Federalismo Fiscal, Política Partidária e Desempenho Financeiro dos Municípios Brasileiros

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Transcrição:

Federalsmo Fscal, Polítca Partdára e Desempenho Fnancero dos Muncípos Brasleros Andre Gomes Smonass Ronaldo de Albuquerque e Arraes Resumo: A descentralzação trbutára promovda pela Consttução de 1988 gerou profundos desequlíbros orçamentáros nas fnanças publcas muncpas. Embora fosse mantdo um nível médo de 60% de gasto com pessoal no orçamento até 1988, a taxa de crescmento destes gastos grava em torno de 7% ao ano e a partr de 1988 esta taxa duplcou. Embora a necessdade de ajustes fscas nos tempos atuas tenha sdo satsfeta, ou pelo menos se esforçado para sto, pela Unão e os estados, não se pode dzer o mesmo à nível muncpal. Este estudo procura evdencar os desequlíbros orçamentáros dos muncípos brasleros, tomando como amostra as prncpas regões do país. Tomase como ndcador o cumprmento da Le Complementar n.º 82 de 1995, a qual fo reedtada em 1999 sob o nº96 (lmtação de gasto com pessoal), atentando para a proposta polítco-partdára embutda nos partdos polítcos dos muncípos. Modelos econométrcos de varável dependente lmtada foram estmados em análse cross-secton para os muncípos das regões Nordeste, Sul e Sudeste, do país, comprovando-se, com elevada sgnfcânca estatístca, ser bastante delcada a stuação orçamentára desses medda pelos ndcadores, qualquer que seja a classfcação feta dos muncípos, ou seja, tamanho econômco, localzação, saldo relatvo em conta corrente. Palavras-chave: Área temátca: MENSURAÇÃO E GESTÃO DE CUSTOS NO SETOR PÚBLICO.

FEDERALISMO FISCAL, POLÍTICA PARTIDÁRIA E DESEMPENHO FINANCEIRO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS Autor: Andre Gomes Smonass Aluno de Graduação (Ufc) Autor: Ronaldo de Albuquerque e Arraes Phd em Economa Unversdade Federal do Ceará, Rua Cel. Olegáro Memóra 1150, ronald@ufc.br, estudante de graduação Área temátca (10): MENSURAÇÃO E GESTÃO DE CUSTOS NO SETOR PÚBLICO. SELEÇÃO ESPECIAL PARA ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO

2 FEDERALISMO FISCAL, POLÍTICA PARTIDÁRIA E DESEMPENHO FINANCEIRO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS Área temátca (10): MENSURAÇÃO E GESTÃO DE CUSTOS NO SETOR PÚBLICO. SELEÇÃO ESPECIAL PARA ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO RESUMO: A descentralzação trbutára promovda pela Consttução de 1988 gerou profundos desequlíbros orçamentáros nas fnanças publcas muncpas. Embora fosse mantdo um nível médo de 60% de gasto com pessoal no orçamento até 1988, a taxa de crescmento destes gastos grava em torno de 7% ao ano e a partr de 1988 esta taxa duplcou. Embora a necessdade de ajustes fscas nos tempos atuas tenha sdo satsfeta, ou pelo menos se esforçado para sto, pela Unão e os estados, não se pode dzer o mesmo à nível muncpal. Este estudo procura evdencar os desequlíbros orçamentáros dos muncípos brasleros, tomando como amostra as prncpas regões do país. Toma-se como ndcador o cumprmento da Le Complementar n.º 82 de 1995, a qual fo reedtada em 1999 sob o nº96 (lmtação de gasto com pessoal), atentando para a proposta polítco-partdára embutda nos partdos polítcos dos muncípos. Modelos econométrcos de varável dependente lmtada foram estmados em análse cross-secton para os muncípos das regões Nordeste, Sul e Sudeste, do país, comprovando-se, com elevada sgnfcânca estatístca, ser bastante delcada a stuação orçamentára desses medda pelos ndcadores, qualquer que seja a classfcação feta dos muncípos, ou seja, tamanho econômco, localzação, saldo relatvo em conta corrente. 