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1 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DOENÇAS DE OVINOS NO SUL DO BRASIL TESE DE DOUTORADO Daniel Ricardo Rissi Santa Maria, RS, Brasil 2010

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3 2 DOENÇAS DE OVINOS NO SUL DO BRASIL por Daniel Ricardo Rissi Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Área de concentração em Patologia Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Medicina Veterinária Orientador: Prof. Claudio Severo Lombardo de Barros Santa Maria, RS, Brasil 2010

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5 3 Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Rurais Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de Doutorado DOENÇAS DE OVINOS NO SUL DO BRASIL elaborada por Daniel Ricardo Rissi como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Medicina Veterinária COMISSÃO EXAMINADORA Claudio Severo Lombardo de Barros, PhD (UFSM) (Presidente/Orientador) Ana Lucia Schild, Dra. (UFPEL) Eliza Simone Viegas Sallis, Dra. (UFPEL) Margarida Buss Raffi, Dra. (UFPEL) Luiz Francisco Irigoyen, PhD. (UFSM) Santa Maria, 19 de fevereiro de 2010

6 4 RESUMO Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária Universidade Federal de Santa Maria DOENÇAS DE OVINOS NO SUL DO BRASIL AUTOR: DANIEL RICARDO RISSI ORIENTADOR: CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Local e data da defesa: Santa Maria, 19 de fevereiro de Foram pesquisados os arquivos do Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria e revisados os diagnósticos de doenças de ovinos realizados entre 1990 e No período estudado foram realizados exames de animais domésticos. Desses, (34,9%) correspondiam a necropsias e (65,1%) a exames histopatológicos realizados em materiais enviados por veterinários de campo. Cinquenta e quatro casos de necropsias e 15 casos de exames histopatológicos em ovinos correspondiam a experimentos e foram excluídos do estudo. Após essa exclusão foram obtidas 354 (5,1%) necropsias e 163 (1,2%) exames histopatológicos de ovinos. O diagnóstico foi conclusivo em 265 (74,8%) casos de necropsias e em 96 (59%) casos dos exames histopatológicos, somando 361 casos conclusivos. Esses casos foram divididos em grupos conforme a etiologia: 150 casos (41,6%) de intoxicações e toxi-infecções; 139 casos (39,3%) de doenças infecciosas e parasitárias; 31 casos (8,6%) de doenças metabólicas e nutricionais; 13 casos (3,6%) de neoplasmas e lesões tumoriformes; sete casos (1,9%) de distúrbios causados por agentes físicos; seis casos (1,7%) de distúrbios iatrogênicos; e quatro casos (1,1%) de distúrbios do desenvolvimento. Oito casos (2,2%) foram classificados em outros distúrbios por não se enquadrarem em nenhum dos outros grupos. Hemoncose e intoxicação por Nierembergia veitchii foram as doenças mais importantes para ovinos nesses 18 anos. Palavras-chave: doenças de ovinos, patologia.

7 5 ABSTRACT Doctoral Thesis Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária Universidade Federal de Santa Maria DIESEASES OF SHEEP IN SOUTHERN BRAZIL AUTHOR: DANIEL RICARDO RISSI ADVISER: CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Local and date of presentation: Santa Maria, February 10, An 18-year ( ) database search in the files of the Laboratory of Veterinary Pathology of the Universidade Federal de Santa Maria was carried out. In this period, 19,476 exams in domestic animals were done. Out of these exams, 6,816 (34.9%) were necropsies and 12,660 (65.1%) were performed in mailed in samples by practitioners who had necropsied the animals in their private practices. Experimental cases were excluded from this study and corresponded to 54 necropsies and 15 histopathologic exams. After the exclusion 354 (5.1%) necropsies and 163 (1.2%) histopathologic exams resulted in sheep. Out of these, 265 (74.8%) cases in the group of necropsies and 96 (59%) in the group of the histopathologic exams had conclusive diagnosis. The resulting 361 conclusive cases were grouped according to the etiology: 150 (41.6%) cases of intoxications or toxi-infections; 139 (39.3%) cases of infectious and parasitary diseases; 31 (8.6%) of metabolic and nutritional diseases; 13 (3.6%) cases of neoplasms and neoplasm-like lesions; 7 (1.9%) cases of diseases caused by physical agents; 6 (1.7%) cases of iatrogenic conditions; and 4 (1.1%) of developmental diseases. Eight cases did not fit in any of the above categories and were grouped under the denomination of other conditions. Hemonchosis and poisoning by Nierembergia veitchii were the most prevalent diseases in sheep during the 18 years of this study. Key-words: Diseases of sheep, pathology.

8 6 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Encefalopatias espongiformes transmissíveis em seres humanos...13 QUADRO 2 Encefalopatias espongiformes transmissíveis em animais...14 QUADRO 3 Laboratórios credenciados atualmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros e Outras Encefalopatias...15 QUADRO 4 Variações genotípicas relacionadas ao risco de desenvolvimento da scrapie em ovinos (A, alanina; R, arginina; H, histidina; Q, glutamina; V, valina)...21

9 7 LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 Dados epidemiológicos e clínico-patológicos das intoxicações e toxiinfecções em ovinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e ANEXO 2 Dados epidemiológicos e clínico-patológicos das doenças infecciosas e parasitárias de ovinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e ANEXO 3 Dados epidemiológicos e clínico-patológicos das doenças metabólicas e nutricionais de ovinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e ANEXO 4 Dados epidemiológicos e clínico-patológicos dos neoplasmas e lesões tumoriformes de ovinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e ANEXO 5 Dados epidemiológicos e clínico-patológicos dos distúrbios causados por agentes físicos em ovinos diagnosticados no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e ANEXO 6 Dados epidemiológicos e clínico-patológicos dos distúrbios iatrogênicos em ovinos diagnosticados no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e

10 8 ANEXO 7 Dados epidemiológicos e clínico-patológicos dos distúrbios do desenvolvimento em ovinos diagnosticados no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e ANEXO 8 Dados epidemiológicos e clínico-patológicos de outros distúrbios de ovinos diagnosticados no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e

11 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1. Revisão Bibliográfica Doença causada por príon Scrapie Doenças causadas por vírus Raiva Infecções por lentivírus Louping ill Doença de Borna Infecção por pestivírus Doenças causadas por bactérias Listeriose Enterotoxemia Abscessos cerebrais Botulismo Tétano Linfadenite caseosa Cowdriose Doenças parasitárias Parelaphostrongylus tenuis e Elaphostrongylus rangifieri Cenurose Doenças causadas por protozoários Infecção por Toxoplasma gondii e Neospora caninum...38

12 Infecção por Sarcocystis spp Infecção por Acanthamoeba sp Doenças tóxicas Intoxicação por Ipomoea asarifolia e Ipomoea carnea subsp. fistulosa Intoxicação por Sida carpinifolia Intoxicação por Senecio spp. e Crotalaria retusa Intoxicação por Nierembergia veitchii Intoxicação por Leucaena leucocephala Intoxicação por Baccharis coridifolia e Phytolacca decandra Intoxicação por Erythroxylum argentinum e E. deciduum Intoxicação por Ramaria flavo-brunnescens Doenças carenciais e metabólicas Polioencefalomalacia CAPÍTULO 2. Doenças de ovinos da região Central do Rio Grande do Sul: 361 casos CAPÍTULO 3. Doenças neurológicas de ovinos na região Central do Rio Grande do Sul CAPÍTULO 4. Cenurose em ovinos no Sul do Brasil: 16 casos CAPÍTULO 5. Intoxicação em ovinos por Nierembergia veitchii: observações em quatro surtos CAPÍTULO 6. Chronic and acute clinical manifestations associated with systemic mineralization caused by ingestion of Nierembergia veitchii in sheep in southern Brazil CAPÍTULO 7. Poisonous plants affecting sheep in southern Brazil CAPÍTULO 8. Intoxicação espontânea por antibióticos ionóforos no Rio Grande do Sul CAPÍTULO 9. Meningoencefalite por Listeria monocytogenes em ovinos CAPÍTULO 10. Ocorrência de raiva em ovinos no Rio Grande do Sul CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS ANEXOS...143

13 11 1. INTRODUÇÃO Estudos retrospectivos são importantes para determinar a prevalência das doenças que ocorrem em determinada espécie e em determinada região. Esses estudos permitem que o clínico ou o veterinário de campo tenha acesso a uma lista de diagnósticos diferenciais ao considerar o diagnóstico de uma doença. A maioria dos dados referentes à prevalência de doenças de animais domésticos atualmente é baseada na literatura internacional. Recentemente, no entanto, muitos laboratórios de diagnóstico do Brasil vêm trabalhando com estudos retrospectivos com o objetivo de criar uma compilação de dados epidemiológicos e clínico-patológicos regionais. O Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem realizado vários estudos desse tipo e já foram publicados dados referentes a doenças de cães e eqüinos. No entanto, não foram compilados ainda os dados referentes às doenças que afetam ovinos na região de abrangência do LPV-UFSM. Os objetivos deste estudo foram relatar a frequência e as características epidemiológicas e clínico-patológicas das doenças de ovinos na região Central do Rio Grande do Sul. Para isso foram consultados os arquivos do LPV-UFSM e compilados os dados referentes a todos os diagnósticos de doenças de ovinos realizados entre 1990 e Os resultados desta tese serão apresentados na forma de oito artigos científicos e um capítulo de livro que já foram publicados ou estão em fase de publicação. Esses trabalhos descrevem os aspectos epidemiológicos e clínico-patológicos das principais doenças diagnosticadas no período estudado. Os dados referentes às doenças pouco ou raramente diagnosticadas durante o período podem ser consultados nas tabelas localizadas na seção de anexos.

14 12 2. CAPÍTULO 1 Revisão Bibliográfica Após a queda na produção de rebanhos de ovinos de lã que se deu no final da década de 1980 e se estendeu até a década de 1990 do século recém findo, a ovinocultura parece ter ganhado força nos últimos anos no Rio Grande do Sul. O aumento do poder aquisitivo da população e do abate de animais jovens para a produção de carne de cordeiro possibilitou o início de uma reestruturação da ovinocultura no Estado (VIANA & SILVEIRA, 2009). Com o aumento do número de ovinos também houve um aumento do número de doenças diagnosticadas nessa espécie. Uma importante doença sob o ponto de vista econômico é a scrapie, uma doença neurodegenerativa do grupo das encefalopatias espongiformes transmissíveis (EETs). Nesse grupo também está a encefalopatia espongiforme bovina (BSE) e outras doenças de animais e seres humanos (Quadros 1 e 2). As EETs adquiriram grande importância após o surgimento de uma nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (vcjd) em humanos e de sua possível ligação com o consumo de carne de bovinos afetados pela BSE (WILL et al., 1996). Diante disso, foi criado um sistema internacional de vigilância e controle das EETs em vários países. No Brasil, o então existente Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros e Outras Encefalopatias, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi ampliado e passou a realizar também a vigilância da BSE e da scrapie em Inicialmente foram credenciados três laboratórios de Patologia Veterinária no Brasil: LPV-UFSM, sob coordenação do Dr. Claudio S.L. Barros, Setor de Patologia Veterinária (SPV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob coordenação do Dr. David Driemeier, e Laboratório de Patologia (LP) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), sob coordenação do Dr. Ricardo A.A. Lemos. Esse último foi substituído mais tarde pelo Dr. Eurípedes B. Guimarães. Três laboratórios foram incorporados ao programa em Esses laboratórios foram o da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), sob coordenação do Dr. Franklin Riet-Correa, o do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), sob coordenação do Dr. Anilton César Vasconcelos, e o do Instituto Biológico de São Paulo (IB-SP), sob coordenação do Dr. Romeu Macruz, substituído mais tarde pela

15 13 Dra. Claudia del Fava. Em 2005, o Laboratório Nacional Agropecuário (LANAGRO) do Recife, PE, sob coordenação da Dra. Ana K.C. Callado, assumiu as funções antes realizadas pelo laboratório da UFCG. O LPV-UFSM foi o laboratório de referência do sistema de vigilância (cujas atribuições eram de receber casos suspeitos de BSE e de scrapie de outros laboratórios) entre 2000 e 2007, quando essa incumbência foi repassada ao SPV-UFRGS. A lista atual de laboratórios credenciados está no Quadro 3. Uma revisão completa do funcionamento do programa pode ser consultada em outra tese de doutorado do LPV-UFSM (RECH, Alterações no encéfalo de bovinos submetidos à vigilância das encefalopatias espongiformes transmissíveis, Universidade Federal de Santa Maria. Tese de Doutorado, 228p.). Quadro 1 Encefalopatias espongiformes transmissíveis em seres humanos. Doença Doença esporádica (sem antecedentes prévios conhecidos) Doença adquirida pela contaminação com o agente infeccioso Doença familiar (herdada geneticamente) Características Doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD). Ocorre em todo o mundo com uma incidência de cerca de um caso por um milhão de pessoas Kuru (canibalismo, epidêmica na população Foré de Papua-Nova Guiné) CJD iatrogênica (transplantes, administração de hormônios) Nova variante da CJD (vcjd, ingestão de alimentos contaminados pelo agente da BSE) CJD familiar. Representa 10%-15% de todos os casos de CJD Síndrome de Gerstmann-Sträussler-Scheinker (GSS). Incidência de cerca de um caso por 10 milhões de pessoas Insônia fatal familiar Doenças priônicas atípicas. Não se ajustam facilmente aos critérios diagnósticos das TSEs Reproduzido de Ridley R.M. & Baker H.F Fatal Protein. The Story of CJD, BSE and Other Prion Diseases, p. 3. Oxford University Press, Oxford, England. 249p. Durante o período em que o LPV-UFSM participou do programa de vigilância das EETs, foram realizados vários trabalhos científicos e teses relacionadas às doenças do sistema nervoso central (SNC) de bovinos. O objetivo inicial deste estudo era o de compilar as doenças do SNC de ovinos diagnosticadas no LPV-UFSM desde 1990 até Porém, durante o desenvolvimento do estudo concluiu-se que uma melhor abordagem seria, ainda que mantendo as doenças do SNC como o principal foco do projeto, compilar todas as

16 14 doenças de ovinos diagnosticadas nesse período, já que algumas delas cursavam com sinais clínicos crônico-caquetizantes e poderiam mimetizar os sinais desenvolvidos por ovinos afetados por doenças do SNC, inclusive pela scrapie. Por esse motivo, uma breve revisão das principais doenças do SNC será abordada nesta seção. Quadro 2 Encefalopatias espongiformes transmissíveis em animais. Doença Scrapie Encefalopatia transmissível dos visons (TME) Doença depauperante crônica (CWD) Encefalopatia espongiforme dos bovinos (BSE) Encefalopatia espongiforme felina (FSE) Características Doença endêmica rara de ovinos e caprinos. Considerada o protótipo das TSEs Doença de visons criados para fins comerciais (pele). Provavelmente causada pela alimentação dos visons com carne de ovelha contaminada com scrapie Doença de origem obscura que afeta alces selvagens e em cativeiro nos Estados Unidos e Canadá Doença epidêmica em bovinos de leite, principalmente no Reino Unido. Causada provavelmente pela alimentação de bovinos com rações contendo restos de ovinos infectados por scrapie, de bovinos infectados por BSE ou de ambos Doença observada em gatos domésticos e em alguns outros felídeos selvagens em cativeiro (puma, guepardo e ocelote). Causada provavelmente pela alimentação desses animais com ração contendo material contaminado por BSE Encefalopatia espongiforme em outras espécies Identificada em vários ruminantes de zoológico (por ex., kudu, ôrix árabe e cimitar). Causada provavelmente pela alimentação desses animais com ração contendo material contaminado por BSE Reproduzido de Ridley R.M. & Baker H.F Fatal Protein. The Story of CJD, BSE and Other Prion Diseases, p. 8, Oxford University Press, Oxford, England. 249p.

17 15 Quadro 3 Laboratórios credenciados atualmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros e Outras Encefalopatias. Laboratório Responsável Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Setor de Patologia Clínica Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, MS Laboratório Nacional Agropecuário, PE Instituto Biológico, SP Instituto Mineiro de Agropecuária, MG Dr. Claudio Barros Dr. David Driemeier Dr. Eurípedes Guimarães Dra. Ana Carina Callado Dra. Claudia Del Fava Dr. Anílton Vasconcelos 2.1. Doença causada por príon Scrapie Scrapie é uma doença neurodegenerativa, progressiva, fatal e infecciosa do grupo das EETs que afeta ovinos domésticos e selvagens e menos frequentemente caprinos (DRIEMEIER, 2007; WOOD et al., 1992). As EETs são causadas por uma proteína infecciosa denominada príon, que se acumula no SNC e em tecidos linforreticulares. Essa proteína é altamente resistente a proteases e ao meio ambiente, tem longo período de incubação e é transmissível natural ou experimentalmente (TYLER & MIDDLETON, 2004). A ocorrência da scrapie precedeu o reconhecimento de outras encefalopatias espongiformes e por isso a doença é considerada o protótipo das EETs. Scrapie tem sido descrita desde o século XVII em ovinos com tremores e prurido na Europa (PALMER & COLLINGE, 1997; BROWN & BRADLEY, 1998; BRADLEY & VERWOERD, 2004) e era considerada por muitos pesquisadores como uma doença genética. Descrições antigas da scrapie também atribuíam o desenvolvimento da doença a excesso de atividade sexual dos carneiros ou a tempestades de trovões (LIBERSKI & BROWN, 2004). Infecção por Sarcosporidium spp. e vírus também foi implicada como uma possível causa da doença (LIBERSKI & BROWN, 2004; BRADLEY & VERWOERD, 2004). As dúvidas sobre a etiologia da scrapie e sua potencial natureza infecciosa pode ser apreciada pela comparação feita por Innes & Saunders (1962) baseada na fábula de Esopo:

18 16 Nossa incerteza nos coloca em mente a fábula de Esopo: havia um homem cego que podia reconhecer qualquer criatura viva quando colocada em suas mãos apenas ao senti-la. No entanto, em uma ocasião, colocaram em suas mãos um filhote de lobo e o homem não pode pensar em algo de imediato, como costumava. Eu não sei, disse o homem cego após sentir a criatura, ou isso é um jovem lobo ou uma raposa ou algum outro animal. Eu só sei que não serve como companhia para um rebanho de ovelhas. Vacuolização em neurônios motores da medula espinhal foram os primeiros achados histológicos descritos em ovinos afetados pela scrapie no século XIX (BESNOIT & MOREL, 1898). Experimentos posteriores demonstraram que a doença era transmissível para ovinos (CUILLÉ & CHELLE, 1936). Mais tarde vários outros experimentos reproduziram a doença em camundongos (CHANDLER, 1961; ZLOTNIK & RENNIE, 1965) e outros animais de laboratório e até mesmo ovinos e cabras (ZLOTNIK & RENNIE, 1965; BRADLEY & VERWOERD, 2004). Em meados de 1930, após grande parte de o rebanho ovino inglês ter sofrido inoculação iatrogênica do príon por meio de vacinas contra louping ill infectadas acidentalmente com o agente da scrapie, foi fortalecida a teoria de que a doença tinha natureza infecciosa. As vacinas eram processadas com material de encéfalo e baço de ovinos supostamente infectados e que não demonstravam sinais da doença (BRADLEY & VERWOERD, 2004). No final da década de 1950, uma doença neurodegenerativa e fatal que ocorria em uma tribo da Papua Nova Guiné foi descrita pelos Drs. Vincent Zigas e Daniel Carleton Gajdusek (ZIGAS, 1990; RHODES, 1998). Essa doença era denominada kuru e após intensas pesquisas foi associada ao canibalismo. Mulheres e crianças costumavam ingerir o cérebro de parentes mortos em rituais funerários e desenvolviam após muitos anos uma doença caracterizada por tremores, ataxia, movimentos coreiformes e atetóides e demência progressiva. Os primeiros exames histológicos sistemáticos da kuru foram publicados em 1959 (KLATZO et al., 1959) e eram caracterizados por vacuolização neuronal em várias áreas do encéfalo. Esses achados eram semelhantes aos descritos na scrapie. Um médico veterinário norte-americano foi quem fez essa associação entre a kuru e a scrapie, a partir de uma carta publicada na revista científica britânica The Lancet (HADLOW, W.J. Scrapie

19 17 and kuru. The Lancet v. 2, p , 1959). A tradução da carta na íntegra pode ser acompanhada abaixo: Senhor Editor, Tentativas de traçar analogias muito estreitas entre doenças de pessoas e de animais inferiores estão sujeitas a interpretações errôneas. Apesar disso, através de um ponto de vista comparativo amplo, pode-se ganhar muitas pistas valiosas que contribuem para o entendimento da verdadeira natureza de uma doença. Com isso em mente, eu gostaria de apresentar alguns breves comentários sobre a semelhança entre duas doenças degenerativas do sistema nervoso central scrapie, que afeta ovinos 1, e kuru 2, que afeta nativos Fore no Planalto Sudeste da Nova Guiné. Não estou sugerindo que essas duas doenças sejam idênticas ou mesmo que sejam cópias uma da outra, mas, em minha opinião, a semelhança, em geral, entre elas é muito impressionante para ser ignorada (a proposição de que scrapie se trate de uma miopatia 3 não tem sido corroborada pelas observações de outros 4,5, nem pelos meus próprios estudos). Quando observados coletivamente, os aspectos epizootiológicos, clínicos e patológicos da scrapie são estreitamente paralelos àqueles que caracterizam a kuru, como foi recentemente descrito por pesquisadores americanos 2 e australianos 6,7,8. Assim, cada uma dessas doenças é endêmica em determinadas populações confinadas, seja um rebanho ou uma tribo, nos quais a incidência usual é baixa cerca de 1% a 2%. Ovinos e pessoas podem desenvolver sinais clínicos meses após terem sido removidos dos rebanhos ou das comunidades onde a respectiva doença é endêmica. Ainda mais, scrapie pode aparecer num rebanho previamente não-afetado após a introdução de um carneiro ou ovelha de um rebanho onde se sabe que a doença ocorre. Da mesma forma, kuru pode ser introduzida pelo casamento numa população antes livre da doença. Ainda assim, apesar dessas observações bem consolidadas, o exato mecanismo da disseminação da scrapie e da kuru é obscuro; certamente, evidências de que o contágio seja o responsável são questionáveis ou inexistentes. A causa de cada uma das duas doenças é obscura. Nenhum agente microbiológico foi isolado, nem há evidências convincentes de que tanto scrapie quanto kuru sejam doenças infecciosas, conforme a noção geral reconhecida de doença infecciosa. Fatores nutricionais ou tóxicos não foram incriminados como tendo significado etiológico em qualquer das duas doenças. No entanto, uma predisposição genética é fortemente sugerida pelos dados epidemiológicos e epizootiológicos acumulados. A história natural e os aspectos clínicos gerais das duas doenças são notavelmente semelhantes. O aparecimento de cada doença é insidioso e ocorre na ausência de sinais de doença prévia. O curso clínico é afebril e quase sem exceções é inexoravelmente progressivo. Ambas as doenças terminam usualmente em morte dentro de três ou seis meses após o aparecimento dos sinais clínicos; apenas raramente remissões e recuperação foram observadas. Uma consideração detalhada sobre os achados clínicos e físicos individuais parecem menos importantes para ilustrar a semelhança nos aspectos mais amplos, pois esses achados individuais são, em grande parte, o reflexo das variações na distribuição característica das lesões e do desenvolvimento funcional e integração do sistema nervoso das duas espécies. Ainda assim, sinais como ataxia, que se torna progressivamente mais grave, tremores e alterações do comportamento são aspectos de ambas as doenças. Em nenhum caso, estudos laboratoriais revelaram anormalidades regulares ou significativas no sangue ou no líquido cefalorraquidiano. Por último, as alterações neuropatológicas, embora essencialmente não-específicas, são notavelmente semelhantes nas duas doenças. Degeneração neuronal disseminada, em grande parte caracterizada por atrofia e hipercromatismo do corpo celular e por vários graus de vacuolização do citoplasma, é típica de ambas as enfermidades. Gliose astrocítica, com frequência bastante intensa, é outro aspecto comum dos dois distúrbios, assim como uma degeneração mínima da mielina em alguns casos. Alterações inflamatórias com extensão e gravidade de uma encefalite ativa não se observam. Vacúolos tipo bolha de sabão grandes e únicos ou multiloculares ocorrem no citoplasma dos neurônios e são, há tempos, considerados como um achado característico de scrapie; essa alteração bastante incomum, que aparentemente raras vezes é observada em material neuropatológico de seres humanos, é também observada na kuru 8 e foi o que primeiro despertou minha curiosidade acerca da possível semelhança entre as duas doenças.

