HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA COMO POTENCIAL CAUSADORA DE GLOMERULONEFROPATIA EM CÃO RELATO DE CASO

Documentos relacionados
EFEITOS DA DOENÇA PERIODONTAL E DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA SOBRE OS RINS DE UM CÃO RELATO DE CASO

Diagnóstico Diferencial das Síndromes Glomerulares. Dra. Roberta M. Lima Sobral

REGULAMENTO APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS

GLOMERULOPATIAS. 5º ano médico. André Balbi

Nefropatia Diabética. Caso clínico com estudo dirigido. Coordenadores: Márcio Dantas e Gustavo Frezza

AVALIAÇÃO DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM CÃES OBESOS RESUMO

Introdução. *Susceptibilidade. * Unidade funcional e morfológica: néfron - glomérulo ( parte vascular) - túbulo ( parte epitelial) TÚBULO PROXIMAL

Introdução. *Susceptibilidade. * Unidade funcional e morfológica: néfron - glomérulo ( parte vascular) - túbulo ( parte epitelial) TÚBULO PROXIMAL

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO RENAL

Interpretação de Exames Laboratoriais para Doença Renal

ESTADIAMENTO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA EM CÃES E GATOS NA ROTINA CLÍNICA DE UM HOSPITAL VETERINÁRIO. Aline Makiejczuk, médico veterinário autônomo

Protocolo de Atendimento a Pacientes Hepatopatas com Injúria Renal Aguda e Síndrome Hepatorrenal

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM GATOS

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL EM DIABÉTICOS ADULTOS*

RASTREAMENTO DE PRESSÃO ARTERIAL E GLICEMIA

Aula 05 DIABETES MELLITUS (DM) Definição CLASSIFICAÇÃO DA DIABETES. Diabetes Mellitus Tipo I

R1CM HC UFPR Dra. Elisa D. Gaio Prof. CM HC UFPR Dr. Mauricio Carvalho

CADA VIDA CONTA. Reconhecido pela: Parceria oficial: Realização:

Produtividade CNPq. ANAIS 37ºANCLIVEPA p Acadêmica em Medicina Veterinária, Bolsista em Iniciação Científica, Escola de Veterinária e

Sistema Urinário. Patrícia Dupim

Avaliação da Função Renal em Idosos Atendidos na Estratégia de Saúde da Família

QUESTÕES COMENTADAS INTRODUÇÃO À NEFROLOGIA

Nefropatia Diabética. Caso clínico com estudo dirigido. Coordenadores: Márcio Dantas e Gustavo Frezza RESPOSTAS DAS QUESTÕES:

Consensus Statement on Management of Steroid Sensitive Nephrotic Syndrome

Abordagem do Paciente Renal. Abordagem do Paciente Renal. Abordagem do Paciente Renal. Síndromes Nefrológicas. Síndrome infecciosa: Infecciosa

Profa Dra Rachel Breg

INTRODUÇÃO LESÃO RENAL AGUDA

PROTEINÚRIA EM CÃES COM DOENÇA RENAL AGUDA DADOS PARCIAIS PROTEINURIA IN DOGS WITH ACUTE KIDNEY DISEASE - PRELIMINARY RESULTS

TALITA GANDOLFI PREVALÊNCIA DE DOENÇA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES IDOSOS DIABÉTICOS EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE PORTO ALEGRE-RS

1. Estratificação de risco clínico (cardiovascular global) para Hipertensão Arterial Sistêmica

Diagnóstico e estagiamento da DRC em cães e gatos

Informações básicas sobre SDMA

Obrigada por ver esta apresentação Gostaríamos de recordar-lhe que esta apresentação é propriedade do autor pelo autor

Particularidades no reconhecimento da IRA, padronização da definição e classificação.

