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Transcrição:

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 Mudança na bandeira tarifária de energia elétrica eleva custos do avicultor em 2017 Por Marcos Iguma e Renato Prodoximo O s gastos com energia elétrica dos avicultores subiram 5,56% no primeiro quadrimestre de 2017, ao analisar a média Brasil (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo) do projeto Campo Futuro, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Este movimento é inverso ao registrado no mesmo período do ano anterior, quando os custos com energia elétrica recuaram 6,30%. Além dos preços altos, a disponibilidade interna do cereal esteve baixa devido à quebra na produção e ao forte ritmo das exportações do grão no primeiro semestre. Segundo dados da Secex, foram exportadas 12,3 Gráfico 1 - Evolução dos preços da energia elétrica de jan/16 a abril/17 milhões de toneladas de milho no primeiro semestre de 2016, sete milhões a mais que no mesmo período de 2015 e aumento de 131%. Uma das alternativas foi aumentar a importação de milho, conforme os estoques das cooperativas e agroindústrias integradoras iam se esgotando. De modo geral, as importações brasileiras de milho foram crescentes ao longo de 2016, chegando ao recorde mensal de 495 mil toneladas em outubro. O produto importado veio principalmente da Argentina e do Paraguai, com 1,16 milhão de toneladas e 1,2 milhão de toneladas, respectivamente. A grande justificativa para esse aumento no gasto com energia elétrica é o reajuste no preço da tarifa de energia elétrica para o avicultor, que saltou 5,55% na média Brasil pesquisada pelo Cepea/ESALQ e CNA no primeiro quadrimestre de 2017, fenômeno oposto ao R$ 0,56 R$ 0,54 R$ 0,52 R$ 0,50 R$ 0,48 R$ 0,46 R$ 0,44 R$ 0,42 R$ 0,40 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16 dez/16 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 BA GO MG MS MT SP Média Br Fonte: Projeto Campo Futuro CNA (2017), Cepea-Esalq/USP Elaboração: Cepea-Esalq/USP 2

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 observado no mesmo período do ano anterior, quando a tarifa registrou queda de 6,87%. Feira de Santana (Bahia) foi o local com aumento mais intenso no valor pago pela energia, de 11,29%. A energia elétrica tem grande importância na climatização e manutenção das condições básicas de ambiência no galpão de criação, cujas boas práticas de manejo podem evitar perdas pelas alterações de temperatura, pressão do ar e aclimatação dos pintainhos. Em granjas de pressão negativa, as quais os sistemas de climatização e iluminação são diferenciados, com luz artificial e acionamento de equipamentos, o gasto com energia pode ser ainda maior que em granjas convencionais, que operam somente com cortinas, ventiladores e nebulizadores. Em termos de participação no custo do produtor, o item energia elétrica somou 16,37% de representatividade no Custo Operacional Efetivo (COE) em abril/17, média Brasil, frente a 15,57% no mesmo período do ano anterior. Considerando-se os últimos 12 meses (de maio/16 a abril/17), a variação acumulada chegou a 9,84% de aumento em média, influenciada principalmente pelos reajustes das tarifas e o sistema de bandeiras tarifárias na cobrança pela energia elétrica. Nesse período, a variação acumulada mais expressiva foi registrada em Mato Grosso, com aumento de 14,85% dos gastos com energia elétrica na participação do COE. A única região a registrar queda no ano foi São Paulo, de 2,10%, influenciada pela redução na tarifa da distribuidora que atende o estado. O ano de 2017 começou sem tarifas adicionais para a energia elétrica nos dois primeiros meses, pois as condições climáticas eram favoráveis para a geração de energia e não houve acréscimo no custo para produção. Esse cenário é o inverso do registrado em 2016, quando o ano já se iniciou com o sistema de bandeira tarifária em alerta, sinalizada pela cor vermelha. Isso elevou o custo com a geração de energia e, consequentemente, trouxe um cenário mais delicado para o avicultor brasileiro no início daquele ano. A partir de março de 2017, contudo, os níveis dos reservatórios que abastecem as principais hidroelétricas estavam baixos, indicando um novo patamar nas bandeiras. Em abril de 2017, levantamentos do centro de previsão de tempo e estudos climáticos (CPTEC/inpe), confirmaram este cenário com previsões de chuvas abaixo da média esperada, fazendo vigorar oficialmente a bandeira vermelha do sistema tarifário. Em 2016, o cenário também mudou a partir de março, quando as previsões de chuvas e o consequente reabastecimento das represas justificaram a redução da tarifa do sistema de bandeiras de amarela para verde em abril daquele ano. Gráfico 2 - Evolução do custo da energia elétrica no primeiro quadrimestre de 2016 e 2017. 10,5% 9,0% 7,5% 6,0% 4,5% 3,0% 1,5% 0,0% -1,5% -3,0% -4,5% -6,0% -7,5% -9,0% MG MS BA GO MS MT SP BRASIL 2017 2016 Fonte: Projeto Campo Futuro CNA (2017), Cepea-Esalq/USP Elaboração: Cepea/Esalq-USP 3