20 18 Essa breve comparação entre scrapie e kuru não é apresentada aqui meramente para enumerar semelhanças interessantes; porém, mais importante, para apontar uma implicação intrigante quando essa analogia é vista contra o fundo formado pelas investigações experimentais em scrapie. Embora faltem indicações sugerindo que scrapie seja uma doença infecciosa, essa enfermidade pode ser induzida experimentalmente em ovinos 1,9 e nos estreitamente relacionados caprinos 10 (mas não em outras espécies testadas até agora) inoculados por via intracerebral ou subcutânea com suspensões de tecido encefálico bem como de outros tecidos oriundos de ovinos afetados por scrapie. Estranhamente, os sinais clínicos nunca aparecem nos animais inoculados em menos de três meses e meio após a inoculação e podem não se tornar evidentes em alguns animais até seis meses após a inoculação. A natureza do fator patogenético do inóculo e a alteração bioquímica fundamental que dá origem ao distúrbio no animal inoculado permanece ainda para ser elucidado. No entanto, essa indução experimental de um distúrbio degenerativo e progressivo do sistema nervoso central e sua transmissão em série nos pareceria fornecer uma pista valiosa para o entendimento do distúrbio neurológico humano, semelhante no aspecto geral e igualmente desconcertante, representado pela kuru. Assim, poderia ser vantajoso, em vista da experiência veterinária com scrapie, examinar a possibilidade da indução experimental de kuru em primatas de laboratório, porque se pode conjeturar que os mecanismos patogenéticos envolvidos na scrapie embora insólitos como possam parecer muito provavelmente não são restritos à província da patologia animal. Agricultural Research Council Field Station Compton, near Newbury, Berks W.J. Hadlow 1 Stamp, J.T. Vet. Rec., 1958, 70, Gajdusek, D.C., Zigas, V. Amer. J. Med., 1959, 26, Bosanquet, F.D., Daniel P.M., Parry, H.B. Lancet, 1986, ii, 737, leading article, ibid, p Palmer, A.C. Vet. Rec. 1957, 69, Palmer, A.C. Vet. Rec. 1957, 69, Bennet, J.H., Rhodes F.R., Robson H.N. Aust. Ann. Med., 1958,7, Simpson D.A., Lander H., Robson H.N. ibid, 1959, 8, 8. 8 Fowler, M., Robertson, E.G. ibid. p Gordon, W.S. Vet. Rec. 1957, 69, Gordon, W.S., Pattison, I.H.. ibid, p Após a publicação dessa carta, experimentos demonstraram a transmissão da CJD em primatas e estabeleceram que essas doenças (CJD e kuru) eram também EETs. A partir desse ponto vários estudos que objetivavam a caracterização do agente infeccioso dessas doenças foram realizados, até que em 1982 foi estabelecida a teoria do príon como agente causador da scrapie (PRUSINER, 1982). Esse trabalho demonstrou que o agente da scrapie diferia em vários aspectos dos outros agentes infecciosos conhecidos até então. A sua resistência a procedimentos que destruíam ácidos nucléicos e à inativação pelo calor, juntamente com seu pequeno tamanho, sugeriam que se tratasse de uma nova entidade infecciosa. Dada à semelhança desse agente com uma proteína, o autor propôs o acrônimo príon (pronunciado prí-on) para proteinaceous infectious protein. Ao se tratar de uma

21 19 proteína, duas hipóteses foram consideradas: 1) que seria uma proteína circundando um pequeno ácido nucléico; e 2) que seria uma proteína destituída de ácido nucléico, ou seja, uma proteína infectante, conhecida também como protein only (apenas proteína) theory. Apesar de a primeira hipótese ser a mais aceita na época, não havia evidências para tal; a segunda hipótese, no entanto, provocava forte ceticismo. A dúvida pairava na questão de como uma proteína sem nenhum indício de possuir ácidos nucléicos poderia replicar no hospedeiro. A purificação do agente infeccioso proveniente de encéfalos de cobaias infectados experimentalmente começou a desvendar esse mistério (PRUSINER et al., 1984). Após a purificação, uma proteína com peso molecular de kd foi obtida. Essa proteína foi detectada em todas as amostras infectadas, mas não nas amostras controle. Foi então descoberto que essa proteína era o produto da hidrólise parcial pela proteinase K de uma proteína mais pesada (com peso molecular de kd) que ocorria nos encéfalos de todos os ovinos e animais de laboratório testados (infectados e controles). A evidência de uma proteína normal (com kd) nos encéfalos controle conduziu à descoberta de uma forma celular normal do príon (OESCH et al., 1985). Essa isoforma normal é denominada PrP c (o c significando celular, ou seja, da própria célula); a proteína infectante (príon) é denominada PrP sc ( sc significando scrapie, o protótipo das TSEs). Essas duas isoformas são codificadas pelo mesmo gene do hospedeiro. Atualmente é aceito que o príon (PrP sc ) interage com sua isoforma (PrP c ) presente na membrana do hospedeiro. Essa proteína é conservada nas várias espécies e é suscetível a proteases. Ao entrar em contato com o príon, a PrP sofre dimerização (conexão de uma molécula do príon e uma molécula da proteína normal), de onde surgem duas moléculas infectantes. A PrP c (configurada na maior parte em!-hélice) adota então a conformação estrutural da proteína infectante PrP sc (na maior parte "-pregueada). Essa reação ocorre em cadeia e é progressiva (PRUSINER, 1997). O príon é extraordinariamente resistente ao calor, radiação ultravioleta e ionizante e à maioria das substâncias químicas que inativam microorganismos. A destruição ocorre com hipoclorito de sódio e autoclave com hidróxido de sódio a 2 M. Adicionalmente, o príon não provoca qualquer resposta imune no hospedeiro, por ser uma proteína modificada do próprio organismo (BRADLEY & VERWOERD, 2004). Todas as doenças priônicas são caracterizadas por longo período de incubação (PI) seguido de doença clínica progressiva e fatal. As lesões são restritas ao SNC (JOHNSON,

22 ). Ovinos domésticos e selvagens são os hospedeiros naturais da scrapie, embora a doença ocorra também em cabras (DUSTAN et al., 2008). São afetados predominantemente animais adultos e a transmissão ocorre por via oral, principalmente pelo contato do cordeiro recém-nascido com os restos placentários (ANDRÉOLETTI et al., 2002). A transmissão horizontal também pode ocorrer por contaminação ambiental, especialmente quando o parto ocorre em áreas confinadas (OIE 2008). Estudos revelaram que o príon se acumula predominantemente nas células trofoblásticas dos placentomas e que a doença é adquirida provavelmente após o nascimento e não por infecção intrauterina (ANDRÉOLETTI et al., 2000). Outros experimentos também demonstraram que ovinos nascidos de ovelhas incubando a doença têm mais chances de desenvolver scrapie quando adultos (ELSEN et al., 1999). A ocorrência da doença e o controle do PI estão intimamente relacionados às interações entre o genótipo do hospedeiro, notavelmente o gene da PrP, e a cepa do agente (ANDRÉOLETTI et al., 2000). Os polimorfismos do gene da PrP, ou gene Sip (scrapie incubation period), que são responsáveis pelos diferentes PI, ocorrem particularmente nos códons 136, 154 e 171 (HUNTER et al., 1997; ANDRÉOLETTI et al., 2000; BAYLIS et al., 2004) e estão intimamente associados à incidência da scrapie natural ou experimental em ovinos (GOLDMANN et al., 1991) e caprinos (GOLDMANN et al., 1996). A suscetibilidade genética de determinados indivíduos às EETs é conhecida em várias doenças desse grupo, seja em animais ou seres humanos (RHODES, 1998). O PI e a evolução da scrapie em ovinos expostos ao agente infeccioso estão relacionados a no mínimo três polimorfismos no gene da PrP: (1) códon 136, onde a valina (V) é ligada à suscetibilidade à scrapie e a alanina (A) é ligada à resistência; (2) códon 154, onde a arginina (R) é ligada à suscetibilidade e a histidina (H) à resistência; e (3) códon 171, onde a glutamina (Q) e a H são ligadas à suscetibilidade e a R à resistência (HUNTER, 1997). Assim, o genótipo mais resistente à scrapie em ovinos é o AA/RR/RR e o genótipo mais suscetível, que quase sempre ocorre em ovinos afetados, é o VV/RR/QQ (HUNTER, 1997; MOLINA et al., 2006). Além dessas variações genotípicas, outros possíveis genótipos são AA/HH/QQ, AA/RR/QQ e AA/RR/HH, cujos potenciais ainda são desconhecidos (MOLINA et al., 2006). Essas variações podem ser combinadas em 15 genótipos

23 21 relacionados em cinco grupos de risco para o desenvolvimento da scrapie, onde R1 seria o grupo mais resistente e R5 o mais suscetível (Quadro 4) (MOLINA et al., 2006). Quadro 4 Variações genotípicas relacionadas ao risco de desenvolvimento da scrapie em ovinos (A, alanina; R, arginina; H, histidina; Q, glutamina; V, valina). Grupo Genótipos R1 ARR/ARR R2 ARR/AHQ AHQ/AHQ R3 AHQ/ARH ARR/ARQ ARR/ARH AHQ/ARQ R4 ARQ/ARH AHQ/VRQ ARR/VQR ARH/ARH ARQ/ARQ R5 ARQ/VRQ ARH/VRQ ARQ/VRQ Adaptado de Dawson et al Esses grupos de risco foram utilizados preliminarmente no Reino Unido como um guia de referência para o controle genético da doença (DAWSON et al., 1998). Um importante meio de controle da scrapie em uma região ocorre pela análise das variações genotípicas no rebanho e pela seleção de indivíduos mais resistentes à doença (MOLINA et al., 2006). No Brasil, pesquisas desse tipo vêm sendo desenvolvidas e tem sido demonstrado que alelos de suscetibilidade ocorrem em populações de ovinos no Nordeste (LIMA et al., 2007) e Sul (PASSOS et al., 2008) do país, inclusive com a descrição de novos alelos ainda não conhecidos e cujo papel na patogênese da doença é incerto (LIMA et al., 2007). Tentativas de seleção de uma população de ovinos resistente à scrapie, pela eliminação de indivíduos geneticamente sensíveis, se baseavam na premissa de que esses rebanhos continuariam resistentes à doença (BAYLIS & MCINTYRE, 2004). No entanto, descrições de casos atípicos de scrapie (denominada Nor98) em indivíduos teoricamente resistentes à doença puseram em questão o controle por meio de seleção genética (BENESTAD et al., 2003). Esses casos atípicos foram descritos na Noruega e apresentam achados clínico-patológicos diferentes dos descritos em casos de scrapie clássica. Além disso, os ovinos afetados por essa forma tinham um genótipo que era raramente associado à doença. Após essa primeira descrição, vários outros casos atípicos foram relatados na Europa. Todos esses casos tinham as mesmas características da Nor98 e ocorreram em ovinos na Alemanha, França (BUSCHMANN et al., 2004), Bélgica (BOSSCHERE et al., 2004), Irlanda (ONNASCH et al., 2004), Portugal (ORGE et al., 2004), Suécia (GAVIER- WIDÉN et al., 2004) e Reino Unido (BRUCE et al., 2007).

24 22 As variações entre as cepas de PrP sc foram por muitos anos estudadas pela inoculação de material infectado em animais de laboratório seguida da avaliação da duração do PI e da avaliação do perfil de alterações histológicas (KIMBERLIN et al., 1989; BRADLEY & VERWOERD, 2004). O problema é que esse método é lento e caro demais para ser utilizado na rotina de laboratórios. A solução foi o desenvolvimento de novos métodos moleculares que detectam diferenças entre as cepas de príon. Esses métodos tiveram sucesso na identificação de cepas de príon em outras EETs e indicaram semelhanças entre a cepa que causa a vcjd e a BSE (HILL et al., 1997). Testes semelhantes foram realizados para verificar a possível ligação da scrapie com a BSE, mas nenhuma evidência que corroborasse essa hipótese foi observada (HILL et al., 1998). Esses testes ainda estão em fase de aperfeiçoamento e até o momento não apresentaram resultados relevantes (BRADLEY & VERWOERD, 2004; OIE 2008). Pouco se sabe sobre a patogênese da scrapie, ou seja, o que ocorre após a chegada do príon no trato gastrointestinal. Experimentos em rebanhos de ovinos suscetíveis à scrapie sugerem que a infecção ocorre por via oral, pela invasão das placas de Peyer, seguida de replicação no tecido linfóide associado à mucosa intestinal (GALT). Após replicação nesses locais, o príon chegaria ao SNC por via axonal, pelas fibras nervosas autonômicas que inervam o sistema digestivo. Marcação por imuno-histoquímica revelou que após a replicação nas placas de Peyer, o agente segue aos linfonodos mesentéricos e para outros GALT; em alguns animais há marcação positiva, mesmo que fraca, em tecidos linfóides não relacionados a mucosas (ANDRÉOLETTI et al., 2000). Experimentos utilizando cobaias (BEEKES et al., 1998) demonstraram que o acúmulo de príon em núcleos do tronco encefálico após a ingestão de material infectado pode ser decorrente de migração do agente via nervo trigêmeo. A proteína infectante já foi demonstrada no tecido linfóide do trato gastrointestinal (van KEULEN et al., 1999; ANDRÉOLETTI et al., 2000; ESPENES et al., 2006), tonsilas (JEFFREY et al., 2001), linfonodos retrofaríngeos (LANGEVELD et al., 2006) e terceira pálpebra (O ROURKE et al., 1998) e biópsias desses tecidos têm sido usadas para o diagnóstico pré-clínico da doença. A scrapie já foi descrita em vários países da Europa, Ásia, África e América. Devido às inadequações da vigilância passiva e da ausência da vigilância ativa em alguns países, é difícil saber a distribuição exata da scrapie no mundo. Austrália e Nova Zelândia

25 23 são livres da doença (OIE 2008). O primeiro caso de scrapie no Brasil foi diagnosticado no Rio Grande do Sul, em um ovino importado provavelmente da Inglaterra (FERNANDES et al., 1978). Após esse primeiro caso, vários outros diagnósticos de scrapie foram realizados em outras partes do país (PEREIRA, 1996; RIBEIRO, 1996; DRIEMEIER, 1998; MENDES et al., 2005a; VASCONCELOS et al., 2005). O período de incubação da scrapie em ovinos é de aproximadamente 2,5 a 3,5 anos (BRADLEY & VERWOERD, 2004). A enfermidade apresenta baixos índices de morbidade, é progressiva e fatal. Os ovinos afetados têm entre 2-5 anos de idade e desenvolvem quadro clínico progressivo com evolução de uma semana até aproximadamente um ano. Os sinais clínicos são de emagrecimento progressivo, prurido, perda da lã, andar cambaleante, tremores, ataxia, incoordenação, ranger de dentes e quedas (BRADLEY, 1997; TYLER & MIDDLETON, 2004; BRADLEY & VERWOERD, 2004; MENDES et al., 2005a; VASCONCELOS et al., 2005). O prurido é característico da doença apesar de serem relatados casos em que os animais não apresentavam esse sinal (BRADLEY & VERWOERD, 2004). A intensa fricção do corpo contra cercas e qualquer outro objeto faz com que os ovinos afetados percam a lã predominantemente da cabeça e do dorso e eventualmente desenvolvam abrasões na pele. Esses movimentos são acompanhados por constantes movimentos de lambedura nos lábios. O característico reflexo de mordiscar dos lábios pode ser observado à palpação do dorso dos ovinos por uma pessoa (BRADLEY & VERWOERD, 2004; DRIEMEIER, 2007). Achados de necropsia não são significativos, mas os ovinos afetados podem apresentar caquexia, áreas da pele com falta de lã e/ou com escarificação (BRADLEY & VERWOERD, 2004; DRIEMEIER, 2007). Os achados histológicos são característicos e restritos ao SNC. Esses achados consistem de vacuolização do citoplasma e dos prolongamentos neuronais, perda neuronal e astrocitose (SUMMERS et al., 1995; WOOD et al., 1997). Não existem evidências de inflamação (BRADLEY & VERWOERD, 2004). Deposição de amiloide ocorre em alguns casos na forma de placas eosinofílicas nos espaços perivasculares. Esse amiloide cora positivamente no vermelho-congo e marca positivamente para príon. A vacuolização neuronal é observada predominantemente no mesencéfalo, ponte e cornos ventrais da medula espinhal (BRADLEY, 1997). Uma descrição detalhada da neuropatologia da scrapie em 222 ovinos foi publicada no final da

26 24 década de 1990 (WOOD et al., 1997). Nesse trabalho foram caracterizadas as alterações histológicas da doença no encéfalo. Alterações telencefálicas consistiam de encarquilhamento, enegrecimento e vacuolização citoplasmática de neurônios corticais, com vacuolização do neurópilo adjacente. A vacuolização também foi observada em neurônios do núcleo caudado e, menos frequentemente, do núcleo putâmen. No hipocampo foram ocasionalmente observados neurônios escuros e vacuolização do neurópilo. Neuronofagia e vacuolização neuronal ocorriam no giro dentato e em vários núcleos talâmicos, respectivamente. Vacuolização foi frequente em neurônios da substância negra e núcleo vermelho. Os núcleos oculomotor e troclear foram menos comumente afetados. Vacuolização neuronal foi também observada na camada de células granulares e molecular do cerebelo. Neurônios de Purkinje frequentemente tinham citoplasma encarquilhado e havia perda neuronal. Os principais núcleos afetados na ponte e medula oblonga foram o papiliforme, vago dorsal, formação reticular, rafe, cuneato lateral e caudal. Outras alterações incluíam astrogliose e astrocitose adjacente às áreas afetadas e dentro delas e deposição de amilóide perivascular (WOOD et al., 1997). O diagnóstico é realizado com base nos achados clínicos (se evidentes) e histopatológicos, e confirmado pela técnica de imuno-histoquímica, utilizando anticorpos monoclonais anti-prp (DRIEMEIER, 2007). O ovino suspeito deve ser eutanasiado imediatamente e o encéfalo deve ser enviado para exame histopatológico e imunohistoquímico. Amostras frescas da medula oblonga devem ser mantidas congeladas para possíveis testes moleculares, principalmente Western blot (BRADLEY & VERWOERD, 2004). A scrapie é uma doença progressiva e fatal e não há tratamento para os animais afetados. A descontaminação de materiais ou ambiente pode ser realizada com soluções de hipoclorito de cloro ou hidróxido de sódio por uma hora. Os materiais devem ser autoclavados a aproximadamente 140 C por 18 minutos (BRADLEY & VERWOERD, 2004) Doenças causadas por vírus Raiva

27 25 A raiva é uma doença infecciosa e fatal causada por um vírus da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus, que afeta várias espécies de mamíferos e o homem (INNES & SAUNDERS, 1962; SUMMERS et al., 1995). Duas variantes do vírus são descritas no Brasil, uma associada ao ciclo selvagem, isolada de bovinos e morcegos, e outra associada ao ciclo urbano, isolada de cães, gatos e humanos (ITO et al., 2001; HEINEMANN et al., 2002). A raiva urbana está controlada no Rio Grande do Sul desde o início da década de 1980, mas ainda é endêmica em várias regiões do país (BELOTTO et al., 2005). A raiva selvagem, no entanto, é endêmica no rebanho bovino do Estado, onde aparece como a doença neurológica viral de bovinos de maior prevalência (SANCHES et al., 2000; SILVA et al., 2006), com maior incidência de casos na primavera e verão (RECH et al., 2006). No Rio Grande do Sul são descritos casos de raiva predominantemente em bovinos e esporadicamente em equinos e ovinos. Casos de raiva em bovinos e equinos no estado são sempre associados à mordedura do morcego hematófago Desmodus rotunduns (RECH et al., 2006). Casos de raiva ovina transmitida por mordida de cães infectados pela doença foram descritos em Bagé, em 1980 (RIET-CORREA et al., 1983); casos de raiva ovina transmitida por morcegos hematófagos foram observados em 2003 (RISSI et al., 2008a). Bovinos e ovinos infectados usualmente apresentam sinais clínicos da forma paralítica da doença (CALLAN & van METRE, 2004; LIMA et al., 2005; RECH et al., 2006; RISSI et al., 2008a), caracterizados por decúbito, incoordenação, febre, sialorréia, opistótono, hiperexcitabilidade, anorexia, taquicardia, andar em círculos, fraqueza, quedas, tremores, olhar alerta, cegueira, convulsões, movimentos de pedalagem e flacidez da língua. Em um surto de raiva em ovinos ocorrido no Nordeste do Brasil, a evolução clínica variou de 3-5 dias (LIMA et al., 2005), semelhante ao descrito nos casos do Sul do Brasil (RISSI et al., 2008a). Histologicamente, tanto em ruminantes quanto em equinos, são observadas meningoencefalite e ganglionite não-supurativas associadas a inclusões eosinofílicas intracitoplasmáticas em neurônios (corpúsculos de Negri) (LIMA et al., 2005; RECH et al., 2006; RISSI et al., 2008a). O diagnóstico pode ser realizado com base nos achados epidemiológicos e clínicopatológicos e confirmado pela imunofluorescência com prova biológica ou imunohistoquímica (LIMA et al., 2005; RECH et al., 2006; RISSI et al., 2008a).

28 Infecções por lentivírus Infecções por lentivírus (família Retroviridae) em ovinos e caprinos produzem doenças de distribuição mundial e que se relacionam virologicamente, epidemiologicamente e clinicamente (CALLADO et al., 2001; CALLAN & van METRE, 2004). No Brasil, além de descrições clínico-patológicas, foi descrita a ocorrência de animais soropositivos em vários estados (CALLADO et al., 2001), inclusive no Rio Grande do Sul. A transmissão ocorre pelo contato íntimo entre os animais infectados (ovinos ou caprinos) e por ingestão de colostro e leite de ovelhas positivas (MOOJEN & RIET- CORREA, 2007a,b). A presença de uma transcriptase reversa e de uma integrase permite a transcrição do RNA viral em DNA e sua integração no genoma da célula hospedeira; a infecção de células do sistema imunológico e os altos índices de mutação durante a replicação resultam em alta variabilidade genética e fenotípica e, consequentemente, em falhas na resposta imune. Essas são características importantes dos lentivírus e permitem a persistência do agente nos hospedeiros infectados (CALLADO et al., 2001). Maedi-visna e pneumonia progressiva dos ovinos são as denominações de doenças causadas por lentivírus em ovinos. Infecções desse tipo ocorrem virtualmente em todo o mundo (VERWOERD & TUSTIN, 2004). O vírus infecta primariamente macrófagos e conduz a uma infecção sistêmica. Outros leucócitos e células do SNC também são permissíveis à infecção. Os sinais clínicos são caracterizados por perda de peso, dispnéia, tosse e intolerância ao exercício. Na ausência de complicações esses animais morrem de fraqueza geral em aproximadamente um ano. Infecções por Pasteurella spp. usualmente são observadas como complicações. Sinais neurológicos, apesar de raros, incluem incoordenação, quedas, tremores, paresia, paralisia e perda de peso. Mastite e artrite podem também ser observadas (CALLADO et al., 2001; VERWOERD & TUSTIN, 2004; MOOJEN & RIET-CORREA, 2007b). Macroscopicamente os pulmões podem aparecer volumosos, cinza-escuros, elásticos e pesados. Pode haver aumento de volume dos linfonodos bronquiais e mediastínicos. Podem também ser observados edema periarticular e endurecimento da glândula mamária (CALLADO et al., 2001). Histologicamente há marcada pneumonia intersticial, com hiperplasia do músculo liso peribronquial e peribronquiolar. Infiltrado inflamatório linfocitário perivascular, peribronquial e peribronquiolar pode ser um achado proeminente. Desmilienização e

29 27 meningoencefalomielite linfoplasmocitária pode ocorrer no SNC de ovinos afetados. Artrite caracterizada por hiperplasia e necrose sinovial, necrose do osso subcondral e fibrose periarticular pode ser observada. A mastite é usualmente linfoplasmocitária (VERWOERD & TUSTIN, 2004). A infecção por lentivírus em caprinos causa uma doença denominada artriteencefalite caprina (CALLAN & van METRE, 2004). Semelhante ao que ocorre com maedivisna, esse vírus infecta primariamente macrófagos. Em caprinos, essas condições produzem sinais clínicos semelhantes aos descritos para maedi-visna e incluem dispnéia, mastite, artrite e encefalite. Doença respiratória em ovinos adultos é a condição mais frequentemente observada em infecções por esses lentivírus. Em caprinos esse vírus causa mais comumente artrite. Encefalite é incomum em ambas as espécies. Normalmente essas infecções são persistentes e subclínicas e apresentam caráter crônico. Apesar das diferenças na apresentação clínica, os achados de necropsia e histopatológicos são semelhantes tanto em ovinos como em caprinos (CALLADO et al., 2001) e são semelhantes aos descritos acima para maedi-visna (CALLADO et al., 2001; WERLING & LANGHANS, 2004; MOOJEN & RIET-CORREA, 2007a). O diagnóstico da infecção por lentivírus é realizado com base nos achados epidemiológicos e clínico-patológicos e confirmado a partir dos testes de isolamento viral, imunodifusão em ágar gel (IDGA) e ELISA. PCR pode ser utilizado, mas é restrito devido ao alto custo. Materiais a serem coletados incluem soro (IDGA e ELISA), sangue, leite, sêmen (PCR), líquido sinovial, cerebroespinhal e fragmentos de pulmões (isolamento). É importante ressaltar que somente um pequeno número de animais infectados demonstrará sinais clínicos, mas que todos os animais infectados se tornam portadores (MOOJEN & RIET-CORREA, 2007a,b) Louping ill Louping ill ou encefalomielite ovina é uma doença transmitida por carrapatos (Ixodes ricinus) e causada por um membro da família Flaviviridae, gênero Flavivirus (CALLAN & van METRE, 2001). A doença é descrita na Europa (SUMMERS et al., 1995) e ocorre em épocas com maior população do vetor. Afeta primariamente ovinos jovens (adultos normalmente adquirem imunidade contra a doença), ocasionalmente bovinos e

30 28 raramente outras espécies, inclusive seres humanos (INNES & SAUNDERS, 1962; SWANEPOEL & LAURENSON, 2004). Animais infectados podem desenvolver uma infecção sistêmica autolimitante, uma infecção sistêmica com invasão limitada ao SNC, com mínimos danos, e, por fim, infecção sistêmica grave (SWANEPOEL & LAURENSON, 2004). A evolução clínica é de aproximadamente 1-2 dias e os sinais clínicos incluem febre bifásica acentuada, hiperpnéia, descarga nasal serosa e depressão. Sinais neurológicos parecem ser mais intensos no pico da segunda febre e incluem tremores, ataxia, paralisia, decúbito e morte (SUMMERS et al., 1995; CALLAN & van METRE, 2004; SWANEPOEL & LAURENSON, 2004). Casos brandos da doença podem ser caracterizados por tremores e hiperpnéia. Não são observadas alterações macroscópicas. Histologicamente há meningoencefalite (mais acentuada na ponte e cerebelo) e mielite nãosupurativas, com degeneração neuronal, neuronofagia e formação de nódulos gliais; há acentuada perda das células de Purkinje (INNES & SAUNDERS, 1962; SUMMERS et al., 1995). O diagnóstico pode ser suspeito na presença de meningoencefalite e confirmado mais comumente por meio de isolamento viral ou imunofluorescência de tecido nervoso de animais afetados (SWANEPOEL & LAURENSON, 2004). A doença não foi ainda descrita no Brasil Doença de Borna Doença de Borna é causada por um membro da família Bornaviridae (vírus da doença de Borna). A doença afeta primariamente equinos e, ocasionalmente, ovinos (CALLAN & van METRE, 2004), e tem baixos índices de mortalidade e altos índices de infecções persistentes (SUMMERS et al., 1995). O vírus chega ao SNC após sua entrada pelo epitélio respiratório e migração intra-axonal pelo bulbo olfatório (ROTT & HERZOG, 1994). Uma vez que os sinais se desenvolvem, a taxa de mortalidade é alta e o quadro clínico é caracterizado por hiperexcitabilidade ou depressão, paresia e ataxia. A evolução clínica é longa (10-22 dias). Histologicamente há meningoencefalite não-supurativa, principalmente no córtex telencefálico, núcleos basais, hipocampo, mesencéfalo e ponte. Inclusões eosinofílicas (corpúsculos de Joest-Degen) podem ser observadas no citoplasma de neurônios ou células gliais (SUMMERS et al., 1995; ROTT & HERZOG, 1994).