RESUMOS APROVADOS. Os trabalhos serão expostos no dia 23/11/2011, no período das 17h às 19h;

COMPLICAÇÕES RENAIS NO TRANSPLANTE HEPÁTICO

ENFERMAGEM EXAMES LABORATORIAIS. Aula 4. Profª. Tatiane da Silva Campos

PRÉ-REQUISITO R3 TRANSPLANTE RENAL / NEFRO (309)

Lesão Renal Aguda. Revista Qualidade HC. Autores e Afiliação: Área: Objetivos: Definição / Quadro Clínico:

1/100 RP Universidade de São Paulo 1/1 INSTRUÇÕES PROCESSO SELETIVO PARA INÍCIO EM ª FASE: GRUPO 5: VETERINÁRIA

Hidroclorotiazida. Diurético - tiazídico.

Resolução da Questão 1 Item I (Texto Definitivo) Questão 1

EXAME 2018 PRÉ-REQUISITO: NEFROLOGIA. Instruções

Glomerulonefrite pós infecciosa

Prevenção Secundária da Doença Renal Crônica Modelo Público

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

USG do aparelho urinário: hidroureteronefrose bilateral, bexiga repleta com volume estimado de 350 ml com paredes espessadas e trabeculadas.

DIA MUNDIAL DO RIM 13 DE MARÇO DE 2014-FORTALEZA, CE 1 EM 10. O RIM ENVELHECE, ASSIM COMO NÓS

MUTIRÃO DA SAÚDE. Doutora, Docente do Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética da UEPG, 4

NEFROPATIA DIABÉTICA. Vinicius D. A. Delfino. Prof. Titular de Nefrologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Brasil

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSIVEIS. Doenças Renais Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

Insuficiência Renal Crônica Claudia Witzel

Papel do laboratório clínico na pesquisa, controle e tratamento da DRC. Dr. Carlos Zúñiga San Martín

REGISTO DE MONITORIZAÇÃO Doença de Fabry (Preencher com letra legível)

Síndrome Cardiorrenal. Leonardo A. M. Zornoff Departamento de Clínica Médica

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSIVEIS. Doenças Renais Parte 4. Profª. Tatiane da Silva Campos

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA NO IDOSO

Perfil Epidemiológico de Pacientes Portadores de Doença Renal Crônica Terminal em Programa de Hemodiálise em Clínica de Santa Cruz do Sul - RS

Fisiologia do Sistema Urinário

COMISSÃO COORDENADORA DO TRATAMENTO DAS DOENÇAS LISOSSOMAIS DE SOBRECARGA

3/6/ 2014 Manuela Cerqueira

RESIDÊNCIA MÉDICA SUPLEMENTAR 2015 PRÉ-REQUISITO (R1) / CLÍNICA MÉDICA PROVA DISCURSIVA

TRABALHO CIENTÍFICO (MÉTODO DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO PATOLOGIA CLÍNICA)

OBSTETRÍCIA PARTE 1 D H E G E DIABETES GESTACIONAL

PREVALÊNCIA DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES DIABETICOS EM UM LABORATORIO CLÍNICO EM CAMPINA GRANDE

Proteinúrias Hereditárias: Nefropatia Finlandesa e. Esclerose Mesangial Difusa

NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE TRATAMENTO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA

Encaminhamento do paciente com Doença Renal Crônica ao nefrologista

PLATINOSOMOSE EM FELINO DOMÉSTICO NO ESTADO DE SANTA CATARINA RELATO DE CASO

Departamento de Nefrologia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO CICLO DE PALESTRAS

Bio. Bio. Monitor: Júlio Junior

Simulado ENADE GABARITO PROVA NOTURNO

Epidemiologia, diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial em pacientes com Doença Renal Crônica, no primeiro nível de atenção

Hipoalbuminemia mais um marcador de mau prognóstico nas Síndromes Coronárias Agudas?

