O DESEMPENHO DO SETOR EXTERNO - SETEMBRO DE 22 No mês de setembro, as transações correntes registraram novamente superávit (US$ 1,2 bilhões), diminuindo o déficit acumulado no ano para US$ 7,3 bilhões. Trata-se de um ajuste de grandes proporções, pois, no mesmo período do ano anterior, esse déficit foi de US$ 17,4 bilhões. Contudo, persistem as dificuldades na atração de recursos externos. Continua também a saída de recursos do país, através das chamadas Contas CC5. O Resultado das Transações Correntes No mês de setembro, a conta de transações correntes apresentou um superávit histórico da ordem de US$ 1,2 bilhões, promovendo a redução do déficit acumulado no ano para o patamar de US$ 7,3 bilhões. Déficit em Transações Correntes Em US$ Bilhões 4 35 33,4 3 3,5 25 23,5 25,3 24,2 23,2 2 18,4 15 1 7,3 5 1995 1996 1997 1998 1999 2 21 22 Jan-Set O Desempenho do Setor Externo - Setembro de 22 1
No acumulado em 12 meses, o déficit em transações correntes caiu para 2,8% do PIB. Em agosto de 22, esta relação era de 3,2% e, em setembro de 21, 5%. Este resultado é fruto da depreciação do real, que contribuiu para a ampliação do saldo comercial, em um contexto de desaquecimento da economia doméstica. 3 Resultado em Transações Correntes Acumulado em 12 Meses - % do PIB 2 1-1 -2-3 -4-5 -6 jan/98 mar/98 mai/98 jul/98 set/98 nov/98 jan/99 mar/99 mai/99 jul/99 set/99 nov/99 jan/ mar/ mai/ jul/ set/ nov/ jan/1 mar/1 mai/1 jul/1 set/1 nov/1 jan/2 mar/2 mai/2 jul/2 set/2 Saldo Comercial / PIB (%) - 12 meses Juros e Lucros / PIB (%) - 12 meses Transações Correntes / PIB (%) - 12 meses Demais Serv. e Rendas / PIB (%) - 12 meses Como mostra o gráfico a seguir, desde dezembro de 1998, a desvalorização do real frente ao dólar supera 12%, enquanto, frente a uma cesta de moeda, supera 9% (já descontada a inflação interna e externa em ambos os casos). O gráfico ressalta também que a desvalorização em 22 é comparável à ocorrida em 1999. Estamos estimando um superávit comercial para 22 de US$ 12,5 bilhões, o que reduzirá para US$ 11,1 bilhões o déficit em transações correntes (ou 2,4% do PIB). Com políticas adequadas de exportação e de substituição de importações, será possível ampliar o superávit comercial para US$ 14,5 bilhões em 23, com o déficit externo caindo para US$ 1 bilhões (2,2% do PIB). Em sendo confirmadas essas projeções, o Brasil ficará em uma situação bastante mais confortável em termos de déficit externo na comparação com outros países emergentes. Portanto, do lado do resultado em transações correntes, o ajuste é de grande proporção, o que não significa dizer que o país não continue enfrentando dificuldades na atração de recursos externos. O Desempenho do Setor Externo - Setembro de 22 2
24 Taxa de Câmbio Real - Cesta de Moedas e Dólar 22 2 18 16 14 12 1 8 6 jan/94 mai/94 set/94 jan/95 mai/95 set/95 jan/96 mai/96 set/96 jan/97 mai/97 set/97 jan/98 mai/98 set/98 jan/99 mai/99 set/99 jan/ mai/ set/ jan/1 mai/1 set/1 jan/2 mai/2 set/2 CR-IPA/IPC - Cesta de Moedas CR-IPA/IPC - Dólar Fonte: Elaboração Própria. Usos e Fontes de Recursos US$ Bilhões 2 21 22 Proj. 23 Proj. Usos -56,6-58,4-41,1-38,7 Transações correntes -24,7-23,2-11,1-1 Balança comercial - 2,6 12,5 14,5 Serviços e rendas -25,5-27,5-25,8-26,9 Amortizações de médio e longo prazos -32, -35,2-3, -28, Fontes 56,6 58,4 41,1 38,7 Investimentos estrangeiros diretos 32,8 22,5 15, 15, Investimento em carteira 2,8 2,2 1, 1, Desembolsos de médio e longo prazos 37,3 34,6 19,5 19,6 Ativos brasileiros no exterior -6,6 Curto prazo e demais -1,8,3-7, -3, Empréstimos ao Banco Central -1,4 6,6 11,4 12,5 Ativos de Reserva 2,3-3,3 1,2-6,4 Memo: Transações correntes/pib (%) (4,2) (4,6) (2,4) (2,2) Transações correntes/exportações (%) (44,8) (39,9) (18,3) (16,4) Rolagem - Desemb./ Amort. (%) 116,7 98,5 65, 7, Fonte : Banco Central. Projeções próprias. O Desempenho do Setor Externo - Setembro de 22 3
Países Selecionados - Transações Correntes/PIB (%) - 21/2 África do Sul -,1,8 Argentina -1,6 1,8 Brasil (FMI) Brasil (Nossa Estim.) Chile -3,8-2,4-1,9-1,6 China Cingapura 2,4 21,7 Coréia do Sul 2, Filipinas 3,3 6,3 Indonésia 2,7 4,7 21 22 Fonte: FMI - World Economic Outlook, 22, September, p. 29, 36, 42, 47, 49. Elaboração Própria. Países Selecionados - Transações Correntes/PIB (%) - 21/2 Brasil (FMI) Brasil (Nossa Estim.) Hungria Malásia México Polônia Rep. Checa Rússia Tailândia Taiwan Turquia Venez. -3,8-2,4-2,2-3,8-2,9-2,8-4, -3,6-5,2 -,8 2,3 3,2 3,5 5,4 5,8 5,7 6,9 6,7 7, 8,2 1,3 21 22 Fonte: FMI - World Economic Outlook, 22, September, p. 29, 36, 42, 47, 49. Elaboração Própria. O Desempenho do Setor Externo - Setembro de 22 4
