um contexto para restaurar a saúde financeira dos vários setores A tabela baixo indica as projeções do FMI para o PIB de vários países: Produto Interno Bruto (PIB) - % a.a EUA 1,4-0,7 Zona do Euro 1,2-0,5 Japão 0,5-0,2 China 9,7 8,5 Índia 7,8 6,3 Brasil 5,2 3,0 México 1,9 0,9 Mundo 3,7 2,2 Fonte: FMI 1.2 Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico OCDE. Panorama Econômico nº. 84 (25/11/2008) A OCDE, em seu último relatório Panorama Econômico, destacando que as economias dos países membros entraram em recessão, o que deve durar todo o ano de 2009, revisou para baixo as perspectivas de crescimento, prevendo uma queda de 0,3% no PIB de seus países membros. A OCDE destaca que a maioria das economias já está em um nível de recessão, cuja magnitude não é vista desde os anos 1980, e desenha os seguintes cenários: Nos EUA, na Zona do Euro e no Japão, a economia declina pelo menos no primeiro semestre de 2009, se recuperando, gradativamente, no segundo semestre. 17
18 A OCDE calcula que os Estados Unidos terão uma contração de 0,9% no PIB no próximo ano; a zona do Euro de 0,5% e o Japão de 0,1%. Os demais países membros da OCDE, incluindo a Hungria, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Espanha, Turquia e Reino Unido, também foram severamente atacados pela crise internacional e poderão entrar em processo recessivo. As maiores economias que não pertencem a OCDE, entre elas a do Brasil, vão aos poucos sendo afetadas pela crise, pelas maiores dificuldades na obtenção de crédito internacional, pela queda no preço das commodities e pela menor demanda dos países da OCDE. Para esses países, a OCDE estima que o crescimento de seus PIBs ainda serão positivos, porém, mais baixos. A seguir as previsões para o crescimento do PIB para países selecionados: Produto Interno Bruto (PIB) - % a.a EUA 1,4-0,9 Zona Euro 1,0-0,6 Japão 0,5-0,1 Índia 7,0 7,3 Brasil 5,3 3,0 México 1,9 0,4 Fonte: OCDE 1.3 Organização das Nações Unidas ONU. Economia Mundial: Situação e Perspectivas para 2009 (01/12/2008) Em início de dezembro de 2008, a ONU fez o pré-lançamento do documento Economia Mundial: Situação e Perspectivas para 2009 com previsões para o PIB mundial e de vários países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento. O relatório completo será publicado em janeiro de
19 O documento estabelece três cenários: básico, pessimista e otimista. Para o cenário básico, a previsão é de que levará de 06 (seis) a 09 (nove) meses para os mercados financeiros dos EUA, Zona do Euro e Japão voltarem ao normal. Nesse cenário o PIB mundial deverá crescer 1,0% em 2009, contra 2,5% em 2008 e 3,8% em O relatório adverte que o cenário pessimista, que prevê a manutenção da turbulência nos mercados financeiros mundiais com declínio maior na concessão de empréstimos pelos países desenvolvidos e a continuação da crise de confiança na economia global, está cada vez mais próximo de acontecer e, nesse caso, ela poderá sofrer a maior queda desde a Grande Depressão dos anos 1930, com o PIB mundial caindo para menos 0,4%. No cenário otimista, além dos mercados financeiros voltarem à normalidade, haveria novas medidas de estímulo econômico e novos cortes na taxa de juros, com o PIB mundial crescendo 1,6%. O relatório da ONU prevê as seguintes variações para o PIB de vários países, nos cenários Básico, Pessimista e Otimista: Produto Interno Bruto (PIB) - % a.a. Fonte: ONU 2008 BÁSICA PESSIMISTA OTIMISTA EUA 1,2-1,0-1,9 0,2 Zona Euro 1,1-0,7-1,5 0,3 Japão 0,4-0,3-0,6 0,5 China 9,1 8,4 7,0 8,9 Índia 7,5 7,0 4,7 7,5 Brasil 5,1 2,9 0,5 3,0 México 2,0 0,7-1,2 1,5 Mundo 2,5 1,0-0,4 2,9 19