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 Caso as previsões continuem indicando precipitações abaixo do esperado, as empresas geradoras de energia continuarão utilizando as termoelétricas (usinas que produzem energia elétrica a partir do calor liberado no processo de queima de combustíveis fósseis) para preservar os níveis dos reservatórios. O custo para se produzir a energia por este sistema é maior comparativamente à geração por hidrelétricas. Isto motiva o acréscimo na tarifa, refletindo diretamente sobre os dispêndios do avicultor. COE da avicultura integrada sobe 4,45% em 12 meses Por Marcos Iguma e Renato Prodoximo No acumulado dos últimos 12 meses (de maio/16 a abril/17), o Custo Operacional Efetivo (COE) do avicultor integrado subiu 4,45%, na média Brasil (composta pelos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo), segundo indicam pesquisas do Projeto Campo Futuro. Para os produtores de frango convencional (abatidos a partir de 41 dias e pelo menos 2,4 kg), o aumento no COE foi generalizado. Dentre os estados acompanhados, a maior alta, de 6,03%, foi verificada em Mato Grosso, seguido pelos estados de GO (5,07%) e de SP (5,03%). Em Mato Grosso do Sul e na Bahia, os aumentos seguem abaixo da média Brasil, ficando em 3,07% e 2,91%, respectivamente, no mesmo período. Para o produtor de frango do tipo Griller, que são aves com padrão de carcaça mais leve para exportação (abatidas com até 30 dias e 1,39 kg), o COE subiu 3,69% no estado de Minas Gerais e 3,5% em Mato Grosso do Sul. Os itens que mais influenciaram o aumento nos custos foram os gastos com mão de obra, energia elétrica, manutenções e gastos administrativos. Juntos somam 73,88% da participação no COE do avicultor, média Brasil. O custo com a mão de obra tem destaque em Goiás, visto que representa 34,23% do COE do produtor. Registrou aumento acumulado de 6,48%. Esse cenário, por sua vez, gerou dificuldades para o produtor administrar seu caixa. Já quanto aos dispêndios administrativos, o produtor típico sul-mato-grossense foi o que mais sofreu com os aumentos, já que este item correspondeu a 33,06% do COE da propriedade. Valor bem superior ao verificado na média Brasil, de 15,71%. A disparidade nesta granja típica se deve ao elevado custo com a quitação do financiamento adquirido pelo produtor, aplicado nos investimentos de implantação da granja e modernização ao longo dos últimos anos. Já o item de manutenções da granja que inclui benfeitorias, equipamentos, utilitários, máquinas e implementos custou mais ao produtor típico de São Paulo. Representou 23,62% do COE da propriedade. ¹ Iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, em parceria com o Cepea-Esalq/USP no acompanhamento dos custos de produção da avicultura por meio da metodologia de Painel (grupo focal). 4

