CRESCIMENTO. De volta ao. Economia Sustentável



Documentos relacionados
BRASIL: SUPERANDO A CRISE

BRASIL: SUPERANDO A CRISE

Cenário Econômico para 2014

Perspectivas da economia em 2012 e medidas do Governo Guido Mantega Ministro da Fazenda

Perspectivas da Economia Brasileira

A estratégia para enfrentar o aprofundamento da crise mundial Guido Mantega Ministro da Fazenda

Redução da Pobreza no Brasil

RELATÓRIO TESE CENTRAL

Ministério da Fazenda. Crise Financeira. Impactos sobre o Brasil e Resposta do Governo. Nelson Barbosa. Novembro de 2008

O Brasil e a Crise Internacional

Ajuste Macroeconômico na Economia Brasileira

Crise e respostas de políticas públicas Brasil

A Crise Internacional e os Desafios para o Brasil

PAINEL 9,6% dez/07. out/07. ago/ nov/06. fev/07. ago/06

O País que Queremos Ser Os fatores de competitividade e o Plano Brasil Maior

APRESENTAÇÃO NO INSTITUTO DO VAREJO

Especial Lucro dos Bancos

Os fatos atropelam os prognósticos. O difícil ano de Reunião CIC FIEMG Econ. Ieda Vasconcelos Fevereiro/2015

O Brasil e a Crise Internacional

Encontro de Bancos Centrais de países de língua portuguesa

SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE BRASÍLIA PÚBLICA

A economia brasileira e as perspectivas do investimento Luciano Coutinho Presidente do BNDES

Perspectivas da Economia Brasileira

Atravessando a Turbulência

Sistema Financeiro e os Fundamentos para o Crescimento

Recessão e infraestrutura estagnada afetam setor da construção civil

CENÁRIOS ECONÔMICOS O QUE ESPERAR DE 2016? Prof. Antonio Lanzana Dezembro/2015

O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999

Boletim Econômico Edição nº 89 novembro de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico

Análise Setorial. Fabricação de artefatos de borracha Reforma de pneumáticos usados

fev./2010. ago./2011. fev./2012. nov.

Boletim de Conjuntura Econômica Dezembro 2008

Brazil and Latin America Economic Outlook

Balança Comercial 2003

Uma política econômica de combate às desigualdades sociais

As mudanças estruturais da economia brasileira. Henrique de Campos Meirelles

VENDAS DE CONSÓRCIOS ULTRAPASSAM UM MILHÃO DE NOVAS COTAS E CONTEMPLAÇÕES SUPERAM MEIO MILHÃO, DE JANEIRO A MAIO

Nota de Crédito PJ. Janeiro Fonte: BACEN Base: Novembro de 2014

O Cenário Econômico Brasileiro e as Oportunidades de Investimentos

Visão. O papel anticíclico do BNDES e sua contribuição para conter a demanda agregada. do Desenvolvimento. nº jul 2011

A economia brasileira em transição: política macroeconômica, trabalho e desigualdade

Esclarecimentos sobre rentabilidade das cotas do Plano SEBRAEPREV

ABDIB Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de base

RISCOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA DE BENS DE CONSUMO. Junho de 2012

ECONOMIA BRASILEIRA DESEMPENHO RECENTE E CENÁRIOS PARA Prof. Antonio Lanzana Dezembro/2014

DIREÇÃO NACIONAL DA CUT APROVA ENCAMINHAMENTO PARA DEFESA DA PROPOSTA DE NEGOCIAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO, DAS APOSENTADORIAS E DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

Palestra: Macroeconomia e Cenários. Prof. Antônio Lanzana 2012

Lições para o crescimento econômico adotadas em outros países

TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL II RELATÓRIO ANALÍTICO

2ª Conferência de Investimentos Alternativos: FIDC, FII E FIP

Paulo Safady Simão Presidente da CBIC

Relatório Econômico Mensal Agosto 2011

Perspectivas para o desenvolvimento brasileiro e a indústria de commodities minerais

Boletim de Conjuntura Econômica Outubro 2008

ANEXO VII OBJETIVOS DAS POLÍTICAS MONETÁRIA, CREDITÍCIA E CAMBIAL LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS

Luciano Coutinho Presidente

5 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA

Extrato de Fundos de Investimento

Os investimentos no Brasil estão perdendo valor?

Discussões sobre política fiscal e política monetária


Ano I Boletim II Outubro/2015. Primeira quinzena. são específicos aos segmentos industriais de Sertãozinho e região.

* (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em

Atravessando a Crise Mundial

A aceleração da inflação de alimentos é resultado da combinação de fatores:

Exportação de Serviços

Workshop - Mercado Imobiliário

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Junho 2010

Análise Setorial. Fabricação de artefatos de borracha Reforma de pneumáticos usados

Instrumentalização. Economia e Mercado. Aula 4 Contextualização. Demanda Agregada. Determinantes DA. Prof. Me. Ciro Burgos

X Encontro Nacional de Economia da Saúde: Panorama Econômico e Saúde no Brasil. Porto Alegre, 27 de outubro de 2011.

Políticas Públicas. Lélio de Lima Prado

Síntese do planejamento e os impactos para o país com a Copa do Mundo 2014

Por uma nova etapa da cooperação econômica Brasil - Japão Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil São Paulo, 11 de Julho de 2014

Perspectivas para o Setor da Construção Civil em Celso Petrucci Economista-chefe do Secovi-SP

Observações sobre o Reequilíbrio Fiscal no Brasil

INFORME MINERAL DNPM JULHO DE 2012

Boletim Econômico Edição nº 77 julho de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico

Brasil: Crescimento Sustentável, Distribuição de Renda e Inclusão Social. Miami Ministro Paulo Bernardo 6 de Abril de 2008

Plano Brasil Maior e o Comércio Exterior Políticas para Desenvolver a Competitividade

CRESCIMENTO DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL FAVORECE A EXPANSÃO DE POSTOS DE TRABALHO E DO RENDIMENTO

Indicador ANEFAC dos países do G-20 Edição Por Roberto Vertamatti*

A emergência da classe média no Brasil

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Março 2013

Conjuntura Dezembro. Boletim de

A seguir, é apresentado um panorama sintético dos resultados financeiros desses bancos.

