12 de maio de 2014 Relatório Semanal de Estratégia de Investimento Destaque da Semana A nosso ver, ainda que ação do BCE no campo monetário seja iminente, não esperamos uma agenda de estímulos aos moldes da observada na economia norte-americana; A nosso ver é cedo para realizarmos qualquer avaliação sobre o debate eleitoral;
Economia Internacional O debate de política monetária ganhou destaque na semana que passou. Se por um lado os dados econômicos norte-americanos sustentam a tese de que o FED (banco central dos EUA) respeitará o cronograma de retirada dos estímulos praticados pela instituição, por outro, no velho continente, o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, dá indícios de que instrumentos não convencionais de política monetária podem ser lançados para combater os riscos de deflação no bloco comum europeu. A começar pelos EUA onde, na última semana, o mercado foi surpreendido pela leitura do PIB do 1º tri de 2014 - que ficou estável quando era esperado alta de 1,5% - novas informações indicam que, de fato, o resultado foi pontual e não deve atrapalhar os planos do FED de reduzir em seus encontros futuros o nível de estímulos dados a economia do país (atualmente a instituição insere US$ 45 bi e, em suas últimas reuniões de política monetária, decidiram reduzir em US$ 10 bi este montante, o que indica fim do ciclo de ajustes para o início de 2015). O ISM de serviços (índice dos gerentes de compras do setor) seguiu o comportamento do mesmo indicador da indústria e encerrou abril em 55,20 pontos. Vale ressaltar que esta é uma importante variável para as projeções do PIB do país e indica que no próximo trimestre a economia norte-americana tende a apresentar crescimento próximo a 3%. Além disso, os estoques, que explicaram grande parte das perdas do 1º tri, voltaram a crescer e fecharam março em 1,1% contra esperados 0,5%. No velho continente, há realidades opostas entre os países que compõe o bloco único, dificultando a vida da autoridade monetária da Zona do Euro. A economia Alemã apresenta padrões sólidos de crescimento e sugere que os instrumentos de políticas monetários até aqui utilizados pelo BCE são adequados. No entanto, ao avaliarmos a realidade dos países periféricos, entendemos que há um Gráfico G1- Europa: Inflação (%) 4,2 3,2 2,2 1,2 0,2-0, -1, jan-07 jan-09 jan-11 jan-13 Eurostat Eurozone CPI YoY Eurostat Eurozone Core CPI YoY longo caminho pela frente, que demanda, nesta trajetória, novos estímulos. São muitas as variáveis que retratam a realidade distinta entre as economias do bloco europeu, entre elas, destacamos: a-) A taxas de desemprego (como mostra o quadro abaixo); b-) A evolução do crescimento da indústria; c-) A inflação. Esta última tem sido a mais representativa nas justificativas do BCE para a utilização de novas medidas expansionistas. A nosso ver, ainda que ação do BCE no campo monetário seja iminente, não esperamos, dadas as características acima citadas, uma agenda de estímulos aos moldes da observada na economia norte-americana. Por fim, na China, o governo do país volta a sustentar que a mudança do padrão de crescimento tende a influenciar negativamente a evolução do PIB do país. Acreditamos, de fato, que o gigante asiático tende a manter o ritmo de pouso suave de seu crescimento. Entretanto, o crescimento do país não deve fugir a algo em torno de 7% - 7,5%, isso porque, ao avaliarmos a evolução dos preços internos chineses vemos espaço suficiente de medidas de estímulos que garantiriam este padrão. O que olhar na semana? Na China, as vendas ao varejo e a produção industrial abre a agenda econômica da semana. Na Europa, o PIB do primeiro trimestre tende a referendar a retomada de crescimento do bloco europeu. Nos EUA, a produção industrial e a confiança do consumidor de Michigan completam a agenda externa. Gráfico G2- Europa: Taxa de Desemprego (% a.a.) 2007 2010 2014 12 10,1 10, 15 5 12 13,7 6,4 13 12,5 2 20,1 Euro Portugal Irlanda Itália Grécia Espanha 25 Fonte: Bloomberg, FMI 12/05/2014 07:00