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 As manutenções na região paulista subiram 5,28%, com maior destaque das manutenções corretivas e preventivas de equipamentos, que representaram 12,75% do COE e tiveram alta 2,52%. Já a manutenção de implementos e máquinas agrícolas sofreram altas de 14,53% e 16,04%, respectivamente. A energia elétrica nos últimos 12 meses pesou mais no bolso do produtor mato- -grossense, com a alta deste insumo atingindo 14,85% e correspondendo a 25,3% do COE Gráfico 3 - Evolução do COE nos últimos 12 meses 6,00% em abril de 2017 (R$ 84.704,17), ante 23,1% (R$ 97.282,92) no mesmo mês do ano anterior. Contudo, ao analisar o Custo Operacional Total (COT), que soma ao COE os gastos com depreciações e pró-labore do avicultor, percebe-se ligeira dificuldade do produtor em reinvestir na propriedade no longo prazo e ser remunerado pela atividade gerencial que exerce na granja. O COT cresceu 3,19% no acumulado dos últimos 12 meses (média Brasil), prejudicando os planejamentos das granjas para 2017. 5,00% 4,00% 3,00% 2,00% 1,00% 0,00% -1,00% mai-16 jun-16 jul-16 ago-16 set-16 out-16 nov-16 dez-16 jan-17 fev-17 mar-17 abr-17 Griller - MG Griller - MS Convencional - BA Convencional - GO Convencional - MS Convencional - MT Convencional - SP Média Brasil Fonte: Projeto Campo Futuro CNA (2017), Cepea-Esalq/USP Elaboração: Cepea-Esalq/USP 5

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 Tabela 1 - Composição do COE nos estados acompanhados pelo Campo Futuro, em 2017. Griller Convencional MG MS BA GO MS MT SP Média BR Administrativos 7,33% 21,28% 4,97% 3,02% 33,06% 17,55% 2,75% 15,71% Impostos e Contribuições Licenciamento Ambiental 3,46% - 2,42% 0,76% 0,20% 1,00% 1,43% 1,09% 0,26% 0,25% - 1,15% 0,17% - - 0,29% Energia Elétrica 20,68% 13,98% 16,39% 9,82% 14,13% 25,30% 7,87% 16,37% Água 1,18% - - - - 0,25% 1,32% 0,34% Combustível e lubrificante Insumos Para aquecimento 2,34% 0,82% 0,80% 6,21% 2,02% 2,47% 1,60% 2,70% 7,23% 11,76% 12,33% 10,22% 4,91% 3,43% 19,25% 8,08% Mão de Obra 30,83% 27,49% 31,19% 34,23% 14,37% 22,93% 29,51% 25,17% Serviços Terceirizados Produtos veterinários - - 8,49% 2,42% 12,04% - - 3,62% - - - - 3,33% - - 0,79% Locomoção - - - - 2,11% 0,10% - 0,52% Limpeza e Desinfecção (lavanderia) Vestimenta e proteção individual Controle de Pragas 0,44% - 1,03% 0,73% - 1,23% 0,57% 0,59% 3,81% 0,34% 0,60% 0,29% 0,18% 1,77% 4,21% 1,48% 0,21% 0,48% - 0,47% 1,04% 0,32% 0,35% Cama de frango 2,58% 5,58% 4,97% 6,11% 3,48% 7,32% 7,52% 5,44% Outros 6,77% - - - - 0,69% Manutenções (total) 19,65% 11,25% 16,82% 23,57% 8,98% 16,33% 23,62% 16,63% Fonte: Projeto Campo Futuro CNA (2017), Cepea-Esalq/USP Elaboração: Cepea-Esalq/USP 6