31 Infecção por pestivírus Doença neurológica associada à infecção por pestivírus foi descrita em um cordeiro de dois meses de idade que havia tido contato com bovinos no Rio Grande do Sul (PESCADOR et al., 2004). O ovino apresentava tremores, hipermetria e incoordenação, associados a uma redução no volume cerebelar (hipoplasia) e hidrocefalia nos ventrículos laterais. Histologicamente havia desorganização celular no córtex cerebelar, com redução da camada de células granulares, diminuição da densidade celular e vacuolização da camada molecular. Imuno-histoquímica utilizando anticorpos contra o pestivírus da diarréia viral bovina foi realizada em tecidos do encéfalo e linfonodos. Marcação positiva foi observada em neurônios da substância cinzenta e em macrófagos de linfonodo mesentérico Doenças causadas por bactérias Listeriose Listeriose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Gram-positiva Listeria spp. (SCHILD, 2007). A doença afeta várias espécies de animais e pode induzir três manifestações clínico-patológicas: (1) septicemia, com abscessos em vísceras como fígado e baço; (2) aborto; e (3) doença neurológica. Geralmente, em um surto, observa-se apenas uma dessas três formas (LOW & LINKLATER, 1985; RISSI et al., 2006; SCHILD, 2007). L. monocytogenes é causa de doença nervosa em ruminantes com baixos índices de morbidade e alta letalidade. Surtos de listeriose usualmente ocorrem no inverno ou início da primavera em animais alimentados com silagem (CHARLTON & GARCIA, 1977; VANDEGRAAFF et al., 1981; BARLOW & MCGORUM, 1985; WILESMITH & GITTER, 1986). No entanto, um cenário diferente ocorre em casos de meningoencefalite por L. monocytogenes em bovinos e ovinos no Rio Grande do Sul (SANCHES et al., 2000), onde a doença tem sido observada na primavera e verão e em animais a campo. Condições epidemiológicas semelhantes foram observadas em um surto de listeriose em ovinos no sul da Austrália (REUTER et al., 1989), onde os casos ocorreram entre janeiro e abril e raramente estavam associados à alimentação com silagem. Supõe-se que temperaturas moderadas, solos alcalinos, pastoreio em campos com pastos fibrosos, alterações de

32 30 manejo, prenhez e altos índices de precipitação pluviométrica ou seca poderiam gerar condições favoráveis à manifestação da doença (JOHNSON et al., 1996). Outras fontes de infecção incluem fezes de galinhas, porcos e bovinos (RISSI et al., 2006). Os sinais clínicos incluem torneio, desvio lateral da cabeça, ptose, dificuldade de apreensão e deglutição dos alimentos, diminuição do tônus da língua, sialorréia, dificuldade de apreensão, mastigação e deglutição dos alimentos, torção da cabeça, nistagmo, incoordenação, andar em círculos, quedas e movimentos de pedalagem (MENDES et al., 2005b; RISSI et al., 2006; SCHILD, 2007). O curso clínico varia de poucas horas até três dias. Na maioria das vezes não são observadas alterações macroscópicas (SCHILD, 2007). Histologicamente, as lesões são predominantemente unilaterais e consistem de manguitos perivasculares multifocais linfoistioplasmocitários, associados a agregados de neutrófilos aleatoriamente distribuídos no neurópilo (microabscessos). Há também reação glial e rarefação do neurópilo (edema). Ocasionalmente pode haver esferóides axonais em meio às lesões e infiltração de células gitter (malacia). As lesões são localizadas preferencialmente no tronco encefálico (VANDEGRAAFF et al., 1981; GEORGE, 2002; MENDES et al., 2005b; SCHILD, 2007) devido ao fato de que a infecção segue uma rota neurógena ascendente pelo nervo trigêmeo (ASAHI et al., 1957), facial (BORMAN et al., 1960) ou hipoglosso (WESLEY, 1999), secundariamente a abrasões na mucosa oral por alimentos fibrosos, erupção dentária ou lesões na mucosa nasal e conjuntiva (CHARLTON & GARCIA, 1977). O diagnóstico de listeriose é realizado com base nos achados epidemiológicos e histopatológicos característicos. A cultura bacteriana apresenta problemas e não é fácil de ser utilizada no diagnóstico. A confirmação pode ser feita pela coloração de Gram, imunohistoquímica e PCR (JOHNSON et al., 1995) em tecido encefálico Enterotoxemia Doença subaguda ou crônica decorrente da infecção por Clostridium perfringens tipo D (enterotoxemia ou doença do rim polposo) que pode cursar com desenvolvimento de sinais neurológicos em ovinos e caprinos (SONGER, 1998). C. perfringens é uma bactéria saprófita do trato digestivo de ruminantes. Em condições de sobrecarga de carboidratos há proliferação dessa bactéria e produção de toxina épsilon (SONGER, 1998; RIET-

33 31 CORREA, 2007a). Ovinos lactentes com mães altamente produtoras de leite e animais com mais de 10 meses de idade são os mais suscetíveis ao desenvolvimento da doença (SONGER, 1998). A toxina épsilon é produzida e liberada no intestino e exerce seus efeitos em órgãos como encéfalo e rins (BROWN et al., 2007). A patogênese da enterotoxemia envolve a absorção sistêmica da toxina épsilon, que ao se ligar à superfície endotelial, predominantemente no encéfalo, causa degeneração das junções intercelulares e consequente edema e ruptura dos processos astrocitários. Isso causa aumento da permeabilidade vascular e extravasamento de fluido, com aumento da pressão intracerebral e necrose (FINNIE, 1984a,b; FINNIE & HAJDUK, 1992). Em cordeiros usualmente a doença é hiperaguda e os animais são encontrados mortos (BROWN et al., 2007). Em ovinos adultos a doença normalmente é hiperaguda, mas ocasionalmente pode durar vários dias e, nesses casos, pode haver diarréia escura (BROWN et al., 2007). Ovinos que desenvolvem quadro subagudo apresentam cegueira, opistótono, convulsões, decúbito e movimentos de pedalagem. Diarréia pode ocorrer nesses casos, mas não é comumente observada (UZAL & SONGER, 2008). Os focos de necrose bilaterais e simétricos que podem ou não ser observados macroscopicamente no encéfalo desses ovinos deram o nome de encefalomalacia focal simétrica à essa forma subaguda ou crônica da doença (INNES & SAUNDERS, 1962). Esses focos se localizam principalmente na cápsula interna, núcleos basais, tálamo, mesencéfalo e pedúnculos cerebelares e são caracterizados por focos vermelho-escuros ou marrons (RIET-CORREA, 2007a). Outros achados podem incluir avermelhamento da serosa e mucosa intestinal. Nessas áreas, o lúmen pode estar preenchido por material vermelho-escuro. Outros achados incluem hidropericárdio, hidrotórax, ascite e edema pulmonar. A lesão renal que empresta o nome de doença do rim polposo à enterotoxemia é um artefato decorrente de autólise (UZAL et al., 2004). Histologicamente se observa acúmulo de material eosinofílico perivascular, predominantemente nos locais onde as lesões macroscópicas podem ser observadas (RIET- CORREA, 2007a). No Brasil, a doença foi descrita apenas em caprinos no Rio Grande do Sul (COLODEL et al., 2003). O diagnóstico é realizado com base nos achados epidemiológicos e clínicopatológicos e confirmado pela detecção das toxinas épsilon de C. perfringens no intestino delgado por ELISA ou PCR (UZAL & SONGER, 2008). Apenas a detecção da bactéria não

34 32 tem valor diagnóstico, pois C. perfringens é habitante normal do trato gastrointestinal de ruminantes Abscessos cerebrais Abscessos cerebrais ocorrem principalmente em bovinos, ovinos e caprinos (FERNANDES & SCHILD, 2007). Os principais agentes isolados dessas lesões são Arcanobacterium pyogenes, Pasteurella spp., Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Streptococcus spp., Fusobacterium necrophorum e Pseudomonas spp. A invasão dessas bactérias no SNC ocorre principalmente por via hematógena decorrente de infecções umbilicais, faríngeas e gastrointestinais. A forma umbilical é comum em animais jovens e as lesões, focais ou multifocais, são localizadas principalmente no hipotálamo e no córtex telencefálico (RADOSTITS et al., 2002). Abscessos decorrentes de sinusite por Oestrus ovis são descritos em ovinos e a principal localização dessas lesões é nas porções rostrais do telencéfalo (FERNANDES & SCHILD, 2007). Abscessos da medula espinhal ocorrem em cordeiros jovens secundariamente a osteomielite vertebral, decorrente de onfaloflebite ou castração, e por via ascendente após corte da cauda (LORETTI et al., 1999). Os sinais clínicos mais característicos apresentados pelos ovinos afetados são de paresia e paralisia flácida dos membros pélvicos. Achados de necropsia incluem coleções multifocais ou focais de material purulento envolto por uma cápsula de tecido conjuntivo. Usualmente há compressão e atrofia dos tecidos adjacentes. Histologicamente se observam acúmulos de neutrófilos degenerados e restos celulares envoltos por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. O diagnóstico é realizado por meio dos achados clínico-patológicos (FERNANDES & SCHILD, 2007) Botulismo Botulismo é uma doença altamente fatal que afeta várias espécies animais e seres humanos. É caracterizada por paralisia muscular flácida e é causada pela ingestão de neurotoxinas de Clostridium botulinum pré-formadas em matéria orgânica animal ou vegetal decomposta (KRIEK & ODENDAAL, 1994). C. botulinum é um bacilo Grampositivo anaeróbio e formador de esporos. Os esporos habitam a água, o solo e o trato

35 33 gastrointestinal de vários animais. Em condições de anaerobiose a bactéria está em forma vegetativa e passa a produzir potentes toxinas que, se ingeridas, produzem a doença. As toxinas C e D são os principais tipos envolvidos em surtos da doença em bovinos, ovinos e equinos (DUTRA et al., 1993). Após a ingestão, as toxinas são absorvidas no intestino e ganham a circulação. Nas terminações nervosas periféricas há bloqueio da liberação de neurotransmissores nas terminações nervosas colinérgicas (van der LUGT et al., 1995). No Brasil, o botulismo é importante causa de morte em bovinos (principalmente animais com carência mineral) e os surtos são associados à ingestão de ossos, cadáveres decompostos, alimentos indevidamente armazenados, cama de frango e água contaminada (BARROS et al., 2006a; FERNANDES & RIET-CORREA, 2007). Sempre que um animal ingere a toxina botulínica, provavelmente ingere também esporos da bactéria e, quando morrer, será fonte de contaminação para outros animais (FERNANDES & RIET-CORREA, 2007). Botulismo em pequenos ruminantes é raro no Brasil (FERNANDES & RIET- CORREA, 2007). Em um surto de botulismo na Paraíba foram afetados bovinos, caprinos e ovinos e a mortalidade em ovinos foi de aproximadamente 96%. Os animais eram alimentados com cama de frango e pastagem de má qualidade (LOBATO et al., 2008). A doença é endêmica em ovinos na África do Sul e Austrália, onde as fontes de infecção são carcaças de animais selvagens e outros ruminantes (LEWIS, 2000). Surtos de botulismo em ovinos alimentados com cama de frango também foram descritos na Inglaterra (van der BURGT et al., 2007). Os sinais clínicos desenvolvidos por ovinos afetados pelo botulismo são caracterizados por incoordenação dos membros pélvicos, paralisia da cauda, salivação e diminuição do tônus da língua, decúbito e desvio lateral da cabeça (LOBATO et al., 2008). O diagnóstico foi comprovado pela inoculação em camundongos de material da cama de frango. O uso desse composto, apesar de proibido para alimentação animal, é prática comum na pecuária brasileira, sobretudo no período seco no semi-árido do Nordeste (RIET-CORREA et al., 2003). Não são observados achados de necropsia ou histopatológicos específicos. O diagnóstico do botulismo é realizado com base nos achados epidemiológicos e clínico-patológicos característicos e confirmado pela inoculação de amostras processadas

36 34 de fígado ou líquido ruminal ou intestinal de animais afetados em camundongos (BARROS et al., 2006a) Tétano Tétano é uma doença infecciosa e não-contagiosa causada pela toxina de Clostridium tetani. A doença tem distribuição mundial e ocorre principalmente em países de clima tropical e subtropical; afeta várias espécies animais e seres humanos (RADOSTITS et al., 2002). C. tetani é um bacilo Gram-positivo anaeróbio e formador de esporos que são encontrados no solo e no trato gastrointestinal (RAPOSO, 2007). A doença ocorre pela contaminação de feridas pelos esporos de C. tetani. Nessas condições de anaerobiose os esporos passam à forma vegetativa e produzem três neurotoxinas: a tetanolisina, que produz necrose local; toxina não-espasmogênica, que estimula o sistema nervoso autônomo simpático; e a tetanospasmina, que se difunde do sítio primário via circulação sanguínea até as áreas pré-sinápticas, onde interfere na liberação dos neurotransmissores (principalmente glicina e ácido gamaaminobutírico), produzindo hiperexcitabilidade. A morte ocorre por paralisia dos músculos respiratórios e asfixia (RADOSTITS et al., 2002). O período de incubação do tétano depende da gravidade do ferimento, do grau de anaerobiose, do número de bactérias inoculadas e da resistência do hospedeiro (RAPOSO, 2007). Equinos são bastante suscetíveis à doença, enquanto que bovinos são os mais resistentes (RADOSTITS et al., 2002). Em um levantamento realizado na Paraíba foram registrados dois surtos de tétano em ovinos entre 1987 e A fonte de infecção foi a contaminação de feridas de castração, descorna ou onfaloflebite. Os sinais clínicos incluíam rigidez muscular, andar rígido, ranger de dentes, prolapso da terceira pálpebra, rigidez da cauda, orelhas eretas, hiperexcitabilidade, constipação, retenção urinária, posição de cavalete e decúbito. A evolução clínica foi de 3-10 dias (RIET-CORREA et al., 2003). Em um surto recente de tétano foram afetados quase 300 bovinos e 50 ovinos em uma propriedade no RS. Os animais foram infectados a partir de uma injeção de anti-helmíntico contaminada por C. tetani (DRIEMEIER et al., 2007). À semelhança do que ocorre no botulismo, animais afetados pelo tétano não desenvolvem alterações macroscópicas e histopatológicas específicas (RADOSTITS et al., 2002; BARROS et al., 2006a).

37 35 O diagnóstico de tétano é realizado com base nos achados epidemiológicos e clínico-patológicos característicos. A lesão primária, onde ocorreu a contaminação, pode ou não ser observada em casos da doença. Nesses casos, as toxinas podem ser isoladas desses locais e o diagnóstico é então confirmado laboratorialmente pela inoculação em camundongos (ASLANI et al., 1998). Outros testes adicionais incluem cultura, identificação direta do bacilo em esfregaços de baço ou das feridas e imunofluorescência (RAPOSO, 2007) Linfadenite caseosa A linfadenite caseosa é causada por Corynebacterium pseudotuberculosis, um bacilo Gram-positivo aeróbio. A infecção ocorre por via cutânea, quando a bactéria infecta feridas ou mesmo a pele intacta, ou por via digestiva e respiratória, quando a bactéria invade linfonodos regionais (BAIRD & FONTAINE, 2007). A doença ocorre em aproximadamente 26% dos ovinos e caprinos da região do sertão da Paraíba (RIET- CORREA et al., 2003). No Rio Grande do Sul a doença é subclínica e causa perdas econômicas por condenação de carcaças em frigoríficos (RIET-CORREA, 2007b). Clinicamente os ovinos afetados desenvolvem aumento de volume de qualquer um dos linfonodos palpáveis, dependendo do local onde a bactéria foi inoculada na pele. Internamente, os linfonodos mais afetados são os mediastínicos, juntamente com os pulmões. Outros locais podem também ser afetados (RIET-CORREA, 2007b). Nesses locais há formação de abscessos contendo material de consistência caseosa esverdeada ou branca com lâminas concêntricas circundados por uma cápsula fibrosa (RIET-CORREA et al., 2003; BAIRD & FONTAINE, 2007). Outros sinais incluem emagrecimento progressivo, tosse e dispnéia e, menos freqüentemente, sinais de distúrbios neurológicos (RIET-CORREA et al., 2003; RIBEIRO et al., 2005). Histologicamente há formação de abscessos típicos ou piogranulomas nesses locais (RIET-CORREA et al., 2003). O diagnóstico é feito com base nas lesões características e isolamento do agente (RIET- CORREA, 2007) Cowdriose

38 36 Cowdriose (heartwater) é uma doença infecciosa e não-contagiosa causada pela riquétsia endoteliotrópica Ehrlichia (Cowdria) ruminantium e afeta ruminantes domésticos e selvagens. A doença é transmitida pelo carrapato do gênero Amblyomma e é comum na África e ilhas do Caribe (ALLSOPP et al., 2004). A introdução de animais com infecção subclínica e de carrapatos infectados é a forma mais comum de disseminação da doença em áreas livres e a enfermidade tem alto potencial de entrada nos Estados Unidos, onde já foi comprovada a existência de espécies de ruminantes selvagens suscetíveis, como o veadoda-cauda-branca (Odocoileus virginianus), e a presença de vetores nativos (ALLSOPP et al., 2004) ou exóticos, introduzidos pela importação de répteis parasitados (BURRIDGE et al., 2000). Os sinais clínicos em ovinos afetados são caracterizados por movimentos de mastigação, tremores, andar em círculos, hipermetria e convulsões (SUMMERS et al., 1995). Achados de necropsia incluem edemas cavitários e histologicamente há edema e congestão no SNC e são observados agregados de microorganismos basofílicos intracitoplasmáticos de 1-2 #m no endotélio de capilares (ALLSOPP et al., 2004) Doenças parasitárias Parasitas podem migrar ou se estabelecer no SNC e produzir alterações como malacia, hemorragia, efeitos secundários à ocupação de espaço (formação de cistos) ou mineralização (SUMMERS et al., 1995) Parelaphostrongylus tenuis e Elaphostrongylus rangifieri Infestação por Parelaphostrongylus tenuis em ovinos foi descrita na América do Norte, em áreas onde habita o veado-da-cauda-branca (Odocoileus virginianus), hospedeiro definitivo (HD) do parasita (URQUHART et al., 1996; NAGY, 2004). Nessa espécie o parasita adulto reside no espaço subaracnóide, de onde os ovos são liberados pelos sinusóides venosos até os pulmões, onde fazem a primeira muda. Após serem deglutidas e eliminadas nas fezes, as larvas infestam lesmas e caramujos, que são então ingeridos pelos hospedeiros intermediários (HI) (ovinos e outros herbívoros). As larvas são liberadas no abomaso e migram ao SNC. No HD as larvas entram pelo corno dorsal da medula e após a maturação percorrem o espaço subdural. A doença ocorre como casos isolados ou em

39 37 surtos, preferencialmente no outono (NAGY, 2004). Os sinais clínicos iniciam com alterações nos membros pélvicos e podem afetar os membros torácicos (SUMMERS et al., 1995; PYBUS et al., 1996) e são caracterizados por claudicação com progressão para paraparesia ou tetraparesia e ataxia. A evolução é variável e o prognóstico é ruim. Os achados de necropsia são caracterizados por múltiplas hemorragias leptomeníngeas e focos escuros e amolecidos no parênquima da medula espinhal. Histologicamente são observadas áreas de necrose que correspondem aos trajetos feitos pelo parasita no SNC, com hemorragia e infiltrado de células gitter intralesionais e esferóides axonais e espongiose perilesionais (SUMMERS et al., 1995). Sinais clínicos e lesões semelhantes às da infestação por P. tenuis podem ser observadas na infestação por Elaphostrongylus panticola e E. rangifiera em ovinos e caprinos (HANDELAND & SPARBOE, 1991; HANDELAND, 1991) Cenurose A cenurose é uma doença parasitária cosmopolita e comum em ovinos. É causada pela forma larval de Taenia (Multiceps) multiceps, denominada Coenurus cerebralis (INNES & SAUNDERS, 1962). A fase adulta do parasita ocorre no intestino delgado de canídeos domésticos e selvagens, que são os HD. O período pré-patente de T. multiceps é de aproximadamente 40 dias e os ovos contendo as oncosferas são liberados nas fezes do HD infestado e podem permanecer no ambiente por aproximadamente um mês (SCALA & VARCASIA, 2006). Após a ingestão acidental pelo HI, principalmente ruminantes, as oncosferas são liberadas dos ovos, penetram a mucosa intestinal e, pela circulação sanguínea ou linfática, invadem o SNC, onde desenvolverão a forma larval e o cisto. O ciclo se completa quando o HD ingere o cisto contido em material infestado do HI. Os HI mais frequentemente afetados pela cenurose são os ovinos e, menos frequentemente, bovinos, caprinos e outras espécies (INNES & SAUNDERS, 1962). São reconhecidas duas formas de cenurose em ovinos: 1) a forma aguda, que ocorre cerca de um mês após a invasão larval no SNC; e 2) a forma crônica, associada ao desenvolvimento de sinais clínicos secundários à ocupação de espaço pelo cisto parasitário (INNES & SAUNDERS, 1962), que se desenvolve de 2-4 meses após a infestação. Na forma aguda há ataxia, tremores musculares, hiperestesia, hipermetria e decúbito

40 38 (DOHERTY et al., 1989). A forma crônica é a mais comum e os principais sinais clínicos são isolamento do rebanho, depressão, cegueira, andar em círculos, desvio da cabeça e incoordenação (OZMEN et al., 2005). Casos de cenurose são frequentes no Rio Grande do Sul e ocorrem principalmente em ovinos jovens (RIET-CORREA et al., 1998). Achados de necropsia são restritos ao sistema nervoso central e caracterizados por cistos encefálicos preenchidos por líquido translúcido e revestidos por uma fina membrana. Na parte interna dessa membrana se observam numerosos escólices brancos e levemente alongados com aproximadamente 1 mm de diâmetro. Usualmente há compressão e deslocamento do tecido nervoso adjacente aos cistos. Histologicamente os cistos parasitários são compostos por uma dupla membrana eosinofílica de onde os escólices esféricos acelomados se ligam. Adjacente à parede da vesícula são observadas sucessivas camadas compostas necrose e mineralização circundadas por infiltrado inflamatório granulomatoso e uma cápsula externa de tecido fibrovascular com infiltrado inflamatório linfoistioplasmocitário (RISSI et al., 2008b). O diagnóstico de cenurose pode ser realizado com base nos achados epidemiológicos e clínico-patológicos e confirmado pela histopatologia. Os achados macroscópicos de cenurose são bastante específicos e numa região endêmica para a doença, o diagnóstico da doença durante a necropsia é bastante seguro e dá a oportunidade de o proprietário agir prontamente e ingressar com medidas de controle e prevenção adequadas para a enfermidade (RISSI et al., 2008b) Doenças causadas por protozoários Infecção por Toxoplasma gondii e Neospora caninum Toxoplasma gondii e Neospora caninum ocasionalmente causam lesões neurológicas em ruminantes abortados ou recém-nascidos (SUMMERS et al., 1995) e são causa importante de problemas reprodutivos nessas espécies (BUXTON, 1998) Infecção por Sarcocystis spp. Sarcocystis spp. são espécies do filo Apicomplexa distribuídas amplamente pelo mundo. Esses microorganismos normalmente não produzem doença clínica, mas

41 39 ocasionalmente são descritos casos de doença sistêmica, problemas reprodutivos, encefalite e miosite em animais de produção (MARKUS et al., 2004). O ciclo de vida desses protozoários envolve um HI (normalmente herbívoros) e um HD (carnívoros e humanos). Os oocistos que são eliminados nas fezes do HD formam esporocistos que são ingeridos pelo HI, onde formam esporozoítos no intestino. Os esporozoítos ganham a circulação e encistam no endotélio de capilares sanguíneos, formando a primeira geração de merontes. Merozoítos maduros emergem daí e formam a segunda geração de merontes. A segunda geração de merozoítos deixa a circulação e encista nas fibras musculares e ocasionalmente no SNC para formar sarcocistos imaturos. Nesses cistos se formam os bradizoítos que são a forma infectiva para o HD. A digestão desses cistos no intestino delgado do HD libera taquizoítos que invadem o epitélio intestinal e se desenvolvem em macro e microgametas. A gametogonia resulta então na formação dos oocistos (MARKUS et al., 2004). Sarcocystis spp. foi associado a doença neurológica em ovinos (DUBEY et al., 1989), porém, na nossa rotina, temos observado cistos desse parasita em seções de encéfalo de bovinos e ovinos sem sinais clínicos. Abortos em ovinos causados por Sarcocystis sp. foram relatados no Sul do país (PESCADOR et al., 2007). Esses fetos tinham encefalite não-supurativa com vasculite linfoistiocitária. Merontes foram observados em capilares sanguíneos no encéfalo e rim. A infecção neurológica em ovinos adultos ainda não foi descrita no Brasil Infecção por Acanthamoeba sp. Meningoencefalite necrosante foi associada à infecção por Acanthamoeba sp. em ovinos (van der LUGT & van der MERWE, 1990; FUENTEALBA et al., 1992). Esses animais desenvolveram anorexia, ataxia, andar em círculos, cegueira e incoordenação. Macroscopicamente havia espessamento das meninges e áreas de necrose no encéfalo. Histologicamente foram descritos meningoencefalite granulomatosa e necrosante multifocal e coalescente, com plexo-coroidite e vasculite. Trofozoítos e cistos de protozoários foram observados nas paredes dos vasos e nos espaços perivasculares Doenças tóxicas

42 Intoxicação por Ipomoea asarifolia e Ipomoea carnea subsp. fistulosa Surtos de intoxicação por Ipomoea asarifolia (salsa, batatarana) têm sido descritos em ovinos na região Nordeste (RIET-CORREA et al., 2003) e Norte (BARBOSA et al., 2005) do Brasil. Os ovinos necessitam ingerir grande quantidade da planta durante semanas até desenvolverem os sinais clínicos (BARROS et al., 2006a) e foi demonstrado que pode haver recuperação após afastamento do piquete infestado pela planta (MEDEIROS et al., 2003; RIET-CORREA et al., 2006). Os sinais clínicos são caracterizados por depressão, tremores, hipersensibilidade a ruídos, movimentos laterais ou horizontais da cabeça, incoordenação, hipermetria e posição de cavalete. Não foram observadas lesões de necropsia ou histológicas na intoxicação por I. asarifolia (RIET-CORREA et al., 2003). Ao contrário das outras duas espécies do gênero Ipomoea (I. carnea subsp. fistulosa e I. riedelli), que causam doença de armazenamento lisossomal, I. asarifolia é considerada uma planta indutora de doença tremorgênica. Registros de intoxicação de ovinos por I. carnea subsp. fistulosa (manjorana, canudo, algodão, bravo, mata cabra, capa bode) no Nordeste do Brasil são ocasionalmente observados (RIET-CORREA et al., 2006). A planta ocorre principalmente em locais alagadiços nas margens de rios e lagos. Os animais parecem desenvolver o vício de ingerir a planta em épocas de escassez de forragem e depois não param de ingerir a planta mesmo com abundância de pastagem (MÉNDEZ & RIET-CORREA, 2008). Os sinais clínicos descritos em animais afetados incluem sonolência, emagrecimento progressivo, ataxia, hipermetria, tremores, nistagmo e posição em base ampla (MÉNDEZ & RIET-CORREA, 2008). Diferente do que ocorre com I. asarifolia, nesses casos não há recuperação dos animais afetados após o afastamento do local infestado pela planta. Outra diferença é que são observadas lesões histológicas caracterizadas por fina vacuolização citoplasmática, localizada principalmente em neurônios, células epiteliais pancreáticas, dos túbulos renais e dos folículos tireoidianos e em macrófagos de tecidos linfóides Intoxicação por Sida carpinifolia Intoxicação por Sida carpinifolia (guanxuma) foi descrita primeiramente em caprinos (DRIEMEIER et al., 2000) e depois também em ovinos (SEITZ et al., 2005) no