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Ministério da Fazenda. Junho 20041

Extrato de Fundos de Investimento

Extrato de Fundos de Investimento

Perspectiva da Indústria de Autopeças no contexto do Inovar-Auto

O Mundo em 2030: Desafios para o Brasil

27/09/2011. Integração Econômica da América do Sul: Perspectiva Empresarial

1. COMÉRCIO 1.1. Pesquisa Mensal de Comércio Sondagem do comércio

Modernização da Gestão. Cenário Macro, Concorrência e Poder Econômico no Brasil

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS:

O MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA EM 2011 E

Marco Antonio Rossi. Diretor Presidente do Grupo Bradesco Seguros e Previdência

A economia brasileira e oportunidades de investimento

Transcrição:

Economia Sustentável Uma publicação do Ministério da Fazenda > Outubro de 29 > Número 5 País sai da crise, atrai bilhões em investimentos e retoma ciclo acelerado de avanços econômicos e sociais De volta ao CRESCIMENTO

sumário Brasil Economia Sustentável Outubro de 29 editorial O País volta a crescer e abre um novo ciclo de oportunidades Capa: Marcelo Calenda 4 12 18 24 Crescimento Um ano após a turbulência financeira que paralisou o mundo, o País supera dificuldades e projeta uma expansão de 5% para 21 Desenvolvimento A resposta brasileira contra a crise incluiu medidas para ampliar o crédito, com uma firme atuação dos bancos públicos Investimentos Petróleo, infraestrutura, agronegócio, energia renovável e a Copa do Mundo: o Brasil oferece uma ampla e diversificada gama de oportunidades Pré-sal A riqueza que vem do fundo do mar vai ser usada para financiar a educação e promover o desenvolvimento social Brasil Economia Sustentável Uma publicação do Ministério da Fazenda produzida pela Assessoria de Comunicação Social em parceria com a área de Projetos Especiais da Revista EXAME Editora Abril S/A. 4 12 18 Germano Lüders Mario Rodrigues Andre Luis Oaumento de 1,9% no PIB no segundo trimestre de 29 confirmou que a economia brasileira conseguiu reagir aos impactos da maior turbulência financeira já vista desde o crash da Bolsa de Nova York, em 1929. Um ano depois da quebra do Lehman Brothers, o Brasil surpreende os céticos, e é um dos primeiros a sair da crise para retomar o ciclo de desenvolvimento que vinha registrando nos últimos anos. Os sinais observados neste terceiro trimestre indicam que será possível fechar o ano com resultados positivos e voltar, em 21, ao patamar ocupado antes da crise, com uma expansão anual em torno de 5%. Quando a maior parte do mundo começava a conviver com os primeiros indicadores de desaquecimento, o Brasil apresentava um crescimento vigoroso. Baseado em consistentes fundamentos macroeconômicos, esse modelo tornou o País mais preparado para enfrentar a crise do que em qualquer outro momento de sua história. Em condições de empreender uma recuperação em ritmo bem mais rápido do que a maioria dos outros países vem apresentando. A crise financeira colocou a economia brasileira à prova e ela se saiu bem nesse duro teste. Inflação sob controle; solidez, expressa em reservas internacionais de US$ 22 bilhões; contas públicas equilibradas; dívida externa saldada; e um sistema financeiro regulado e estável permitiram suportar o estresse do furacão econômico que abalou o mundo. É um cenário bastante diferente do que se criou em outras crises internacionais, que acabaram mergulhando o País em longos períodos de retração. O que sustenta o crescimento econômico e ajudou a dar fôlego contra a crise foi a criação de um amplo mercado consumidor, fenômeno inédito em um país que convivia com grandes desigualdades na distribuição de renda. Nos últimos cinco anos, mais de 24 milhões de brasileiros saíram da pobreza e outros 27 milhões foram incorporados ao conjunto das classes A, B e C. Esses avanços refletem o sucesso da política de distribuição de renda do governo e o aumento do nível de emprego entre 23 e 28. O rendimento médio da população está em alta desde 24 e a desigualdade vem caindo há seis anos, como acaba de mostrar a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), maior levantamento sobre a realidade social do Brasil. A força do mercado interno, mesmo na fase mais acentuada da crise, foi um dos fatores que deram à economia brasileira capacidade de superar rapidamente as dificuldades. Com bases sólidas e um mercado vigoroso, o País mostrou capacidade de promover com sucesso um conjunto de medidas anticrise. De um lado, adotou uma política monetária expansionista; de outro, desenvolveu uma ação fiscal pró-ativa. Somadas, elas injetaram dinheiro na economia, estimularam o consumo, mantiveram empregos e deram dinamismo aos negócios. Um dos eixos da política monetária, juntamente com a redução dos juros, foi a liberação de R$ 1 bilhões do depósito compulsório dos bancos, autorizada assim que a crise internacional se agravou. A expansão monetária deu suporte aos bancos de pequeno e médio portes, garantindo a estabilidade do sistema financeiro, ao contrário do que se viu em muitos países, mas não garantiu a oferta de crédito no volume necessário. Para isso, foi fundamental a atuação dos bancos públicos. Sem eles, o crédito permaneceria escasso e os juros, mais altos. Outro instrumento importante foram as desonerações tributárias, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de automóveis, caminhões, ônibus, material de construção, eletrodomésticos e bens de capital. As medidas, que equivalem a uma renúncia fiscal no valor de R$ 13,6 bilhões ou,4% do PIB, conseguiram manter o consumo em alta e aceleraram a recuperação. Em meados do ano, diversos segmentos industriais já tinham conseguido ultrapassar o volume de produção que registravam no período antes da crise. A estimativa é que, no seu conjunto, a política anticíclica terá um impacto entre 2,5% e 3,5% do PIB. Sem elas, é provável que, em vez do crescimento de 1% esperado para este ano, o PIB teria queda de 2%. Essa reação coloca o País no limiar de um novo ciclo de desenvolvimento, que marca a volta ao caminho seguido até setembro de 28. As imensas riquezas que serão geradas com a exploração de petróleo na camada do pré-sal, a necessidade de obras de infraestrutura para dar suporte ao crescimento, o potencial do agronegócio e da energia renovável e uma imensa gama de outros negócios abrem incríveis oportunidades para o Brasil e para a consolidação de um modelo econômico que combina crescimento com desenvolvimento social. Guido Mantega Ministro de Estado da Fazenda BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 3