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 Mão de obra participa em 26% do COE da avicultura Por Camila Ortelan e Marcos Iguma Ogasto com mão de obra para o avicultor representa 25,73% do Custo Operacional Efetivo (COE) se considerada a média Brasil em abril de 2017. A grande parcela do desembolso corrente do produtor com este item reflete na importância da força de trabalho no campo para a condução do manejo de frangos de corte no País. Dentre os custos de produção, a maior participação da mão de obra para o produtor está em Rio Verde/GO, onde o item compõe mais de 34% do COE desta região. No entanto, a maior participação nos desembolsos deve-se à diluição dos demais custos, como manutenções, energia elétrica e gastos administrativos. Já o maior valor bruto pago a um funcionário no mês foi registrado em Dourados/MS, para o gerente da granja, que recebe cerca de R$ 2.000,00 de piso salarial (valor sem encargos). Gráfico 1 - Participação da mão de obra no COE da avicultura em abril/17. Fonte: Projeto Campo Futuro CNA (2017), Cepea-Esalq/USP Elaboração: Cepea-Esalq/USP ² Média Brasil: Composição da mão de obra na média dos painéis realizados nos estados da BA, DF, GO, MG, MS, MT, SC, SP e MG. Mês de referência em abril/17. 7

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 As atividades desenvolvidas por esses profissionais vão desde o carregamento, recepção e acomodação dos pintainhos na entrada de um lote, bem como seu aquecimento, (fase inicial demanda mais atenção e é responsável pela maior taxa de mortalidade), o manejo durante a criação, limpeza e desinfecção da granja, manutenção das instalações e equipamentos, retirada de aves, manejo da composteira, recebimento da ração, acompanhamento dos veterinários, controle da climatização, manejo da cama de frango, preenchimento de relatórios. O perfil de trabalhador mais típico da avicultura corresponde a um casal de funcionários que mora na propriedade ou os próprios granjeiros, já que em 7 das 12 propriedades típicas de avicultura integrada levantadas no Projeto Campo Futuro, da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos em Economia Avançada (Cepea/ Esalq-USP), tem este perfil de funcionários. Neste cenário, cada trabalhador garante a produção média de aproximadamente 220.000 frangos no ano, entre animais do tipo griller (mais leve, geralmente destinado à exportação) e convencional (animais pesados). Nesta modalidade de trabalho, geralmente o homem cuida da parte gerencial da granja, controlando estoques de ração e elaborando relatórios de produção, enquanto a esposa ajuda no manejo das aves. Na maioria das propriedades, a remuneração é igual para o casal, apesar das diferentes funções exercidas por eles, apenas em Rio Verde/GO e Dourados/ MS há diferenciação na folha de pagamento, em que o cargo gerencial recebe um salário maior. Em SC, na propriedade modal onde são produzidos animais no sistema convencional, cada funcionário ficou responsável pela engorda de aproximadamente 105.000 aves no ano. Assim, este funcionário custou ao produtor R$ 0,21/ave entregue à integradora, maior custo dentre as propriedades pesquisadas. Já o menor custo com funcionários foi verificado nas granjas de MT e GO, em que ambos os produtores tiveram custo de R$ 0,07/ave, no qual cada funcionário cuidou de 335.000 aves e 305.000 aves no ano, em MT e GO, respectivamente. A média Brasil dos gastos com funcionários foi de R$ 0,11/ave. Uma modalidade de contratação muito importante para a atividade é a diária, também muito comum entre as granjas típicas acompanhadas pelo projeto Campo Futuro. Em 7 propriedades foi identificada a presença de funcionários temporários, que trabalham somente algumas diárias por lote, participando de atividades específicas, como recepção e recolhimento de aves nos galpões, ou limpeza da granja no período de vazio sanitário, realizando o revolvimento da cama de frango, fermentação e redistribuição do material, além da desinfecção das instalações. Os trabalhadores diaristas complementam o quadro de funcionários, realizando as tarefas que os contratados não conseguem realizar, já que estão envolvidos no cotidiano da granja. Nesta modalidade de trabalho, o maior valor absoluto de diária foi pago em Rio Verde/GO, onde o profissional recebe R$100,00/ dia e realiza, em média, 10 diárias mensais. DESAFIOS A cadeia avícola de corte, assim como muitas outras atividades, passa por desafios na contratação de funcionários para a condução dos lotes. A principal dificuldade dos produtores é o turnover de pessoal, ou seja, a elevada rotatividade de profissionais na granja. Este é um problema comum na produção de aves, pois a atratividade de empregos na zona urbana ou até mesmo em outras atividades é maior. Muitas vezes o trabalho em tratores nas grandes lavouras ou funções no co- 8