43 41 Rio Grande do Sul. O princípio tóxico de S. carpinifolia inibe a!-manosidade lisossomal. A condição induz ao acúmulo de oligossacarídeos contendo manosidade no interior da célula (JOLLY & WALKLEY, 1997). Os sinais clínicos incluem ataxia, tremores musculares, quedas, dificuldade de apreensão dos alimentos e perda de condição corporal (SEITZ et al., 2005). Esses sinais se acentuam durante o manejo. Não são observadas lesões durante a necropsia. Histologicamente é observada vacuolização do citoplasma dos neurônios de Purkinje no cerebelo e de neurônios corticais, do tálamo, mesencéfalo e cornos ventrais da medula espinhal, além de outras células, como hepatócitos, epitélio tubular renal e de ácinos pancreáticos Intoxicação por Senecio spp. e Crotalaria retusa A intoxicação por plantas do gênero Senecio é a principal causa de morte de bovinos no Rio Grande do Sul (RISSI et al., 2007). No entanto, a intoxicação de ovinos por essa planta não é frequentemente observada (ILHA et al., 2001; GRECCO et al., 2007), pois os ovinos são mais resistentes à intoxicação em relação aos bovinos e são muitas vezes usados no controle da planta (MÉNDEZ, 1993). Os ovinos podem desenvolver um quadro clínico decorrente de insuficiência hepática (ILHA et al., 2001), com fotodermatite, perda de lã, andar cambaleante, emagrecimento progressivo, depressão, dispnéia, incoordenação, desequilíbrio e decúbito, ou, adicionalmente, podem apresentar sinais decorrentes de crises hemolíticas agudas devido ao acúmulo de cobre no fígado. Esses sinais são caracterizados por icterícia e hemoglobinúria. Achados de necropsia incluem fígado diminuído e firme, com espessamento capsular e nódulos marrom-claros distribuídos pela superfície (nódulos de regeneração) e vesícula biliar repleta de bile espessa. Histologicamente há variados graus de fibrose com proliferação de ductos biliares e megalocitose. Nos casos onde há crise hemolítica, o fígado também apresenta coloração esverdeada e os rins são escuros e, histologicamente, além do que já foi citado, há pigmento castanho no interior de macrófagos. Intoxicação por Crotalaria retusa foi observada em ovinos na Paraíba após a ingestão das sementes da planta (DANTAS et al., 2004). Os sinais clínicos podem ser de uma doença aguda, com depressão, incoordenação e decúbito e morte após horas, ou

44 42 de uma doença crônica, com ascite, anorexia, diarréia, depressão, incoordenação e pressão da cabeça contra objetos. Os achados de necropsia e histopatológicos da forma aguda são caracterizados por fígado com áreas claras intercaladas com áreas vermelhas que correspondem a necrose centrolobular. Na forma crônica as lesões são semelhantes às descritas na intoxicação por Senecio spp Intoxicação por Nierembergia veitchii Nierembergia veitchii é uma planta rasteira encontrada no Rio Grande do Sul, com período de floração que ocorre entre outubro e fevereiro (SCHILD, 1993; RISSI et al., 2007; RISSI et al., 2009). Essa intoxicação é conhecida no Rio Grande do Sul desde o final da década de 1960 como calcinose enzoótica (BARROS et al., 1970) e foi descrita posteriormente em várias regiões do estado (RIET-CORREA et al., 1987). São afetados ovinos de todas as idades, com exceção de cordeiros lactentes, e não há predisposição por sexo ou raça. Os índices de morbidade variam amplamente e dependem da quantidade de planta disponível em cada piquete; a mortalidade varia de 1%-25%. Bovinos raramente são afetados, em razão de possuírem hábitos alimentares diferentes dos ovinos, que pastejam a vegetação mais rasteira. Os sinais clínicos desenvolvidos pelos ovinos afetados são de uma doença caquetizante, caracterizada por emagrecimento progressivo, andar rígido, abdômen retraído, respiração ofegante e decúbito. Achados de necropsia são caracterizados pelo endurecimento e perda da elasticidade de artérias, principalmente as de grande calibre, que apresentam placas brancas e elevadas na túnica íntima. Essas lesões também podem ser observadas nas valvas cardíacas, pulmões, rins e útero. Histologicamente, as áreas brancas observadas na necropsia correspondem a focos de mineralização, decorrentes à absorção do princípio tóxico da planta, que provoca degeneração e calcificação de fibras elásticas, hipercalcemia e hiperfosfatemia (RIET-CORREA et al., 1987) Intoxicação por Leucaena leucocephala Leucaena leucocephala é uma planta difundida pelas regiões tropicais. É uma planta com alto teor nutritivo e de boa palatabilidade e digestibilidade, mas que tem uso restrito devido aos seus efeitos tóxicos (TOKARNIA et al., 2000). Intoxicação por L. leucocephala pode causar alopecia e, menos frequentemente, atrofia de gengiva, catarata, úlceras na

45 43 língua e esôfago, infertilidade e perda de peso (RADOSTITS et al., 2002). Os sinais ocorrem somente em ovinos que não possuem Sinergystes jhonnei no rúmen, uma bactéria que degrada o princípio tóxico (MÉNDEZ & RIET-CORREA, 2008). Apesar de não causar sinais neurológicos, essa planta foi incluída por causar sinais que lembram scrapie. Ovinos intoxicados desenvolvem perda da lã, principalmente na região do pescoço e anterior do corpo, e prurido (RIET-CORREA et al., 2004), sinais que podem ser confundidos com os de ovinos afetados por scrapie. Macroscopicamente podem ser observadas úlceras no trato digestivo superior e bócio (MÉNDEZ & RIET-CORREA, 2008). Histologicamente são observados principalmente pregueamento da bainha radicular externa e atrofia dos folículos pilosos, que se encontram principalmente em fase telógena (ALMEIDA et al., 2006) Intoxicação por Baccharis coridifolia e Phytolacca decandra Baccharis coridifolia e Phytolacca decandra são plantas que causam sinais clínicos caracterizados por depressão, incoordenação, movimentos de pedalagem, inquietação e tremores (ROZZA et al., 2006; ECCO et al., 2001). No entanto, não são observadas lesões no SNC desses animais, sugerindo que os sinais sejam decorrentes de cólicas causadas pelos princípios tóxicos dessas plantas (ECCO et al., 2001) Intoxicação por Erythroxylum argentinum e E. deciduum Intoxicação em ovinos por Erythroxylum argentinum e E. deciduum (cocão) foram descritas no verão de (BARROS et al., 2004; COLODEL et al., 2004) em várias regiões do Rio Grande do Sul. Os ovinos apresentaram letargia, tremores, posição em base ampla, relutância em se movimentar, incoordenação, ataxia, taquipnéia e cianose. Os sinais se intensificavam quando os ovinos eram movimentados. Não foram observadas alterações de necropsia, mas grande quantidade de sementes da planta era observada eventualmente no interior do rúmen. Não foram observadas alterações histopatológicas em nenhum dos surtos descritos. A doença experimental resultou em doença clínica idêntica à observada nos casos naturais (BARROS et al., 2004; COLODEL et al., 2004) Intoxicação por Ramaria flavo-brunnescens

46 44 Intoxicação natural e experimental em ovinos por Ramaria flavo-brunnescens foi descrita no Rio Grande do Sul (SALLIS et al., 2000; SALLIS et al., 2004). Os surtos ocorrem em áreas de matas de eucalipto, na qual o fungo se desenvolve. Por esse motivo a doença é conhecida como mal do eucalipto ; as lesões causadas pela intoxicação também levaram à denominação de bocopa (lesões na boca, cola e patas) (BARROS et al., 2006b). Ovinos intoxicados apresentam hipertermia, ulceração na língua, perda de lã e sinais nervosos, caracterizados por incoordenação motora, crises epileptiformes, tetania, opistótono, movimentos laterais da cabeça e nistagmo (FREITAS et al., 1966; SALLIS et al., 2000). Apesar de esses autores não terem descrito lesões no SNC desses ovinos, intoxicação por R. flavo-brunnescens em bovinos causou encefalomalacia focal simétrica na medula oblonga em aproximadamente 66% dos casos (BARROS et al., 2006b) Doenças carenciais e metabólicas Polioencefalomalacia Polioencefalomalacia (PEM) designa uma lesão inespecífica e descrita em várias enfermidades do SNC dos animais domésticos de interesse pecuário (INNES & SAUNDERS, 1962). Apesar disso o termo foi usado na década de 1950 para descrever uma doença de bovinos associada à deficiência de tiamina no Estado do Colorado, EUA (JENSEN et al., 1956), e, desde então, tem sido usada para designar essa condição específica. No Brasil, PEM tem sido descrita em ovinos (LIMA et al., 2005), caprinos (COLODEL et al., 1998) e bovinos (BARROS et al., 2006a). A PEM é uma enfermidade de etiologia multifatorial e a maioria dos casos descritos em bovinos e ovinos no Brasil fica sem causa estabelecida (SCHILD et al., 2005; LIMA et al., 2005). A doença pode ser reproduzida em ovinos pela administração de amprólio (SANT ANA et al., 2009). Ovinos afetados por PEM desenvolvem sinais clínicos caracterizados por ataxia, cegueira, depressão, pressão da cabeça contra objetos, incoordenação, salivação excessiva, decúbito, movimentos de pedalagem e nistagmo. A evolução clínica varia de 2-3 dias (LIMA et al., 2005) e os achados de necropsia são caracterizados por aumento de volume e diminuição de consistência do encéfalo, que apresenta achatamento das circunvoluções. Nesses locais geralmente é observada coloração amarelo-acinzentada ou até mesmo

47 45 cavitações preenchidas por líquido amarelo na substância cinzenta. Frequentemente o cerebelo sofre herniação pelo forame magno (RADOSTITS et al., 2002) e em alguns casos pode haver congestão e hemorragias meníngeas. Histologicamente há necrose laminar dos neurônios corticais do telencéfalo, caracterizada por aumento dos espaços perineuronais, encarquilhamento e eosinofilia citoplasmática e picnose nuclear (neurônio vermelho). Os vasos podem apresentar edema de células endoteliais, principalmente próximo às áreas afetadas, e infiltração de células inflamatórias mononucleares. Em casos avançados há necrose do componente neuroectodérmico e infiltração de macrófagos grandes e com citoplasma espumoso (células gitter) e pode haver perda do córtex telencefálico, com formação de uma área cística entre a substância branca e as leptomeninges (RADOSTITS et al., 2002).

48 46 3. CAPÍTULO 2 Doenças de ovinos da região Central do Rio Grande do Sul: 361 casos Daniel R. Rissi, Felipe Pierezan, José C. Oliveira Filho, Rafael A. Fighera, Luiz F. Irigoyen, Glaucia D. Kommers e Claudio S.L. Barros (Artigo publicado na revista Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 30, n. 1, p , 2010)

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57 55 4. CAPÍTULO 3 Doenças neurológicas de ovinos na região Central do Rio Grande do Sul Daniel R. Rissi, Rafael A. Fighera, Luiz F. Irigoyen, Glaucia D. Kommers e Claudio S.L. Barros (Artigo aceito para publicação na revista Pesquisa Veterinária Brasileira)

58 56 Doenças neurológicas de ovinos na região Central do Rio Grande do Sul 1 Daniel R. Rissi 2, Rafael A. Fighera 3, Luiz F. Irigoyen 3, Glaucia D. Kommers 3 e Claudio S.L. Barros 3 * ABSTRACT.- Rissi D.R, Fighera R.A., Irigoyen L.F., Kommers G.D. & Barros C.S.L [Neurological diseases in sheep from central Rio Grande do Sul state, southern Brazil.] Doenças neurológicas de ovinos na região Central do Rio Grande do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira 00(0): Departamento de Patologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brazil. claudioslbarros@uol.com.br A retrospective study of neurological diseases of sheep in southern Brazil was conducted over an 18-year period ( ). A data base search was carried out in the files of the Laboratory of Veterinary Pathology (LPV) of the Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), central Rio Grande do Sul state, Brazil. A total of 586 sheep were examined. These cases corresponded to necropsies performed in the LPV-UFSM or to mailed in samples from practitioners. Out of these, 69 experimental cases were excluded from this study. The remaining 517 cases were composed of 361 (69.8%) cases with conclusive diagnoses and 156 (30.2%) cases with inconclusive diagnoses. In 58 (16%) occasions, sheep died in consequence of neurological disease. Most important diseases included coenurosis (15 cases or 25.8%), listeriosis (9 cases or 15.5%), tetanus (8 cases or 13.7%), vertebral abscesses (4 cases or 6.8%), and cerebral abscesses (3 cases or 5.1%). Poisoning by Erytroxylum argentinum, suppurative myelitis post-caudectomy, fibrinosuppurative meningoencephalitis, polioencephalomalacia, rabies (2 cases or 3.4% each) were occasionally diagnosed. Spinal cord demyelinization, encephalic white matter 1 Recebido em 9 de setembro de Aceito para publicação em 6 de outubro de Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor (bolsista do CNPq). 2 Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, área de concentração em Patologia Veterinária, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 3 Departamento de Patologia, UFSM, Santa Maria, RS , Brasil. *Autor para correspondência: claudioslbarros@uol.com.br

59 57 edema, focal symmetrical encephalomalacia, hydranencephalia, cerebellar hypoplasia, poisoning by organophosphate, poisoning by Solanum pseudocapsicum, fibrinosuppurative myelitis, and presumptive closantel toxicity (1 case or 1.7% each) were rarely seen. INDEX TERMS: Diseases of sheep, diseases of nervous system, neuropathology. RESUMO.- Neste trabalho são descritos aspectos epidemiológicos e clínico-patológicos das principais doenças neurológicas de ovinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) no período entre 1990 e A partir de uma busca nos arquivos do LPV-UFSM foram encontrados 586 exames de ovinos correspondentes a necropsias realizadas no laboratório ou a exames de amostras remetidas por veterinários de campo. Sessenta e nove casos experimentais foram excluídos do estudo. Os 517 casos restantes eram compostos de 361 casos (69,8%) com diagnóstico conclusivo e 156 casos (30,2%) com diagnóstico inconclusivo. Ovinos morreram em decorrência de doença neurológica em 58 casos (16%) do grupo com diagnóstico conclusivo. As doenças diagnosticadas mais frequentemente foram cenurose (15 casos ou 25,8%), listeriose (nove casos ou 15,5%), tétano (oito casos ou 13,7%), abscessos vertebrais (quatro casos ou 6,8%) e abscessos encefálicos (três casos ou 5,1%). Intoxicação por Erytroxylum argentinum, mielite supurativapós-caudectomia, meningoencefalite fibrino-supurativa, polioencefalomalacia e raiva (dois casos ou 3,4% cada) foram ocasionalmente diagnosticadas. Desmielinização medular, edema da substância branca encefálica, encefalomalacia focal simétrica, hidranencefalia, hipoplasia cerebelar, intoxicação por organofosforado, intoxicação por Solanum pseudocapsicum, mielite fibrino-supurativa e provável intoxicação por closantel (um caso ou 1,7% cada) foram raramente observadas. TERMOS DE INDEXAÇÃO: Doenças de ovinos, doenças do sistema nervoso, neuropatologia. INTRODUÇÃO O diagnóstico das doenças neurológicas de ovinos tornou-se alvo de maior importância após o aumento do número de casos autóctones de scrapie no Brasil (Driemeier 2007). Uma

60 58 compilação de dados sobre as doenças do sistema nervoso de ovinos foi realizada no Nordeste do Brasil (Guedes et al. 2007), mas nenhum estudo similar foi feito em outras áreas do país. Dessa forma, clínicos veterinários precisam se basear em diagnósticos diferenciais de doenças de ovinos descritos em livros-texto e que nem sempre trazem a realidade das doenças que ocorrem em uma determinada região. O objetivo deste trabalho é descrever a epidemiologia, os sinais clínicos, os achados de necropsia e histopatológicos de 58 casos de doenças neurológicas de ovinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) entre 1990 e MATERIAL E MÉTODOS Foram pesquisados os arquivos do LPV-UFSM e examinados os laudos de necropsia e exames histopatológicos de ovinos que deram entrada no laboratório entre janeiro de 1990 e dezembro de Esse material era oriundo de necropsias realizadas pela equipe do LPV-UFSM ou de necropsias realizadas no campo por veterinários que enviaram material para exame histopatológico. Foram coletados os dados epidemiológicos e clínico-patológicos desses laudos e os diagnósticos foram classificados em conclusivos e inconclusivos. Casos experimentais e de ovinos provenientes de outros Estados que não o Rio Grande do Sul foram excluídos. RESULTADOS Um total de 586 ovinos foi examinado no LPV-UFSM entre 1990 e Desses, 69 correspondiam a casos experimentais e foram excluídos. Os 517 casos restantes eram compostos de 361 casos (69,8%) com diagnóstico conclusivo e 156 casos (30,2%) com diagnóstico inconclusivo. Ovinos morreram em decorrência de doença neurológica em 58 casos (16%) do grupo com diagnóstico conclusivo. Várias raças foram afetadas. As doenças neurológicas mais frequentemente diagnosticadas foram cenurose (15 casos ou 25,8%), listeriose (9 casos ou 15,5%), tétano (8 casos ou 13,7%) e abscessos vertebrais (quatro casos ou 6,8%) ou encefálicos (três casos ou 5,1%). Doenças ocasionalmente diagnosticadas incluíram intoxicação por Erytroxylum argentinum, mielite supurativa póscaudectomia, meningoencefalite fibrino-supurativa, polioencefalomalacia e raiva (2 casos ou 3,4% cada). Desmielinização medular, edema da substância branca encefálica, encefalomalacia focal simétrica, hidranencefalia, hipoplasia cerebelar, intoxicação por

61 59 organofosforado, intoxicação por Solanum pseudocapsicum, mielite fibrino-supurativa e provável intoxicação por closantel (1 caso ou 1,7% cada) foram raramente observadas. Os dados epidemiológicos das principais doenças neurológicas diagnosticadas no período estão no Quadro 1. Os achados clínico-patológicos das principais doenças observadas estão no Quadro 2 e nas Figuras Nenhum caso de scrapie foi diagnosticado. DISCUSSÃO Os resultados deste estudo demonstram que a cenurose, a listeriose, o tétano e os abscessos do sistema nervoso central foram as doenças de ovinos mais frequentemente diagnosticadas na rotina do LPV-UFSM entre 1990 e Intoxicação por Erytroxylum argentinum, mielite supurativa pós-caudectomia, polioencefalomalacia (PEM) e raiva foram doenças incomuns e as outras doenças ou condições (Quadro 1) foram raramente observadas. Doenças neurológicas sempre tiveram importância destacada na medicina veterinária. Essas doenças adquiriram ainda maior destaque em ruminantes após o diagnóstico da encefalopatia espongiforme bovina na Inglaterra no final da década de 1980 (Wells et al. 1987) e da sua provável ligação com a nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob, uma doença neurodegenerativa, progressiva e fatal de humanos (Will et al. 1996). Nesse cenário, o diagnóstico das doenças neurológicas de ovinos também tem sido alvo de maior atenção por conta do aumento do número de casos autóctones de scrapie no país (Driemeier 2007). Devido à aparente recuperação da ovinocultura no Estado (Viana & Silveira 2009), é importante que os clínicos veterinários reconheçam as principais doenças neurológicas de ovinos na sua área de atuação. Serão comentadas a seguir as principais doenças do sistema nervoso de ovinos que foram diagnosticadas no nosso laboratório durante os 18 anos abrangidos por este estudo. A cenurose foi a principal doença neurológica de ovinos na área de abrangência do LPV-UFSM durante o período estudado. A descrição detalhada desses casos pode ser consultada em outra publicação (Rissi et al. 2008). O diagnóstico foi realizado com base nos achados epidemiológicos, clínicos e de necropsia. A confirmação pode ser feita pelo exame histopatológico, mas o diagnóstico macroscópico de cenurose é bastante seguro e permite que o proprietário ou veterinário encarregado prontamente tome medidas de controle e prevenção adequadas para a doença. Essas medidas se baseiam na interrupção do

62 60 ciclo do parasita (pelo não fornecimento de vísceras de ovinos a cães) e na everminação periódica dos cães da propriedade (Ghazaei 2006). Os sinais clínicos apresentados pelos ovinos afetados foram semelhantes aos descritos por outros autores (Ozmen et al. 2005). Esses sinais não apresentaram relação direta com a localização do cisto parasitário nestes casos. Isso se deve ao fato de que os sinais clínicos observados não correspondiam somente a alterações decorrentes à localização do cisto no sistema nervoso, mas também aos efeitos da ocupação de espaço secundária à presença dos cistos (compressão, edema e atrofia do parênquima nervoso adjacente) (Rissi et al. 2008). Por esse motivo, não nos parece seguro determinar a localização do cisto em casos de cenurose somente pela observação dos sinais clínicos. Os dados epidemiológicos dos casos de listeriose aqui relacionados foram apresentados em outra publicação (Rissi et al. 2009). Esses casos ocorreram principalmente no verão e na primavera e em ovinos que não eram alimentados com silagem. Essas características são tipicamente descritas em casos de listeriose em ruminantes no Brasil (Sanches et al. 2000, Rissi et al. 2006, Schild 2007) e diferem do que é descrito na maior parte da literatura internacional, que relata casos de listeriose ocorrendo mais frequentemente no inverno e em animais alimentados com silagem (Vandegraaff et al. 1981, Wilesmith & Gitter 1986). Nessas condições, a infecção é atribuída às condições climáticas desfavoráveis, à menor qualidade da silagem e à maior aglomeração de animais (Wilesmith & Gitter 1986). Por outro lado, Listeria monocytogenes é um microorganismo encontrado no ambiente e pode ser isolado de fezes ou mesmo secreção nasal de animais domésticos e selvagens sadios (Killinger & Mansfield 1970, Low & Linklater 1985, George 2002). Isso indica que, semelhantemente ao que também pode ocorrer em outras partes do mundo (George 2002), a contaminação ambiental pode ser um fator determinante na epidemiologia da listeriose no Brasil e o contato com outras espécies deve ser levado em consideração quando se determina a fonte de infecção numa propriedade. Os sinais clínicos desenvolvidos pelos ovinos afetados por listeriose são bastante característicos e usualmente são relacionados à distribuição das lesões no tronco encefálico e no cerebelo (Constable 2004). Esses sinais usualmente cursam com desvio da cabeça, andar em círculos e sialorréia (secundária à paralisia de nervos cranianos), semelhante ao que foi observado nos casos da nossa rotina. O diagnóstico pode ser realizado com base nesses achados e confirmado pelas alterações

63 61 histopatológicas características da doença. A imuno-histoquímica tem se mostrado bastante útil na confirmação do diagnóstico de listeriose na nossa rotina, principalmente em casos onde os achados histopatológicos são diferentes ou não apresentam as características típicas da doença (Rissi et al. 2006, Rissi et al. 2009). Casos de tétano em pequenos ruminantes usualmente ocorrem após castração, caudectomia, descorna, parto e contaminação de sítios vacinais (Driemeier et al. 2007, Guedes et al. 2007). Os casos de tétano aqui descritos ocorreram após castração (três casos) ou caudectomia (dois casos) e todos os ovinos tinham menos de um ano de idade. A ocorrência da doença em ovinos jovens esteve obviamente relacionada à época da realização desses procedimentos. A lesão primária (onde ocorreu a contaminação) nem sempre pode ser observada na ocasião da necropsia (Guedes et al. 2007), como foi descrito em três casos deste estudo. O diagnóstico deve ser realizado com base no histórico e nos achados clínico-patológicos. A confirmação laboratorial pode ser feita pela inoculação em camundongos, cultura bacteriana, identificação direta do bacilo em esfregaços de baço ou das feridas contaminadas e imunofluorescência (Aslani et al. 1998). Abscessos no sistema nervoso central ocorrem predominantemente em animais jovens e ocasionalmente em animais adultos (Radostits et al. 2007, Fernandes & Schild 2007). Essas lesões são decorrentes de septicemia (principalmente em casos de onfaloflebite e caudectomia), de extensão de lesões em tecidos adjacentes (sinusite por Oestrus ovis e descorna), de implantação direta por lesões penetrantes ou migração centrípeta do agente por nervos periféricos. Os casos de abscessos vertebrais (que na verdade são casos de osteomielite e, portanto, casos de doença óssea) tipicamente causam sinais neurológicos por comprometimento medular e por isso foram incluídos neste trabalho. Nesses casos havia fratura do corpo vertebral, com compressão medular e sinais clínicos típicos ( posição de cão sentado ). Essa condição é frequentemente observada em decorrência de onfaloflebite, castração ou caudectomia (Loretti et al. 1999). Não foi possível estabelecer a via de infecção em três dos quatro casos de abscessos vertebrais. Em um caso a infecção foi secundária ao corte da cauda. Os abscessos encefálicos aqui descritos resultaram da extensão de lesões em tecidos adjacentes (como no caso de sinusite por Oestrus ovis) ou de disseminação hematógena (como no caso do ovino com lesão cutânea cervical, no qual ainda foi observado um abscesso cardíaco). Em um dos casos nenhuma lesão primária pode

64 62 ser evidenciada. O diagnóstico de abscessos vertebrais e encefálico foi realizado com base na macroscopia. As duas necropsias realizadas em ovinos intoxicados por E. argentinum (cocão) correspondem a quatro surtos ocorridos no verão de (Barros et al. 2004). Na época, uma doença semelhante foi descrita em outras áreas do Estado como consequência da ingestão de E. deciduum (Colodel et al. 2004). Nenhum achado macroscópico ou histopatológico foi descrito nas duas ocasiões. Nos casos de mielite supurativa pós-caudectomia não havia envolvimento vertebral. Nesses casos havia somente preenchimento do canal medular por conteúdo purulento que se estendia da lesão infectada decorrente de caudectomia. O sinal clínico de posição de cão sentado, no entanto, era idêntico ao desenvolvido pelos ovinos com abscessos vertebrais. Os ovinos afetados por PEM desenvolveram sinais clínicos característicos de lesões telencefálicas corticais (Constable 2004), como marcada depressão e cegueira. Os achados de necropsia e histopatológicos foram semelhantes ao descritos em casos de PEM em pequenos ruminantes (Ligios et al. 2004, Lima et al. 2005, Guedes et al. 2007). A PEM é uma enfermidade de etiologia multifatorial (Gould 1998) e, semelhante ao que ocorreu nos casos deste estudo, a maioria dos casos da doença descritos no Brasil permanece sem causa estabelecida (Schild et al. 2005). Histologicamente, a PEM pode ser confirmada pela presença de necrose laminar dos neurônios corticais do telencéfalo, caracterizada por aumento dos espaços perineuronais, encarquilhamento e eosinofilia citoplasmática e picnose nuclear (neurônio vermelho). Há ainda tumefação endotelial e infiltração de células inflamatórias mononucleares. Em casos avançados pode haver infiltração de macrófagos com citoplasma espumoso (células gitter). Diferente do que ocorre em bovinos no Rio Grande do Sul, a raiva ovina não se mostrou uma doença importante, com somente dois casos diagnosticados em 18 anos. A descrição detalhada desses casos foi publicada em outro trabalho (Rissi et al. 2008). As razões que levam ao baixo número de casos de raiva em ovinos em uma região onde surtos de raiva bovina são frequentemente observados não é bem compreendido. O controle da raiva urbana no Rio Grande do Sul desde a década de 1980 (condição que diminui a possibilidade de um ovino ser atacado por um cão infectado), a preferência de morcegos

65 63 por bovinos (Baer 1991) e a espessura da cobertura de lã são fatores que podem explicar essa baixa frequência de diagnósticos de raiva ovina (Rissi et al. 2008). Os sinais clínicos foram inespecíficos e fortalecem a afirmação de que a raiva deve ser um diagnóstico potencial em qualquer caso de doença neurológica. As alterações histopatológicas foram mais marcadas no tronco encefálico e medula espinhal. O diagnóstico foi realizado com base nos achados histopatológicos e confirmado por imuno-histoquímica em seções de tronco encefálico dos dois ovinos afetados. As doenças neurológicas de ovinos diagnosticadas nesses 18 anos abrangidos por este estudo não diferenciaram substancialmente das doenças diagnosticadas em estudos similares realizados em outras regiões do Brasil (Guedes et al. 2007) e do mundo (Ligios et al. 2004). As características dessas doenças, no entanto, podem apresentar variações dependendo da região de ocorrência (como ocorre com a listeriose e a raiva). O conhecimento dessas doenças e das particularidades entre elas em determinadas regiões auxilia na elaboração do diagnóstico e consequentemente no estabelecimento de medidas de controle e prevenção de novos casos da doença no rebanho. REFERÊNCIAS Aslani M.R., Bazargani T.T., Ashkar A.A., Movasaghi A.R., Raoofi A. & Atiabi N Outbreak of tetanus in lambs. Vet. Rec. 142: Baer G Vampire bat and bovine paralytic rabies, p In: Ibid. (Ed.), The natural history of rabies. CRC, Boca Raton. Barros R.R., Teixeira F.R., Oliveira F.N., Rissi D.R., Rech R.R. & Barros C.S.L Poisoning in sheep from the ingestion of fruits of Erythroxylum argentinum. Vet. Human Toxocol. 46: Colodel E.M., Seitz A.L., Schmitz M., Borba M.R., Raymundo D.L. & Driemeier D Intoxicação por Erythroxylum deciduum (Erythroxylaceae) em ovinos. Pesq. Vet. Bras. 24: Constable P.D Clinical examination of the ruminant nervous system. Vet. Clin. Food. Anim. 20: Driemeier D Scrapie, p In: Riet-Correa F., Schild A.L., Lemos R.A.A. & Borges J.R. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.1. Equali, Campo Grande.MS.