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ COORDENADORIA DE CONCURSOS CCV

TEMA INTEGRADO (TI) / TEMA TRANSVERSAL (TT) 4ª. SÉRIE MÉDICA

HIPERTENSÃO ESCOLHA O CAMINHO MAIS FÁCIL AMLODIPINA ADAPTADA AOS GATOS 1 COMPRIMIDOS PALATÁVEIS, FÁCEIS DE ADMINISTRAR PROTOCOLO TERAPÊUTICO SIMPLES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CARGO: AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO

2017 DIRETRIZ PARA PREVENÇÃO, DETECÇÃO, AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM ADULTOS

Hematúria 1. DEFINIÇÕES 2. ETIOLOGIA. Revisão. Aprovação. Elaboração Joana Campos Dina Cirino Clara Gomes A Jorge Correia Data: Maio 2007

PEDIDO DE CREDENCIAMENTO DO SEGUNDO ANO NA ÁREA DE ATUAÇÃO NEFROLOGIA PEDIÁTRICA

Com base nesses dados, responda às questões a seguir, em relação à situação atual:

Edição Especial - maio Informativo Científico editado por Farmina Vet Research. Doença Renal Crônica.

Biofísica renal. Estrutura e função dos rins

ONTARGET - Telmisartan, Ramipril, or Both in Patients at High Risk for Vascular Events N Engl J Med 2008;358:

Critérios para Definir a Doença Renal Crônica

DISCIPLINA DE NEFROLOGIA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE TRATAMENTO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA (NIT-DRC)

Doença com grande impacto no sistema de saúde

HIV E DOENÇA RENAL I CONGRESSO PARANAENSE DE INFECTOLOGIA. 31 março e 01 abril de 2017 Londrina - PR

ESTUDO DA INFLAMAÇÃO ATRAVÉS DA VIA DE EXPRESSÃO GÊNICA DA GLUTATIONA PEROXIDASE EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS

Vai estudar doenças glomerulares? Não se esqueça do elefantinho!

TÍTULO: MENSURAÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL EM CADELAS GESTANTES CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE. SUBÁREA: Medicina Veterinária

Edema OBJECTIVOS. Definir edema. Compreender os principais mecanismos de formação do edema. Compreender a abordagem clínica do edema

GESF no Transplante. Introdução

Clique para editar o título mestre

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

1. Paciente com síndrome nefrótica que apresenta dor lombar, hematúria e varicocele à esquerda sugere o diagnóstico de:

Transcrição:

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA COMO POTENCIAL CAUSADORA DE GLOMERULONEFROPATIA EM CÃO RELATO DE CASO Acacia Rebello COUTINHO 1, Daniela Bastos de Souza Karam ROSA 2, Júlio Cesar Cambraia VEADO 3, Marthin Raboch LEMPEK 4, Tiago Vieira RODRIGUES 5, Dayse Helena Lages da SILVA 6 1 Aluna da Graduação do curso de Medicina Veterinária EV-UFMG, acaciarc-5@hotmail.com 2 Médica Veterinária Aluna Pós-Graduação EV-UFMG 3 Prof. Associado II Escola de Veterinária UFMG 4 Médico Veternário - Mestrando em Cardiologia e Nefrologia Veterinária EV-UFMG 5 Aluno da Graduação do curso de Medicina Veterinária EV-UFMG 6 Aluna da Graduação do curso de Medicina Veterinária EV-UFMG RESUMO Em paciente atendida no setor de Nefrologia e Urologia da EV-UFMG cujo objetivo do atendimento era o de obter informações sobre a doença renal crônica recentemente diagnosticada e estabelecer um tratamento conservador, constatou-se hipertensão arterial sistêmica além de hipoalbuminemia, relação proteína creatinina urinária elevada e presença de proteína e cilindros grossos na urinálise. Após o controle da hipertensão, com protocolo terapêutico adequado, observou-se que a maior parte dos parâmetros laboratoriais que estavam alterados no primeiro atendimento, alcançaram valores próximos da normalidade, permitindo concluir que a hipertensão arterial sistêmica, neste caso, foi a principal causadora de injúria renal naquele momento. PALAVRAS CHAVES: pressão arterial, hipertensão glomerular, cão, glomerulonefropatia KEYWORDS: blood pressure, glomerular hypertension, dog, glomerulonephropathy. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1194