crescimento Retomada em ritmo acelerado Indicadores confirmam: a crise ficou para trás e o Brasil é um dos primeiros países a reagir à pior recessão que o mundo enfrentou em oito décadas Produto Interno Bruto (PIB) em alta; aumento do nível de emprego, crescimento das vendas; novos investimentos; recordes na bolsa de valores. Nas últimas semanas, uma série de notícias positivas confirmou o que milhões de brasileiros já sentiam em seu dia a dia. Depois do aperto provocado pela crise financeira internacional, o País retomou o crescimento e passou a ver as dificuldades pelo retrovisor, mostrando sua capacidade de resistência. Uma das últimas a sentir o impacto da turbulência que se seguiu à quebra do Lehman Brothers, em setembro de 28, e abalou o mundo inteiro, a economia brasileira foi uma das primeiras a reagir. PIB brasileiro volta a crescer Depois da crise, a previsão para 21 chega a 5% (em %) 6, 4, 2, 5,33 4,42 3,38 4,31 2,66 5,71 5,67 3,97 3,16 5,8 5, -2, -4, 2,15 1,31 1,15 1, Foto: Jorge Araujo -6, 1994 1995 1996 1997 * Projeções > Fonte: IPEADATA > Elaboração: MF/SPE,4 1998,25 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29* 21* Vendas em alta confirmam a retomada dos negócios e estimulam as grandes redes varejistas a investir na abertura de novas lojas 4 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 5

crescimento Há indícios claros de que a economia está se recuperando do choque externo, ajudada pela força do sistema financeiro doméstico, baixa inflação e programas antipobreza efetivos Relatório da Economist Intelligence Unit (EIU), braço de pesquisas da revista The Economist Robson Fernandjes Bolsa de valores brasileira registrou alta de quase 1% em relação ao pior momento da crise É um cenário totalmente diferente do registrado em outras crises mundiais, que mergulharam o Brasil em longos períodos de retração. Quando teve início o que seria a pior recessão já vista em oito décadas, o Brasil vivia um ciclo consistente de desenvolvimento, baseado em sólidos fundamentos econômicos, com taxas positivas de aumento do PIB havia 27 trimestres; reservas internacionais de US$ 25 bilhões; um sistema financeiro estável; e um processo de importantes conquistas sociais. Em 28, a taxa de desemprego ficou em 7,1%, a mais baixa desde 21; o rendimento médio do trabalhador continuou em alta, registrada desde 25; e a desigualdade social caiu, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 28 (Pnad), o mais amplo levantamento sobre a realidade do País. Por isso, os efeitos da crise foram menores e sentidos com menos intensidade, conforme pesquisa realizada com consumidores de toda a América Latina. Apenas um ano depois do vendaval que paralisou o mundo inteiro, a economia brasileira voltou a crescer, com sinais de uma retomada forte, sem recuos. O indicador mais recente dessa tendência foi o desempenho do PIB no segundo trimestre um crescimento de 1,9%. Com esse resultado, as projeções para o PIB em 29 passaram para positivas e, para 21, já se prevê uma expansão no mesmo ritmo mantido antes da crise. O País começou o segundo semestre com fôlego. Em julho, a produção industrial cresceu 2,2%, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o sétimo avanço consecutivo e um importante indicador de recuperação dos negócios e redução da ociosidade. Dos 27 setores analisados pelo IBGE, 23 Bovespa: a maior valorização do ano Mercado brasileiro mostrou reação mais rápida 7% EUA (S&P) 1% 12% Fonte: Bloomberg > Elaboração: MF/STN 15% 24% 3% Alemanha Japão Inglaterra México China Argentina Índia Turquia Rússia Brasil 41% apresentaram desempenho positivo, o que mostra um crescimento firme, não limitado a uma ou outra atividade. Um dos destaques foi a indústria de máquinas e equipamentos, com alta de 8,9%, um claro sinal da disposição das empresas de investir na expansão de sua capacidade produtiva. No setor de máquinas para escritório e de informática, o aumento da produção foi ainda maior: 12,1%. A pesquisa mostrou, ainda, que diversos segmentos industriais já haviam ultrapassado em julho a produção registrada em setembro de 28, confirmando a aceleração do crescimen- 48% 63% 69% 7% Poucos brasileiros sentiram os impactos da crise mundial Pesquisa mostra que os efeitos foram mais intensos em outras regiões da América Latina (em %) Renda e massa salarial crescem durante a turbulência Variação acumulada em 12 meses (em %) 1% 9% 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% Não sei Pouco ou nada Muito 8 41 52 18 21 61 3 5 3 7 1 5 11 7 3 67 63 32 33 64 34 59 3 6 2 69 16 79 53 39 15 54 32 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% 4,1% Rendimento médio * 2,1% 4,3% % América Latina Argentina Bolívia Brasil América Central Chile Colômbia Equador México Peru Venezuela % jun 7 ago 7 out 7 dez 7 fev 8 abr 8 jun 8 ago 8 out 8 dez 8 fev 9 abr 9 jun 9 Fonte: LatinPanel > Elaboração: MF/Gabinete * Com base na renda do trabalho principal > Fonte: IBGE/PME > Elaboração: MF/SPE 6 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 7