66 64 Driemeier D., Schild A.L., Fernandes J.C., Colodel E.M., Corrêa A.M., Cruz C.E. & Barros C.S.L Outbreaks of tetanus in beef cattle and sheep in Brazil associated to disophenol injection. J. Vet. Med. 54: Fernandes C.G. & Schild A.L Abscessos do sistema nervoso central, p In: Riet- Correa F. Schild A.L. Lemos R.A.A. & Borges J.R. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.1. Equali, Campo Grande, MS. Ghazaei C Evaluation therapeutic effects of antihelminthic agents albendazole, fenbendazole and praziquantel against coenurosis in sheep. Small Rum. Res. 71: George L.W Listeriosis, p In: Smith B.P. (Ed.), Large Animal Internal Medicine. 3 rd ed. Mosby, St Louis. Gould D Polioencephalomalacia. J. Anim. Sci. 76: Guedes K.M.R., Riet-Correa F., Dantas A.F.M., Simões S.V.D., Neto E.G.M., Nobre V. M.T. & Medeiros R.M.T Doenças do sistema nervoso central em caprinos e ovinos no semi-árido. Pesq. Vet. Bras. 27: Killinger A.H. & Mansfield M.E Epizootiology of listeric infection in sheep. J. Am. Vet. Med. Assoc. 157: Ligios C., Viglietti A., Carta P., Dexter G., Agrimi U. & Simmons M.M Clinicopathological findings in sheep from Sardinia showing neurological signs of disease. Vet. Rec. 154: Lima E.F., Riet-Correa F., Tabosa I.M., Dantas A.F., Medeiros J.M. & Júnior G.S Polioencefalomalacia em caprinos e ovinos na região semi-árida do Nordeste do Brasil. Pesq. Vet. Bras. 25:9-14. Loretti A.P., Cerva C., Gutierrez R., Cademartori A. & Driemeier D Abscessos na medula espinhal de cordeiros secundários ao corte de cauda. 9 Enapave, Belo Horizonte, p.1. (Resumo) Low J.C. & Linklater K Listeriosis in sheep. In Practice March: Ozmen O., Sahinduran S., Haligur M. & Sezer. K Clinicopathologic observations on Coenurus cerebralis in naturally infected sheep. Schweiz. Arch. Tierheilkunde 147: Radostits O.M., Gay C.C., Hinchcliff K.W. & Constable P.D Diseases of the nervous system, p In: Ibid. (Eds), Veterinary Medicine : A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. Elsevier, Philadelphia. Rissi D.R., Kommers G.D., Marcolongo-Pereira C., Schild A.L. & Barros C.S.L Meningoencefalite por Listeria monocytogenes em ovinos. Pesq. Vet. Bras. (Em publicação). Rissi D.R., Rech R.R., Barros R.R., Kommers G.D., Langohr I.M., Pierezan F. & Barros C.S.L Forma nervosa de listeriose em caprinos. Pesq. Vet. Bras. 26:14-20.

67 65 Rissi D.R., Pierezan F., Kommers G.D. & Barros C.S.L Ocorrência de raiva em ovinos no Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras. 28: Rissi D.R., Rech R.R., Pierezan F., Gabriel A.L., Trost M.E. & Barros C.S.L Cenurose em ovinos no Sul do Brasil: 16 casos. Ciência Rural 38: Sanches A.W.D., Langohr I.M., Stigger A.L. & Barros C.S.L Doenças do sistema nervoso central em bovinos no sul do Brasil. Pesq. Vet. Bras. 20: Schild A.L Listeriose, p In: Riet-Correa F. Schild A.L. Lemos R.A.A. & Borges J.R. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.1. Equali, Campo Grande, MS. Schild A.L., Ferreira J.L.M. & Soares M.P Boletim do Laboratório Regional de Diagnóstico n.25, Pelotas. Vandegraaff R., Borland N.A. & Browning J.W An outbreak of listerial meningoencephalitis in sheep. Aust. Vet. J. 57: Viana J.G.A. & Silveira V.C.P Análise econômica da ovinocultura: estudo de caso na Metade Sul do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural 39: Wells G.A.G., Scott A.C., Johnson C.T., Gunning R.F., Hancock R.D., Jeffrey M., Dawson M. & Bradley R A novel progressive spongiform encephalopathy in cattle. Vet. Rec. 121: Wilesmith J.W. & Gitter M Epidemiology of ovine listeriosis in Great Britain. Vet. Rec. 119: Will R.G., Ironside J.W., Zeidler M., Cousens S.N., Estibeiro K., Alperovitch A., Poser S., Pocchiari M., Hofman A. & Smithet P.G A new variant of Creutzfeldt-Jakob disease in the UK. Lancet 347:

68 66 Quadro 1. Dados epidemiológicos das principais doenças do sistema nervoso de ovinos, diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e 2007 Doença Total % M a F b NI c Idade d Cenurose 15 25, Listeriose 9 15, Tétano 8 13, <1-5 Abscessos vertebrais 4 6, Abscessos encefálicos 3 5, Intoxicação por Erytroxylum argentinum 2 3, Mielite supurativa pós-caudectomia 2 3, Polioencefalomalacia 2 3, Raiva 2 3, a machos, b fêmeas, c não informado, d em meses.

69 67 Quadro 2. Dados clínico-patológicos das principais doenças neurológicas de ovinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1990 e Cenurose Listeriose Tétano Abscessos vertebrais Doença Sinais clínicos Achados de necropsia Histopatologia Depressão, isolamento do rebanho, andar cambaleante, cegueira, desvio da cabeça, incoordenação, movimentos de pedalagem, quedas, andar em círculos, deficiência proprioceptiva nos membros torácicos e pélvicos, estrabismo, midríase, opistótono, tremores e rigidez dos membros. Desvio da cabeça, andar em círculos, decúbito, cegueira, taquipnéia, febre e sialorréia. Andar rígido, opistótono, marcada rigidez muscular, posição em base ampla, sialorréia, decúbito, movimentos de pedalagem, hiperexcitabilidade e ranger de dentes. Em três casos havia histórico de castração e em dois casos os ovinos haviam sido caudectomizados. Paresia dos membros pélvicos (posição de cão sentado). Achatamento das circunvoluções do telencéfalo, herniação subtentorial ou cerebelar, com atrofia do parênquima adjacente e hidrocefalia nos ventrículos laterais. Ao corte eram observados cistos com 2-9 cm de diâmetro que eram revestidos por uma fina cápsula transparente. Esses cistos eram repletos por líquido translúcido e apresentavam numerosas estruturas brancas levemente alongadas de aproximadamente 1 mm (escólices) aderidas à face interna da cápsula. Os cistos causavam compressão e deslocamento do parênquima nervoso adjacente. Em um ovino havia diminuição da espessura e amolecimento dos ossos frontais do crânio. Exsudato purulento na articulação atlantooccipital em um caso. Um ovino tinha o baço rompido. Fratura com coleção de pus no corpo da vértebra afetada. Em três casos não havia Os cistos eram compostos por duas membranas fracamente eosinofílicas (externa e interna). Numerosos escólices esféricos evaginavam da membrana interna. Adjacente à parede do cisto eram observadas áreas focalmente extensas de necrose e infiltrado composto de macrófagos epitelióides e células gigantes multinucleadas tipos Langhans e corpo estranho, com áreas de deposição de material granular amorfo basofílico (mineralização). Nas áreas perilesionais foram observados infiltrado linfohistioplasmocitário perivascular leve a acentuado em meio a fibroblastos e vasos, compressão e edema do parênquima adjacente. Um ovino apresentou infiltração perilesional por células gitter (malacia). Meningoencefalite não-supurativa (predominantemente no tronco encefálico e cerebelo), com microabscessos e infiltração de células gitter (malacia) em dois casos. Em um caso havia meningoencefalite piogranulomatosa. Raros cocobacilos intracitoplasmáticos em macrófagos e neutrófilos intralesionais foram observados nas seções coradas pela hematoxilina-eosina. Nenhum. Não examinado.

70 68 Abscesso encefálico Intoxicação por Erytroxylum argentinum Mielite supurativa pós-caudectomia Polioencefalomalacia Raiva Desvio lateral da cabeça, andar em círculos, movimentos de pedalagem, ranger de dentes, cegueira, opistótono e decúbito. Em um caso havia histórico de trauma e contaminação na região cervical; em outro caso havia migração de Oestrus ovis pela placa cribriforme. Letargia, tremores, posição em base ampla, incoordenação e relutância em se movimentar. Quando exercitados apresentavam sialorréia, dispnéia, cianose e morte. Paresia dos membros pélvicos (posição de cão sentado). Havia marcado edema e hemorragia na região caudectomizada. Marcada depressão, andar em círculos, incoordenação, cegueira e opistótono. Incoordenação, decúbito, convulsões, opistótono e febre. outras lesões e os abscessos eram localizados, respectivamente, em T13, C3, C2. Em um caso havia sinal de caudectomia. Nesse caso o abscesso estava entre T6 e T7. Abscessos únicos preenchidos por material purulento no telencéfalo em dois casos (em um desses havia ainda um abscesso cardíaco). Em um caso havia numerosos abscessos de 3-8 mm de diâmetro disseminados pelo telencéfalo. Grande quantidade de frutos de E. argentinum no rúmen. Material purulento preenchendo o canal medular na região lombar da medula espinhal. Áreas castanho-amareladas no córtex telencefálico. Em um caso havia uma fenda de separação entre a substância cinzenta e branca. Nenhum. Área única ou múltiplas áreas de necrose de liquefação, com infiltrado de neutrófilos degenerados, agregados basofílicos bacterianos e focos de mineralização. Essas áreas eram circundadas por uma cápsula de tecido fibrovascular e infiltrado inflamatório linfo-histioplasmocitário. Havia ainda tumefação endotelial edema do neurópilo adjacente. Nenhum. Acúmulo de neutrófilos e agregados bacterianos no canal medular e se estendendo ao tecido nervoso adjacente. Nessas áreas havia infiltrado inflamatório linfo-histiocitário perivascular e de células gitter. Necrose neuronal, com tumefação endotelial e infiltrado linfo-histiocitário perivascular. A fenda observada macroscopicamente continha infiltrado de células gitter. Meningoencefalomielite e ganglionite (gânglio de Gasser) não-supurativa com inclusões eosinofílicas intracitoplasmáticas em neurônios (corpúsculos de Negri).

71 69 Fig.1. Encéfalo de ovino afetado por cenurose. Há um cisto ocupando o telencéfalo occipital e parietal, que provoca marcada assimetria entre os hemisférios, achatamento das circunvoluções e herniação cerebelar. Fig.2. Corte sagital de encéfalo de um ovino com cenurose. Observe os cistos revestidos por uma fina membrana onde são observados numerosos escólices brancos. Há marcada atrofia do parênquima adjacente, obstrução dos ventrículos e herniação do cerebelo.

72 70 Fig.3. Seção histológica de ponte de ovino afetado por listeriose. Há acúmulo de neutrófilos (microabscesso) e numerosos esferóides axonais e vacuolização (edema) nas áreas perilesionais. HE, obj. 20x. Fig.4. Ovino com mielite supurativa pós-caudectomia apresentando típica posição de cão sentado.

73 71 Fig.5. Mielite supurativa pós-caudectomia. O canal medular está preenchido por material purulento. Fig.6. Abscesso encefálico decorrente de trauma na região cervical. Corte sagital do encéfalo na altura do mesencéfalo. São observados dois abscessos com espessa cápsula branca de tecido conjuntivo no hemisfério esquerdo. Há marcada compressão e deslocamento do parênquima adjacente.

74 72 Fig.7. Ovino com polioencefalomalacia apresentando marcada depressão e posição em base ampla. Fig.8. Corte sagital do encéfalo na altura do córtex frontal. Há separação multifocal entre as substâncias branca e cinzenta, caracterizada pela formação de uma fenda repleta de líquido claro (edema).

75 73 Fig.9. Cerebelo de ovino afetado pela raiva com inclusões eosinofílicas intracitoplasmáticas em neurônios de Purkinje. HE, obj.40x. Fig.10. Seção de ponte de ovino afetado pela raiva mostrando marcação positiva no citoplasma de um neurônio pela técnica de imuno-histoquímica. Avidina-biotina, obj.100x.

76 74 5. CAPÍTULO 4 Cenurose em ovinos no Sul do Brasil: 16 casos Daniel R. Rissi, Raquel R. Rech, Felipe Pierezan, Adriane L. Gabriel, Maria E. Trost e Claudio S.L. Barros (Artigo publicado na revista Ciência Rural, v. 38, n. 4, p , 2008)

77 Ciência 1044 Rural, Santa Maria, v.38, n.4, p , jul, 2008 Rech et al. ISSN Cenurose em ovinos no sul do Brasil: 16 casos Coenurosis of sheep in southern Brazil: 16 cases Daniel Ricardo Rissi I Raquel Rubia Rech I Felipe Pierezan I Adriane Loy Gabriel I Maria Elisa Trost I Claudio Severo Lombardo de Barros II RESUMO Neste trabalho são descritos casos de doença neurológica causada por Coenurus cerebralis em 16 ovinos provenientes de nove propriedades rurais do Rio Grande do Sul. Os casos ocorreram entre janeiro de 1990 e dezembro de A evolução clínica variou de dias e os ovinos afetados apresentavam depressão (9/16), isolamento do rebanho (8/16), andar cambaleante (7/16), cegueira (4/16), desvio da cabeça (3/16), incoordenação (3/16), movimentos de pedalagem (2/16), quedas (2/16), andar em círculos, deficiência proprioceptiva nos membros torácicos e pélvicos, estrabismo, midríase, opistótono, tremores e rigidez dos membros (1/16 cada). Os achados macroscópicos foram restritos ao sistema nervoso central e caracterizados por cistos de 2 a 9cm de diâmetro preenchidos por líquido translúcido e revestidos por fina membrana. Na parte interna da membrana, havia numerosas estruturas levemente alongadas e brancas de aproximadamente 1mm de diâmetro (escólices). Na maioria dos ovinos, os cistos eram localizados no telencéfalo (12/16); em três, os cistos estavam no cerebelo e em um ovino havia um cisto no cerebelo e um na medula espinhal. Em todos os casos havia acentuada compressão e deslocamento do tecido nervoso adjacente aos cistos. Histologicamente, os cistos parasitários eram formados por dupla membrana fracamente eosinofílica da qual evaginavam múltiplos escólices esféricos acelomados. Adjacente à parede da vesícula eram observadas sucessivas camadas compostas por uma zona de necrose e mineralização, circundadas por infiltrado inflamatório composto por macrófagos epitelióides e células gigantes multinucleadas, com uma cápsula externa de tecido fibrovascular e infiltrado inflamatório linfoistioplasmocitário perivascular. Adicionalmente, havia compressão e atrofia das substâncias branca e cinzenta adjacentes. O diagnóstico de cenurose foi realizado com base nos achados epidemiológicos, clínicos e macroscópicos, e confirmado pela histopatologia. Palavras-chave: Coenurus cerebralis, Taenia multiceps, Multiceps multiceps, neuropatologia. ABSTRACT Sixteen cases of neurologic disease caused by Coenurus cerebralis occurring in sheep from nine farms in Rio Grande do Sul, Brazil, from January 1990 to December 2006, are described. Clinical courses varied from 30 to 90 days and affected sheep developed depression (9/16), isolation from the herd (8/16), staggering (7/16), blindness (4/16), head tilt (3/ 16), incoordination (3/16), paddling (2/16), falls (2/16), circling, proprioceptive deficits in fore and hindlimbs, strabismus, mydriasis, opisthotonus, trembling and rigidity of the limbs (1/16 each one). Macroscopic findings were restricted to central nervous system and consisted of 2 to 9cm fluid filled cysts with numerous slightly elongated 1 mm white scolices attached to the inner wall surface of the capsule. Cysts were located in the telencephalon (12/16); in the cerebellum (3 sheep); and in the cerebellum and spinal cord (1 sheep). All cases showed severe compression and displacement of the adjacent nervous tissue. Histologically, the cyst walls were characterized by a thin walled eosinophilic vesicle in which evaginated multiple spherical acelomated scolices. The cyst wall was surrounded by successive layers consisting of an internal necrotic and mineralized band, a layer of epithelioid macrophages with abundant number of multinucleated giant cell and an external fibrovascular capsule with perivascular lymphohistioplasmacytic infiltrate. Adjacent white and gray matter were compressed and atrophied. The diagnosis was based on epidemiologic, clinical and pathologic findings and confirmed by histopathology. Key words: Coenurus cerebralis, Taenia multiceps, Multiceps multiceps, neuropathology. I Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, área de concentração em Patologia Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. II Laboratório de Patologia Veterinária, Departamento de Patologia, UFSM, , Santa Maria, RS, Brasil. claudioslbarros@uol.com.br. Autor para correspondência. Recebido para publicação Aprovado em Ciência Rural, v.38, n.4, jul, 2008.

78 Cenurose em ovinos no sul do Brasil: 16 casos INTRODUÇÃO A cenurose é uma doença parasitária cosmopolita e comum em ovinos (SHARMA & CHAUHAN, 2006) causada pela forma larval de Taenia (Multiceps) multiceps, denominada de Coenurus cerebralis (INNES & SAUNDERS, 1962). A fase adulta do parasita ocorre no intestino delgado de canídeos domésticos e selvagens, que são os hospedeiros definitivos (HD). O período pré-patente de T. multiceps é de aproximadamente 40 dias e os ovos contendo as oncosferas são liberados nas fezes do HD infestado e podem permanecer no ambiente por aproximadamente um mês (SCALA & VARCASIA, 2006). Após a ingestão acidental pelo hospedeiro intermediário (HI), principalmente ruminantes, as oncosferas são liberadas dos ovos, penetram a mucosa intestinal e, pela circulação sanguínea ou linfática, invadem o sistema nervoso central (SNC), onde desenvolverão a forma larval e o cisto. O ciclo se completa quando o HD ingere o cisto contido em material infestado do HI. Os HI mais freqüentemente afetados pela cenurose são os ovinos (INNES & SAUNDERS, 1962); raramente bovinos são infestados (FERREIRA et al., 1992), caprinos (RAZIG & MAGZOUB, 1973) e outras espécies (INNES & SAUNDERS, 1962). Casos de cenurose em seres humanos são raros e causados por T. serialis. Indivíduos afetados normalmente desenvolvem cistos no SNC ou nos tecidos subcutâneo e muscular, e se infestam pelo contato com fezes de cães contaminados. Coelhos, lebres e roedores desenvolvem cistos de T. serialis nos tecidos subcutâneo e muscular (ING et al., 1998). São reconhecidas duas formas de cenurose em ovinos: 1) a forma aguda, que ocorre cerca de um mês após a invasão larval no SNC e 2) a forma crônica, associada ao desenvolvimento de sinais clínicos secundários à ocupação de espaço pelo cisto parasitário (INNES & SAUNDERS, 1962), que se desenvolve de dois a quatro meses após a infestação. Na forma aguda, há ataxia, tremores musculares, hiperestesia, hipermetria e decúbito (DOHERTY et al., 1989). A forma crônica é a mais comum e os principais sinais clínicos são isolamento do rebanho, depressão, cegueira, andar em círculos, desvio da cabeça e incoordenação (TIRGARI et al., 1987; ACHENEF et al., 1999; OZMEN et al., 2005). Apesar de ser uma doença comum de ovinos em várias regiões do mundo, a cenurose não tem sido detalhadamente documentada no Brasil, apesar de sua conhecida existência no país. O objetivo deste trabalho foi descrever a epidemiologia, os sinais clínicos e os achados de necropsia e histológicos de 16 casos de cenurose (forma crônica) em ovinos, diagnosticados no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) entre 1990 e MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado um estudo de 16 casos de cenurose em ovinos provenientes de nove propriedades rurais do Rio Grande do Sul localizadas na área de abrangência do LPV-UFSM entre os anos de 1990 e Os dados epidemiológicos e clínicos foram obtidos junto aos proprietários ou veterinários encarregados dos casos. Os ovinos afetados foram identificados por numeração de 1 a 16. Fragmentos de vários órgãos foram coletados, incluindo os encéfalos inteiros e o monobloco composto pelo gânglio de Gasser, rete mirabile carotídea e hipófise (GRH), e fixados em formol a 10%. A descrição macroscópica foi realizada por cortes seriados de 1cm dos encéfalos. Após esse procedimento, todo o material foi processado rotineiramente para histologia e corado pela técnica de hematoxilina-eosina (HE). RESULTADOS No período avaliado foram examinados ovinos no LPV-UFSM (396 necropsias e 619 exames histopatológicos), dos quais 46 (4,5%) apresentaram doença neurológica, destes, 16 (34,7%) tiveram diagnóstico de cenurose. Os dados epidemiológicos das nove propriedades que tiveram o rebanho afetado estão resumidos na tabela 1. Os sinais clínicos eram semelhantes em todos os casos e incluíam, em ordem decrescente de freqüência, depressão (9/16), isolamento do rebanho (8/16), andar cambaleante (7/ 16), cegueira (4/16), desvio da cabeça (3/16), incoordenação (3/16), movimentos de pedalagem (2/ 16), quedas (2/16), andar em círculos, deficiência proprioceptiva nos membros torácicos e pélvicos, estrabismo, midríase, opistótono, tremores e rigidez dos membros (1/16 cada). A evolução clínica variou de dias. Em duas propriedades, havia relato de que os ovinos afetados mantiveram o apetite mesmo doentes. Em uma propriedade houve confirmação de que os cães eram alimentados com restos de carcaça frescas de ovinos e em outra havia instalação própria para o abate de ovinos. Os achados macroscópicos foram restritos ao SNC e eram observados achatamentos das circunvoluções do telencéfalo, herniação subtentorial ou cerebelar (Figura 1A), com atrofia do parênquima adjacente e hidrocefalia nos ventrículos laterais (Figura Ciência Rural, v.38, n.4, jul, 2008.

