* (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em
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- Simone Beretta Desconhecida
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1 * (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em desenvolvimento)
2 A atual crise financeira é constantemente descrita por meio de metáforas de desastres naturais: terremotos, furacões, tormentas, e enchentes. Mas esses termos são equivocados para traduzir o impacto do que vem acontecendo. A crise financeira não é um desastre natural, foi feita por pessoas e é produto das decisões tomadas por empresas e seus governos, decisões que poderiam ter sido diferentes e conduzido a resultados distintos. Apesar dos países em desenvolvimento não terem criado a crise, está claro que estão na linha de frente quando seus efeitos começam a ser sentidos. A ActionAid calcula que a África irá sofrer uma queda real de renda que pode atingir até US$49 bilhões no período do começo da crise em 2007 e o final de Esse valor equivale a uma queda de fluxos financeiros de mais de 13%. A crise é, na verdade, duas crises: a financeira e a de recessão. A previsão para a África é de perda de 22 bilhões de dólares devido à crise financeira e de 27 bilhões de dólares em receitas de exportação e ajuda internacional de países ricos que estão, eles mesmos, em recessão. O que determina como diferentes países são afetados? Nesse relatório são avaliadas as formas como os países se integraram à economia global e como isso conduz a diferentes resultados. Não surpreende que aqueles que embarcaram mais fortemente na retórica da liberalização financeira, e eram grandes o suficiente para atrair um volume significantivo de capital dos países ricos, serão os mais afetados pela crise. A África do Sul, por exemplo, que foi um parâmetro para a economia neoliberal desde o fim do apartheid, deve sofrer uma queda no fluxo financeiro externo de aproximadamente um quinto de seu produto interno bruto. Na China, o crescimento da economia tem se baseado na ampliação das exportações, o que significa que a recessão já a está afetando fortemente. Entretanto a crise financeira deverá ter menos impacto, já que o governo restringiu os fluxos de capital estrangeiro e a maior parte dos investimentos chineses é proveniente do próprio país. Esse relatório da ActionAid contribui para a tentativa de expor as diferentes formas pela qual a crise está afetando as economias dos países em desenvolvimento e mensurar o custo atual em dólares perdidos devido os fluxo financeiro reduzido. A pesquisa investigou os efeitos em países de média e baixa renda, como África do Sul, Brasil e Gana, e verificou como políticas econômicas prévias foram afetadas e o quando esses países estão expostos às conturbações que agora afetam os mercados mundiais.
3 O custo da crise A crise financeira já provocou quedas catastróficas de renda em 2008 e a previsão é piorar em Considerando que a previsão pré-crise era de que os fluxos de receita de comércio e setor produtivo cresceriam entre 2007 e 2009, o impacto foi, claramente, forte e rápido. Para os países que basearam toda a sua estratégia de desenvolvimento na atração de recursos do exterior e para as companhias e indivíduos que eram dependentes desses fluxos, essa queda foi uma calamidade. Tabela 1. Influxo financeiro e receitas de exportação, (em milhões de dólares americanos)* País fluxo de capitais 2007 fluxo de capitais 2008 % Mudança Previsão do fluxo 2009 % Mudança África Subsaariana África do Sul Estônia Coréia Turquia Brasil Rússia Índia Nigéria Venezuela China Gana Jamaica Malásia Uganda Chile Mali * Fonte: calculado a partir de informações da Organização Mundial do Comércio, Banco Mundial, FMI, do International Financial Institute e do Bank of International Settlements. De onde vêm as perdas? A crise financeira afetará fatores como empréstimos bancários e compras de ações feitas no exterior e os investimentos estrangeiros diretos. As mudanças nas taxas de juros também impactarão países e companhias que captam recursos por meio de títulos. Já a crise de recessão vai afetar os fluxos de comércio e, provavelmente, os volumes de ajuda internacional e remessas de dinheiro enviadas por imigrantes que trabalham em países desenvolvidos.