crescimento Crescimento da China contribuiu para um novo ânimo dos mercados Stephen Thompson Ricardo Azoury Emprego: mercado reage e setor de serviços é um dos destaques Criação de postos de trabalho Número de contratações ultrapassa demissões. Variação absoluta (em milhares) 35 242,1 2 5-1 -25-4 Crescimento do PIB no segundo trimestre de 29 Comparação com outros países* (em %) 15 1 5-5 -1 7,8-55 -7 ago 7 out 7 dez 7 fev 8 abr 8 jun 8 ago 8 out 8 dez 8 fev 9 abr 9 jun 9 ago 9 México Canadá África do Sul Reino Unido Itália Chile EUA Suíça Zona do euro Suécia Alemanha França Noruega Polônia Japão Austrália Indonésia Rússia Índia Brasil Coreia do Sul China Fonte: MTE/CAGED > Elaboração: MF/SPE * Variação ante o trimestre anterior (t/t-1), com ajuste sazonal taxas anualizadas > Fonte: GDW JP Morgan 11/9/29 e IBGE para Brasil to. Grande parte desse processo é sustentado pelo consumo das famílias, que resistiu até na crise e cresce há 23 trimestres consecutivos. No segundo trimestre, o avanço foi de 3,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. As vendas dos supermercados continuam subindo. No primeiro semestre, o aumento em relação ao mesmo período do ano anterior foi superior a 5%. O mercado interno ganhou força com a migração das classes C e D para a classe média, como mostrou um estudo conduzido recentemente pelo Centro de Políticas Sociais (CPS), da Fundação Getulio Vargas. Nos últimos cinco anos, cerca de 27 milhões de pessoas, o equivalente à metade da população da França, foram incorporadas ao conjunto das classes A, B e C. O mercado interno foi um verdadeiro Pelé contra a crise, diz Marcelo Néri, economista-chefe do CPS. O consumo familiar deve aumentar nos próximos meses com a queda do desemprego. Em agosto, foram criados 242,1 mil empregos formais no País, melhor resultado mensal desde setembro do ano passado. Essa reversão sinaliza o fim do processo de ajustes promovidos pelas empresas para fazer frente à crise. Nesse ponto, o Brasil também leva vantagem. Foi o segundo menos afetado em seu mercado de trabalho, segundo levantamento realizado pelo Economist Intelligence Unit (EIU) em 23 países. A sustentação da Reservas internacionais Liquidez internacional (em US$ bilhões) * Posição do dia 28 de agosto de 29 > Fonte: BCB > Elaboração: MF/SPE 8 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 9 23 19 15 11 7 3 set 6 mar 7 set 7 mar 8 set 8 mar 9 22, set 9* Dívida externa total líquida Em % do PIB 14,1 11,2 11,2 1995 19,5 32,7 29,7 29,4 26,5 27,3 2,4 1996 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 11,5 * Estimativa para julho de 29 > Fonte: BCB > Elaboração: MF/SPE 6,9 -,9-1,8-2,7 25 26 27 28 29*