20 1.4 BANCO MUNDIAL. Perspectivas Econômicas Globais 2009 (09/12/2008) O Banco Mundial, em suas Perspectivas Econômicas Globais 2009, destaca que as perspectivas de crescimento, tanto para os países desenvolvidos como para os em desenvolvimento, se deterioraram substancialmente, não podendo ser descartada a possibilidade de se instalar uma grave recessão mundial. No cenário básico, o Banco Mundial estima que o endurecimento das condições creditícias, o menor fluxo de capitais para os países emergentes e a forte diminuição da demanda mundial por importação serão as principais causas para a desaceleração da economia nos países em desenvolvimento.nesse cenário, prevê um crescimento do PIB Mundial de 0,9%, contra 2,5% em O Banco Mundial também prevê que a diminuição do crescimento mundial causará uma nova baixa nos preços dos produtos básicos e uma diminuição da inflação. Estima que o preço do petróleo atingirá US$ 75 o barril, no final de 2009, e os preços dos alimentos e dos metais diminuirão em torno de 23,0% e 26,0%, respectivamente, em relação aos níveis médios de Por último, o Banco Mundial destaca que existe a possibilidade de que se produza uma recessão muito profunda, caso o congelamento dos mercados de crédito não cedam como previsto no cenário básico. Nessa situação, as condições de financiamento se deteriorarão rapidamente e setores financeiros internos, sólidos, estarão impossibilitados de obterem empréstimos ou não estarão dispostos a emprestar, tanto nos mercados internacionais como nos internos. 20
21 O quadro a seguir indica as previsões do Banco Mundial Produto Interno Bruto (PIB) - % a.a EUA 1,4-0,5 Zona Euro 1,1-0,6 Japão 1,4-0,5 China 9,4 7,5 Índia 6,3 5,8 Brasil 5,2 2,8 México 2,0 1,1 Mundo 2,5 0,9 Fonte: Banco Mundial 1.5 Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CEPAL. Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2008 (18/12/2008) A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CEPAL projeta, para a região um crescimento de 4,6%, no ano de 2008, sendo o sexto ano consecutivo de crescimento e destaca que marca, também, o final de um período quase sem precedentes em sua história. Entre 2003 e 2008, a região cresceu a uma taxa média de em torno de 5,0% ao ano. Para o ano de 2009, a CEPAL estima que esse bom resultado não se repetirá e deverá ser muito inferior, com a região crescendo 1,9%, considerado um cenário otimista para o enfrentamento da crise internacional em que o conjunto de medidas nos países desenvolvidos consigam reverter à crise, a partir do segundo semestre do ano. 21
22 Para que a região cresça o estimado, a CEPAL destaca que os governos devem lançar todo o potencial com que contam para estabelecerem políticas anticíclicas, a fim de evitarem um decréscimo ainda maior. A CEPAL ainda prevê um crescimento no desemprego regional que passaria de 7,5% em 2008 para um nível entre 7,8% e 8,0%. Por outro lado, a inflação poderá cair de 8,5%, em 2008, para em torno de 6,0%, em 2009, devido à queda dos preços internacionais dos alimentos e dos combustíveis. Para a CEPAL, embora a América Latina e o Caribe estejam melhor preparados em relação às crises anteriores, a desaceleração global provocará uma redução do volume e dos preços das exportações; um menor nível dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED); e a demanda por turismo, além das maiores dificuldades de acesso e um maior custo para os financiamentos externos. A CEPAL ainda não descarta um cenário mais pessimista, no qual a recessão continue, se aprofunde e as restrições creditícias também se prolonguem. Nesse cenário, a taxa de crescimento será ainda inferior ao previsto. Produto Interno Bruto (PIB) - % a.a Argentina 6,8 2,6 Brasil 5,9 2,1 Chile 3,8 2,0 Colômbia 3,0 2,0 México 1,8 0,5 Venezuela 4,8 3,0 AL e Caribe 4,6 1,9 Fonte: CEPAL 22
23 1.6 Agência Internacional de Energia (AIE). Petróleo (9/12/2008) O Relatório Perspectivas para a Energia no Curto Prazo da AIE destaca que o aprofundamento da crise econômica internacional está levando as maiores reduções no consumo de petróleo bruto, com queda acentuada nos preços. A AIE estima para a média anual dos preços do West Texas Intermediate (WTI) - que caiu para mais da metade entre julho e novembro de 2008, conseqüência da rápida diminuição do consumo mundial de petróleo - será de US$ 100/barril, em 2008 e de US$ 51/barril, em Quanto ao consumo mundial, a AIE estima que em 2008 a diminuição será de bbl/d e de barris por dia - bbl/d em Caso essas estimativas se confirmem, será a primeira vez, em 30 (trinta) anos, que acontece um declínio de demanda em dois anos consecutivos. A AIE destaca, também, que o aumento do consumo se dará nos países emergentes e em desenvolvimento, porém, a grande queda esperada nos países desenvolvidos mais do que compensará os aumentos dos demais países, continuando, por