jan-0 jul-0 jan-09 jul-09 jan-10 jul-10 jan-11 jul-11 jan-12 jul-12 jan-13 jul-13 jan-14 % Economia Brasileira A inflação oficial do sistema de metas (IPCA) surpreendeu positivamente os mercados nos últimos dias e tende a influenciar a decisão de política monetária do BC (Banco Central) que ocorrerá na última semana de maio. Além disso, mais uma vez, observamos o debate da corrida presidencial influenciar a evolução dos mercados, ainda que, nesta semana, não tenha havido surpresas neste flanco. O índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) do mês de abril apresentou variação de 0,67%, muito abaixo das expectativas dos analistas (0,%) e da leitura de março (0,92%), levando o acumulado em 12 meses para 6,2%. Este comportamento está relacionado, em grande parte, pela evolução da linha alimentos, que em outros momentos pressionou o indicador e, usualmente, não tem seus preços combatidos pelos instrumentos convencionais de política monetária (entenda-se taxa de juros) tese amplamente defendida pelo BC. Ainda assim, o efeito deste evento nas projeções dos economistas foi imediato já que o relatório de mercado Focus, disponibilizado semanalmente pelo BC, apresentou queda da inflação projetada para o fim de 2014 (de 6,47% há 4 semanas para 6,39% na leitura desta manhã). Com isso, é licito supor que a probabilidade de novos ajustes na taxa básica de juros local pelo BC no seu próximo encontro de política monetária é menor do que em outros tempos. Isso não quer dizer, porém, que os desafios no controle da evolução dos preços pelo BC estão superados. Vale lembrar que uma série de amarras do índice de preços - notadamente os preços administrados terá necessariamente que sofrer ajustes, aumentando a probabilidade de o IPCA flertar com o teto da meta de inflação.,0% 7,0% Gráfico G3- Brasil: IPCA No campo eleitoral, a aguardada pesquisa do instituo Data Folha não trouxe novidades em relação à pesquisa divulgada pela CNI dias antes. Ou seja, a presidente Dilma registrou, na simulação de um eventual primeiro turno com Aécio Neves e Eduardo Campos, 37% das intenções de votos, o que indica um provável segundo turno. Nas simulações de um possível segundo turno, a presidente venceria ambos com ampla margem de votos, entretanto, menor do que a observada em fevereiro, algo também retratado pela pesquisa da CNI. Ainda assim, esta informação foi suficiente para garantir ganhos substanciais do índice acionário local, com fluxo de investimentos direcionados, principalmente, a empresas estatais, notadamente a Petrobras. Este comportamento tende a ser recorrente nas próximas semanas quando novas pesquisas devem ser divulgadas. A nosso ver é cedo para realizarmos qualquer avaliação sobre o tema, uma vez que o inicio da propaganda eleitoral em rádio e TV tende a mudar o comportamento do eleitorado, que usualmente é bastante volátil. Entretanto, as recentes ações do partido da situação mostram que o conforto de outros momentos não é mais o mesmo. E isso, de alguma maneira, pode sugerir uma disputa mais acirrada do que a observada em eleições passadas. O que olhar na semana? As vendas ao varejo de março antecedem a informação do IBC-Br, proxy mensal do PIB calculada pelo BC, que será divulgada na sexta-feira. Gráfico G4- Brasil: Focus Inflação fim do ano corrente 6,7 6,5 6,0% 5,0% 4,0% 3,0% 6,3 6,1 5,9 5,7 6,39 IPCA 12M 5,5 jan-14 fev-14 mar-14 abr-14 mai-14 Fonte: Bloomberg,12/05/2014 às 07:00 Página 3 de 6
% Mercados BOLSA O índice Bovespa fechou mais uma semana em alta, superando o importante patamar dos 53 mil pontos, usualmente defendido pelos analistas técnicos como um importante ponto de resistência a uma alta mais consistente. Os motivos para este comportamente estão, assim como nas últimas 3 semanas, relacionados ao debate eleitoral, beneficiando empresas estatais, principalmente a Petrobras. Em paralelo, outro evento relevante é a temporada de balanços corporativos que, até aqui, tem apresentado padrão próximo ao de outros tempos o nível de surpresas positivas na casa dos 50%. Nesta semana o debate eleitoral tende a perder espaço, já que a próxima pesquisa de intenção de votos registrada no TSE será divulgada apenas na semana do dia 20. Entretanto, a movimentada agenda de informações econômicas da China sugere que os dias à frente tendem a ser especialmente voláteis. A nosso ver, dada a imprevisibilidade do cenário eleitoral, principalmente pelo fato de a propaganda de rádio e TV ainda não ter se iniciado, assim como pela incerteza na evolução dos dados chineses, mantemos cautela em nossas posições estratégicas. Under Over CÂMBIO No mercado de moedas, o dólar, mais uma vez, perdeu espaço para as moedas dos países que têm economias relacionadas à evolução das commodities e levou a paridade R$/US$ a fechar a semana negociada em R$ 2,21. Interessante notar, neste contexto, que a medida do BC de não rolar completamente seu estoque de swaps em abril, além