crescimento A economia brasileira tem tudo para crescer a um ritmo de 5% nos próximos anos e se tornar uma das mais fortes do mundo Jim O Neill, do Goldman Sachs, criador da expressão Brics tino de recursos internacionais para investimento direto até 211. Para especialistas como Octavio de Barros, diretor do departamento de economia do Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro, a economia do País passou a ser reconhecida como disciplinada e previsível. O Brasil se saiu melhor do que o esperado, afirmou Mauro Leos, analistachefe da Moody s para o Brasil. A agência anunciou, no dia 22 de setembro, a classificação do risco país para grau de investimento, a exemplo do que já fizeram a Standard & Poor s e a Fitch. Jim O Neill, do Goldman Sachs, criador da expressão Brics, para definir os quatro principais países emergentes Brasil, Rússia, Índia e China, também reconhece que o País teve sucesso na forma de enfrentar a crise internacional e chega com mais vigor à era do pós-crise. A economia brasileira tem tudo para crescer a um ritmo de 5% nos próximos anos e se tornar uma das mais fortes do mundo, comentou. A rápida reação do Brasil à crise financeira global e sua estabilidade econômica no período de máxima turbulência, assim como a capacidade de inovação do seu setor privado, já haviam sido demonstradas pelo ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial. O País subiu oito pontos na classificação geral, maior salto desde que a lista começou a ser organizada. Um dos termômetros do dinamismo que a economia ganhou e da confiança de que o País ven- No primeiro semestre, os supermercados brasileiros bateram em 5% os resultados do mesmo período de 28 massa salarial e do mercado de trabalho é a meta prioritária da política econômica brasileira. Outro importante indício da retomada econômica é o anúncio de grandes investimentos. A Petrobras vai aplicar recursos da ordem de US$ 174,4 bilhões entre 29 e 214. A Vale, uma das maiores empresas mundiais de mineração, planeja investir R$ 31,2 bilhões em quatro megaprojetos siderúrgicos, que deverão gerar cerca de 8 mil novos empregos. Um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revela que já foi retomada quase a metade dos R$ 1 bilhões de investimentos que haviam sido congelados após a crise. O fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) pode totalizar R$ 25 bilhões em 29, de acordo com projeções da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). É um volume 4% menor do que o registrado no ano passado, mas suficiente para fazer o Brasil subir várias posições no ranking dos países que mais recebem recursos do exterior, passando à frente de economias desenvolvidas, mais afetadas pela crise. Trata-se de um avanço que deve ser mantido nos próximos anos: uma pesquisa feita pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) com 24 empresas multinacionais revela que o Brasil poderá tornar-se o principal desceu a crise está na bolsa de valores. Em meados de setembro, o Ibovespa, superou pela primeira vez, desde junho de 28, a marca de 6 mil pontos. Desde o início de 29, sua valorização chegou a quase 1%, em dólar. Nenhuma outra bolsa atingiu essa marca. Na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa), foi realizada, em junho, a segunda maior abertura de capital (IPO) do mundo este ano, a da administradora de cartões de crédito Visanet, uma operação que resultou na captação de cerca de R$ 8,4 bilhões. De olho nas oportunidades de negócios que a recuperação econômica está abrindo, um número sem precedentes de autoridades estrangeiras, dirigentes de companhias multinacionais e empresários em missões comerciais têm desembarcado no País nos últimos meses. Saindo da crise antes da maioria e tão forte quanto antes, o Brasil entrou de vez para o mapa dos negócios e se tornou um parceiro estratégico para quem quer crescer e ganhar espaço na economia global. Fernando Moraes Evolução do salário-mínimo Média anual nas últimas décadas (em valores atuais) 475 45 425 4 375 35 325 312,13 323,75 Fonte: DIEESE > Elaboração: MF/Gabinete 346,29 394,96 3 23 24 25 26 27 28 29 418,83 431,72 449,51 Programa de estímulo fiscal Quanto os países gastaram para sair da crise (em % do PIB) Nova classe média 1 Em proporção da população total anual 1. Regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. 2. Classe econômica com renda domiciliar per capita do trabalho habitual entre R$ 1.115 e R$ 4.87 a preços de dezembro de 28 por mês. 3. Até julho Fonte: FGV/CPS a partir dos microdados da PME/IBGE > Elaboração: MF/SPE 1 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 11 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1,2 Itália Turquia Índia Brasil França Argentina Reino Unido Indonésia México Canadá Alemanha EUA Japão Austrália África do Sul Rússia China Arábia Saudita Coreia Medidas discricionárias relacionadas com a crise com efeitos fiscais em 29 e 21 Fonte: FMI > Elaboração: MF/SPE 55 5 45 4 42,4 Classe C 2 44,4 46,1 48,2 5,3 52,3 52,9 23 24 25 26 27 28 29 3

desenvolvimento Ação, rapidez e ousadia Conjunto de medidas anticíclicas adotadas pelo governo aos primeiros sinais de desaceleração injetou dinheiro na economia e apressou a retomada dos negócios Com incentivos, construção civil voltou a crescer e a gerar empregos Medidas rápidas, ousadas e eficazes para reduzir os impactos do furacão que castigou duramente boa parte do mundo ajudaram o Brasil a passar pelo teste da crise internacional. Com sua ação anticíclica, o País conseguiu virar rapidamente essa página, fazendo dela a oportunidade para mostrar a solidez de sua política macroeconômica, a força de seu mercado interno e o dinamismo de seus negócios. Um dos eixos dessa reação foi a atuação dos bancos públicos para combater o aperto da liquidez e a retração no crédito. Aos primeiros sinais da crise, o governo autorizou a liberação de R$ 1 bilhões do compulsório parcela dos depósitos a prazo que os bancos estão impedidos de repassar para estimular o consumo e os negócios. Foto: Cristiano Mariz Crédito doméstico Variação acumulada desde setembro de 28 (em %) 35 3 25 2 15 1 5-5 Bancos públicos Bancos privados grandes Bancos privados pequenos e médios +1, +9,8 +32,9 +9,1-1 set 8 out 8 nov 8 dez 8 jan 9 fev 9 mar 9 abr 9 mai 9 jun 9 jul 9 Índice do Saldo das Operações de Crédito (set/28 = 1) > Fonte: Banco Central > Elaboração: MF/SPE -,3 Licenciamento de automóveis* Em mil unidades 288,2 261,2 268,7 271,5 256, 242, 244,8 239,3 232,2 234,4 197,4 199,4 194,5 177,8 3,1 285,4 247, mar 8 mai 8 jul 8 set 8 nov 8 jan 9 mar 9 mai 9 jul 9 * Inclui automóveis e comerciais leves, caminhões e ônibus > Fonte: Anfavea 12 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 13