isso, os baixos preços do barril de petróleo. Quanto à produção de petróleo nos países não - OPEP, o Relatório destaca que o aumento esperado para 2009 será de bbl/d, com os maiores crescimentos no Azerbaijão, Brasil e Estados Unidos. Por outro lado, a crise econômica internacional e a queda dos preços do petróleo devem trazer riscos adicionais ao crescimento da produção, principalmente para os projetos que envolvem tecnologias mais avançadas ou os que buscam explorar a fronteira das bacias petrolíferas (pré-sal). Acrescente-se a isso, a dificuldade na obtenção de crédito internacional, tornando mais difícil a aquisição de financiamentos para novos projetos de prospecção do setor. 23
24 1.7 A Crise e o Processo Inflacionário. Inflação ou Deflação? Em dezembro de 2008, com as últimas informações sobre os níveis inflacionários em queda nos países desenvolvidos e na China, aumentaram os temores de que eles possam entrar em deflação, durante o ano de 2009, fazendo com que os Bancos Centrais respectivos, com exceção da China, diminuíssem ainda mais as taxas de juros, chegando a zero ou próximo de zero, para estimular o consumo. Caso aconteça deflação conjugada com a recessão já instalada, o tamanho da crise e sua duração poderão se agravar, com aumento muito maior no nível de desemprego. A seguir, destacam-se os índices inflacionários de novembro de 2008 para os Estados Unidos, Zona do Euro, Japão e China: Estados Unidos Em novembro de 2008, o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos teve queda de 1,7%, a maior desde que a pesquisa começou a ser feita em 1947, e a segunda consecutiva, dado que em outubro já havia recuado 1,0%. Nos últimos doze meses, a inflação foi de 1,1%, demonstrando uma forte queda em relação a outubro, quando a taxa anual era de 3,8%. Esses dados levam a um elevado risco dos Estados Unidos entrarem em deflação. Zona do Euro Na Zona do Euro, a inflação no mês de novembro de 2008 caiu 0,5%, com o índice anual de 2,1%. Em outubro a inflação anual era de 3,2% e a queda verificada em novembro foi a maior desde que essas informações são disponíveis em O Banco Central Europeu não acredita, no momento, em processo de deflação. 24
25 Japão No Japão, a inflação aumentou para 1,0% a.a., em novembro de 2008, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse nível inflacionário é menor que o de outubro que foi de 1,9% e o de setembro de 2,3% a.a. O processo de deflação já começa a rondar o País. China Na China, o índice de preços ao consumidor de 2,4% a.a., em novembro de 2008, é o menor índice desde janeiro de 2007, quando atingiu 2,2% no ano. O problema no País é que a queda na inflação vem acontecendo rapidamente: em fevereiro de 2008 era de 8,7%, caindo para 4,0% em outubro, em comparação anualizada. Já há temores de processo deflacionário na China. 1.8 Índice de Confiança do Consumidor Estados Unidos Em 30 de dezembro de 2008, penúltimo dia do ano, o índice de Confiança do Consumidor nos Estados Unidos teve a pior queda de todos os tempos, quando o consumidor colocou em 38 pontos, muito abaixo de 44,7 pontos em novembro, suas expectativas de confiança na economia. Segundo o Instituto Conference Board, que faz esse tipo de levantamento desde 1967, esse nível está perto dos níveis levantados em 1990/1991, portanto um dos piores de sua história, resultado da rápida deterioração da economia acontecida desde o início do quarto trimestre de
26 Zona do Euro Na Zona do Euro, a confiança dos consumidores e empresários caiu em novembro de 2008, marcando o menor nível em toda a história desse indicador, desde 1993, indo para 74,9, com menos 5,1 pontos em relação ao mês anterior. Japão A confiança dos empresários japoneses ficou, no último trimestre de 2008, com menos 24 pontos, a maior queda dos últimos 34 anos referentes a esse trimestre. O indicador mede a diferença entre a porcentagem das empresas que consideram a situação positiva menos a das que consideram negativa. 1.9 Conclusão O quadro da crise internacional vem se deteriorando em velocidade mais rápida do que era esperado por todos os governos, economistas, analistas, consumidores e empresários, a partir de setembro de Conforme foi mostrado, anteriormente, neste BOLETIM, na medida em que os resultados da economia dos vários países foram sendo divulgados, as expectativas para 2009 foram piorando. Não está descartada a hipótese de um processo de recessão com deflação para a economia dos países desenvolvidos, no primeiro semestre de Uma das grandes incógnitas é o crescimento da economia chinesa, maior demandadora mundial de commodities, com reflexos diretos na economia brasileira e capixaba. A expectativa mundial é se as ações que serão implantadas, a partir de 20 de janeiro, com a entrada da nova Administração nos Estados Unidos serão 26