REVISÃO DE LITERATURA A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode ser de origem tanto primária quanto devido à própria DRC, ou mesmo devido a ambas. Independente de qual seja a origem da HAS, sabe-se que ela é potencialmente causadora de proteinúria, devido a poder ocasionar um quadro de hipertensão glomerular. Esta hipertensão no glomérulo gera processo inflamatório local, glomeruloesclerose e passagem forçada da albumina pelo endotélio dos capilares glomerulares, gerando a proteinúria e causando ainda inflamação tubular (ROSA, 2015a; ROSA, 2015b). Segundo a teoria da hiperfiltração de Brenner, a proteinúria é causadora de irritação, cicatrização e fibrose tubular, levando a destruição dos túbulos renais e consequente destruição do néfron (BRENNER et al., 1982). A persistência destes fenômenos acarreta a instalação de uma doença renal irreversível, degenerativa e progressiva conhecida como Doença Renal Crônica (VEADO, 2011). Sendo assim, condições que causem agressão glomerular, como a HAS, por exemplo, podem desencadear glomerulonefrites, insuficiência renal aguda, e mesmo, doença renal crônica (ROSA, 2015a) RELATO DE CASO Foi atendida no Hospital Veterinário da EV-UFMG, uma cadela da raça Yorkshire Terrier, castrada, com 9 anos de idade, pesando 3Kg. Histórico de ter sido identificada como portadora de doença renal crônica (DRC) sendo este o motivo que gerou a consulta com o setor de Nefrologia, para obtenção de maiores esclarecimentos sobre a doença. Havia queixa de que a cadela apresentava apetite caprichoso e alterações no grau de disposição, apresentando-se mais quieta em alguns dias. Foram colhidas amostras, com a paciente em jejum alimentar de 8 horas, para realização de exames de hemograma, bioquímica sérica, urinálise e RPC. Realizado exame de ultrassom e mensuração da pressão arterial sistólica. O hemograma apresentou-se normal. O ultrassom apontou perda da definição entre as regiões cortical e medular, confirmando o diagnóstico de DRC. A concentração sérica de ureia estava normal e a de creatinina era de 1,6 mg/dl (valor de normalidade: 0,5 a 1,5 mg/dl). As proteínas séricas totais estavam em 5,33 g/dl (referência: 5,4 a 7,5 g/dl) e a albumina sérica com o valor de 1,43 g/dl (referência: 2,3 a 3,1 g/dl). Na urinálise constatou-se 3 cruzes de proteína e ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1195