1- Introdução Estudos na área de fnanças muncpas no Brasl são anda recentes e muto escassos. A maora dos autores que realzaram estudos nesta área, (Maa Gomes e Macdowel, 1995, Bovo, 1999), restrngram seus trabalhos à estados específcos, ou apenas concentraram o foco de análse na questão da cração de muncípos e/ou composção dos gastos públcos. A questão da análse da consstênca dos programas dos partdos polítcos quanto a austerdade fscal das fnanças públcas é também outro aspecto nédto à nível do Federalsmo Fscal braslero. Para se compreender a crse fscal dos muncípos atualmente, o federalsmo fscal braslero apresenta város pontos marcantes em sua hstóra que podem ser dstngudos através da Repúblca Velha, dtada pela Consttução de 1891, o Estado Novo, quando as consttuções de 1934, 1937 e 1946, reformularam o sstema trbutáro braslero, a Consttução de 1967, que ntroduzu reformas concretas em benefícos dos muncípos, e a Consttução de 1988, que amplou os benefícos da Consttução anteror, e sob a qual o federalsmo braslero convve atualmente. Com base nsto dvde-se o Federalsmo Fscal braslero em dos períodos marcantes; um prmero que vem desde a Consttução de 1891 até a Consttução de 1988, e um segundo, Pós- Consttução de 1988. Esta dvsão se justfca pelo aumento substancal da descentralzação, aumento da dsponbldade relatva de recursos fnanceros pelos muncípos, vs a vs os estados e a Unão (Gomes e Mcdowel), verfcado após a referda carta e vablzado através das reformas trbutára e das transferêncas

3 ntragovernamentas. Este fenômeno de transferênca de poder polítco aos níves nferores de governo consstu na causa fundamental do agravamento da crse fnancera dos muncípos, uma vez que dspondo de mas recursos orundos do ICMS e do FPM, o processo de cração destes se ntensfcou e, consequentemente, os recursos orundos deste Fundo de Partcpação dstrbuídos a cada muncípo se tornaram relatvamente nferores. Sabe-se que os desequlíbros fscas, seja da Unão, dos estados ou dos muncípos, representam o maor obstáculo à um crescmento econômco autosustentável em qualquer regão ou localdade. Como exemplo ctemos as crses enfrentadas pela economa braslera nos dos últmos anos, onde a economa dava snas de que a meta fscal acordada com o Fundo Monetáro Internaconal (FMI) pareca mpossível de ser cumprda. Sabe-se anda que estados e Unão uma vez tendo renegocado suas dívdas, promoveram condções para que seja efetvado o ajuste fscal, uma vez que este se reflete na condção necessára ao equlíbro fnancero, o que, lamentavelmente, não fo realzado pela esfera muncpal que com sua baxíssma capacdade de poupança resultante dos altos gastos, prncpalmente com pessoal, compromete seramente a étca de responsabldade fscal (Arraes e Lopes, 1999). Estudos nesta área dentfcam uma stuação caótca nas contas públcas muncpas, e que se agrava na medda em que a análse se drge aos muncípos mas pobres, onde há casos em que suas recetas própras são nsufcentes para sequer suprr os gastos com seus vereadores (Mcdowel, 1995), fato que reflete o alto custo da cração de novos muncípos. Verfca-se anda a sgnfcatva representação do tem despesa de custeo (custeo com pessoal) nas despesas totas dos muncípos e a enorme mportânca do fator transferêncas na consecução de uma gestão equlbrada de custos no setor públco muncpal. Vsando enrquecer a análse relatva à este processo de descentralzação, realzou-se uma análse da evolução do equlíbro fscal dos muncípos à nível regonal no período de 1989 à 1996, ressaltando a mportânca do controle de custos, prncpalmente com pessoal. Além dsso, fo avalado este mesmo desempenho levandose em consderação a proposta polítco-partdára referente ao desempenho fnancero dos muncípos brasleros. 2- Aspectos sobre as Recetas e Despesas Muncpas As fontes de receta muncpal são dvdas em dos grupos: A recetas correntes e as recetas de captal, que representam aquelas orundas de alenações de bens, transferêncas de captal, e operações de crédto, dentre outras. As recetas correntes podem ser classfcadas quanto a orgem em dos tpos: As recetas arrecadadas no própro muncípo, desgnadas como recetas própras, e as recetas de transferêncas. Dentre as recetas própras muncpas destacam-se as recetas trbutára, patrmonal, ndustral, servços e as outras recetas correntes. As recetas de transferêncas são compostas pelo Fundo de Partcpação dos Muncípos (FPM), Imposto sobre Crculação de Mercadoras e Servços (ICMS) e pelas demas transferêncas correntes. Para a grande maora dos muncípos brasleros estas duas fontes de receta respondem por um montante superor a 75% do total da receta corrente dos muncípos. No que concerne às despesas muncpas, também destacam-se dos grupos: As despesas de captal e as despesas de custeo. As despesas de captal são aquelas resultantes de nvestmentos, nversões fnanceras e transferêncas de captal, com ênfase nos dos prmeros tens. As despesas de custeo são resultantes de gastos com servços de terceros e gastos com pessoal e respondem por mas de 50% dos gastos