27 suficientes para reverter esse quadro, juntamente com novas medidas que poderão ser adotadas pelos demais países desenvolvidos. 2. Economia Nacional A economia brasileira, a partir de setembro de 2008, vem, gradativamente, recebendo os impactos negativos da crise internacional, como mostram os vários indicadores que começaram a aparecer desde outubro. Destacam-se, nesta parte, as previsões para o crescimento da economia do Brasil, efetuadas pelos organismos internacionais, já mostradas anteriormente, as avaliações do Banco Central do Brasil, da Confederação Nacional da Indústria CNI, bem como de outras instituições, sobre as perspectivas para Como muitas das previsões estão baseadas nas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE até o terceiro trimestre de 2008, elas ainda não refletem os impactos do aprofundamento da crise, bem como as expectativas dos consumidores e empresários para o último trimestre de 2008 e para os próximos meses de Conforme os organismos internacionais, as expectativas para o crescimento da economia brasileira em 2009 serão: Produto Interno Bruto (PIB) Brasil - % a.a BÁSICA PESSIMISTA OTIMISTA FMI 5,2 3,0 - - OCDE 5,3 3,0 - - ONU 5,1 2,9 0,5 3,0 B. MUNDIAL 5,2 2,8 - - CEPAL 5,9 2,1 - - Fonte: Entidades destacadas no quadro 27
28 2.1 Banco Central do Brasil BCB. Relatório de Inflação, Quarto Trimestre. (22/12/2008). O Banco Central do Brasil divulgou seu Relatório de Inflação - dezembro de contendo informações e análises sobre o setor real da economia do País, destacando novas previsões para o PIB em 2008 e 2009, para a atividade industrial e para as vendas do comércio varejista. Os principais destaques do relatório para o Boletim IDEIES são: PIB Revisão da Projeção para 2008 e Projeção para 2009 O BCB revisou as previsões sobre o crescimento do PIB para 5,6% em No último relatório era de 5,0%. Para 2009, o BCB prevê um crescimento do PIB de 3,2%, inferior às projeções do Ministério da Fazenda, que é de 4,0%, seguindo a tendência de queda para as várias projeções realizadas pelos vários organismos internacionais e as percepções de economistas, analistas, consumidores e empresários para a economia brasileira, porém, ainda em um patamar mais elevado. Inflação O nível do IPCA, acumulado em doze meses, ficou acima da meta anual fixada pelo Conselho Monetário Nacional de 4,5%, durante todo o ano de 2008, causado, principalmente, pelos altos preços das commodities (tanto minerais como agrícolas) durante o primeiro semestre e pelo crescimento da demanda interna Considerando-se o período de doze meses, o IPCA passou de 6,37% em julho para 6,39 % em novembro, com o acumulado no ano de 2008 em 5,61%. As expectativas são de que a inflação atinja 6,2%, para o ano de 2008, e de 4,7% para
29 Produção Industrial De acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física (PIM-PF) dessazonalizados, do IBGE, a produção industrial aumentou 0,8% no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior. O segundo trimestre tinha aumentado 1,8%, em relação ao primeiro trimestre. Nos dez primeiros meses a produção industrial cresceu 5,8%, em relação ao mesmo período de Já antevendo a retração no quarto trimestre, a projeção do BCB para o setor industrial para 2008 foi de 5,4%, com pequeno recuo sobre a previsão feita no último Relatório que era de 5,5%. Por estado, o trimestre terminado em outubro, em relação ao segundo trimestre, considerados dados dessazonalizados foram: aumentos em Amazonas, 3,7%; Pará, 3,3%; e Rio Grande do Sul, 3,3%; contrastando com as quedas em Goiás, 3,8%; Espírito Santo, 3,2%; e Paraná, 1,4%. O nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) atingiu 