79 1046 Rech et al. Tabela 1 - Dados epidemiológicos dos 16 casos de cenurose em ovinos no Rio Grande do Sul entre 1990 e P a Município Época Sexo Idade (meses) Raça Morte Ovinos sob risco Ovinos afetados 1 São Sepé mar/1991 M b ni c Ile de France eut d ni São Vicente do Sul abr/1991 F e 6 mista ni ni Restinga Seca fev/1993 M 30 mista eut ni ni ni 4 out/1999- Dom Pedrito jun/2006 MF f 18 Corriedale eut Hampshire São Borja out/2001 F 10 Down eut Quaraí mar/2005 F 18 Ile de France eut ni ni ni 7 Santiago set/2006 F 12 mista esp g Dom Pedrito nov/2006 M 24 Corriedale eut Santa Maria dez/2006 F 5 mista eut Ovinos mortos a propriedade; b macho; c não informado; d eutanásia; e fêmea; f cinco fêmeas e dois machos afetados; g espontânea. 1B). Os cistos variavam de 2-9cm de diâmetro e eram revestidos por uma fina cápsula transparente. Ao corte, esses cistos eram repletos por líquido translúcido e apresentavam numerosas estruturas brancas levemente alongadas de aproximadamente 1mm (escólices) aderidas à face interna da cápsula (Figura 1C). Em todos os casos os cistos causavam compressão e deslocamento do parênquima nervoso adjacente. Em 15 ovinos havia um único cisto ou vários que coalesciam, localizados no telencéfalo (12 ovinos) ou no cerebelo (três ovinos). Em um caso havia dois cistos em locais diferentes, um no cerebelo e um na medula espinhal. Em um ovino (Ovino 15) havia diminuição da espessura e amolecimento dos ossos frontais do crânio, evidenciada pela palpação. Histologicamente os cistos eram compostos por duas membranas fracamente eosinofílicas (externa e interna), com dilatações da interna, de onde evaginavam numerosos escólices esféricos de C. cerebralis de aproximadamente 1mm de diâmetro (Figura 1D). Os escólices apresentavam o parênquima envolto por tegumento, eram acelomados e desprovidos de trato digestivo. Foram observadas numerosas e diminutas estruturas basofílicas ovais distribuídas pelo parênquima do parasita (corpos calcáreos). Em algumas seções verificaram-se estruturas circulares compostas por músculos com fibras em arranjo radial (aparelho sugador) ou rostelo com ganchos no pólo anterior do escólex (Figura 1E), que eram birrefringentes sob luz polarizada. Adjacente à parede do cisto eram observadas áreas focalmente extensas de necrose e infiltrado composto de macrófagos epitelióides e células gigantes multinucleadas tipos Langhans e corpo estranho, com áreas de deposição de material granular amorfo basofílico (mineralização). Nas áreas perilesionais, foram observados infiltrado linfoistioplasmocitário perivascular leve a acentuado em meio a fibroblastos e vasos (Figura 1F), compressão e edema do parênquima adjacente. Adicionalmente, no Ovino 5 havia infiltração perilesional por células Gitter (malacia), e no Ovino 10, extenso infiltrado linfoplasmocitário e focos de gliose desde os ventrículos laterais até o aqueduto mesencefálico (ventriculite). Ocasionalmente, foram observados gliose e manguitos perivasculares linfoistiocitários leves ou moderados em áreas distantes do cisto. DISCUSSÃO O diagnóstico de cenurose foi realizado com base nos achados epidemiológicos, clínicos e de necropsia e confirmado pelo exame histopatológico. Foram afetados ovinos de cinco a 30 meses de idade (média de 13,6), de várias raças e ambos os sexos, e a doença não apresentou característica sazonal. De um total de ovinos sob risco (em cinco das nove propriedades onde essa informação estava disponível), 40 foram afetados, resultando em um índice de morbidade de 1,45%. Como na maioria das propriedades os animais afetados foram submetidos à eutanásia, não foi possível calcular os índices de mortalidade e letalidade. Esses dados são escassos na literatura, porém, quando citados, são semelhantes aos encontrados neste trabalho (SHARMA & CHAUHAN, 2006). Os 16 casos de cenurose totalizaram aproximadamente 35% das doenças do SNC de ovinos examinados durante os 16 anos abrangidos pelo estudo. Essa foi a doença neurológica de ovinos mais prevalente na área de influência do LPV-UFSM durante esse período. É interessante notar que 11 dos 16 casos de cenurose (aproximadamente 68%) foram Ciência Rural, v.38, n.4, jul, 2008.

80 Cenurose em ovinos no sul do Brasil: 16 casos Figura 1 - Cenurose em ovinos no Sul do Brasil. A. Corte longitudinal do telencéfalo mostrando cistos coalescentes (Ovino 14). No interior do cisto caudal, há numerosos escólices aderidos à membrana interna. Observe a acentuada herniação cerebelar e compressão do tronco encefálico, diencéfalo e núcleos basais, com deslocamento cranial do ventrículo lateral. B. Corte transversal do encéfalo na altura dos núcleos basais (Ovino 15). Há assimetria acentuada causada por um cisto de 6cm de diâmetro que distende o hemisfério telencefálico esquerdo. Há atrofia da corona radiata, desvio lateral do septo pelúcido, redução da luz do ventrículo lateral esquerdo e hidrocefalia no ventrículo lateral direito. C. Conteúdo do cisto parasitário composto por líquido translúcido envolto por uma fina membrana na qual estão aderidos numerosos escólices. D. Encéfalo (Ovino 15). Há dois escólices evaginados da membrana interna do cisto. Observe a reação tecidual adjacente, caracterizada por uma zona focalmente extensa de necrose circundada por infiltrado inflamatório. Hematoxilina-eosina. E. Escólex acelomado de Coenurus cerebralis (Ovino 16) caracterizado pela ausência de trato digestivo e numerosas e diminutas estruturas basofílicas ovais (corpos calcáreos) distribuídas aleatoriamente pelo parênquima (cabeça de seta). Observe a cutícula de revestimento (seta estreita), a estrutura circular composta por músculos com fibras em arranjo radial (aparelho sugador) (seta espessa) e parte do rostelo com ganchos (asterisco) no pólo anterior do escólex. Hematoxilina-eosina. G. Escólex de Coenurus cerebralis mostrando ganchos birrefringentes sob luz polarizada (Ovino 16). Hematoxilina-eosina. F. Encéfalo (Ovino 15). A reação adjacente à parede do cisto se caracteriza por uma área focalmente extensa de necrose circundada por macrófagos epitelióides e células gigantes multinucleadas e infiltrado inflamatório linfoistioplasmocitário perivascular em meio a fibroblastos e vasos. Hematoxilinaeosina. Ciência Rural, v.38, n.4, jul, 2008.

81 1048 Rech et al. diagnosticados a partir de 2001 e essa concentração de diagnósticos coincide com o período de implantação do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros e outras Encefalopatias no LPV. Isso indica que houve um aumento no número de diagnósticos de doenças do SNC de ruminantes após o início da vigilância ativa por parte do programa. O exame de palpação dos ossos do crânio foi realizado nos ovinos provenientes das propriedades quatro a 9. Não havia informações referentes a esse procedimento nos demais laudos examinados. A diminuição da espessura dos ossos frontais, decorrente da pressão causada pelo cisto, foi observada somente no Ovino 15, proveniente da Propriedade 8. Esse achado tem importância no diagnóstico clínico de cenurose, pois determina a exata localização do cisto (SKERRITT & STALLBAUNER, 1984). Exames complementares, principalmente avaliação neurológica, devem ser realizados na ausência dessa lesão (TIRGARI et al., 1987). O exame radiográfico é usado principalmente em casos onde há perspectivas de remoção cirúrgica, procedimento realizado quase exclusivamente em animais de alto valor zootécnico (TIRGARI et al., 1987). Exames clínicos e radiográficos não foram realizados nos casos deste estudo, pois os ovinos examinados já chegavam mortos ao laboratório ou somente material de necropsia era remetido. Cistos parasitários no SNC de ovinos são formados após a migração e o estabelecimento de C. cerebralis no parênquima nervoso (INNES & SAUNDERS, 1962). Nos casos descritos neste trabalho, o diagnóstico macroscópico de cenurose foi bastante específico, indicando que numa região endêmica para a doença o diagnóstico macroscópico durante a necropsia é bastante seguro e dá a oportunidade de o proprietário agir prontamente e ingressar com medidas de controle e prevenção adequadas para a doença. As medidas de prevenção em áreas endêmicas para cenurose devem se basear na interrupção do ciclo do parasita, pelo não fornecimento de vísceras de ovinos ao HD. Adicionalmente, todos os cães residentes em uma propriedade rural devem ser vermifugados periodicamente. Medidas terapêuticas para ovinos afetados incluem a administração de fármacos antiparasitários (GHAZAEI, 2006) e tratamento cirúrgico (SKERRITT & STALLBAUMER, 1984), que apesar de eficiente tem seu uso limitado economicamente (GHAZAEI, 2006). Fármacos como albendazole, praziquantel e febendazole têm demonstrado efeito antiparasitário sobre cistos de C. cerebralis em ovinos infectados experimentalmente (GHAZAEI, 2006). No entanto, alguns autores afirmam que o tratamento não é eficiente em casos em que já houve a formação do cisto (OZMEN et al., 2005). Apesar de muitos veterinários relatarem o uso de vermífugos nos cães nos locais onde a doença ocorria, muitas vezes não houve resultados satisfatórios e foram informados novos casos da doença. Um aspecto importante da cenurose é a existência de ovinos que desenvolvem cistos pequenos e não apresentam sinais clínicos (ACHENEF et al., 1999). Esses indivíduos podem desempenhar importante papel epidemiológico, pois provavelmente não serão detectados como infestados e atuarão no fechamento do ciclo parasitário, contribuindo para a manutenção da doença em uma área. Apesar de somente em uma das nove propriedades deste estudo haver informação de que os cães eram alimentados com vísceras de ovinos, é provável que essa informação tenha sido ignorada ou desconhecida nas outras propriedades, pois não há outra forma de ocorrência do ciclo parasitário completo senão pela ingestão, pelos ovinos, das oncosferas liberadas nas fezes de cães infestados por T. multiceps. Na Propriedade 8 havia uma instalação própria para o abate de ovinos, caracterizada por um pequeno cercado coberto, na qual os cães não tinham acesso. Nessa propriedade os cães eram periodicamente everminados e a infestação de um ovino foi atribuída à introdução de cães errantes ou que acompanhavam funcionários temporários que eram periodicamente contratados pelo proprietário. Todos os casos descritos neste trabalho são da forma crônica de cenurose, que é a forma mais comum da doença (DOHERTY et al., 1989). Os sinais clínicos mais freqüentemente observados ou relatados consistiam de depressão, isolamento do rebanho, andar cambaleante, desvio lateral da cabeça, cegueira e incoordenação. Esses sinais são semelhantes aos descritos por outros autores (DE LAHUNTA, 1983; OZMEN et al., 2005). Na maioria dos casos (12/16) os cistos eram localizados no telencéfalo; em três casos, no cerebelo e em um caso (Ovino 2), na medula espinhal cervical e no cerebelo. O telencéfalo é descrito como o principal sítio de implantação do cisto em casos de cenurose (SHARMA & CHAUHAN, 2006) e lesões nesse local são evidenciadas principalmente por alterações no comportamento ou estado mental, convulsões e deficiência visual e postural. Em casos de lesões focais, os animais podem andar em círculos e apresentar desvio da cabeça. Nesses casos, alguns autores relatam que esses sinais são, na maioria das vezes, contralaterais à lesão (DE LAHUNTA, 1983). Nos casos de cenurose aqui descritos não foi observada relação entre esses parâmetros e isso provavelmente seja devido ao fato de os sinais não Ciência Rural, v.38, n.4, jul, 2008.

82 Cenurose em ovinos no sul do Brasil: 16 casos estarem relacionados somente à ocupação de espaço pelo cisto, mas também à compressão e ao deslocamento das estruturas adjacentes contralaterais. Em cinco casos, os cistos ocupavam ambos os hemisférios telencefálicos, o que provavelmente também contribuiu para a ausência de relação entre os sinais clínicos e o lado da lesão (ACHENEF et al., 1999). Em 15 casos deste estudo os cistos estavam localizados no encéfalo e somente em um ovino (Ovino 2) foi observado cisto na medula espinhal. Sinais clínicos relacionados com cistos na medula espinhal incluem debilidade, alterações posturais e incoordenação (BUSSELL et al., 1997). No entanto, neste estudo, a incoordenação apresentada por dois ovinos (Ovinos 2 e 3) foi relacionada ao desenvolvimento de cistos cerebelares (OZMEN et al., 2005). Os sinais de incoordenação observados no Ovino 9, que não apresentava cisto no cerebelo, possivelmente estavam relacionados ao envolvimento cerebelar secundário decorrente do cisto no telencéfalo. Histologicamente, as características de escólices acelomados enquadram o parasita nas classes Cestoda ou Trematoda. A diferenciação é realizada com base na ausência de trato digestivo e presença de corpos calcáreos no parênquima, achado característico dos cestódeos. Adicionalmente, os ganchos classificam o parasita como membro da família Taeniidae. Existem vários tipos de cistos larvais de cestódeos. A diferenciação entre cistos de Coenurus spp. e outros cistos é realizada com base na localização e na presença de múltiplos escólices, característicos das larvas de T. multiceps (GARDINER & POYTON, 1999). CONCLUSÕES Apesar de ser uma doença bem reconhecida, o presente trabalho demonstra que a cenurose continua ocorrendo de forma endêmica na área de abrangência do LPV-UFSM. O diagnóstico diferencial das doenças do SNC de ovinos se tornou foco de maior interesse técnico diante do aumento de diagnósticos de casos autóctones de scrapie no rebanho ovino brasileiro. O sistema de vigilância epidemiológica ativa e criteriosa que vem sendo desenvolvido em vários laboratórios do país permitirá o conhecimento das doenças neurológicas de ovinos em uma determinada região, o que permitirá que o produtor reconheça as doenças de seu rebanho e que o veterinário direcione o diagnóstico mais precisamente. APRESENTAÇÃO Parte da tese de Doutorado do primeiro autor (bolsista do CNPq), Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria, área de concentração em Patologia Veterinária. REFERÊNCIAS ACHENEF, M. et al. Coenurus cerebralis infection in Ethiopian Highland sheep: Incidence and observations on pathogenesis and clinical signs. Tropical Animal Health and Production, v.31, n.1, p.15-24, BUSSELL, K.M. et al. Posterior paralysis in a lamb caused by Coenurus cerebralis cyst in the lumbar spinal cord. Veterinary Record, v.140, n.21, p.560, DE LAHUNTA, A. Veterinary neuroanatomy and clinical neurology. Philadelphia: Saunders, p. DOHERTY, M.L. et al. Outbreak of acute coenuriasis in adult sheep in Ireland. Veterinary Record, v.125, n.8, p.185, FERREIRA, J.L. et al. Coenurose em bovinos no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.1, n.2, p , GARDINER, C.H.; POYNTON, S.L. An atlas of metazoan parasites in animal tissues. Washington, D.C.: Armed Forces Institute of Pathology, p. GHAZAEI, C. Evaluation therapeutic effects of antihelminthic agents albendazole, fenbendazole and praziquantel against coenurosis in sheep. Small Ruminant Research, v.71, p.48-51, ING, M.B. et al. Human coenurosis in North America: case reports and review. Clinical Infectious Diseases, v.27, n.3, p , INNES, J.R.M.; SAUNDERS, L.Z. Helmintic infections. In:. Comparative neuropathology. New York: Academic, Cap.13, p OZMEN, O. et al. Clinicopathologic observations on Coenurus cerebralis in naturally infected sheep. Schweizer Archiv fur Tierheilkunde, v.147, n.3, p , RAZIG, S.A.; MAGZOUB, M. Goat infected with Coenurus cerebralis clinical manifestations. Tropical Animal Health and Production, v.5, n.4, p , SCALA, A.; VARCASIA, A. Updates on morphobiology, epidemiology and molecular characterization of coenurosis in sheep. Parassitologia, v.48, n.1-2, p.61-63, SHARMA, D.K.; SHAUHAN, P.P.S. Coenurosis status in Afro- Asian region: a review. Small Ruminant Research, v.64, n.3, p , SKERRITT, G.C.; STALLBAUMER, M.F. Diagnosis and treatment of coenuriasis (gid) in sheep. Veterinary Record, v.115, n.16, p , TIRGARI, M. et al. Clinical and radiographical diagnosis of coenurosis cerebralis in sheep and its surgical treatment. Veterinary Record, v.120, n.8a, p , Ciência Rural, v.38, n.4, jul, 2008.

83 81 6. CAPÍTULO 5 Intoxicação em ovinos por Nierembergia veitchii: observações em quatro surtos Daniel R. Rissi, Raquel R. Rech, Felipe Pierezan, Glaucia D. Kommers e Claudio S.L. Barros (Artigo publicado na revista Ciência Rural, v. 37, n. 5, p , 2007)

84 Ciência Rural, Santa Maria, Intoxicação v.37, n.5, em ovinos p , por Nierembergia set-out, 2007 veitchii: observações em quatro surtos. ISSN Intoxicação em ovinos por Nierembergia veitchii: observações em quatro surtos Poisoning in sheep by Nierembergia veitchii: observations in four outbreaks Daniel Ricardo Rissi I Raquel Rubia Rech I Felipe Pierezan I Glaucia Denise Kommers II Claudio Severo Lombardo de Barros* II RESUMO Foram observados casos de morte súbita e doença crônica e caquetizante em ovinos provenientes de quatro rebanhos localizados em três municípios do Rio Grande do Sul, Brasil, entre junho de 2001 e maio de De uma população total sob risco de 460 ovinos, 43 foram afetados, 29 morreram espontaneamente e 10 foram eutanasiados. Treze ovinos, provenientes dos Surtos 1 e 4, apresentaram morte súbita e grande quantidade de espuma branca na cavidade nasal e oral e 30 ovinos, provenientes dos Surtos 2 e 3, apresentaram doença crônica com perda de peso, relutância em se movimentar, andar rígido, abdômen retraído e cifose. Doze ovinos foram necropsiados. Lesões de necropsia incluíam má condição da carcaça, com depleção dos depósitos de gordura, e mineralização de vários tecidos. Havia evidente rigidez das grandes artérias, que apresentavam superfície intimal irregular e dura, com múltiplas placas irregulares brancas e opacas. Áreas semelhantes de mineralização também eram observadas no endocárdio valvar ou mural, nas serosas uterina, omasal, ruminal e reticular e no parênquima renal. Em seis ovinos havia moderado a acentuado edema pulmonar e em sete ovinos havia áreas multifocais ou coalescentes, brancas e duras, na superfície subpleural dos pulmões. Histologicamente havia mineralização sistêmica dos tecidos, caracterizada por fina granulação basofílica em vários órgãos. Nas artérias, a mineralização era observada principalmente na túnica média e freqüentemente havia proliferação intimal e ocasional metaplasia condróide ou óssea da média. Em sete ovinos foi observada mineralização dos vasos da rete mirabile carotídea. No miocárdio e no pulmão, podiam ser observados focos de calcificação e metaplasia óssea em cardiomiócitos e septos alveolares, respectivamente. Em cada uma das propriedades onde ocorreram os casos havia infestação da pastagem por Nierembergia veitchii. Palavras-chave: plantas tóxicas, doenças de ovinos, calcinose enzoótica, mineralização sistêmica, Nierembergia veitchii, patologia. ABSTRACT Sudden death and chronic disease were observed in sheep from four herds in three cities from Rio Grande do Sul, Brazil, between June 2001 and May From a total population at risk of 460 sheep of various ages 43 were affected, 29 died spontaneously and 10 were euthanatized. Thirteen sheep from outbreaks 1 and 4 had sudden death with large amount of froth in oral and nasal cavities; thirty sheep from outbreaks 2 and 3 had a chronic course of loss of weight, reluctance to move, stiff gait, tucked abdomen and kyphosis. A total of 12 sheep were necropsied. Gross changes included poor body condition with depletion of fat deposits and mineralization of several tissues. The large arteries were rigid and had a hard and irregular intimal surface due to irregular prominent whitish opaque plaques. Mineralization was also observed in valvar and mural endocardium and in the uterine, omasal, ruminal and reticular serosa and in the renal parenchyma. Moderate to severe lung edema was observed in six sheep and multifocal to coalescing hard white areas were observed in the subpleural lung parenchyma of seven sheep. Histologically there was systemic tissue mineralization characterized by fine basophilic granules deposited in several tissues. In the arteries mineralization was mainly in the subintimal media and frequently there was intimal proliferation and occasional chondroid and osseous metaplasia of the media. Mineralization of the carotid rete mirabile was observed in seven cases. Foci of mineralization and osseous metaplasia were also observed in the myocardium and alveolar septa. In each of the farms where the outbreaks occurred Nierembergia veitchii was found in the pastures. I Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, área de concentração em Patologia Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), , Santa Maria, RS, Brasil. II Laboratório de Patologia Veterinária, Departamento de Patologia, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. claudioslbarros@uol.com.br. *Autor para correspondência. Recebido para publicação Aprovado em Ciência Rural, v.37, n.5, set-out, 2007.

85 1394 Rissi et al. Key words: poisonous plants, sheep diseases, enzootic calcinosis, systemic mineralization, Nierembergia veitchii, pathology. INTRODUÇÃO Nierembergia veitchii é uma planta rasteira encontrada no Rio Grande do Sul, onde cresce misturada à vegetação nativa. A planta floresce no período entre outubro e fevereiro, mas seu ciclo pode sofrer variações de acordo com as condições climáticas (TOKARNIA et al., 2000; MÉNDEZ & RIET-CORREA, 2001). No Brasil, a intoxicação por N. veitchii em ovinos é conhecida desde o final da década de 1960 como calcinose enzoótica (BARROS et al., 1970) e foi descrita posteriormente em várias regiões do Estado do Rio Grande do Sul (RIET-CORREA et al., 1987; BARROS et al., 1992). São afetados ovinos de todas as idades, com exceção de cordeiros lactentes, e não há predisposição por sexo ou raça. Os índices de morbidade variam amplamente e dependem da quantidade de planta disponível em cada piquete; a mortalidade varia de 1 a 25%. Bovinos raramente são afetados, em razão de possuírem hábitos alimentares diferentes aos dos ovinos, que pastejam a vegetação mais rasteira (RIET- CORREA et al., 1987). Os sinais clínicos desenvolvidos pelos ovinos afetados são de uma doença caquetizante, caracterizada por emagrecimento progressivo, andar rígido, abdômen retraído, respiração ofegante e decúbito. Achados de necropsia são caracterizados pelo endurecimento e pela perda da elasticidade de artérias, principalmente as de grande calibre, que apresentam placas brancas e elevadas na túnica íntima. Essas lesões também podem ser observadas nas valvas cardíacas, pulmões, rins e útero. Histologicamente, as áreas brancas observadas na necropsia correspondem a focos de mineralização, decorrentes da absorção do princípio tóxico da planta, que provoca degeneração e calcificação de fibras elásticas, hipercalcemia e hiperfosfatemia. O objetivo deste trabalho é descrever a epidemiologia, os sinais clínicos e os achados de necropsia e histopatológicos em quatro surtos de intoxicação por N. veitchii em ovinos ocorridos entre junho de 2001 e maio de 2006 em três municípios do Rio Grande do Sul, nos quais foram observados: 1) um quadro clínico distinto, caracterizado por morte súbita decorrente de insuficiência respiratória aguda secundária a edema pulmonar; e 2) mineralização dos vasos da rete mirabile carotídea, uma lesão ainda não descrita em casos de calcinose enzoótica. MATERIAL E MÉTODOS Dados epidemiológicos e clínicos foram obtidos junto aos proprietários e veterinários encarregados dos casos. Os surtos foram numerados de 1-4 e necropsias foram realizadas em 12 ovinos (Tabela 1). Fragmentos de vários órgãos foram coletados, fixados em formol a 10%, processados rotineiramente e corados pela técnica de hematoxilinaeosina (HE). Os encéfalos foram coletados inteiros, juntamente com o monobloco composto pelo gânglio de Gasser, pela rete mirabile carotídea e pela hipófise (GRH), e processados da mesma forma (BARROS & MARQUES, 2003). Adicionalmente, seções de GRH foram submetidas à coloração pela técnica de von Kossa para demonstração de cálcio. RESULTADOS Um resumo dos dados epidemiológicos dos quatro surtos descritos está na tabela 1. O surto 1 ocorreu no município de Jóia, em junho de Os ovinos apresentavam intolerância ao exercício e morte súbita, com grande quantidade de espuma na cavidade oral. Fragmentos de encéfalo e vários outros órgãos de um ovino, fêmea, com dois anos de idade, foram enviados ao Laboratório de Patologia Veterinária para exame histopatológico após morte espontânea. O surto 2 ocorreu no município de Nova Palma, de dezembro de 2004 a janeiro de Os ovinos afetados eram provenientes de dois lotes na propriedade. O Lote A era composto de 55 ovinos de aproximadamente um ano de idade; desses, três adoeceram e morreram. No Lote B havia 60 ovelhas adultas, das quais 16 adoeceram e três morreram. Os ovinos desenvolveram sinais clínicos de doença crônica e caquetizante, caracterizados por emagrecimento progressivo, andar rígido, abdômen retraído e cifose. Durante uma semana, foram acompanhadas clinicamente e necropsiadas nove ovelhas de 3-5 anos, provenientes do Lote B. Esses ovinos apresentavam má condição corporal, relutância em se movimentar, andar rígido e decúbito. Quando se movimentavam, ocorria exacerbação dos sinais clínicos, dispnéia, taquicardia e, em alguns ovinos, podia ser observada espuma branca nas narinas. Na maioria dos ovinos podia ser notado endurecimento da artéria femoral à palpação. Um desses ovinos morreu espontaneamente um dia após ter sido forçado à movimentação e era o que apresentava os sinais mais acentuados da doença (Figura 1A). Os demais ovinos foram submetidos à eutanásia. Ciência Rural, v.37, n.5, set-out, 2007.

86 Intoxicação em ovinos por Nierembergia veitchii: observações em quatro surtos Tabela 1 - Dados epidemiológicos dos surtos de intoxicação por Nierembergia veitchii em ovinos em quatro propriedades rurais do Rio Grande do Sul. Surto Município Época Ovinos no rebanho Ovinos afetados Ovinos mortos Ovinos eutanasiados Ovinos necropsiados 1 Jóia jun/ Nova Palma dez/2004 a jan/ Júlio de Castilhos jan/ Júlio de Castilhos mai/ O surto 3 ocorreu no município de Júlio de Castilhos, em janeiro de No intervalo de um mês, morreram 10 ovinos com sinais de emagrecimento progressivo e apatia. Um ovino, fêmea, com quatro anos de idade, foi submetido à eutanásia e necropsiado. O surto 4 ocorreu no município de Júlio de Castilhos em maio de Três ovinos morreram subitamente e apresentavam grande quantidade de espuma na cavidade nasal e oral. Uma ovelha, com dois anos de idade, foi necropsiada após morte espontânea. Em todas as propriedades os ovinos estavam em piquetes de campo nativo infestados por N. veitchii. Os achados de necropsia foram consistentes em todos os ovinos necropsiados, os quais eram caracterizados por má condição da carcaça e depleção dos depósitos de gordura. Havia espessamento, enrugamento e perda da elasticidade das grandes artérias elásticas (aorta, renal, femoral e carótida); em um ovino, essa alteração foi observada somente na artéria aorta. A íntima desses vasos apresentava superfície irregular e dura, com múltiplas placas irregulares brancas e opacas elevadas na túnica íntima (Figura 1B e 1C). Áreas semelhantes eram observadas como estrias ou placas de aproximadamente 2-5mm distribuídas no endocárdio da valva atrioventricular esquerda, ou endocárdio mural, e nas serosas uterina, omasal, ruminal e reticular. Em um ovino, foram observadas estrias brancas e firmes na região medular dos rins. Os pulmões estavam armados, brilhantes, úmidos e vermelhos em seis ovinos e havia moderada ou acentuada quantidade de espuma branca no interior da traquéia e brônquios; ao corte, grande quantidade de líquido fluía do parênquima pulmonar. Um ovino (proveniente do surto 4) apresentava grande quantidade de espuma branca na cavidade nasal e oral. Em sete ovinos havia áreas multifocais ou coalescentes, brancas e duras, na superfície pleural de ambos os pulmões, principalmente nas bordas. Histologicamente, todos os ovinos apresentaram mineralização dos tecidos moles, que variou quanto à localização e intensidade nos 12 casos examinados. As lesões eram observadas principalmente nas grandes artérias elásticas e eram caracterizadas por áreas multifocais ou focalmente extensas de fina granulação basofílica na túnica média (Figura 1D). Em algumas áreas, havia metaplasia condróide ou óssea e a proliferação da íntima desses vasos foi um achado freqüente. Essas alterações também foram observadas em artérias cardíacas (Figura 1D), pulmonares e renais. No miocárdio e no pulmão, podiam ser observados focos de calcificação e metaplasia óssea em cardiomiócitos e septos alveolares, respectivamente, com infiltrado linfoistiocitário leve e células gigantes multinucleadas. A maioria dos alvéolos estava preenchida por material homogêneo eosinofílico (edema) nos ovinos dos surtos 1 e 4. No rim, havia mineralização do epitélio tubular, principalmente na região medular. Em sete ovinos, foi observada mineralização dos vasos da rete mirabile carotídea (Figura 1E), evidenciada pela técnica de von Kossa (Figura 1F). Não foram observadas lesões nos encéfalos dos ovinos necropsiados. DISCUSSÃO O diagnóstico de intoxicação por N. veitchii neste relato foi realizado com base nos achados epidemiológicos, clínicos, de necropsia e histopatológicos e confirmado pela constatação da presença da planta nas propriedades. Esses achados foram idênticos aos já relatados por outros autores em casos de calcinose enzoótica em ovinos (BARROS et al., 1970; RIET-CORREA et al., 1987; BARROS et al., 1992) e são semelhantes aos descritos na intoxicação por Solanum malacoxylon em bovinos no Rio Grande do Sul (RIET-CORREA et al., 1987). A diferenciação entre as duas condições é realizada com base na espécie afetada e na ocorrência das duas plantas. Intoxicação por N. veitchii afeta principalmente ovinos em razão do hábito de pastejo rasteiro dessa espécie; além disso, surtos de intoxicação por S. malacoxylon são raros no Rio Grande do Sul, pois a planta tem maior distribuição na Região Centro-Oeste do país (TOKARNIA et al., Ciência Rural, v.37, n.5, set-out, 2007.

