PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Carapicuíba, em que são apelantes OSMARIO LUIZ GOMES e IVAN VIANA PEREIRA, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram parcial provimento aos apelos defensivos, para reduzir as penas de Osmario Luiz Gomes e Ivan Viana Pereira a 5 anos e 4 meses de reclusão e 13 dias-multa, em regime semiaberto, mantendo-se, no mais, o decisum a quo. v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E BORGES PEREIRA. São Paulo, 1 de dezembro de Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Apelação nº Comarca: Carapicuíba Apelantes: Osmario Luiz Gomes e Ivan Viana Pereira Advogado: Luiz Otávio Contim Ferratto VOTO Nº Apelação. Roubo majorado pelo concurso de agentes. Subtração de aparelho celular. Vítima com 13 anos de idade. Abordagem criminosa feita mediante tapas, chutes e ameaças de morte. Res furtiva recuperada logo em seguida à ocorrência do delito. Autoria e materialidade comprovadas. Bases fixadas acima dos mínimos legais. Circunstâncias do crime. Artigo 59, do Código Penal. Reforma apenas quanto ao grau de aumento das bases, devendo ser fixadas à fração de um sexto. Penas majoradas à razão de um terço (concurso de agentes). Regime semiaberto mantido. Parcial provimento. A MM. Juíza a quo, Dra. Rossana Luiza Mazzoni de Faria, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Carapicuíba, em sentença datada de 30/03/2012 (fl. 131), julgou procedente a ação penal para condenar Osmario Luiz Gomes e Ivan Viana Pereira como incursos no artigo 157, 2º, inciso II, do Código Penal, às penas de 5 anos, 6 meses e 20 dias de reclusão e 10 dias-multa, em regime semiaberto. Irresignadas, as defesas interpuseram recursos, arguindo a ausência de prova para a condenação. Alternativamente, requerem a redução das penas e a imposição de regime mais favorável. Contrarrazoado os recursos, o órgão acusatório bateu-se pelo acerto do decisum; a Procuradoria Apelação nº

3 Geral de Justiça, em seu parecer, opinou pelo improvimento dos apelos. É o relatório. Segundo consta da exordial acusatória, na data de 06 de novembro de 2010, por volta de 22h00min, os denunciados, agindo em concurso de agentes, subtraíram, em proveito comum, mediante violência exercida com chutes e tapas e, ainda, grave ameaça de morte, contra o adolescente Christian Marcelino Santos da Silva, com 13 anos de idade à época, o seu aparelho celular. A vítima, ouvida apenas na delegacia, relatou estar caminhando em via pública quando notou dois rapazes encostados em um poste, observando-a. Continuou o seu percurso, mas foi abordada pelos réus, sendo que Ivan desferiu um violento tapa em sua mão, arrancando-lhe o celular, enquanto Osmario desferiu um chute em sua canela, fugindo em seguida. O depoente, então, voltou a caminhar, só que foi novamente interpelado pelo acusado Ivan, o qual retornou e, mostrando-lhe algo que estava em sua cintura, exigiu que a vítima continuasse andando, sob pena de morte. Ambos se evadiram, sendo que, em seguida, a vítima avistou uma viatura e comunicou o assalto. O aparelho celular foi recuperado. O policial militar Alex Stampini, inquirido em juízo, relatou estar em patrulhamento de rotina quando passou pelos acusados, sendo, logo adiante, interpelado pela vítima e comunicado acerca do roubo. O depoente retornou com a viatura, iniciando a perseguição. Ivan tentou fugir ingressando Apelação nº

4 em uma pizzaria, enquanto Osmario pulou um muro, sendo pelo depoente capturado. Ivan foi detido pelo policial Cicero de Souza Silva. O bem subtraído foi encontrado na posse dos réus, além de outros celulares. No mesmo sentido, as declarações do policial militar Cicero de Souza Silva. Interrogados, os recorrentes confessaram os fatos. Afirmaram terem agredido a vítima, bem como subtraído o aparelho celular. Finda a instrução processual, não remanescem dúvidas acerca da comprovação da autoria e da materialidade do delito imputado aos réus. A narrativa extrajudicial ofertada pela vítima foi ratificada pelos depoimentos dos policiais militares, além da confissão dos acusados, constatando-se verdadeiros os fatos expostos na inicial acusatória. A vítima descreveu, na delegacia, detalhadamente a conduta dos recorrentes, sendo detidos, instantes após o crime, na posse do aparelho celular subtraído. Destarte, a tese de insuficiência de prova foi superada durante a instrução processual. Disso, extrai-se a segurança quanto à judiciosa condenação. O magistrado sentenciante, afastando-se da recorrente política da pena mínima, fixou as bases em 5 anos de reclusão e 10 dias-multa, valendo-se das circunstâncias do crime, notadamente por terem os réus abordado um adolescente, Apelação nº

5 de apenas 13 anos de idade, e desferido tapas e chutes para atemorizá-lo, além das ameaças de morte. Malgrado escorreita a justificativa utilizada pelo juízo a quo, impondo-se, de fato, a fixação das bases em patamares superiores, o quantum de pena alcançado revela-se excessivo, sendo razoável o aumento de um sexto, resultando em 4 anos e 8 meses de reclusão e 11 dias-multa. Na segunda fase, presentes as atenuantes da menoridade relativa e da confissão, as penas retornam aos patamares mínimos, perfazendo 4 anos de reclusão e 10 dias-multa. Na terceira fase, face ao concurso de agentes, mantém-se o acréscimo à fração de um terço, tornando as reprimendas definitivas em 5 anos e 4 meses de reclusão e 13 dias-multa. Na esteira do artigo 33, do Código Penal, conserva-se o regime semiaberto. Ante o exposto, pelo meu voto, dou parcial provimento aos apelos defensivos, para reduzir as penas de Osmario Luiz Gomes e Ivan Viana Pereira a 5 anos e 4 meses de reclusão e 13 dias-multa, em regime semiaberto, mantendo-se, no mais, o decisum a quo. GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator Apelação nº