85,3% em outubro (dados dessazonalizados da FGV). Segundo dados da CNI, o NUCI em outubro foi de 83,2%. O Relatório do BCB destaca que: a crise financeira internacional deverá exercer desdobramentos heterogêneos sobre o desempenho da indústria brasileira em As incertezas inerentes a este processo e a contração da oferta de crédito deverão impactar mais acentuadamente, no curto prazo, as categorias de bens de consumo duráveis e de bens de capital, que haviam se beneficiado, no passado recente, do cenário de ampliação do horizonte de planejamento e de melhora das condições de financiamento. Ressalte-se que esses efeitos poderão ser atenuados, no entanto, pela sustentação proporcionada à demanda de veículos e ao setor habitacional decorrente da introdução de linhas 29
30 de crédito setoriais específicas. As categorias de bens intermediários e de bens de consumo semi e não duráveis, menos sensíveis ao crédito, devem continuar se beneficiando das condições de emprego e renda. Para 2009, o Relatório de Inflação prevê um crescimento do PIB de 3,6%, sustentado pelas indústrias extrativas e a construção civil, essa beneficiada pelas novas linhas de financiamento imobiliário e pelos investimentos através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mercado de Trabalho De acordo com o Relatório de Inflação do BCB, utilizando a Pesquisa Mensal de Empregos (PME) do IBGE, as condições do mercado de trabalho não evidenciaram, até outubro, os impactos do aprofundamento da crise. A taxa atingiu, em média, 7,6% no terceiro trimestre, recuando 0,4% em relação ao segundo trimestre e 1,5% em relação ao mesmo período de Em relação aos dez primeiros meses de 2008, a taxa de desemprego registrou recuo de 1,6%, em relação ao mesmo período de Conforme a CNI, o pessoal ocupado na indústria cresceu 4,3% nos dez primeiros meses de 2008, em relação ao mesmo período de 2007, nos dez estados em que é feita a pesquisa. Comércio Exterior Em novembro de 2008, as exportações brasileiras somaram US$ 14,8 bilhões e as importações, US$ 13,1 bilhões. Nos onze primeiros meses do ano, as vendas externas atingiram US$ 184,0 bilhões, 25,8% a mais que o mesmo período de Nas importações o acumulado foi de US$ 162,0 bilhões, 46,9% a mais do que igual período em Esses fatos levaram o superávit comercial recuar em 38,3%, totalizando US$ 22,5 bilhões. 30
31 Obs.: no dia 02 de janeiro de 2009, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC divulgou os números para o comércio exterior do Brasil para o ano de 2008, a seguir indicados: As exportações somaram US$ 197,9 bilhões, valor recorde histórico para o período. Sobre 2007, as exportações cresceram 21,8%, pela média diária. As importações somaram US$ 173,2 bilhões, aumento de 41,9%, pela média diária, sobre o mesmo período anterior, constituindo-se igualmente cifra recorde. O superávit comercial encerrou o ano com US$ 24,7 bilhões, valor 38,2% abaixo do registrado em equivalente período anterior (US$ 40,0 bilhões). Do Relatório do BCB cabe destacar que a média diária das exportações aumentou 25,2% nos onze primeiros meses de 2008, em relação ao período correspondente de Os embarques de produtos básicos, cuja participação no total exportado passou de 31,9% para 37,1% no período, elevaram-se 45,5%, com ênfase nos crescimentos das vendas de petróleo, 63,2%; soja, 62,3%; minérios de ferro e concentrados, 60,8%; farelo de soja, 53,1%; e carne de frango, 43,2%; responsáveis, em conjunto, por 70,5% das exportações da categoria no período. Ressalte-se que o desempenho das vendas dos produtos básicos esteve associado, em especial, à aceleração nos preços, salientando-se a entrada em vigor, a partir de abril, do reajuste de preços negociado no início do ano para o minério de ferro. Quanto à média diária das exportações de produtos semi-manufaturados, aumentou 27% nos onze primeiros meses do ano, representando 13,9% do total exportado, ante 13,7% em igual período de Assinalem-se os aumentos registrados nas exportações de ferro fundido e ferro spiegel, 79,2%; produtos semi-manufaturados de ferro ou aço, 77,7%; ferros-liga, 70%; celulose, 34,9%; e açúcar de cana, em bruto, 10,5%; representando, em conjunto, 62,9% das vendas da categoria. 31