desenvolvimento O fato de o País passar tão bem pela crise tinha mesmo de inspirar confiança Kenneth Rogoff, da Universidade Harvard, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) Como grande parte desses recursos foi destinada a aplicações financeiras (operações compromissadas), coube aos bancos públicos, liderados pelo Banco do Brasil e pela Caixa, o papel de sustentar o crédito. O saldo das operações de crédito dos bancos públicos cresceu mais de 32%, muito acima dos bancos comerciais, e sua participação no crédito total chegou a quase 4%. Desde o agravamento da crise, em setembro de 28, a criação e o reforço de linhas oficiais de crédito somaram R$ 277 bilhões, de acordo com um levantamento da Agência Brasil. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal agente para o financiamento de investimentos de longo prazo, recebeu um aporte adicional de R$ 1 bilhões o equivalente a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para reforçar seu capital e viabilizar programas como o destinado à compra de máquinas e equipamentos. Com isso, seus desembolsos em 29 podem totalizar R$ 168 bilhões, um recorde histórico. O governo também disponibilizou recursos para a indústria naval e ampliou o financiamento às exportações e os créditos à agricultura, setores que têm necessidade de empréstimos para custear as suas atividades. Os financiamentos para a safra agrícola 29/21 totalizaram R$ 17 bilhões. Outro instrumento da política anticíclica do Montadoras bateram recorde de vendas no primeiro semestre Germano Lüders governo foram a expansão dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida, com recursos de R$ 6 bilhões para a construção de 1 milhão de moradias, a manutenção e ampliação dos programas sociais e um espaço fiscal que permite a Estados e municípios realizarem investimentos de R$ 34,5 bilhões em obras de infraestrutura e saneamento. O governo também promoveu uma política de desonerações tributárias para estimular o consumo de bens como automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção. As renúncias fiscais deverão somar cerca de R$ 13,6 bilhões até o fim do ano, o correspondente a,4% do PIB, com um saldo extremamente positivo. As medidas aumentaram as vendas, ajudaram a manter empregos e movimentaram a economia. No caso dos automóveis, por exemplo, o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), adotado pelo governo em janeiro de 29, permitiu baixar preços entre 5% e 7%, revertendo a tendência de queda nas vendas. No primeiro semestre, enquanto as montadoras lá fora amargavam perdas pesadas, o Brasil produziu 1,4 milhão de unidades, de acordo com o acompanhamento mensal da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Apesar da forte queda nas exportações, esse volu- O Brasil tirou nota boa e agora está todo mundo olhando e dizendo esse cara é bom Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco Taxa de juros descontadas as expectativas de inflação Ciclo de cortes ajudou a neutralizar os efeitos da crise Mais recursos para agricultura Plano (em R$ bilhões) 29/1 17,5 % ao ano 18 16 14 12 1 8 6 mínimos históricos 4,9 1 8 6 4 2 2,4 21,7 Agricultura familiar 7, 5,4 38,5 27,2 Agricultura empresarial 9, 44,5 1, 5, 12, 58,2 28/9 78, 13, 65, 15, 92,5 4 jan 3 jan 4 jan 5 jan 6 jan 7 jan 8 jan 9 Fonte: Ministério da Fazenda > Elaboração: MF/SPE 2/3 3/4 Fonte: Ministério da Fazenda > Elaboração: MF/SPE 4/5 5/6 6/7 7/8 8/9 9/1 14 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 15

desenvolvimento O País se saiu melhor do que o esperado. E um dos fatores para rever a sua classificação foi a avaliação do mercado Não vamos cair na conversa mole de que os bancos públicos prejudicam o sistema privado Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda Mauro Leos, analista-chefe da Moody s para o Brasil Desde setembro de 28, linhas oficiais de crédito somaram R$ 277 bilhões Marcelo Kura Lia Lubambo Bancos públicos tiveram papel-chave na oferta de crédito me ficou 3% acima do que foi registrado nos seis primeiros meses de 28. Pelos cálculos da Anfavea, sem o corte nos impostos, pelo menos 3 mil veículos ficariam sem compradores, lotando os pátios das montadoras. O número representa cerca de 1% do que o setor planeja vender em 29, o que garantirá o terceiro ano seguido de recorde em vendas. A medida também contribuiu para manter entre 5 mil e 6 mil empregos, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e para criar novos postos de trabalho. A redução de impostos sobre os eletrodomésticos da chamada linha branca geladeiras, fogões e máquinas de lavar produziu o mesmo efeito. Adotada em abril, deixou os preços mais baixos e elevou as vendas em até 2%, segundo estimativas das grandes cadeias de lojas, que chegaram a ficar sem produtos nas prateleiras. Muitos fabricantes precisaram contratar funcionários para conseguir atender à demanda e a maior parte deles retornou ao nível de atividade do período pré-crise, segundo avaliação da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Na indústria de material de construção, as vendas reagiram de imediato à redução do IPI. Em agosto, o aumento chegou a quase 5% sobre o mesmo período de 28, como mostra o levantamento da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). No total, a estimativa é que os efeitos diretos e indiretos das medidas anticrise empregadas pelo governo devem contribuir para uma expansão entre 2,5% e 3% do PIB. Sem elas, é provável que houvesse uma queda de 2%, ao invés do aumento esperado de 1%. Além de fazer a economia andar, esse conjunto de medidas ajudou a criar outro cenário positivo. Em julho, depois de nove meses consecutivos de queda, o emprego no setor industrial registrou alta. É mais um sinal de que a economia brasileira voltou a pisar no acelerador, levando adiante um ciclo que associa crescimento econômico, desenvolvimento social e responsabilidade fiscal. Apesar de todas as ações anticíclicas, o Brasil terá o menor déficit nominal entre os países do G-2, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). Representou 1,9% em relação ao PIB, bem distante dos 13,6% dos Estados Unidos e dos 1,2% da Índia. Resultado fiscal Balanço nominal consolidado do setor público. Excluindo a Petrobras (em % do PIB) Dívida líquida do setor público Excluindo a Petrobras (em % do PIB),5%,% -,5% -1,% -1,5% -2,% -2,5% Cenário mercado Cenário Ministério da Fazenda -,2% -,39% -,53% -,71% -1,98% -2,32% -2,45%,9% -,24%,3% -,8% 55 5 45 4 35 51,3 53,5 48,2 48, 45,9 43,9 38,8 Cenário mercado 42,5 42,9 39,5 39,8 36,5 Cenário Ministério da Fazenda 36,5 33,4 33,5-3,% -3,5% -4,% -2,75% -3,38% -3,54% 25 26 27 28 29* 21* 211* 212* 213* 3 25 3,1 3,4 22 23 24 25 26 27 28 29* 21* 211* 212* 213* * Parâmetros mercado e MF consideram primário 2,5% e 3,3% para os demais anos > Fonte: STN * Simulações do Banco Central, considerando um superávit primário de 2,5% do PIB em 29 e 3,3% do PIB de 21 a 212 > Fonte: Banco Central > Elaboração: STN/CESEF 16 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 17