M é d a M é d a VII Congresso Braslero de Custos Recfe, PE, Brasl, 2 a 4 de agosto de 2000 4 muncpas, e destas os gastos com pessoal consttuem os maores custos para o muncípo. Gráfco 1: Ev olução do Indcador Despesa Pessoal/Receta Corrente Líquda nos M uncípos das Regões Brasleras, 1988-1996 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Anos Nordeste S udeste S ul Gráfco 2: Ev olução do Indcador Despesa Pessoal/Recetas Própras nos M uncípos das R egões B rasleras, 1988-1996 8.00 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 An o s Nordeste Sudeste Sul Analsados em conjunto, os gráfcos 1 e 2 refletem a nsufcênca das recetas própras dos muncípos brasleros em sequer saldar seus gastos com pessoal e demonstram a necessdade do componente receta de transferêncas a fm de establzar seus níves de gastos com pessoal. Como se pode observar, a stuação é anda mas crítca na regão Nordeste, onde os níves de arrecadação são muto baxos, uma vez que a atvdade econômca não é tão ntensa, o que comprova o argumento de Gomes e Mcdowel, 1995, que nesta regão a nvabldade fscal decorra da nvabldade econômca. Para a regão Sul os resultados melhoram sgnfcatvamente, embora a méda de gastos com pessoal relatvo às recetas própras aumentem nos dos últmos anos analsados. Entretanto, no sudeste do país a stuação é bem mas confortável, pos sendo uma regão de maor atvdade econômca as fontes de receta própra, em destaque a

5 receta trbutára, são bem mas relevantes, o que reduz a mportânca das recetas de transferêncas como solução para eventuas gastos excessvos com pessoal. É nteressante frsar que em todas as regões a méda do índce do gráfco 2 cresce nos períodos que antecedem as eleções muncpas (1992 e 1996) e decrescem nos anos posterores (1989 e 1993). 3- Aspectos Metodológcos Tomou-se como varável para análse o cumprmento da Le Complementar nº82 de 27/03/1995 (reedtada sob o nº96 1, em 31/05/1999), através do índce da despesa de pessoal relatvo à receta corrente líquda do muncípo. As explcações e prevsões serão fetas através de uma modelagem econométrca smples, que toma a segunte forma geral: onde, y ' x y varável dependente a ser explcada do muncípo ; x vetor de varáves explcatvas no muncípo ; vetor de parâmetros; erro aleatóro. (1) A metodologa escolhda para estmação do modelo basea-se na defnção da varável dependente ( y ). Segundo a regra da Le Complementar n.º 96, defne-se a varável dependente como uma varável bnára, ou seja, caso o muncípo nfrnja a referda Le atrbu-se valor 1, caso contráro, atrbu-se valor 0. Este modelo com varável dependente lmtada não reduz o teor de nformações advndas das estmações, ao contráro, smplfca e esclarece melhor o entendmento dos resultados. Feta esta opção empírco-teórca pela especfcação de varável dependente lmtada com característca bnára, o modelo de escolha é defndo genercamente como segue. Dada a equação (1), a varável dependente é especfcada por: 0, se ndce 1, se ndce 0,6 y (2) 0,6 Com a reparametrzação da varável e as hpóteses mplíctas em modelos de escolha bnára, tem-se então que a estmação da equação (1) se dará através da segunte forma geral para a ocorrênca de um sucesso: onde, P ( y ) F ( x ) P ( y 1 ) probabldade de ocorrer um sucesso; F ( ) função de probabldade acumulada. ' 1 (3) Para a ocorrênca de, fo escolhda a função de probabldade da dstrbução normal padronzada, resultando em um modelo Probt, uma vez que não há ganho de 1 Lmta o gasto com pessoal em 60% da receta corrente líquda do muncípo.