de inicar o mês de maio com menor volume de operações destas características do que observamos em meses anteriores, não surtiu efeito. O fluxo de capitais estrangeiros, principalmente para a renda-fixa, ditou o comportamento da moeda local. A nosso ver, o BC dá sinais de que o atual patamar de preço do Real traz conforto, no sentido de contribuir para a evolução da inflação, sem penalizar de maneira expressiva a indústria, sugerindo que a paridade R$/US$ parece estar próxima a um piso. Além disso, a expectativa da redução de estímulos monetários nos EUA tende a favorecer posições compradas neste mercado. Entretanto, a convergência deste cenário não deve ser observada no curtíssimo prazo. Under Over JUROS No mercado de juros, houve queda expressiva dos rendimentos dos títulos públicos em resposta a leitura do IPCA, que surpreendeu amplamente as expectativas dos analistas o acumulado em 12 meses ficou em 6,2%, quando era esperado 6,42% - e levou a uma importante revisão das expectativas de inflação dos economistas (de 6,47% há 4 semanas para 6,39% na leitura desta manhã). Importante notar, neste sentido, que a probabilidade precificada pelo mercado da nova alta da Selic no encontro de maio está próxima de zero, fato que se traduziu em ganhos para os fundos que acompanham esta classe de ativos. Outro ponto importante do movimento recente é a inflação implícita dos títulos domésticos (diferença entre o rendimento do título pré-fixado e o cupon das NTNs do tipo B) que vem sendo praticada em torno dos 6,10%. A nosso ver, ainda que a evolução recente dos preços seja um importante sinal para os mercados, a necessidade de ajustes de preços administrados, junto com o componente inercial da inflação local, que é alimentado pela desancoragem das expectativas dos agentes, sugerem que posições reduzidas nesta classe de ativo é ainda a estratégia mais recomendada. Juros Pré-Fixado Inflação Under Over Under Over 74.000,00 69.000,00 64.000,00 59.000,00 54.000,00 49.000,00 44.000,00 Evolução Moedas Semana (%) -1,06-0,79-0,7-0,66-0,13-0,0-0,03-2 -1 0 1 2 13,60 12,60 11,60 10,60 9,60,60 7,60 Bovespa Swiss Franc Danish Krone Euro New Zealand Dollar Taiwanese Dollar Swedish Krona Singapore Dollar 0,01 Japanese Yen 0,12 British Pound 0,47 South Korean Won 0,6 Canadian Dollar 0,74 Norwegian Krone 0,1 Mexican Peso 1,04 Australian Dollar 1,23 Brazilian Real 1,64 South African Rand Pré 2017 Máximo Mínimo Fonte: Bloomberg,12/05/2014 às 07:00 Média 6 M Desv + Desv -
Indicadores e Cotações FECHAMENTO NA SEMANA NO MÊS NO ANO 3 MESES 6 MESES 12 MESES IBOV 53.100 0,23% 2,5% 3,09% 13,07% -2,46% -4,23% S&P 500 1.7-0,14% -0,29% 1,63% 7,02% 6,25% 15,4% DOW JONES 16.53 0,43% 0,02% 0,04% 7,37% 6,04% 9,95% NASDAQ 4.072-1,26% -1,04% -2,51% 1,00% 3,44% 19,44% MSCI WORLD 1.63-0,33% -0,26% 1,34% 7,23% 4,96% 12,54% COMMODITIES: PETRÓLEO 99,99 0,23% 0,25% 2,79% 5,53% 6,46%,19% OURO 1.27,60-1,17% -0,64% 6,9% 2,% -2,22% -12,75% CRB COMMODITIES 305-0,4% -1,60%,71% 6,33% 11,27% 4,50% MOEDAS: REAL / DOLAR 2,213-0,39% -0,7% -6,32% -,01% -1,50% 9,90% DOLAR / EURO 1,3-0,0% -0,79% 0,11% 1,77% 1,1% 5,4% JUROS PÓS FIXADOS: DI OVER 10,0% 0,21% 0,27% 3,2% 2,0% 5,40% 9,2% FED FUND 0,25% 0,00% 0,01% 0,09% 0,07% 0,13% 0,25% JUROS PRÉ FIXADOS: PRÉ DE ANO 11,2% 0,00% -0,02% 0,73% -0,39% 0,76% 3,29% LIBOR 6 MESES 0,32% 0,00% 0,00% -0,03% -0,01% -0,03% -0,11% TREASURY 10 ANOS 2,62% 0,04% -0,02% -0,41% -0,01% 0,02% 0,1% Agenda Semanal TERÇA País Período Estimado Anterior Relevância Retail Sales YoY CHI Apr 12,20% 12,20% ++ Industrial Production YoY CHI Apr,90%,0% ++ Retail Sales Advance MoM EUA Apr 0,40% 1,10% +++ QUARTA Formal Job Creation Total BRA Apr -- 13117 ++ QUINTA CPI YoY EUR Apr F 0,70% -- +++ GDP SA QoQ EUR 1Q A 0,40% 0,20% +++ GDP SA YoY EUR 1Q A 1,10% 0,50% +++ FGV Inflation IGP-10 MoM BRA May -- 0,0119 ++ Retail Sales MoM BRA Mar -- 0,002 ++ Retail Sales YoY BRA Mar 0,10%,50% +++ Empire Manufacturing EUA May 6 1,29 ++ CPI MoM EUA Apr 0,30% 0,20% +++ CPI YoY EUA Apr 2,00% 1,50% ++ Novos Pedidos de Aux. Desemp. EUA 10/mai 320K 319K +++ Continuing Claims EUA 03/mai 2753K 265K ++ Industrial Production MoM EUA Apr 0,00% 0,70% +++ Philadelphia Fed Business Outlook EUA May 14,1 16,6 ++ SEXTA FGV CPI IPC-S BRA 15/mai 0,7% 0,4% ++ Economic Activity MoM BRA Mar 0,50% 0,24% + Economic Activity YoY BRA Mar 2,75% 4,04% + Univ. of Michigan Confidence EUA May P 4,5 4,1 +++ Fonte: Bloomberg, 12/05/2014 às 07:00
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