investimentos Um mar de oportunidades O pré-sal e uma gama de negócios mantêm um ciclo que associa crescimento e avanços sociais Com o início da fase de testes no campo de Tupi, na Bacia de Santos, em maio, o Brasil abriu a mais nova fronteira da indústria mundial de petróleo. A produção de óleo e gás no pré-sal, em águas ultraprofundas, numa faixa que se estende por mais de 8 quilômetros do litoral, só deve começar a partir de 21, mas está criando uma demanda por bens e serviços sem similar no mundo, com investimentos que já impulsionam a economia, fortalecendo outros negócios, geram mais empregos e contribuem para que a renda média dos brasileiros mantenha a tendência de alta registrada nos últimos anos. Investimentos do governo federal e da Petrobras Em % do PIB 3,5 3, 2,5 Petrobras Governo federal PAC 2, Petrobras: maior projeto de expansão da indústria do petróleo 1,7 2, 1,5 1,3,9 1,,8,8,8,8 1,5 1,2,5,6,7,9,3,5,5 23 24 25 26 27 28 29* 21* * Projeções > Fontes: MF/STN & MP/DEST > Elaboração: MF/SPE Foto: Divulgação 18 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 19

investimentos O país do futebol espera receber mais de 5 mil turistas, com fortes investimentos na rede hoteleira O Brasil é uma democracia madura, com uma economia diversificada e uma população jovem e adaptável festejando um firme crescimento das taxas de emprego e renda Financial Times A riqueza extraída a até 7 mil metros do fundo do mar dá ao País lugar de destaque entre os grandes produtores mundiais. Só no campo de Tupi, de acordo com as primeiras análises realizadas, poderão ser obtidos entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo. É o suficiente para elevar em 4% a 6% as reservas da Petrobras e marcar uma conquista inédita: o Brasil será o único país, desde as crises do petróleo dos anos 7, a passar de importador para a condição de exportador líquido. A Petrobras destinou para os próximos cinco anos recursos da ordem de US$ 28 bilhões para o desenvolvimento da produção no pré-sal. Mas, antes mesmo de ser dada a largada para a sua exploração, indústrias nacionais e internacionais e prestadores de serviços da gigantesca cadeia do petróleo de estaleiros e fabricantes de plataformas a produtores de peças, tubos, caldeiras e software estão se movimentando e fazendo a economia se movimentar em ritmo mais acelerado. O exemplo mais recente é o Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, que será o maior do País e inicia atividades com um quadro de 2.4 funcionários e a contratação de 15 navios e do casco de uma plataforma para a Transpetro, o braço de transportes da Petrobras. A sua capa- Copa do Mundo de 214: construção e modernização de estádios, como o do Maracanã, no Rio de Janeiro, vão exigir um investimento de US$ 1,1 bilhão cidade de produção é de 15 mil toneladas, um terço do que a indústria naval brasileira dispunha até agora. É o início de um novo ciclo de investimentos. Os financiamentos para a compra de máquinas poderão chegar a US$ 8 bilhões nos próximos dez anos, segundo estimativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O governo anunciou ainda que planeja aproveitar a onda do pré-sal para criar um grande polo petroquímico, um setor há duas décadas sem receber recursos. A retomada do crescimento da economia e o potencial que ela oferece estão longe de se esgotar no pré-sal. Uma gama de setores também cria janelas de oportunidades. Para dar suporte à sua expansão, o País está investindo pesado em infraestrutura, uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Divulgação Rodrigo Lobo que vai injetar R$ 646 bilhões, até 21, em áreas como habitação, saneamento, transporte e energia, entre outros. O valor empenhado em projetos do PAC (R$ 4,7 bilhões) e o já pago (R$ 22,5 bilhões) dobraram em 28. Em março de 29, foi lançado o programa Minha Casa, Minha Vida. A iniciativa reaqueceu o mercado, contribuiu para uma nova rodada de investimentos privados no setor de construção e, principalmente, criou melhores condições de vida para os brasileiros. Bem antes da chegada dos 5 mil a 6 mil turistas que são esperados no Brasil, a Copa do Mundo de 214, disputada em 12 cidades Balança comercial brasileira Em US$ bilhões 2 Saldo comercial Exportação Importação 18 16 14 12 1 8 6 4 2 Poder aquisitivo sobe Rendimento médio mensal (em R$) 75 7 65 6 55 Financiamento imobiliário Estoque cresceu 41% nos últimos 12 meses (em R$ bilhões) 75 7 65 6 55 5 74,1-2 1968 1973 1978 1983 1988 1993 1998 23 28 Fonte: MDIC > Elaboração: MF/SPE 5 1998 1999 21 22 23 24 25 26 27 28 Valores inflacionados pelo INPC com base em setembro de 28, excluindo a população da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá Fonte: IBGE/PNAD > Elaboração: MF/SPE 45 dez 7 fev 8 abr 8 jun 8 Fonte: Dados ABECIP, Banco Central ago 8 out 8 dez 8 fev 9 abr 9 jun 9 2 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 21