6 efcênca em estmação de um modelo sobre o outro. (Maddala(1983, p.23; Judge et.al., cap.18). Estmatvas de são obtdas a partr da equação (3) pelo método da máxmaverossmlhança. Testes de sgnfcânca para cada parâmetro soladamente é obtdo de forma usual pelo teste t em uma regressão padrão. Já o teste de sgnfcânca da regressão ( 0 ) é conduzdo através de um teste com dstrbução Qu- Quadrado ( 2 ), tal que, 2 k 1 k k 2 dstrbução Qu-Quadrado com k-1 graus de lberdade. 2 k 1, onde quocente de máxmaverossmlhança; Por fm defnu-se a varável dependente da segunte forma: Y f ( CPP, IRT, TRRC, DCUSRC, SDO ) As varáves exógenas especfcadas são: IRT a razão nvestmento por receta total; TRRC a razão transferêncas por receta corrente; DCUSRC a razão despesa de custeo sobre receta corrente e SDO o saldo em conta corrente do muncípo, dado pela razão receta corrente sobre despesa corrente. A legenda partdára é representada por uma varável dummy, CPP, de forma a dscrmnar os muncípos cujos partdos polítcos são consderados de dreta e os que são de esquerda, ou seja: CPP 1, partdo 0, partdo de de dreta esquerda Valendo ressaltar que no que se refere à esta varável o período analsado corresponde apenas aos quatro anos posterores ao pleto de 1992. Agrupados de acordo com suas regões os muncípos são ncalmente classfcados de acordo com suas recetas correntes em ordem decrescente e dvddos em dos grupos; 1/2 maor e 1/2 menor, onde é aplcado o modelo e posterormente calculadas as probabldades de ocorrênca de um muncípo nfrator em cada um destes grupos. Posterormente classfca-se os muncípos em ordem decrescente de acordo com o índce de gasto com pessoal relatvo à receta corrente líquda, e dvde-se os mesmos em dos grupos; os que possuem índce superor a 0,6 y 1), e os demas ( y 0 ). Deste segundo grupo surgem três novos subgrupos de acordo com esse mesmo índce (1/3 maor, 1/3 médo e 1/3 menor). Em cada um destes três grupos será ncluído o grupo dos muncípos com índce superor a 0,6 para então ser efetvada a aplcação do modelo e os respectvos cálculos das probabldades de ocorrênca de um muncípo nfrator. Os resultados encontram-se descrmnados nas tabelas 1, 2 e 3. 4- Resultados Empírcos A partr de dados da Secretara do Tesouro Naconal e dos Trbunas Regonas Eletoras (partdos polítcos), foram analsados em méda, 178 muncípos do Estado do Ceará, 110 do Pauí, 170 da Paraíba, 114 do Maranhão, 137 do Ro Grande do Norte, 143 de Pernambuco, 412 da Baha, 71 do Espírto Santo, 80 do Ro de Janero, 749 de Mnas Geras, 626 de São Paulo, 360 do Paraná, 418 do Ro Grande do Sul e 254 de Santa Catarna. Entretanto, para o período compreenddo entre 1993 e 1996 foram (