32 O Relatório ainda comenta que: A União Européia e a Associação Latino- Americana de Integração (Aladi) se constituíram nos principais destinos dos produtos brasileiros, absorvendo, na ordem, 23,5% e 21,7% das exportações do país, enquanto a participação dos EUA, principal importador individual, seguiu em trajetória declinante e situou-se em 14,1%, recuando 1,7 p.p. em relação à assinalada nos onze primeiros meses de A média diária das vendas destinadas à China cresceu 55% no período, aumentando seu market-share em 1,6 p.p., para 8,5%, apenas 0,5 p.p. inferior ao referente à Argentina, segundo maior país comprador. Na mesma base de comparação, as médias diárias das exportações à Ásia e à Aladi cresceram 51,3% e 20,1%, respectivamente, com destaque para a expansão de 28,6% nas vendas direcionadas ao Mercosul. A segmentação das importações brasileiras por países e regiões evidencia a continuidade do processo de concentração das compras originárias da Ásia, principal região fornecedora ao país, cuja participação cresceu 1,8 p.p. nos onze primeiros meses de 2008, respondendo por 27,4% do total das importações totais, com ênfase no aumento de 61,8% nas aquisições à China, responsável por 11,6% das compras realizadas pelo país. Ressalte-se, ainda, a expansão de 36% nas importações procedentes dos países membros da Aladi, resultado de elevações de 32,5% nas aquisições originárias dos países membros do Mercosul e de 40,1% naquelas provenientes dos países que não fazem parte deste bloco. As importações procedentes da Europa Oriental cresceram 102% no ano, representando 3,1% do total. Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) Os ingressos líquidos de IED somaram US$ 36,9 bilhões nos primeiros onze meses de 2008, registrando-se ingressos líquidos em participação no capital de US$ 24,1 bilhões e empréstimos intercompanhias de US$ 12,8 bilhões. Os ingressos líquidos de IED acumulados em doze meses atingiram US$ 37,8 bilhões em novembro, equivalendo a 2,41% do PIB. 32
33 Commodities Refletindo a crise tanto nos países desenvolvidos como nos emergentes, o preço das commodities tiveram grandes reduções a partir de agosto de Os preços das commodities agrícolas também vêm sendo influenciados pelas projeções que apontam maiores níveis para a produção mundial em 2009, causado pelas melhores condições climáticas. Como conseqüência da desaceleração econômica na China - maior responsável pelo aumento da demanda global de commodities metálicas - entre final de agosto e meados de novembro, o preço caiu 40,0%, em média. As principais quedas foram: alumínio, 28,7%; zinco, 33,8%; níquel, 45,7%; e cobre, 49,5%. Para o minério de ferro, o anúncio de cortes na produção de até 35% por parte das principais siderúrgicas do mundo deverá resultar em redução de preço nas negociações contratuais de 2009, a primeira em sete anos. Nesse contexto, várias mineradoras anunciaram redução de produção, dentre as quais a Companhia Vale do Rio Doce. 2.2 Confederação Nacional da Indústria CNI. A Economia Brasileira em 2008 e Perspectivas para 2009 (16/12/2008) Segundo a CNI na Edição Especial do Informe Conjuntural de dezembro de 2008, onde é analisada a economia brasileira em 2008 e colocada as perspectivas para 2009, o Brasil possue dois desafios: o primeiro é o de restabelecer as condições de crédito, minimizar a volatilidade dos mercados financeiros e evitar maior retração da atividade; o segundo é o de, após superar a fase crítica da crise global, desenvolver um novo padrão de financiamento do crescimento em uma economia mundial com menor liquidez e maior aversão ao risco. 33