Dificuldades na atração de recursos externos O quadro das dificuldades do financiamento externo brasileiro pode ser assim resumido: No mês de setembro, os investimentos estrangeiros de portfólio apresentaram um fluxo negativo da ordem de US$ 259 milhões. No acumulado do ano, esta conta apresenta um saldo positivo de US$ 976 milhões, porém bastante inferior ao saldo de US$ 2,4 bilhões no mesmo período de 21. Os investimentos diretos estrangeiros, incluindo os empréstimos intercompanhias, também apresentam em 22 um resultado pior ao do período janeiro-setembro de 21. Até setembro, o país registra entrada de recursos da ordem de US$ 12,6 bilhões contra US$ 15,3 bilhões do ano anterior. Os empréstimos externos de médio e longo prazo totalizaram em setembro US$ 83 milhões contra US$ 1,9 bilhões em agosto de 22. Em relação ao acumulado janeiro a setembro de 21, constata-se uma retração de 45,6% em 22. Os créditos de fornecedores e empréstimos de curto prazo apresentaram um saldo líquido de US$ 62 milhões em setembro. Embora o saldo acumulado no ano seja positivo (US$ 556 milhões) é bastante inferior ao saldo líquido acumulado no período janeiro a setembro de 21: US$ 1,7 bilhões (redução de 66,5%). No que se refere ao estoque das linhas interbancárias, observa-se em setembro, uma ligeira recuperação das linhas destinadas ao financiamento do comércio exterior, graças as negociações efetuadas pelo governo brasileiro junto às autoridades de regulamentação bancária dos países centrais. Todavia, contata-se que as linhas destinadas a outras finalidades continuaram retraídas, em conseqüência da decisão das matrizes dos bancos internacionais de reduzir a exposição ao risco Brasil. Além dos pontos acima, no mês de setembro, o país continuou a perder recursos através da chamada conta CC5, que registra as remessas de moeda estrangeira de não-residentes. Embora, o volume tenha sido inferior ao do mês de agosto, a saída de recursos foi expressiva, totalizando US$ 1,4 bilhões. Desde o início de 22, as saídas líquidas somam US$ 6,8 bilhões contra US$ 4,1 bilhões no acumulado até setembro de 21. Os dados a seguir ilustram alguns dos pontos acima, com destaque para a rolagem dos vencimentos da dívida externa de médio e longo prazo. Em bônus, notes e commercial papers, a taxa de rolagem é de apenas 1% nos últimos meses, um indicador da forte dificuldade que as empresas endividadas em moeda estrangeira vêm enfrentando na renovação do crédito externo. O outro destaque é para o comportamento das reservas líquidas ajustadas, que atingiram em setembro seu mais baixo valor desde a estabilização em 1994. O Desempenho do Setor Externo - Setembro de 22 5
12 Evolução do Estoque de Linhas de Crédito Interbancárias Em US$ Bilhões 1 8 6 4 2 jan/1 fev/1 mar/1 abr/1 mai/1 jun/1 jul/1 ago/1 set/1 out/1 nov/1 dez/1 jan/2 fev/2 mar/2 abr/2 mai/2 jun/2 jul/2 ago/2 set/2 out/23/ Exportação Importação Demais Nota: Dados fornecidos por um conjunto de 4 bancos nacionais e estrangeiros. 1.8 1.6 Contas CC5 - Saídas Líquidas de Recursos Em US$ Milhões 1.633 1.4 1.2 1.249 1.386 1. 8 6 619 65 4 42 344 396 2 218 jan/2 fev/2 mar/2 abr/2 mai/2 jun/2 jul/2 ago/2 set/2 Fonte: Banco Central do Brasil - Focus 1/1/22. Elaboração Própria. O Desempenho do Setor Externo - Setembro de 22 6
2,1 Rolagem da Dívida Externa: Relação entre Desembolsos / Amortizações da Dívida de Médio e Longo Prazo (%) 1,8 1,8 1,2,9 1,1 1, 1,2,8,8,9 1,1 1,,9,3 - Total médio e longo prazo 1) Crédito de fornecedores,1,1 2) Empréstimos 3) Bônus, notes e com. papers 21 22 Jan-Set 22 Jan-Mar 22 Abr-Jun 22 Jul-Set 22 Set 7. Reservas Internacionais Líquidas Ajustadas - Em US$ Milhões 6.59 5. 49.958 52.16 3. 35.422 34.362 31.541 27.793 23.861 28.6 27.71 28.774 28.883 28.456 24.875 22.713 24.875 21.84 1. Dez/94 Dez/95 Dez/96 Dez/97 Dez/98 Dez/99 Dez/ Dez/1 Jan/2 Fev/2 Mar/2 Abr/2 Mai/2 Jun/2 Jul/2 Ago/2 Set/2 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração Própria. Nota: Exclui empréstimos do Fundo Monetário Internacional. O Desempenho do Setor Externo - Setembro de 22 7