investimentos Com programas de incentivo, habitação popular tem registrado crescimento elevado Leo Drumond/Agência Nitro Daniela Picoral País conquistou a liderança na produção mundial de carnes Nonononono brasileiras, começa a ter impacto sobre a economia. Além da construção e modernização de estádios, que exigirão cerca de US$ 1,1 bilhão, estão sendo realizados investimentos em obras públicas aeroportos, pavimentação, infraestrutura turística, segurança e na ampliação da rede hoteleira. A estimativa é que o valor total dos investimentos ficará entre US$ 5 bilhões e US$ 1 bilhões. Transportes é um dos setores que estão mobilizando grandes recursos entre projetos de metrôs, veículos leves sobre trilhos, ferrovias de cargas e trens urbanos, o País deverá investir R$ 71 bilhões até 214, com recursos do governo federal e dos governos estaduais. Os projetos incluem o trem de alta velocidade (TAV), que fará em duas horas a ligação entre São Paulo e o Rio de Janeiro, as duas maiores cidades do País, percorrendo um trecho de mais de 4 quilômetros. A primeira etapa deverá ser concluída até a Copa do Mundo. Cerca de US$ 25 bilhões serão empregados no transporte de cargas, ajudando a superar um dos principais entraves das empresas para alcançar ganhos de competitividade na distribuição e aumentar as exportações. É um passo importante para consolidar negócios como minérios e alimentos, que, juntamente com o petróleo, têm alta demanda mundial e grande peso nas exportações. Do petróleo à energia renovável hidrelética, eólica e a dos biocombustíveis, campos em que o País desenvolveu avançadas tecnologias, grandes projetos estão em desenvolvimento, apoiados e, ao mesmo tempo, dando continuidade a um ciclo que combina crescimento com avanços sociais. Acesso à habitação Número de unidades habitacionais financiadas (média por período) 363.54 Geisel 1974/1978 436.139 Figueiredo 1979/1984 155.468 Sarney 1985/1989 173.879 Collor/Itamar 199/1994 Fonte: Banco Central, ABECIP, SAI, CI-CAIXA > Elaboração: MF/SPE 327.54 FHC 1995/22 494.562 Lula 23/28 Rentabilidade média dos bancos Sobre o patrimônio, de janeiro a junho de 29 (em %) 15 12 9 6 3 12,9 Banco do Brasil Bradesco 11,2 1,1 8,3 7,2 6,1 5,8 4, 4, 3,5 3,4 3, 2,8 2,7 2,1 Itaú Unibanco Goldman Sachs Fifth Third Bancorp American Express Wells Fargo Citigroup U.S. Bancorp Bank of America BB&T JPMorgan Chase Bank of NY Mellon PNC Bank Santander Menor déficit nominal do G-2 Política anticíclica com responsabilidade fiscal (em % PIB) Estimativa FMI 22 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 23-2 -4-5 -8-1 -12-14 -1,9 Brasil -,8 Indonésia África do Sul Fonte: FMI > Elaboração: MF/Gabinete -1,4-2,5-2,2-2,9-2,8-3,2-3,2-3,3-3,4-3,6-3,6-3,6-3,6-3,7-3,8-4,7-4,3 29 21 Coreia Argentina Canadá China México Arábia Saudita Austrália -5,3-4,7-6,1-5,4-5,1-5 -5,9-5,9-6,2-6,5-6,2 Alemanha Itália Turquia França Rússia -7,5-7,5 Espanha -8,7-9,8-9,9-9,8-1,2-1,9 Reino Unido Japão Índia -13,6 Estados Unidos -9,7

pré-sal pre-salt Desenvolvimento social Social development Marcelo Calenda Passaporte Investimentos Investments A Petrobras está investindo US$ 28 bilhões, mas os recursos totais poderão chegar a US$ 19 bilhões Petrobras is investing $ 28 billion, but total resources may come to $ 19 billion Além de gerar empregos, as descobertas vão servir como uma espécie de poupança para reduzir a desigualdade social Besides generating jobs the reserve found should serve as a sort of savings to help decrease social inequality futuro para o As novas reservas de óleo e gás serão uma fonte regular de recursos para ajudar a financiar a educação e os projetos sociais voltados para a ciência e tecnologia, cultura, preservação ambiental e combate à pobreza Tesouro submerso A exploração do petróleo na camada do pré-sal ocorre a uma profundidade de até 7 mil metros, equivalente à altura do Himalaia. É um tesouro de proporções ainda incalculáveis. Só a produção de Tupi, o primeiro campo em fase de testes, poderá aumentar as reservas brasileiras entre 4% e 6%. A Petrobras está investindo US$ 28 bilhões nesse programa, mas os recursos totais poderão chegar a US$ 19 bilhões. Estima-se que o pré-sal deverá criar 7 mil empregos nos próximos quatro anos em toda a cadeia do petróleo. Aposta no amanhã Parte dos recursos do pré-sal será destinada a um fundo social para a realização de programas sociais, ambientais, científicos e culturais e iniciativas voltadas para a redução das desigualdades sociais, conforme projeto de lei encaminhado ao Congresso Nacional. Uma das prioridades do fundo social será a educação, considerada crucial para a consolidação do desenvolvimento e para promover um País mais justo. Nelio Rodrigues A ticket to the future New sources of oil and gas will become a regular source of resources to help fund education and social projects focused on science and technology, culture, environmental preservation and to fight poverty Underwater treasure The exploration of petroleum in the pre-salt layer is made at a 7-thousand-meter depth about the height of Himalaya. It is an as-yet incalculable treasure. The production of Tupi reserve the first field now in the test stage alone may increase Brazilian reserves from 4% to 6%. Petrobras is investing $ 28 billion in this program, but total resources may come to $ 19 billion. It is estimated that pre-salt should generate 7 thousand jobs in the next four years along the whole petroleum chain. Betting on tomorrow According to a Bill sent to the National Congress some pre-salt resources should be pigeonholed to a Social Fund for social, environmental, scientific and cultural programs and efforts focused on decreasing social inequalities. Education will be one of the Social Fund s priorities an issue that is considered vital for development and to create a fairer country. Tiago Lubambo Alaor Filho 24 BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL 25