87 1396 Rissi et al. Figura 1 - Intoxicação por Nierembergia veitchii em ovinos. A. Ovino em má condição corporal e relutante em se movimentar. B. Artéria aorta, valvas semilunares. Superfície irregular e dura, com múltiplas placas brancas e opacas elevadas na túnica íntima. C. Artéria aorta torácica. Lesão semelhante à obseravada em B, mais acentuada. D. Artéria no coração com áreas lineares de granulação basofílica na túnica média (mineralização) e acentuada proliferação da túnica íntima. Hematoxilina-eosina. E. Vaso da rete mirabile carotídea. As áreas de mineralização (basofílicas) observadas na hematoxilina-eosina são mais bem evidenciadas (em negro) pela técnica de Von Kossa (F). 2000); adicionalmente, casos de calcinose sem causa definida em bovinos e ovinos têm sido descritos nessas regiões (NAKAZATO et al., 2005; SANTOS et al., 2005). Em dois surtos deste estudo os casos foram observados nos meses de dezembro de 2004 (surto 2) e janeiro de 2005 (surto 3), época em que costuma ocorrer um maior número de casos da doença. Surtos de intoxicação por N. veitchii são sazonais e iniciam a partir de setembro-outubro, durante a floração da planta, e se estendem até meados de janeiro-fevereiro, quando a infestação diminui nos pastos (RIET- CORREA et al., 1987). Nos surtos 1 e 4 deste estudo, os Ciência Rural, v.37, n.5, set-out, 2007.

88 Intoxicação em ovinos por Nierembergia veitchii: observações em quatro surtos casos foram registrados em junho de 2001 e maio de 2006, respectivamente, e os ovinos provenientes dessas duas propriedades apresentaram uma manifestação clínica diferente do que é descrito em casos de intoxicação por N. veitchii. Nesses casos, acentuado edema pulmonar resultou na morte dos ovinos por insuficiência respiratória aguda. Circunstâncias semelhantes foram observadas em casos da doença (BARROS et al., 1992) em ovelhas após a parição e foram atribuídas à calcificação das valvas cardíacas, que culminaram com edema pulmonar e morte dos animais. Adicionalmente, esse tipo de manifestação clínica pode ser atribuído ao fato de que, no final do outono e início do inverno (época de parição de ovinos no RS), as reservas energéticas dos ovinos estejam escassas, o que favoreceria uma exacerbação do quadro clínico e a morte dos animais afetados. O princípio tóxico de N. veitchii é um derivado glicosídeo do calcitriol, ou 1,25(OH)2D 3, e seu efeito direto sobre as fibras elásticas teciduais e a indução de hipercalcemia são os dois fatores responsáveis pela mineralização dos tecidos nos ovinos que ingerem a planta. O espessamento da íntima das artérias provavelmente seja o resultado da ação dessa substância sobre as células musculares lisas da média, induzindo sua diferenciação, migração para a íntima e proliferação no espaço intimal, como foi evidenciado pela reação positiva pela técnica de imunoistoquímica à -actina de células musculares lisas (VASCONCELOS et al., 1998). Em sete casos deste estudo foi observada mineralização dos vasos da rete mirabile carotídea. Essa lesão ainda não havia sido descrita em casos de calcinose enzoótica, provavelmente devido ao fato de que o monobloco GRH não é normalmente examinado na rotina de necropsia de ruminantes nos laboratórios de diagnóstico. A partir de uma série de estudos de doenças do sistema nervoso central (SNC) de ruminantes, foi introduzida em nossa rotina de necropsia a coleta, juntamente com o SNC, do monobloco composto pelo GRH. Esse procedimento demonstrou que essa estrutura tem utilidade no diagnóstico diferencial de algumas doenças do SNC de bovinos (RECH et al., 2006) e os resultados deste trabalho demonstram sua importância também na espécie ovina. Depressão ou apatia, andar rígido e decúbito são sinais clínicos freqüentemente desenvolvidos por ovinos afetados pela calcinose enzoótica e podem ser confundidos com sinais de doenças neurológicas (INNES & SAUNDERS, 1962). Nesses casos, o exame do GRH associado aos dados epidemiológicos seria definitivo no diagnóstico de intoxicação por N. veitchii em aproximadamente 70% dos casos (se for considerado que em apenas 10 casos essa estrutura pôde ser examinada), principalmente em ocasiões onde não é possível o exame do encéfalo (RECH et al., 2006) ou quando o veterinário encarregado, suspeitando de doença neurológica, remete somente a cabeça do animal para o exame, como é comum em nossa rotina. De uma população total sob risco de 460 ovinos de várias idades em quatro propriedades rurais, 43 foram afetados pela doença e 29 morreram espontaneamente, o que resulta em um coeficiente de morbidade de 9,34%. Como 10 ovinos foram eutanasiados e não se sabe se houve recuperação de outros animais nos rebanhos, não foi possível calcular os índices de mortalidade e letalidade. Não há tratamento específico para a intoxicação por N. veitchii e a remoção dos ovinos afetados do piquete infestado pela planta pode propiciar uma melhora clínica dos animais afetados, porém não é muito eficaz (SCHILD, 1993; TOKARNIA et al., 2000; MÉNDEZ & RIET-CORREA, 2001). O veterinário responsável pelos casos do surto 1 informou que os outros ovinos foram retirados da pastagem logo após o diagnóstico ter sido feito e que não havia observado novos casos. Podem ser realizadas medidas de controle da planta ou o uso de bovinos na época de sua ocorrência, pois essa espécie normalmente não ingere a planta devido aos seus hábitos alimentares e, caso haja consumo, são necessárias grandes quantidades da planta para o desenvolvimento da doença (SCHILD, 1993; TOKARNIA et al., 2000; MÉNDEZ & RIET-CORREA, 2001). Outra opção é que ovinos com estado corporal razoável poderiam ser destinados ao abate com o objetivo de reduzir em parte as perdas econômicas (BARROS et al., 1992). A partir dos casos deste estudo, é possível concluir que casos de morte súbita em ovinos causados pela intoxicação por N. veitchii podem ocorrer ocasionalmente, principalmente em ovelhas no período pré-parto. Além disso, na maioria desses casos, há mineralização dos vasos da rete mirabile carotídea, o que demonstra a importância do exame dessa estrutura. AGRADECIMENTOS E APRESENTAÇÃO Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de bolsa ao primeiro autor. Parte da Tese de Doutorado em Medicina Veterinária do primeiro autor. REFERÊNCIAS BARROS, C.S.L; MARQUES, G.H.F. Procedimentos para o diagnóstico das doenças do sistema nervoso central de Ciência Rural, v.37, n.5, set-out, 2007.

89 1398 Rissi et al. bovinos. Brasília: Departamento de Defesa Animal, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), p. BARROS, S.S. et al. Evolução clínica e reversibilidade das lesões da calcinose enzoótica dos ovinos induzida por Nierembergia veitchii. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.12, n.1/2, p.5-10, BARROS, S.S. et al. Zur kalzinose beim schaf. Deutsche Tierärtzliche Wochenschrift, v.77, p , INNES, J.R.M.; SAUNDERS, L.Z. Comparative neuropathology. New York: Academic, p. MÉNDEZ, M.C.; RIET-CORREA, F. Intoxicações por plantas e micotoxinas. In: RIET-CORREA, F. et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. São Paulo: Varela, Cap.3, p NAKAZATO, L. et al. Enzootic calcinosis in the pantanal of Mato Grosso State. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.57, supl.1, p.21, RECH, R.R. et al. Histomorfologia do gânglio de Gasser, da rete mirabile carotídea e da hipófise de bovinos: estudo de 199 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.26, n.2, p , RIET-CORREA, F. et al. Enzootic calcinosis in sheep caused by the ingestion of Nierembergia veitchii (Solanaceae). Pesquisa Veterinária Brasileira, v.7, n.3, p.85-95, SANTOS, A.S. et al. Calcinose em ruminantes de etiologia desconhecida no Estados de Goiás GO. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.57, supl.1, p.76, SCHILD, A.L. Intoxicação por Nierembergia veitchii. In: RIET-CORREA, F. et al. Intoxicações por plantas e micotoxicoses em animais domésticos. Pelotas: Hemisfério Sul, Cap.13, p TOKARNIA, C.H. et al. Plantas tóxicas do Brasil. Rio de Janeiro: Helianthus, p. VASCONCELOS, R.O. et al. Arterial diffuse intimal thickening associated with enzootic calcinosis of sheep. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.18, n.1, p.9-15, Ciência Rural, v.37, n.5, set-out, 2007.

90 88 7. CAPÍTULO 6 Chronic and acute clinical manifestations associated with systemic mineralization caused by ingestion of Nierembergia veitchii in sheep in southern Brazil Daniel R. Rissi, Corrie C. Brown e Claudio S.L. Barros (Artigo publicado na revista Small Ruminant Research, n. 87, p , 2010)

91 Small Ruminant Research 87 (2009) Contents lists available at ScienceDirect Small Ruminant Research journal homepage: Short communication Chronic and acute clinical manifestations associated with systemic mineralization caused by ingestion of Nierembergia veitchii in sheep in southern Brazil Daniel R. Rissi a,1, Corrie C. Brown b,2, Claudio S.L. Barros a, a Departamento de Patologia, Laboratório de Patologia Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria, Campus Camobi, Santa Maria, RS, Brazil b Department of Veterinary Pathology, College of Veterinary Medicine, The University of Georgia, Athens, GA , United States article info abstract Article history: Received 24 June 2009 Received in revised form 11 September 2009 Accepted 29 September 2009 Available online 29 October 2009 Keywords: Sheep diseases Systemic mineralization Enzootic calcinosis Nierembergia veitchii Enzootic calcinosis associated with Nierembergia veitchii ingestion occurs in sheep in southern Brazil, and has been described as a chronic disease. However, in recent years this plant has been associated with cases of acute disease and sudden death in sheep. Data from 12 sheep flocks affected by this toxicosis in southern Brazil, between 1990 and 2007, are described. Thirty-five sheep were necropsied. Twenty-four had a history of chronic disease with weight loss, stiff gait, tucked abdomen, kyphosis, and recumbency. Eleven sheep died suddenly with no prior history of severe illness. In all affected sheep, gross changes included poor body condition and widespread mineralization of several tissues, more prominent in blood vessels and heart valves. In addition, sheep that experienced sudden death had moderate to severe pulmonary edema. There was a distinct seasonal pattern to the clinical presentations, with chronic disease occurring in spring and summer and the acute cases dying in fall and winter. Stress of parturition or poor climatic/nutritional conditions may have precipitated the acute deaths Published by Elsevier B.V. 1. Introduction Systemic mineralization in sheep known as enzootic calcinosis (EC) has been described in Rio Grande do Sul state, southern Brazil, since the late 1960s (Barros et al., 1970) and is attributed to the ingestion of Nierembergia veitchii (Fig. 1)(Riet-Correa et al., 1987). The disease affects sheep that classically develop a chronic disorder characterized by weight loss, stiff gait, tucked abdomen, dyspnea, kyphosis, and recumbency (Barros et al., 1970; Riet-Correa Corresponding author. Tel.: ; fax: addresses: danielricardorissi@yahoo.com.br (D.R. Rissi), corbrown@uga.edu (C.C. Brown), claudioslbarros@uol.com.br (C.S.L. Barros). 1 Tel.: ; fax: Tel.: ; fax: et al., 1987). Sheep ingest N. veitchii during the flowering period (September and October) and cases of EC in southern Brazil are usually detected from these months through February (Barros et al., 1970; Riet-Correa et al., 1987; Barros et al., 1992). In addition to the usual and well known chronic clinical presentation of EC in sheep, cases of sudden death associated with acute pulmonary edema have been observed in our laboratory in recent years. Herein we describe the epidemiological, clinical, and pathological findings of 35 sheep affected by EC in southern Brazil between 1990 and 2007 and compare the classical chronic clinical form of the disease with the unusual, acute clinical presentation of the EC in these outbreaks. 2. Materials and methods An 18-year ( ) database search in the files of the Laboratory of Veterinary Pathology of the Universidade Federal de Santa /$ see front matter 2009 Published by Elsevier B.V. doi: /j.smallrumres

92 D.R. Rissi et al. / Small Ruminant Research 87 (2009) Fig. 1. Blooming specimen of Nierembergia veitchii photographed during spring in southern Brazil. Fig. 3. Abdominal aorta. The intimal surface is rigid and presents with multifocal to coalescing, hard and irregular whitish plaques. Maria was done. Necropsy reports of all sheep submitted to the laboratory were reviewed. Information such as age, breed, clinical signs, necropsy findings, and histopathologic findings were obtained from all cases diagnosed as poisoning by N. veitchii during the period. 3. Results Twelve sheep flocks were affected by EC in central Rio Grande do Sul state, southern Brazil between 1990 and Necropsies were done on 35 sheep from these flocks. Twenty-nine sheep were females and four were males. In two cases the sex was not determined. Affected sheep were 1 3 years of age and represented several different breeds. Twenty-four (68.5%) sheep experienced the classic, chronic clinical disease with severe weight loss, stiff gait, reluctance to move, tucked abdomen, kyphosis, and recumbency (Fig. 2). All of these chronic cases occurred in the spring and summer. Eleven (31.5%) sheep had an unusual history with sudden death and white froth in the nostrils. Two out of these 11 sheep died immediately following parturition. These acute cases all occurred in the fall and winter (in cold weather with lack of good forage). Poor body condition and widespread mineralization of several soft tissues were seen grossly in all cases. The large arteries were rigid and had a hard and irregular intimal surface due to deposition of numerous, multifocal to coalescing, firm and prominent white opaque plaques (Fig. 3). Mineralization was also present in the cardiac valves and mural endocardium of the left heart (Fig. 4), kidneys, lungs, and in the ruminal, omasal, abomasal, and uterine serosae. In these organs, mineralization was characterized by deposition of fine, white and sometimes chalky streaks. In the acute clinical cases, in addition to the systemic mineralization, there was moderate to severe pulmonary edema (Fig. 5). In each of the farms where the outbreaks occurred, N. veitchii was abundant in the pastures. Regardless of the clinical presentation, systemic tissue mineralization characterized by fine basophilic granules deposited in several tissues was seen histologically in all affected sheep. These granular deposits stained black with Fig. 2. Affected sheep showing signs of chronic disease such as wasting, and tucked abdomen. Fig. 4. Multifocal endocardial mineralization was a prominent finding in all affected sheep. The intimal surface of the aorta is also mineralized.

93 104 D.R. Rissi et al. / Small Ruminant Research 87 (2009) Fig. 5. The lung did not collapse due to severe edema and septal mineralization in a sheep affected by acute clinical disease. von Kossa staining method (confirming to be mineral). Mineralization of the tunica media with varying degrees of intimal proliferation (Fig. 6) and occasional cartilaginous and osseous metaplasia of the media were present in the aorta, carotid, and renal arteries, myocardium and alveolar septa of the lung. Mineralization of the arteries of the carotid rete mirabile was present in 7 out of 12 cases in which this structure was sampled. 4. Discussion Cases of EC have been described in ruminants and horses and can be associated with the ingestion of a wide range of calcinogenic plants including N. veitchii, Solanum malacoxylon, S. torvum, S. esuriale, S. verbascifolium, Cestrum diurnum, and Trisetum flavescens (Mello, 2003). Characteristically, affected animals develop a chronic and wasting disease, with a very similar clinical and pathological presentation regardless of the plant involved (Barros et al., 1970, 1992; Gill et al., 1976; Riet-Correa et al., 1987). In this report we describe a poorly characterized (Tustin et al., 1973), acute disease in sheep caused by ingestion of N. veitchii, a well known calcinogenic plant associated with chronic disease in southern Brazil. All cases characterized by chronic disease occurred in the spring and summer. These findings reflect the epidemiological and clinical patterns usually described in cases of EC due to ingestion of N. veitchii in sheep (Barros et al., 1970; Riet-Correa et al., 1987). Affected sheep ingest N. veitchii during the flowering period (September and October) and clinical cases are commonly detected from these months through February, at which time the plant becomes much less available in the pastures. Those sheep with sudden death (acute clinical disease) all died during the fall and winter (April August). In these acute clinical cases, there were the same gross and histological findings observed in the chronic cases and in addition, there was moderate to severe pulmonary edema. It is apparent that this toxicosis has a chronic development in both cases with an acute outcome in some of the affected sheep. It is likely that these sheep with acute clinical disease ingested the plant in the flowering period, but not in sufficient amounts to cause any clinical signs. Parturition and the adverse seasonal climatic conditions (cold weather and relative lack of pasture at this time) could have played a role in the debilitation and precipitation of death in these cases (Gill et al., 1976). Mineralized heart valves and/or vasculature could predispose to heart failure in acutely stressed animals, with resultant terminal pulmonary edema (Barros et al., 1992). The differentiation between the acute and chronic clinical disease caused by ingestion of N. veitchii in this study was based on clinical data and on the observation of moderate to severe pulmonary edema in the acute cases. The dyspnea observed in the sheep with chronic disease was associated with widespread pulmonary mineralization and underlying cardiovascular insufficiency. The clinical outcome in the acute cases was much more severe since the marked dyspnea (with pulmonary mineralization) was accompanied by acute pulmonary edema. 5. Conclusions Poisoning by N. veitchii accounted for approximately 10% of the conclusive diagnoses in sheep examined in our laboratory during the last 18 years, and was the second most important disease of sheep diagnosed in this period. Therefore, it is important that practitioners be aware of the characteristics of both clinical presentations of EC in sheep caused by ingestion of N. veitchii in southern Brazil. References Fig. 6. A focally extensive area with deposition of basophilic granular material (mineral) is observed in the tunica media of a large artery. There is also marked intimal proliferation (left). Hematoxylin eosin, 40. Barros, S.S., Driemeier, D., Santos, M.N., Guerreiro, A.M., Evolução clínica e reversibilidade das lesões da calcinose enzoótica dos ovinos induzida por Nierembergia veitchii. Pesq. Vet. Bras. 12 (1/2), Barros, S.S., Pohlenz, J., Santiago, C., Zur kalzinose beim Schaf (on sheep calcinosis). Dtsch. Tierärtzl. Wochenschr. 77, Gill, B.S., Singh, M., Chopra, A.K., Enzootic calcinosis in sheep: clinical signs and pathology. Am. J. Vet. Res. 37, Mello, J.R.B., Calcinosis calcinogenic plants. Toxicon 41, Riet-Correa, F., Schild, A.L., Mendez, M.C., Wasserman, R., Krook, L., Enzootic calcinosis in sheep caused by the ingestion of Nierembergia veitchii (Solanaceae). Pesq. Vet. Bras. 7, Tustin, R.C., Pienaar, C.H., Schmidt, J.M., Enzootic calcinosis of sheep in South Africa. J. S. Afr. Vet. Assoc. 44,

94 92 8. CAPÍTULO 7 Poisonous Plants Affecting Sheep in Southern Brazil Daniel R. Rissi, Fabiano J.F. Sant Ana, Felipe Pierezan, Bruno L. Anjos e Claudio S.L. Barros (Capítulo aceito para publicação em Poisonous Plants: Global Research and Solutions. 2010, in press)

95 93 Poisonous Plants Affecting Sheep in Southern Brazil D.R. Rissi, F.J.F. Sant Ana, F. Pierezan, B.L. Anjos, and C.S.L. Barros Laboratório de Patologia Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, , Brazil. Introduction The ingestion of toxic plants is an important cause of direct and indirect losses of livestock worldwide. Associated problems include death of animals, reproductive failure such as abortion and congenital defects, and chronic disease leading to poor development and weight loss. A review of the most important poisonous plants that affect cattle in southern Brazil was conducted by the Laboratory of Veterinary Pathology (LVP) of the Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). The results of that study demonstrated that the main cause of death in cattle was liver failure induced by the ingestion of Senecio spp. In an effort to compile a similar data set for sheep affected by plant toxicosis in southern Brazil, an 18-year ( ) database search was done in the files of the LVP-UFSM and the results are reported here. Necropsy reports of sheep that died due to ingestion of toxic plants were evaluated. Epidemiology Five hundred and seventeen sheep were examined in the LVP-UFSM over the past 18 years. Of these, 361 had a conclusive diagnosis, 67 (18.5%) of which were cases of toxic plant poisoning. Plants involved in the death of sheep in this period included Nierembergia veitchii (35 cases [52.2%]), Senecio spp. (22 cases [32.8%]), Brachiaria brizantha (4 cases [5.9%]), Phytolacca decandra (3 cases [4.4%]), Erythroxylum argentinum (2 cases [3%]), and Solanum pseudocapsicum (1 case [1.5%]). Additionally, in 23 cases a presumptive diagnosis of toxic plant poisoning was made based on the epidemiology, clinical signs and pathology, but the identification or the confirmation of the possible specific plant involved as a cause was not determined. These cases include 13 cases of hepatocellular centrilobular necrosis, 5 cases of hepatogenous photosensitization, 5 cases of acute renal tubular necrosis, and 1 case of subacute skeletal muscle degeneration and necrosis. Five cases of Senecio sp. poisoning in this study were biopsies that were done in sheep that later on either died or were euthanized and necropsied. Poisoning by Nierembergia veitchii

96 94 Sheep affected by systemic mineralization due to ingestion of N. veitchii presented with two different clinical diseases. Twenty-four had a history of chronic disease with weight loss, stiff gait, tucked abdomen, kyphosis, and recumbency. Eleven sheep died suddenly with white froth oozing out from the nostrils. Grossly, all affected sheep had poor body condition and widespread mineralization of soft tissues, more prominent in blood vessels and heart valves. Mineralization was characterized by multiple, firm to hard, irregular, whitish and opaque plaques in the intimal surface of large elastic arteries and endocardium. In the kidneys, lungs, and in the ruminal, omasal, abomasal, and uterine serosae mineralization was characterized by multifocal, white and chalky streaks. Additionally, sheep with sudden death had moderate to severe pulmonary edema. Histologically, soft tissue mineralization was characterized by multifocal deposition of finely granular, basophilic granules in soft tissues (more prominent in the arteries, endocardium and lungs). In the arteries there was mineralization of the tunica media (with occasional cartilaginous and osseous metaplasia) and intimal proliferation. Cartilaginous and osseous metaplasia was usually observed in the alveolar septa. In some cases it was possible to observe multinucleated giant cells surrounding these foci of metaplasia. Systemic mineralization due to ingestion of N. veitchii has been classically described as a chronic disease with severe weight loss and ill thrift (Barros et al. 1970; Riet-Correa et al. 1987; Barros et al. 1992). Cases with chronic disease occurred in the spring and summer which is the epidemiological pattern described in cases of poisoning by N. veitchii. Usually sheep will ingest the plant in the flowering period (September and October) and clinical cases will be detected from these months through February. All cases with sudden death were seen in the fall and winter (Rissi et al. 2007). It seems that in these cases the toxicosis had a chronic development with an acute outcome. Probably these sheep with acute clinical disease also ingested the plant in the flowering period, but not in sufficient amounts to cause clinical disease. Stressful could have played a role in the debilitation and precipitation of death. Mineralized heart valves and/or vasculature could predispose to heart failure in acutely stressed animals, with resultant terminal pulmonary edema and death (Barros et al. 1992). Poisoning by Senecio spp. Most of the cases of poisoning by Senecio spp. in sheep were already reported (Ilha et al. 2004). Affected sheep presented with ulcerative or crusting lesions of photosensitization on the external aspect of the ears, periocular areas, and nostrils. Less frequently there was wool loss in the dorsal areas of the body. Lethargy, weight loss, depression, incoordination, aimless walking, wide base stance, recumbency, and dyspnea were also commonly observed. In these cases affected sheep either died due to hepatic insufficiency or were euthanized in extremis. Six sheep died or were euthanized in consequence of acute hemolysis due to hepatogenous secondary copper poisoning. In these cases affected sheep also presented with intense icterus and dark red to brown urine (confirmed as hemoglobinuria). Grossly, all affected sheep had a small and diffusely firm liver with numerous, well circumscribed, white to yellow nodules with 1-3 mm in diameter (regeneration nodules) distributed throughout the natural and cut surface. A diffuse, white, and fine reticular