densidade de 1,018. Foram observados cilindros hialinos (raros) e cilindros granulosos (3 a 7 p/c) de formato curto e grosso. A RPC era de 1,41 (normal até 0,2). A média da pressão arterial sistólica (PAS), realizada em três momentos diferentes durante a consulta, foi de 260 mmhg. Foi prescrita uma terapia anti-hipertensiva, a base de benazepril (2 mg, SID) e amlodipina (0,75 mg, SID), além de ração renal como única fonte de alimentação, após adaptação. Quatorze dias depois de iniciado o tratamento foi realizada nova avaliação. A PAS havia sido controlada em 160 mmhg com relato de melhora da disposição e do apetite. A albumina sérica passou de 1,43 g/dl para 2,08 g/dl, próxima do valor de referência. Na urinálise ainda havia sinais de 3 cruzes de proteína, porém, numa densidade de 1,030. Os cilindros passaram para curtos e finos ao invés de curtos e grossos. A dose do benazepril foi mantida e a dose da amlodipina diminuída para 0,6 mg SID. Por se tratar de uma paciente portadora de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e DRC, adotou-se, a princípio, uma conduta de avaliações mensais, com possíveis remanejamentos nas doses e drogas utilizadas, em função do peso e dos sinais clínicos e laboratoriais, objetivando-se o maior grau de estabilização possível da PAS e da RPC. DISCUSSÃO: A proteinúria é o resultado que chama a atenção, tanto pela presença de três cruzes de proteína em uma urina pouco concentrada, quanto pela presença de cilindros hialinos e granulosos, de uma RPC importante e de hipoalbuminemia. Como não havia sinais de doenças potencialmente causadoras de lesão direta sobre o endotélio dos glomérulos, acreditou-se que a proteinúria seria devido à hipertensão glomerular. Sabe-se que a hipertensão glomerular pode ocorrer tanto devido à DRC quanto devido à HAS. Porém, como após o controle da PAS, o valor de albumina sérica apresentou um aumento satisfatório e a RPC baixou significativamente (de 1,41 para 0,59), fica a ideia de que a causa mais importante da proteinúria, neste caso, seria a HAS. O mesmo raciocínio pode ser feito em relação à mudança na espessura dos cilindros, que antes eram grossos (formados em túbulos dilatados, de néfrons trabalhando sob esforço) e que, após controle da PAS passaram a ser finos, significando que a pressão no interior dos túbulos, possivelmente se encontrava em valores menores. Com relação à presença de ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1196

proteínas na urinálise, apesar de tanto na primeira quanto na segunda amostra haver as mesmas 3 cruzes de proteína, a maior densidade urinária da segunda amostra, permite concluir que o grau de proteinúria na segunda urinálise era menor. CONCLUSÃO Este é um caso de glomerulonefropatia relacionado primariamente à hipertensão arterial sistêmica. Com a melhora dos resultados dos exames laboratoriais sugestivos de glomerulonefrite, associada ao controle da pressão arterial, conclui-se que a HAS foi a causa primária para o desenvolvimento da glomerulonefropatia. Pode-se concluir também que a condição de DRC desta paciente era inicial, uma vez que os cilindros visualizados na urinálise passaram de grossos para finos, sugerindo que ainda não havia uma considerável hipertensão glomerular, típica da DRC, e nem a consequente hipertensão tubular. Caso contrário, os túbulos seriam dilatados, gerando cilindros grossos. Importante levar em consideração que apesar da presença de alterações importantes de um quadro de glomerulonefropatia, o hemograma e os valores de ureia e creatinina não demonstraram alterações significativas. Caso este animal não tivesse sido diagnosticado e tratado, poderia desenvolver complicações relativas tanto à glomerulonefropatia quanto à HAS, como síndrome nefrótica, acidente vascular cerebral, tromboembolismo, retinopatia, entre outros, além da progressão rápida da DRC. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRENNER, B.M.; MEYER, T.W.; HOSTETTER, T.H. Mecanisms of Disease - Dietary Protein Intake and the Progressive Nature of Kidney Disease: The Role of Hemodynamically Mediated Glomerular Injury in the Pathogenesis of Progressive Glomerular Sclerosis in Aging, Renal Ablation and Intrinsic Renal Disease. The New England Journal of Medicine, Londres, p. 652-659, set. 1982. ROSA, D.B.S.K., VEADO, J.C.C., TASSINI, L.E.S., ANJOS, T.M., LEMPEK, M.R. Glomerulonefropatia em injúria renal aguda e doença renal crônica Parte I Caracterização. MedVep Revista Científica de Medicina Veterinária, Curitiba, ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1197

v.42, n.12, p. 408-414, 2015. ROSA DBSK, VEADO JCC, TASSINI LES, ANJOS TM, LEMPEK MR.Glomerulonefropatia em injúria renal aguda e doença renal crônica Parte II Diagnóstico e Tratamento. MedVep Revista Científica de Medicina Veterinária, Curitiba, v. 43, n.13, p.70-79, 2015. VEADO, J.C.C. Doença Renal Crônica. Farmina Vet Research, São Paulo, p. 3-13, 2011. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1198