Balança Comercial 2003
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- Stéphanie Camilo Bastos
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1 Balança Comercial de janeiro de 2004 O saldo da balança comercial atingiu US$24,8 bilhões em 2003, o melhor resultado anual já alcançado no comércio exterior brasileiro. As exportações somaram US$73,1 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$48,2 bilhões, com crescimentos de 21,1% e 2,2%, respectivamente, em relação a 20. Em termos absolutos, o acréscimo nas exportações foi liderado pelo grupo de manufaturados, responsável por mais da metade do aumento do montante exportado em 2003 em relação ao do ano anterior. As vendas externas aumentaram não apenas para compradores tradicionais de produtos brasileiros, mas também para novos mercados, ratificando a tendência de maior diversificação do destino de nossas exportações. O excelente desempenho das exportações líquidas foi fundamental para o superávit em transações correntes em O superávit da balança comercial em 2003 foi quase o dobro do saldo obtido em 20, tendo sido alcançados recordes mensais nos oito últimos meses do ano (Gráfico 1), resultado de valores recordes de exportações em onze dos doze meses do ano (Gráfico 2). Para as importações, por sua vez, o resultado acumulado no ano, que até setembro era inferior ao do mesmo período de 20, foi revertido no último trimestre de 2003 (Gráfico 3). 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 Gráfico 1 Saldo da Balança Comercial (resultados mensais em 2003 x recordes mensais, US$ bilhões) 0,0 jan 89 fev 93 mar 89 abr mai jun 89 jul ago set out nov dez Recordes até dez 2003 do Brasil. Questões e comentários para gerin@bcb.gov.br 1
2 Gráfico 2 Exportações (resultados mensais em 2003 x recordes mensais, US$ bilhões) jan fev 00 mar abr mai jun jul ago set out nov dez Recordes até dez 2003 Gráfico 3 Importações (resultados mensais acumulados até o mês x 20, %) 5% 4% 3% 2% 1% 0% -1% -2% -3% -4% -5% 4,7% 3,5% 2,2% 1,5% 0,1% 0,6% 1,1% 0,2% -1,9% -3,0% -4,0% -4,0% jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez O Gráfico 4 mostra a convergência do saldo comercial projetado para 2003 pelo mercado para o resultado efetivo, observando-se forte correlação entre as expectativas projetadas desde o segundo semestre de 2000 e o acumulado. É interessante observar que, enquanto os resultados efetivos acumulados em 12 meses são continuamente crescentes desde agosto de 20, as projeções para 2003 são delineadas em degraus, estáveis ou até levemente decrescentes em cada período dezembro-agosto, e fortemente ascendentes de agosto a dezembro de cada ano. do Brasil. Questões e comentários para gerin@bcb.gov.br 2
3 Gráfico 4 Saldo Comercial (projeções do mercado para 2003 x resultados acumulados em 12 meses, US$ bilhões) ago 00 out 00 dez 00 fev abr jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev 03 abr 03 jun 03 ago 03 out 03 dez 03 Projeções para 2003 Saldo Ocorrido Acumulado em 12 Meses O comportamento do saldo comercial acumulado em 12 meses é mostrado no Gráfico 5. Os resultados efetivos dos últimos dois anos, em função de vendas externas cada vez mais expressivas, foram fundamentais no ajuste das contas externas brasileiras. Como conseqüência, obtiveram-se superávits acumulados nas transações correntes desde junho de 2003, culminando com o resultado de 2003, positivo em US$4 bilhões. O último registro de resultado anual positivo para as transações correntes brasileiras havia sido em Gráfico 5 Saldo da Balança Comercial (acumulado em 12 meses, US$ bilhões) jan 96 jul 96 jan 97 jul 97 jan 98 jul 98 jan 99 jul 99 jan 00 jul 00 jan jul jan jul jan 03 jul 03 do Brasil. Questões e comentários para gerin@bcb.gov.br 3
4 Exportações Em 2003, o excelente desempenho das exportações brasileiras foi marcado não apenas pelos valores recordes observados e já destacados, como pela maior diversificação dos parceiros comerciais e da composição da pauta de produtos. Foi a maior expansão, em valores absolutos, já registrada nas vendas externas brasileiras e a taxa de variação anual mais elevada dos últimos quinze anos (+21,1%), como ressalta o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio em seu boletim mensal de dezembro de Para as três categorias de produtos - básicos, manufaturados e semimanufaturados - as vendas externas alcançaram valores recordes. No grupo dos manufaturados, com contribuição de US$6,7 bilhões para o aumento do resultado em relação a 2003, houve aumento expressivo das quantidades embarcadas, refletido integralmente nos resultados, uma vez que seu índice de preços permaneceu estável no período. Os Estados Unidos representaram o destino de 1/3 de nossas vendas nesse grupo em A elevação das receitas de básicos e de semimanufaturados foi resultante não só de aumentos dos volumes exportados, mas também da recuperação de preços externos de importantes commodities de nossa pauta de exportações. Entre nossos principais produtos, ressaltem-se os aumentos de preços médios dos semimanufaturados de ferro e aço (24,8%), café em grão (24%), óleo de soja em bruto (22%), e petróleo (20%). Quanto a mercados de destino, observou-se a manutenção dos Estados Unidos como nosso principal comprador (22,8% do total exportado, principalmente aviões e transmissores/receptores), aumentos expressivos nas vendas para a Argentina (+94,8% em relação a 20), recuperando a segunda colocação entre os principais mercados de destino, e para a China (+79,8%), que vem se firmando como importante parceiro comercial do Brasil, comprando principalmente soja. Além disso, a estratégia do setor exportador na conquista de novos mercados vem mostrando resultados bastante encorajadores. Com relação à composição da pauta de exportações, observou-se expansão da venda de produtos não tradicionais, como recipientes para gases de ferro ou aço (+165% em relação a 20), mármores e granitos (143%), máquinas de lavar roupa (140%), máquinas e aparelhos de uso agrícola (126%), dentre outros. do Brasil. Questões e comentários para gerin@bcb.gov.br 4
5 Petrobrás, Vale do Rio Doce e Embraer foram as principais empresas exportadoras em 2003, respondendo conjuntamente por cerca de 11,5% do total vendido ao exterior. Segundo a Funcex, o forte crescimento das exportações em 2003 deveu-se a uma conjugação de quatro fatores: a significativa desvalorização do real no segundo semestre de 20, cujos efeitos estenderam-se a 2003; o acentuado crescimento da safra agrícola, em especial de produtos tradicionalmente de exportação, como a soja; a queda da demanda doméstica, que liberou produtos para serem exportados, principalmente manufaturados; e a retomada da atividade econômica mundial, que produziu apreciação dos preços internacionais das commodities. Importações O crescimento de 2,2% nas importações de 2003 em relação ao ano anterior foi resultado do aumento observado nos últimos meses do ano em relação ao mesmo período de 20, revertendo a queda acumulada até setembro. As maiores contribuições para essa reversão vieram das aquisições de matérias-primas e intermediários, que fecharam o ano com aumento acumulado de 10%. Bens de capital e de consumo encerraram o ano com variações negativas, de 10,7% e 6,2%, respectivamente. De maneira geral, o aumento do valor importado em 2003 deveu-se quase exclusivamente aos aumentos de preço, havendo crescimento do quantum apenas nos bens intermediários. O volume importado de bens de capital e de consumo duráveis caiu drasticamente, em função da retração do investimento e do consumo doméstico no ano passado e da desvalorização cambial. O Brasil comprou mais da Europa Oriental (+26,8%, principalmente adubos, fertilizantes e níquel), da África (21,6%, combustíveis), do Oriente Médio (13,2%, combustíveis) e da Ásia (11,6%, eletroeletrônicos), diminuindo suas importações dos Estados Unidos (-6,8%) e da União Européia (-3,4%). Os principais países vendedores foram Estados Unidos (19,8% de nossas compras, principalmente motores, turbinas, geradores e transformadores), Argentina (9,7%, principalmente trigo e nafta), Alemanha (8,7%, partes e peças para veículos), Japão (5,2%, partes e peças para veículos) e China (4,4%, coques e semicoques). do Brasil. Questões e comentários para gerin@bcb.gov.br 5
6 Em 2003, importamos principalmente petróleo em bruto (7,8% do total), partes e peças para veículos automóveis e tratores (3,1%), circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (3,0%). As principais empresas importadoras no ano passado foram a Petrobrás, a Embraer e a Nokia do Brasil. Corrente de Comércio Os maiores montantes para a corrente de comércio do Brasil em 2003 foram registrados com os Estados Unidos (US$26,2 bilhões), Argentina (US$9,2 bilhões), Alemanha (US$7,3 bilhões), China (US$6,7 bilhões), Japão (US$4,8 bilhões) e Holanda (US$4,7 bilhões). Desses, são deficitários os balanços bilaterais com a Alemanha (saldo de US$1,1 bilhão), Japão (-US$0,2 bilhão) e Argentina (US$0,1 bilhão). Outros balanços bilaterais deficitários em 2003 incluem a Nigéria (-US$1, bilhão), a Argélia (-US$0,96 bilhão), ambos por conta do petróleo que importamos, e a Suíça (-US$0,61 bilhão), principalmente em decorrência da compra de medicamentos. Os maiores saldos positivos bilaterais em 2003 foram com os Estados Unidos (US$7,13 bilhões), Holanda (US$3,74 bilhões), China (US$2,38 bilhões), México (US$2,21 bilhões) e Chile (US$1,0 bilhão). A Tabela 1 mostra o comportamento dos índices de preço e quantum das exportações e importações brasileiras em 2003, de acordo com a Funcex. Tabela 1 Crescimento dos Índices de Preço e Quantum em 2003 (%) Classe de Produto Exportações Preço Quantum Total Total 4,7 15,7 21,1 Básicos 10,5 13,1 24,9 Semimanufaturados 11,3 9,7 22,0 Manufaturados -0,6 20,9 20,2 Categoria de Uso Importações Preço Quantum Total Total 6,1-3,7 2,2 Bens de Capital 0,0-17,5-17,5 Intermediários 5,1 3,7 9,0 Bens de Consumo Duráveis 3,6-17,7-14,9 Bens de Consumo Não Duráveis 3,0-3,5-0,6 Combustíveis 21,4-14,3 4,1 Fonte: Funcex do Brasil. Questões e comentários para gerin@bcb.gov.br 6
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