97 95 pattern (fibrosis) could be observed on the cut surface. Other consistent findings included ascites and hydropericardium. In addition, sheep that presented with hemolytic anemia had icterus, diffuse tan discoloration in the liver, dark red and swollen kidneys, and dark urine. Variable degrees of hepatic fibrosis with portal or bridging deposition of connective tissue, bile duct hyperplasia, hepatomegalocytosis, hepatocelular necrosis (of small groups or isolated hepatocytes), and regenerative nodules were seen histologically in all affected sheep. Macrophages with intracytoplasmic, dark brown or gray pigment were observed predominantly in the portal areas but also in the sinusoids. This pigment was confirmed to be either ceroid or copper (through periodic acid-schiff and rhodanine special stains respectively). Hepatocellular pseudoinclusions and multifocal lymphoplasmacytic inflammatory infiltrate were also seen in the liver. Additionally, multifocal tubular renal necrosis with intraepithelial, granular, dark brown pigment was observed in the kidneys of sheep that developed hemolytic anemia. This pigment was confirmed to be hemosiderin through Pearls s special stain. Intratubular casts of glassy, tan pigment (hemoglobin) was also seen in these cases. Spongy degeneration (periaxonal vacuolation of the myelin sheets) was observed in the brain of 9 affected sheep. Changes were more prominent in the subcortical white matter in the cerebral cortex, thalamus, midbrain and brainstem. Epithelial necrosis, with serocellular crust formation, hyperkeratosis and diffuse dermal neutrophilic infiltrate was observed in the skin. Sheep are much more resistant than cattle to the action of pyrrolizidine alkaloids (PA) present in species of Senecio spp. (Craig et al. 1992; Huan et al. 1998). This resistance has been used in favor to the control of the plant in areas where the toxicosis is a problem in cattle. However, sheep can be affected by PA toxicosis under certain circumstances such as (1) intense infestation of the pastures by Senecio spp. or other plants with PA; (2) low number of sheep grazing in infested pastures; (3) long period of time in infested pastures; and (4) starvation (Ilha et al. 2004). In these cases, affected sheep can develop either chronic hepatic insufficiency with hepatic fibrosis due to ingestion of PA for a long period or massive acute hepatic necrosis due to ingestion of high amounts of PA in a short period (Kellerman et al. 2007). In 6 cases in this study affected sheep developed acute hemolysis due to hepatogenous copper toxicosis. In these cases copper is released from the hepatocytes due to chronic hepatic disease caused by the action of PA. The copper reaches the blood stream and causes intravascular hemolysis with consequent icterus, hemoglobinuria, and renal tubular necrosis. This is a common outcome in cases of chronic PA toxicosis in sheep since the diffuse liver damage overwhelms the capacity of copper storage by the hepatocytes. Poisoning by Brachiaria brizantha Only one outbreak of poisoning by B. brizantha was observed in these 18 years. Affected sheep developed intense facial edema and ulcerative and crusting lesions on the ears, periocular skin, nostrils, and vulva. Grossly there was mild to moderate icterus and marked hepatic lobular pattern. The liver had a diffuse tan to golden discoloration. In one case severe pulmonary edema was observed. Histologically there were variable degrees of portal hepatic fibrosis, hepatomegalocytosis, lymphohistioplasmacytic cholangitis, bile

98 96 duct hyperplasia, and intracellular and intracanalicular bilestasis. Numerous macrophages with abundant and foamy cytoplasm were observed scattered throughout the parenchyma. No birefringent crystals were observed in these cases. Fragments of liver were submitted to lectin immunohistochemistry using Canavalia ensiformis agglutinin (Con A), Dolichos biflorus agglutinin (DBA), Glycine max agglutinin (SBA), Arachis hypogaea agglutinin (PNA), Ricinus communis agglutinin-i (RCA), and Triticum vulgaris agglutinin (WGA). These tests were performed in the Department of Veterinary Clinical Pathology of Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Positive staining was observed in the cytoplasm of hepatocytes, foamy macrophages, and biliary epithelium. Poisoning by Phytolacca decandra One outbreak of poisoning by P. decandra was observed and was detailed reported elsewhere (Peixoto et al. 1997). Affected sheep did not develop any clinical signs and died acutely. Grossly there was mild reddening of the ruminal mucosa. Histological findings included epithelial ruminal coagulative necrosis. Food restriction was attributed as the main factor that induced the ingestion of the plant in these cases. Experiments were done in our laboratory in two occasions (Peixoto et al. 1997; Ecco et al. 2001). In these cases sheep were fed P. decandra and developed clinical signs characterized by apathy, dyspnea, abdominal pain, reduced ruminal activity, hyperthermia, difficulty to stand, diarrhea, incoordination, muscular twitching, head-pressing, hyperesthesia, and hind limb ataxia. Gross and histological findings were similar to those observed in the natural cases. Cases of poisoning by P. decandra shared similar clinical and pathological characteristics to those described in cases of poisoning by Baccharis coridifolia in sheep in Rio Grande do Sul (Rozza et al. 2006) and Baccharidastrum triplinervum (Langohr et al. 2005). Poisoning by Erythroxylum argentinum Four outbreaks were seen and two necropsies were performed in cases of poisoning by E. argentinum (Barros et al. 2004). Affected sheep presented with lethargy, trembling, wide base stance, and reluctance to move. When forced to move they developed uncoordinated gait and falling. Some sheep died after exercise, with marked salivation, dyspnea and cyanosis. No gross or histological changes were seen. Similar disease was reported in sheep from other areas of Rio Grande do Sul state (Colodel et al. 2004). These cases were attributed to ingestion of E. deciduum. Poisoning by Solanum pseudocapsicum One single case of poisoning by S. pseudocapsicum was observed. The affected sheep had trembling, ataxia and salivation. No gross or histological changes were seen. The diagnostic was made based on the

99 97 evidence that the affected animals had eaten S. pseudocapsicum. Attempts to reproduce the disease in sheep and in a rabbit in our laboratory by administration of S. pseudocapsicum via oral did not show any results. Cases with presumptive diagnosis of plant toxicosis Sheep that presented with hepatic centrilobular necrosis developed either sudden death of clinical signs of lethargy, depression, recumbency, opisthotonus, and bloody diarrhea. Gross findings include hepatic swelling, with marked diffuse lobular pattern characterized by red, depressed areas surrounded by a clear halo. Additionally there was mesenteric and abomasal edema, and multifocal serosal hemorrhages. Diffuse, centrilobular to massive hepatocellular necrosis was observed histologically. Potential plants that could have caused the disease in these cases include Xanthium cavanillesii, Cestrum spp., Vernonia spp., Sessea brasiliensis, Dodonea viscosa, and Trema micrantha (Rissi et al. 2007). Acute poisoning by Senecio spp. causing hepatocellular necrosis has also been reported (Kellerman et al. 2007) and although has not been reported in Brazil it cannot be excluded in these cases. Sheep with hepatogenous photosensitization presented with crusting and ulcerative lesions in the face. Two sheep also developed mandibular subcutaneous edema. Grossly all affected sheep had a diffusely tan liver and variable degree of icterus. Histologically all affected sheep had diffuse bilestasis. No clinical records were given for the cases of renal tubular necrosis and no gross changes were seen. Histologically there was multifocal tubular epithelial necrosis. Additionally in two cases there were birefringent intratubular crystals. Additionally to tubular necrosis and deposition of crystals in the tubules, two sheep which had been placed in a pasture infested with Amaranthus sp. also presented multifocal ruminal epithelial necrosis with deposition of birefringent crystals in the epithelium and submucosa. It is known that Amaranthus spp. may contain oxalates (Marshall et al. 1967; Hill & Rawate 1982). Although it was clear that in that occasion affected sheep had ingested the plant, we were unable to reproduce the disease in sheep fed Amaranthus sp. Cases of degenerative myopathy were seen in one occasion. These sheep had ingested a ration made from agricultural byproducts. Affected sheep presented with dyspnea, falling and death. Grossly there were multifocal to coalescing pale areas distributed in several muscles. Histologically there was multifocal myofiber degeneration, necrosis and regeneration. In that occasion, the veterinary practitioner reported that horses, cattle, chickens, and a dog developed a similar disease at the same period after the ingestion of the same ration that the affected sheep had ingested. Experimentally, sheep fed the same ration for one month did not show any clinical signs. During 1990 and 2007, 517 sheep were examined in our laboratory. Out of these, 67 cases of plant toxicosis were diagnosed. Additionally, 23 diagnoses of presumptive toxic plant toxicosis were done. Poisoning by N. veitchii and Senecio spp. were by far the most important cause of death in sheep associated with toxic plants in this period. Cases of toxicosis by B. brizantha, Phytolacca spp., E. argentinum and S.

100 98 pseudocapsicum were uncommon or even rare, indicating that those plants are not an important cause of death in sheep flocks in southern Brazil. References Barros RR, Teixeira FR, Oliveira FN, Rissi DR, Rech RR, and Barros CSL (2004). Poisoning in sheep from the ingestion of fruits of Erythroxylum argentinum. Veterinary and Human Toxicology 46: Barros SS, Driemeier D, Santos MN, and Guerreiro JAM (1992). Evolução clínica e reversibilidade das lesões da calcinose enzoótica dos ovinos induzida por Nierembergia veitchii. Pesquisa Veterinária Brasileira 12:5-10. Barros SS, Pohlenz J, and Santiago C (1970). Zur kalzinose beim schaf. Deutsche Tier Wochen 77: Burrows GE, and Tyrl RJ (2001) Toxic Plants of North America, 1342 p. Iowa State University Press, Ames. Colodel EM, Seitz AL, Schmitz M, Borba MR, Raymundo DL, and Driemeier D (2004). Intoxicação por Erythroxylum deciduum (Erythroxylaceae) em ovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira 24: Craig AM, Latham CJ, Blythe LL, Schmotzer WB, and O Connor OA (1992). Metabolism of toxic pyrrolizidine alkaloids from tansy ragworth (Senecio jacobaea) in ovine ruminal fluid under anaerobic conditions. Applied and Environmental Microbiology 58: Ecco R, Barros CSL, and Irigoyen LF (2001). Intoxicação experimental por Pytolacca decandra em ovinos. Ciência Rural 31: Hill RM, and Rawate PD (1982). Evaluation of food potential, some toxicological aspects, and preparation of a protein isolate from the aerial part of amaranth (pigweed). Journal of Agricultural and Food Chemistry 30: Huan J, Miranda CL, Buhler DR, and Cheeke PR (1998). Species differences in the hepatic microsomal enzyme metabolism of the pyrrolizidine alkaloids. Toxicology Letters 99: Ilha MRS, Loretti AP, Barros SS, and Barros CSL (2004). Intoxicação espontânea por Senecio brasiliensis (Asteraceae) em ovinos no Rio Grande do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira 21: Kellerman TS, Coetzer JAW, Naude TW, and Botha CJ (2007). Plant poisonings and mycotoxicoses of livestock in South Africa, 310 p. Oxford University Press, Cape Town. Langohr IM, Gava A, and Barros CSL (2005). Intoxicação por Baccharidastrum triplinervium (Asteraceae) em bovines. Pesquisa Veterinária Brasileira 25: Marshall VL, Buck WB, and Bell GL (1967). Pigweed (Amaranthus retroflexus): an oxalate-containing plant. American Journal of Veterinary Research 28: Peixoto PV, Wouters F, Lemos RA, and Loretti AP (1997). Phytolocca decandra poisoning in sheep in southern Brazil. Veterinary and Human Toxicology 39: Riet-Correa F, Schild AL, Mendez MC, Wasserman R, and Krook L (1987). Enzootic calcinosis in sheep caused by the ingestion of Nierembergia veitchii (Solanaceae). Pesquisa Veterinária Brasileira 7:85-95.

101 99 Rissi DR, Driemeier D, Silva MC, Barros RR, and Barros CSL (2007). Poisonous plants producing acute hepatic disease in Brazilian cattle. In Poisonous Plants: Global Research and Solutions (Panter KE, Wierenga TL, Pfister JA, eds), pp CAB International, Wallingford. Rissi DR, Rech RR, Pierezan F, Kommers GD, and Barros CSL (2007). Intoxicação em ovinos por Nierembergia veitchii: observações em quarto surtos. Ciência Rural 37: Rozza DB, Raymundo DL, Correa AMR, Leal J, Seitz AL, Driemeier D, and Colodel EM (2006). Intoxicação espontânea por Baccharis coridifolia (Compositae) em ovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira 26:21-25.

102 CAPÍTULO 8 Intoxicação espontânea por antibióticos ionóforos no Rio Grande do Sul Daniel R. Rissi e Claudio S.L. Barros (Artigo aceito para publicação na revista Pesquisa Veterinária Brasileira)

103 101 Intoxicação espontânea por antibióticos ionóforos em ovinos no Rio Grande do Sul 4 Daniel R. Rissi 5 e Claudio S.L. Barros 6 ABSTRACT.- Rissi D.R. & Barros C.S.L [Spontaneous poisoning by ionophores in sheep in Rio Grande do Sul, Brazil.] Intoxicação espontânea por antibióticos ionóforos no Rio Grande do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira 30(0): Departamento de Patologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brazil. E- mail: claudioslbarros@uol.com.br An outbreak of spontaneous ionophore toxicity in sheep grazing in native pasture in Rio Grande do Sul state, Brazil is described. Sixteen sheep which had accidental access to a chicken feed additive containing 250g/kg of narasin were affected. Clinical signs consisted of weakness, incoordination, dyspnea, nasal discharge, recumbency, and death in a few hours. One sheep showed dark red urine. Grossly there were ascites, hydrothorax, pulmonary edema, and hepatic paleness. Discrete skeletal muscle degeneration was observed histologically in the muscles of the pelvic and thoracic limbs. The diagnostic of narasin toxicosis was based on history (ingestion of feed additive containing narasin), clinical, and pathological findings. INDEX TERMS: Diseases of sheep, toxic myopathy, ionophores, narasin. RESUMO.- Um surto de intoxicação espontânea por antibióticos ionóforos em ovinos da região Central do Rio Grande do Sul é descrito. Os 16 ovinos afetados estavam em campo nativo e ingeriram acidentalmente um aditivo alimentar para frangos contendo 250g/kg de 4 Recebido em 31 de agosto de Aceito para publicação em... Parte da tese de doutorado do primeiro autor (bolsista do CNPq). 5 Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, área de concentração em Patologia Veterinária, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS , Brasil. 6 Departamento de Patologia (LPV), UFSM, Santa Maria, RS. *Autor para correspondência: claudioslbarros@uol.com.br

104 102 narasina. Os sinais clínicos consistiam de fraqueza, incoordenação, dispnéia, secreção nasal, decúbito e morte em poucas horas. Um ovino apresentou urina escura. Macroscopicamente havia ascite, hidrotórax, edema pulmonar e palidez hepática. Discreto grau de degeneração muscular na musculatura esquelética dos membros pélvicos e torácicos foi observado histologicamente. O diagnóstico de intoxicação por narasina foi realizado com base no histórico (ingestão de aditivo alimentar contendo narasina) e nos achados clínico-patológicos. TERMOS DE INDEXAÇÃO: Doenças de ovinos, miopatia tóxica, ionóforos, narasina. INTRODUÇÃO Antibióticos ionóforos (AI) são substâncias com ação coccidiostática, antimicrobiana, promotora de crescimento e reguladora do ph ruminal. Essas substâncias são metabólitos de fungos e são adicionadas à ração dos animais visando o melhoramento dos parâmetros produtivos (Novilla 1992, Barros 2007a). AI são utilizados principalmente em criações de aves, suínos e bovinos (Nogueira et al. 2009). Os principais AI utilizados em medicina veterinária são a monensina, a lasalocida, a narasina e a salinomicina (Barros 2007a, Nogueira et al. 2009). Esses compostos são considerados seguros quando utilizados nas dosagens recomendadas pelo fabricante e nas espécies-alvo (Novilla 1992). No entanto, o uso inadequado de AI pode provocar quadros de intoxicação já descritos em equinos (Hanson et al. 1981, Bezerra et al. 1999), bovinos (Schweitzer et al. 1984, Gava et al. 1997, Huyben et al. 2001), suínos (Armién et al. 1997), aves (Andreasen & Schleifer 1995), ovinos (Nation et al. 1982, Newsholme et al. 1983, Bourque et al. 1986, Jones 2001), coelhos (Salles et al. 1994), búfalos (Rozza et al. 2006) e cães (Segev et al. 2004). A intoxicação espontânea por AI em ovinos não havia ainda sido descrita no Brasil. Este trabalho descreve os achados epidemiológicos e clínico-patológicos de um surto de intoxicação espontânea pelo AI narasina em ovinos na região Central do Rio Grande do Sul. MATERIAL E MÉTODOS

105 103 Os dados epidemiológicos e clínicos foram obtidos por um dos autores (CSLB) junto aos proprietários e aos clínicos que atenderam os casos. Seis ovinos foram necropsiados de um total de 16 afetados. Fragmentos de várias vísceras foram colhidos e fixados em formalina a 10%. O material foi processado rotineiramente para histologia e corado com hematoxilina e eosina (HE). RESULTADOS O surto ocorreu em Santa Maria, região Central do Rio Grande do Sul, em junho de 1999 e foram afetadas 16 ovelhas adultas de raça mista. As ovelhas eram provenientes de um rebanho de 42 ovinos em pastagem nativa, e tiveram acesso acidental a um aditivo alimentar para frangos contendo 250g/kg do AI narasina. Os sinais clínicos desenvolvidos pelos 16 ovinos foram fraqueza, incoordenação, dispnéia, secreção nasal, decúbito esternal e morte em poucas horas. Um ovino afetado apresentou urina vermelho-escura. Seis ovinos foram submetidos à necropsia. Macroscopicamente havia marcado edema pulmonar, hidrotórax, ascite e palidez hepática. Havia uma área de hemorragia leptomeníngea na base do tronco encefálico em um ovino (decorrente de traumatismo). Histologicamente todos os ovinos afetados mostravam discreto grau de degeneração de miofibras na musculatura esquelética dos membros pélvicos e torácicos, caracterizada por perda da angulação das fibras musculares (em seções transversais), que se apresentavam sarcoplasma tumefeito e intensamente eosinofílico. DISCUSSÃO O diagnóstico de intoxicação por narasina foi realizado com base no histórico e achados clínico-patológicos, que foram idênticos aos descritos em casos espontâneos ou experimentais dessa toxicose em ovinos em outras partes do mundo (Nation et al. 1982, Newsholme et al. 1983, Anderson et al. 1984, Foreyt 1990, Jones 2001). Casos de intoxicação por AI usualmente são resultado da suplementação com ração ou outro tipo de alimento contendo AI (Nation et al. 1982, Newsholme et al. 1983, Blanchard et al. 1993, Gava et al. 1997, Jones 2001, Dedoussi et al. 2007), da ingestão acidental de rações contendo esses compostos por espécies não-alvo (Perelman et al. 1993, Baird et al. 1997, Shlosberg et al. 1997, Segev et al. 2004) ou em situações onde há o envolvimento de substâncias que potencializam a ação dos AI, retardando a eliminação pelo organismo (Nogueira et al. 2009). Nos casos deste surto, os ovinos tiveram acesso a um aditivo

106 104 alimentar para frangos contendo 250g/kg de narasina. A dose tóxica desse AI para ovinos é de aproximadamente 4mg/kg (Wouters et al. 1997). Supondo que cada ovino tivesse 50 kg e tivesse ingerido aproximadamente 500g de aditivo (125g de narasina), conclui-se que cada um ingeriu aproximadamente 2,5g/kg ou 2.500mg/kg. No conhecimento dos autores, a intoxicação espontânea por AI em ovinos não havia ainda sido descrita no Brasil. A intoxicação experimental por narasina nessa espécie já havia sido realizada pela equipe do LPV-UFSM na ocasião dos surtos descritos neste trabalho (Wouters et al. 1997). Os sinais clínicos e os achados de necropsia e histopatológicos foram idênticos aos dos casos espontâneos aqui relatados. O quadro clínico é dependente da dose de AI ingerida e do tempo de ingestão (Barros 2007a). Ovinos que desenvolvem quadro hiperagudo ou agudo podem não apresentar alterações macroscópicas ou histológicas evidentes nos músculos esquelético e cardíaco (Confer et al. 1983, Wouters et al. 1997). Experimentos demonstraram que as lesões iniciais causadas por AI em ovinos podem ser apreciadas somente por microscopia eletrônica de transmissão e a partir de um dia pós-exposição ao princípio tóxico (Confer et al. 1983). Essas características puderam ser evidenciadas nos casos aqui relatados, onde os sinais clínicos iniciaram poucas horas após a ingestão de altas doses de narasina contida no aditivo alimentar. Não foram observadas alterações macroscópicas e as alterações histológicas observadas foram discretas e refletem o pouco tempo decorrido desde a ingestão do AI até a morte dos ovinos. Considera-se que a causa da morte em casos de intoxicação por AI é decorrente ou da paralisia dos músculos respiratórios (secundária à degeneração de miofibras ou de neuropatia periférica) ou de alterações nos mecanismos contráteis do miocárdio (Gaide et al. 1984, Perelman et al. 1993). Os ovinos afetados neste surto apresentaram marcado edema pulmonar, o que pode ter contribuído ou mesmo causado a morte desses animais. É difícil afirmar, no entanto, se essa alteração foi secundária à insuficiência cardíaca aguda ou ao esforço durante a respiração (possivelmente decorrente de lesões no diafragma). O diagnóstico diferencial de miopatia tóxica em ovinos no Rio Grande do Sul é a miopatia nutricional causada pela deficiência de vitamina E e selênio. Nesses casos são afetados predominantemente animais jovens e que não estão necessariamente recebendo suplementação alimentar (Amorim et al. 2005, Barros 2007b). Na suspeita de casos de

107 105 miopatia tóxica por AI deve ser confirmada a suplementação com alimentos (usualmente ração) contendo essas substâncias (Barros 2007a) ou, como foi observada nos casos aqui descritos, a ingestão acidental de aditivo alimentar contendo AI. Adicionalmente à degeneração e necrose muscular, mineralização de miofibras é uma característica histológica comumente descrita em casos de miopatia nutricional. Esse achado não é evidente em casos de intoxicação por AI (Barros 2007a). REFERÊNCIAS Amorim S.L., Oliveira A.C.P., Riet-Correa F., Simões S.V.D., Medeiros R.M.T. & Clementino I.J Distrofia muscular nutricional em ovinos na Paraíba. Pesq. Vet. Bras. 25: Anderson T.D., Van Alstine W.G., FIcken M.D., Miskimins D.W., Carson T.L. & Osweiler G.D Acute monensin toxicosis in sheep: Light and electron microscopic changes. Am. J. Vet. Res. 45(6): Andreasen J.R. & Schleifer J.H Salinomycin toxicosis in male breeder turkeys. Avian Dis. 39: Armién A.G., Peixoto P.V., Döbereiner J. & Tokarnia C.H Surto de intoxicação por narasina em suínos. Pesq. Vet. Bras. 17: Baird G.J., Caldow G.L., Peek I.S. & Grant D.A Monensin toxicity in a flock of ostriches. Vet Rec. 140: Barros C.S.L. 2007a. Intoxicação por antibióticos ionóforos, p In: Riet-Correa F. Schild A.L. Lemos R.A.A. & Borges J.R. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.2. Equali, Campo Grande, MS. 694p. Barros C.S.L. 2007b. Deficiência de selênio e vitamina E, p In: Riet-Correa F. Schild A.L. Lemos R.A.A. & Borges J.R. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.2. Equali, Campo Grandem MS. 694p. Bezerra P.S., Driemeier D., Loretti A.P., Riet-Correa F., Kamphues J. & Barros C.S.L Monensin poisoning in Brazilian horses. Vet. Human Toxicol. 41: Blanchard P.C., Galey F.D., Ross F., Landgraf W.W., Meyer H. & Spiro N Lasalocid toxicosis in dairy calves. J. Vet. Diagn. Invest. 5: Bourque J.G., Smart M. & Wobeser G Monensis toxicity in lambs. Can. Vet. J. 27: Confer A.W., Reavis D.U. & Panciera R.J Light and electron microscopic changes in cardiac and skeletal muscle of sheep with experimental monensin toxicosis. Vet. Pathol. 20:

108 106 Dedoussi A., Roubies N. & Tserveni-Goussi A Monensin toxicity in ostriches on a farm in northern Greece. Vet. Rec. 161: Foreyt W Evaluation of toxicity of lasalocid in sheep. Sheep Res. J. 6: Gaide M.S., Lehr J.T., Wong S.S., Lattanzio F.A. & Bassett A.L Comparative study of the effects of salinomycin and monensin on electrophysiologic and contractile properties of canine myocardium. Eur. J. Pharmacol. 100: Gava A., Wouters A.T.B., Wouters F., Nizgoski L. & Barros C.S.L Intoxicação por salinomicina em bovinos. Pesq. Vet. Bras. 17(3/4): Hanson L.J., Eisenbeis H.G. & Givens S.V Toxic effects of lasalocid in horses. Am. J. Vet. Res. 42: Huyben M.W., Sol J., Counotte G.H., Roumen M.P. & Borst G.H Salinomycin poisoning in veal calves. Vet. Rec. 149(6): Jones A Monensin toxicosis in 2 sheep flocks. Can. Vet. J. 42: Nation P.N., Crowe S.P. & Harries W.N Clinical Signs and Pathology of Accidental Monensin Poisoning in Sheep. Can. Vet. J. 23: Newsholme S.J., Howerth E.W., Bastianello S.S., Prozesky L., Minné J.A Fatal cardiomyopathy in feedlot sheep attributed to monensin toxicosis. J. S. Afr. Vet. Assoc. 54: Nogueira V.A., França T.N. & Peixoto P.V Intoxicação por antibióticos ionóforos em animais. Pesq. Vet. Bras. 29(3): Novilla M.N The veterinary importance of the toxic syndrome induced by ionophores. Vet. Human Toxicol. 34: Perelman B., Pirak M. & Smith B Effect of accidental feeding of lasalocid sodium to broiler breeder chickens. Vet. Rec. 132: Rozza D.B., Vervuert I., Kamphues J., Cruz C.E.F. & Driemeier D Monensin toxicosis in water buffaloes (Bubalus bubalis). J. Vet. Diagn. Invest. 18: Salles M.W.S., Barros C.S.L. & Barros S.S Ionophore antibiotic (narasin) poisoning in rabbits. Vet. Human Toxicol. 36: Schweitzer D, Kimberling C., Spraker T., Sterner F.E., McChesney A.E Accidental monensin sodium intoxication of feedlot cattle. J. Am. Vet. Med. Assoc. 84: Segev G., Baneth G., Levitin B., Shlosberg A. & Aroch I Accidental poisoning of 17 dogs with lasalocid. Vet Rec. 155: Shlosberg A., Perl S., Harmelin A., Hanji V., Bellaiche M., Bogin E., Cohen R., Markusfeld-Nir O., Shpigel N., Eisenberg Z., Furman M., Brosh A., Holzer Z. & Aharoni Y Acute maduramicin toxicity in calves. Vet. Rec. 140:

109 107 Wouters A.T.B., Wouters F. & Barros C.S.L Intoxicação experimental por narasina em ovinos. Pesq. Vet. Bras. 17(3):89-95.

110 CAPÍTULO 9 Meningoencefalite por Listeria monocytogenes em ovinos Daniel R. Rissi, Glaucia D. Kommers, Claiton Marcolongo-Pereira, Ana L. Schild e Claudio S.L. Barros (Artigo publicado na revista Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 30, n. 1, p , 2010)

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117 CAPÍTULO 10 Ocorrência de raiva em ovinos no Rio Grande do Sul Daniel R. Rissi, Felipe Pierezan Glaucia D. Kommers e Claudio S.L. Barros (Artigo publicado na revista Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 28, n. 10, p , 2008)

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