7 excluídos da amostra os estados de São Paulo e Baha, uma vez que os seus dados referentes à legenda partdára muncpal não foram dsponblzados. Tabela 1: Probabldades Resultantes da Aplcação do Modelo para os Muncípos do Nordeste, 1989-1996 Receta Corrente Despesa com Pessoal Anos Partdos Metade Metade Terço Terço Terço Polítcos Maor Menor Maor Médo Menor Total 1989 0,050 0,083 0,345 0,323 0,138 0,079 1990 0,050 0,030 0,248 0,206 0,134 0,050 1991 0,087 0,104 0,356 0,326 0,295 0,102 1992 0,014 0,010 0,090 0,056 0,022 0,016 1993 Dreta 0,013 0,001 0,087 0,015 0,005 0,007 Esquerda 0,023 0,002 0,010 0,070 0,033 0,011 1994 Dreta 0,000 0,000 0,010 0,000 0,000 0,000 Esquerda 0,000 0,000 0,000 0,004 0,000 0,000 1995 Dreta 0,009 0,000 0,098 0,002 0,003 0,006 Esquerda 0,018 0,000 0,085 0,032 0,034 0,006 1996 Dreta 0,009 0,011 0,125 0,055 0,017 0,013 Esquerda 0,007 0,020 0,093 0,065 0,070 0,016 Fonte: Secretara do Tesoura Naconal A aplcação do modelo para a regão Nordeste, demonstra que a chance de ocorrênca de um muncípo defctáro dentre os mas pobres é maor no prmero ano da sére analsada. Comprova-se que a probabldade de nfração à Le Complementar é bem maor no grupo consttuído pelos muncípos que possuem índce superor a 0,6 e a terça parte de muncípos em que o índce de gastos com pessoal é mas elevado, decrescendo progressvamente na medda em que o modelo é aplcado para os grupos com despesa de pessoal relatvo à receta corrente líquda menores. Já no que dz respeto à questão partdára verfca-se que não há supremaca quanto ao ajuste fscal, uma vez que as prevsões do modelo para a regão como um todo mostram probabldades muto próxmas nos quatro anos analsados. Tabela 2: Probabldades Resultantes da Aplcação do Modelo para os Muncípos do Sudeste, 1989-1996 Receta Corrente Despesa com Pessoal Anos Partdos Metade Metade Terço Terço Terço Polítcos Maor Menor Maor Médo Menor Total 1989 0,121 0,397 0,652 0,671 0,701 0,242 1990 0,062 0,050 0,281 0,281 0,184 0,055 1991 0,066 0,069 0,294 0,257 0,184 0,074 1992 0,102 0,359 0,291 0,255 0,195 0,072 1993 Dreta 0,021 0,009 0,233 0,176 0,060 0,021 Esquerda 0,049 0,018 0,425 0,302 0,298 0,075 1994 Dreta 0,016 0,002 0,080 0,029 0,006 0,009 Esquerda 0,030 0,005 0,209 0,097 0,013 0,026 1995 Dreta 0,040 ** 0,13 0,055 ** 0,018 Esquerda 0,058 ** 0,298 0,142 ** 0,047 1996 Dreta 0,053 0,003 0,212 0,095 0,058 0,026 Esquerda 0,129 0,042 0,435 0,323 0,315 0,121

8 Fonte: Secretara do Tesoura Naconal No caso da regão Sudeste, observa-se uma certa nfluênca da varável receta corrente na determnação da ocorrênca de um muncípo nfrator nos quatro últmos anos da sére analsada. Em 1989 e 1992 essa probabldade é três vezes maor nos muncípos mas pobres porém, a partr de 1993 os muncípos economcamente maores respondem pela grande maora dos muncípos enquadrados na Le Complementar, valendo ressaltar que, neste período a probabldade de ocorrênca desses casos decresceu sgnfcatvamente. Já no que concerne a questão do índce de despesa com pessoal, à exceção do ano de 1989, mas uma vez a probabldade de ocorrênca de um muncípo nfrator é bem maor na terça parte que mas gasta com pessoal, e novamente decresce progressvamente na medda em que se analsa os grupos que contém os que menos gastam com pessoal. A questão polítco partdára merece destaque na análse da regão Sudeste pos as prevsões do modelo demonstram que a ocorrênca de muncípos defctáros entre os comandados por partdos de esquerda é sgnfcantemente maor, seja na regão como um todo, seja nas classfcações por receta corrente ou despesa