34 A CNI espera que o crescimento do PIB brasileiro alcance 5,7% em 2008, com a indústria sendo o setor com maior expansão, com aumento da produção em 6,0%, em relação a 2007, com destaque para a construção civil com aumento de 9,1%. Com relação ao mercado de trabalho, a indústria criou 533,0 mil novas vagas na indústria de transformação e mais 301,0 mil na construção civil. Para 2009, a CNI estima um crescimento real da economia brasileira em 2,4%, e a produção industrial de 1,8%, destacando: Investimentos: a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) será o componente da demanda interna com maior desaceleração no ritmo de crescimento, devido à expectativa de redução das demandas interna e externa, ainda com estoques muito elevados. A previsão é de que os investimentos devem crescer apenas 3,0% em 2009, comparativamente a uma expansão de 14,4% em Demanda Externa: a recessão nas maiores economias fará com que o comércio mundial cresça 2,1% em 2009, contra uma expansão de 4,6% em Com isso, as exportações brasileiras deverão cair e contribuir negativamente para o crescimento do PIB, o que deverá ser amenizado pela queda nas importações provocada pela redução do ritmo da atividade econômica interna. Inflação: medida pelo IPCA, deverá ficar em 4,8% em 2009, convergindo para o centro da meta proposta para o ano que é de 4,5%. A CNI destaca que por um lado, a retração na demanda interna e a queda dos preços internacionais das commodities agem no sentido de reduzir a pressão por elevação de preços. Por outro lado, a forte desvalorização do real frente ao dólar, nos últimos meses, exerce pressão direta por alta de preços nas importações e indireta sobre produtos e serviços produzidos internamente, via aumento de custos na cadeia 34
35 produtiva. Esses fatores de aumento serão amenizados pela queda de preços das commodities e retração no consumo. Taxa de juros: Para a taxa SELIC, a CNI projeta um nível de 12,25%, em dezembro de 2009, com média de 12,2% no ano. Balança comercial: Deve cair, passando de US$ 25,0 bilhões, em 2008, para US$ 15,0 bilhões, em A CNI destaca que apesar da redução do saldo comercial, a desvalorização da taxa de câmbio irá impedir maior deterioração do saldo em conta corrente, pois a remessa de lucros ao exterior e as viagens internacionais perderão força. Cenários Alternativos Além desse cenário base, a CNI destaca outro dois cenários possíveis: O primeiro, mais favorável, caso as ações políticas de combate à crise que forem tomadas nos vários países e no Brasil tenham sucesso na estabilização da economia e no gradual retorno ao crescimento. Nesse cenário, a recessão mundial seria menos intensa com reflexos menores no comércio mundial e nos países emergentes. No Brasil, os efeitos das políticas de combate à crise seriam potencializados pelas medidas domésticas de estímulo ao consumo e recomposição do crédito. O recuo na demanda interna, de consumo e investimento, seria menor que no cenário base e o crescimento do PIB, nesse caso, alcançaria 3,2%. O outro cenário, desenha uma recessão global mais longa, com a incapacidade das políticas em estimular a economia, permanência do baixo nível de confiança e desequilíbrios patrimoniais não equacionados. 35
36 Nesse cenário, os esforços da política doméstica de estímulo teriam efeitos limitados e a desaceleração econômica seria mais intensa. O crescimento do PIB, nesse caso, ficaria limitado a 1,8%. 2.3 Arrecadação Federal Como reflexo da crise internacional que atingiu o Brasil, com a diminuição da atividade econômica em outubro, a Receita Federal arrecadou, em novembro de 2008, R$ 54,7 bilhões, com uma queda real de 1,85% (descontada a inflação), em relação ao mesmo mês de 2007, e de 16,74%, em relação a outubro de 2008, interrompendo o constante aumento que vinha acontecendo desde o início da série histórica em Em setembro de 2008, a Receita arrecadou R$ 55,6 bilhões e em outubro a arrecadação foi de R$ 65,5 bilhões, recordes para ambos os meses. No acumulado do ano, de janeiro a novembro, a Receita Federal arrecadou R$ 619,4 bilhões, com aumento real de 9,16% em relação ao mesmo período de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) A FBCF, que mede os investimentos no País, cresceu 6,7% no terceiro trimestre de 2008, em relação ao trimestre anterior, e 19,7% em relação ao mesmo período de 2007, em função da aquisição de máquinas e equipamentos, tanto nacionais como importados. Com esse nível, a taxa de investimento (FBCF/PIB) do terceiro trimestre foi de 20,4%, a maior para um terceiro trimestre, desde o início da série em Porém, em novembro de 2008 as importações brasileiras de bens de capital tiveram forte desaceleração, com queda de 12,0%, em relação a outubro de Em relação a novembro de 2007, cresceu apenas 10,0%. Ressalta-se que no 36
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