4 Tabela 2. Perdas previstas para os países em desenvolvimento devido à crise financeira Tipo de fluxo financeiro Mudança prevista para países em desenvolvimento (%) Empréstimos bancários -115 Equities -82 FDI (Foreign Direct Investmensts?) -34 Fonte: IIF, Capital flows to emerging market economies, janeiro O impacto da crise na África do Sul, Índia, Brasil e China O impacto da política na vulnerabilidade à crise financeira e à recessão é refletida nas diferenças entre África do Sul, Índia, China e Brasil. Todos membros do G20, suas diferentes escolhas políticas nos anos 90 e no começo do século 21 tiveram um impacto distinto em cada um desses países. A diferença crucial está em como os países estão integrados à economia global. China e Índia são historicamente menos abertos à economia global do que muitos países em desenvolvimento e ambas detêm controle de capitais. O Brasil é mais aberto e a África do Sul é ainda mais: Tabela 3: Padrões de integração na economia global País Integração em mercados financeiros Dependência de investimentos estrangeiros China alta baixa alta África do Sul alta alta média Brasil média alta média Índia média média média Conclusão Dependência de ajuda, comércio e remessas de países ricos As comparações entre os países em desenvolvimento ricos e pobres mostra como os mercados financeiros falharam em promover o desenvolvimento nas duas frentes. Países como a África do Sul foram cooptados pela retórica da liberalização financeira e as promessas de uma prosperidade ainda não experimentada que poderia ser aplicada no desenvolvimento. Essa pequena pesquisa indica que não houve uma recompensa em termos de desenvolvimento para os riscos assumidos na abertura de seus mercados. O desempenho da África do Sul não foi melhor do que o de outros países que optaram por uma aproximação mais cautelosa. Essa mesma abertura, que trouxe resultados duvidosos, agora coloca em risco qualquer ganho em termos de desenvolvimento. Evidências sugerem que o capital doméstico é o mais estável e promove as melhores recompensas em termos de desenvolvimento. Todos os países, até mesmo os mais pobres, deveriam ser orientados sobre como mobilizar recursos domésticos, como por exemplo, aumentando as taxas sobre as receitas de investidores estrangeiros e encorajando seus cidadãos a guardarem o dinheiro em bancos locais.
5 A análise do processo de gerenciamento das economias nacionais e globais nos últimos 20 anos, ensina algumas lições para o desenvolvimento, como a importância de: desenvolvimento gerado domesticamente; fluxos financeiros diversificados; controle de risco na economia global; transparência; regulação de mercados financeiros para que se torne viável criar fundos para os países mais pobres; envolvimento até mesmo dos países mais pobres nas decisões sobre o mercado financeiro global. Recomendações da ActionAid para o G20 A dimensão atual da integração global e a forma pela qual a crise afetou profundamente as economias de muitos países pobres significa que qualquer pessoa interessada em reduzir a pobreza precisa demandar uma agenda mais ampla ao G20, na qual as fontes de risco e vulnerabilidade na economia global sejam identificadas. Os itens dessa agenda deveriam ser em dois principais eixos: Mudança na operação de mercados financeiros Controlar riscos, para que países com poucas opções de construção de mercados financeiros a partir de fontes externas possam fazer isso com confiança; Melhorar a transparência, tanto de governos quanto de companhias para que as informações sobre taxas e transações financeiras possam circular em uma base comum; Encorajar o desenvolvimento de mercados financeiros regionais nos países em desenvolvimento para maximizar as possibilidades de mobilização local de recursos; Apoiar o desenvolvimento Ajudar o desenvolvimento de financiamento doméstico; Promover assistência aos países afetados pela crise para garantir que as pessoas pobres não sofram as conseqüências de mercados mal administrados; Garantir que os financiamentos adicionais sejam feitos de modo a promover o desenvolvimento de longo prazo. Veja a íntegra do relatório Quem sofre com a crise?
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