com pessoal. Tabela 3: Probabldades Resultantes da Aplcação do Modelo para os Muncípos do Sul, 1989-1996 Receta Corrente Despesa com Pessoal Anos Partdos Metade Metade Terço Terço Terço Polítcos Maor Menor Maor Médo Menor Total 1989 0,131 0,174 0,536 0,547 0,389 0,142 1990 0,015 0,00 0,156 0,067 0,00 0,006 1991 0,049 0,093 0,337 0,301 0,215 0,080 1992 0,163 0,123 0,432 0,425 0,367 0,145 1993 Dreta 0,090 0,029 0,382 0,345 0,151 0,060 Esquerda 0,134 0,024 0,444 0,449 0,215 0,079 1994 Dreta 0,021 0,015 0,138 0,068 0,003 0,017 Esquerda 0,023 0,002 0,123 0,052 0,002 0,014 1995 Dreta 0,075 0,062 0,308 0,274 0,145 0,069 Esquerda 0,085 0,029 0,308 0,220 0,115 0,059 1996 Dreta 0,108 0,108 0,389 0,378 0,284 0,109 Esquerda 0,138 0,078 0,440 0,352 0,242 0,111 Fonte: Secretara do Tesoura Naconal As probabldades encontradas no modelo para regão sul prevêem uma maor ocorrênca de casos de muncípos nfratores dentre os muncípos economcamente maores nos últmos cnco anos da sére analsada, sendo nclusve mas grave em 1993 e 1996 nos partdos de esquerda. Em 1989 a probabldade de ocorrênca de um nfrator dentre os muncípos economcamente menores era 17,4%, enquanto que para o grupo de muncípos economcamente maor este valor era 13,1%, a partr de 1992, estes valores se nvertem e a chance de ocorrênca de um muncípo nfrator entre os mas rcos é cerca de 1% a 7% maor. Assm como no sudeste do país, a ocorrênca de um muncípo defctáro é predomnante na terça parte que mas gasta com pessoal relatvamente à sua receta corrente líquda, a exceção de 1989, quando esta ocorrênca é maor no terço médo. Em

9 todos os anos da sére analsada a ocorrênca de muncípos defctáros é bem nferor no grupo onde estão nserdos os que gastam relatvamente menos com pessoal. Nesta regão pode-se também afrmar que não há supremaca quanto ao ajuste fscal, uma vez que a dferença entre as probabldades encontradas sequer ultrapassa 2%. 5- Conclusões Buscou-se neste artgo, examnar e dentfcar os prncpas problemas de desequlíbro nas contas públcas dos muncípos das três prncpas regões brasleras. Fo tomado como premssa básca que os dos prncpas problemas que se apresentam para os governos muncpas são o défct em conta corrente e o índce que relacona gastos com pessoal e receta corrente líquda, sendo este últmo o prncpal objeto desta análse. Sob uma vsão smplsta, pode-se conclur que a solução do problema do défct pode levar à solução do problema do índce, porém não necessaramente. Contudo, os problemas estão nquestonavelmente relaconados entre s. Dentre as dfculdades para soluconar tas problemas cte-se a restrta lmtação que os muncípos se deparam para gerar recetas própras, e as númeras alternatvas de manpulação das varáves de controle das fnanças públcas. No prmero caso, tem-se a receta corrente dependendo quase que exclusvamente das transferêncas consttuconas (em torno de 90%), mplcando com sso dzer que a receta é quase totalmente exógena aos muncípos. Em vsta da elevada partcpação das transferêncas sobre a receta, há reduzda margem para que a receta corrente líquda compense as despesas com pessoal, e, assm, atngr o índce dtado pela Le Complementar no. 82. A verfcação empírca fo baseada em modelos econométrcos com varável dependente qualtatva lmtada do tpo bnára, usando-se como crtéro a hpótese probt. Exauru-se as possbldades de especfcação dos modelos, tanto para o défct quanto para o índce, dentre as varáves dsponíves. Os prncpas resultados prevstos foram: 1) Muncípos com alta e baxa renda per capta dferem pouco na chance de serem defctáros. 2) Regões mas pobres podem apresentar menos chance de ser defctáras. Este resultado é de grande mportânca, pos sugere que a qualdade da gestão muncpal como um todo pode ser mas mportante que a própra base econômca do muncípo na determnação do equlíbro orçamentáro.3) Regões mas rcas tem alta probabldade. Cabe a mesma observação feta no tem anteror. Além dsso, quanto maor a base econômca do muncípo, maor tenderá a ser sua capacdade de endvdamento. Assm, caso a gestão orçamentára seja ncompetente, a chance do equlíbro orçamentáro ocorrer será menor que nas regões mas pobres. 4) Não há supremaca quanto ao ajuste fscal por parte dos partdos polítcos nas regões Sul e Nordeste. 5) Na regão Sudeste os muncípos de cunho polítco esquerdsta nfrngem mas a Le Complementar n.º 96. Fnalzando, conclu-se que a solução para a maora dos muncípos reduzr ou anular o défct e atngr o índce, em atendmento à referda Le Complementar, sera a redução drástca de gastos de custeo, com especal ênfase nos gastos com pessoal. Vale ressaltar que o atual pacto federatvo só poderá se sustentar se o esforço fscal da Unão, estados e muncípos for empreenddo de forma smultânea e consensual. De nada adanta a Unão e os estados se submeterem a regmes de austerdade fscal, quando do outro lado a rresponsabldade dos muncípos contnua plena.

10 6- Referêncas Bblográfcas ARRAES, Ronaldo A., LOPES, Carlos M. Irresponsabldade Fscal, Pacto Federatvo e as Fnanças Muncpas, 1999. Artgo apresentado no IV Encontro Regonal de Economa em Fortaleza-CE, a ser publcado na Revsta Econômca do Nordeste, em número especal, em 1999. BRASIL. SENADO FEDERAL. Consttuções do Brasl e suas Alterações, Brasíla 1986. GOMES, G.; Mac Dowell, M. Os Elos Fráges da Descentralzação: Observações sobre as Fnanças dos Muncípos Brasleros, 1995. Anas do XXV Encontro da ANPEC, Recfe, 1997. LOPES, C.; MARINHO, E. A Necessdade da Reforma Fscal para a Consoldação do Plano Real, Anas do XXIV Encontro da ANPEC, Águas de Lndóa: ANPEC. LOPREATO, Francsco L. C. Evolução da Partcpação Estadual na Dstrbução Insttuconal de Renda. Dssertação de Mestrado, Unversdade de Campnas, 1981. MADDALA, G.S. Lmted-Depedent and Qualtatve Varables n Econometrcs. John Wley & Son, 1983 SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Execução Orçamentára dos Estados e Muncípos das Captas, 1986-1995. Brasíla, dez., 1996. SERRA, José; AFONSO, José Roberto R. As Fnanças Públcas Muncpas: Trajetóra e Mtos. Texto para Dscussão n. 3, Insttuto de Economa da Uncamp, out., 1991. SILVA, Líga Osóro. Aspectos da Hstóra dos Impostos no Brasl: As Reformas Consttuconas de 1934 a 1946. NEXOS Econômcos, v.1, n.1, p. 77-99, Jun.,1999.