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 mércio ou setor industrial das cidades podem crescer aos olhos dos colaboradores. A falta de mão de obra qualificada, especialmente na região do Centro-Oeste, faz com que as granjas no Sul ainda consigam competir com essa região, visto que se utilizam de mão de obra familiar qualificada. Em outras palavras, por mais que as granjas do Centro-Oeste possuam estruturas maiores e modernas e, com isso, diluam os custos, as granjas do Sul possuem uma mão de obra mais qualificada. As discussões sobre existir ou não insalubridade na atividade de granjeiro também têm sido cada vez mais latentes no setor. A insegurança jurídica que assola o avicultor, quanto ao passivo trabalhista nas interpretações de alguns tribunais, que consideram a profissão de granjeiro insalubre, tornam a atividade mais onerosa. Cabe ao avicultor aguardar a formação de uma jurisprudência sobre o assunto, para posteriormente incluir esse adicional em sua planilha de custos. Dessa forma, torna-se necessária a renegociação com a integradora para que levem este custo em consideração na remuneração dos integrados. Avicultura de postura: um panorama da Por Marcos Iguma, Camila Ortelan e Luiz Gustavo Tutuí A avicultura de postura no Brasil evolui continuamente no sentido da estruturação da cadeia, através da agregação de tecnologia, automação, melhoria genética, boas práticas de manejo, ambiência e sanidade. Mesmo em propriedades menores e de produção familiar, perfil ainda predominante no Brasil, percebe-se engajamento dos avicultores na evolução da qualidade e segurança dos produtos. Grandes polos produtores de ovos emergiram neste cenário, desenvolvendo as regiões com uma atividade lucrativa e de grande escala de produção e tecnologia agregada. São Paulo se destaca na produção nacional. A cidade de Bastos compõe atividade no Brasil um conjunto de granjas especializadas na produção de ovos comerciais que origina grande parte dos ovos exportados pelo país. Os estados do Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco e Santa Catarina também estão no rol das regiões mais produtivas, conforme o Gráfico 1. 9

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 Gráfico 1 - Evolução da produção de ovos de galinha nos principais estados produtores. 900.000 800.000 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 0 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Pernambuco Minas Gerais Espírito Santo São Paulo Paraná Santa Catarina Fonte: Pesquisa de Ovos de Galinha (POG) - IBGE (2017). Elaboração: Cepea-Esalq/USP O perfil de empresário do agronegócio está muito presente na avicultura de postura. A presença de uma sala de ovos, local onde o produtor realiza a limpeza, classificação e embalagem dos produtos, representa para o avicultor uma importante característica da atividade, que naturalmente tende à verticalização da granja enquanto atividade empresarial e próxima à industrial devido ao manejo de alimentos. Ou seja, o produtor consegue produzir, embalar, negociar e distribuir sua produção, garantindo a oportunidade de eliminar os custos de transação com outros agentes que atuariam fora da porteira e também consegue diferenciar seu produto em apresentação (embalagem); segmentação (linhas especiais de tamanhos, especificidades nutricionais e aspecto, como ômega 3, gema pigmentada, etc); distribuição (frota própria ou terceirizada), entre outras possibilidades. Negociar o seu produto e colocá-lo diretamente à disposição do consumidor final garante um diferencial frente a outras atividades do agronegócio. No entanto, este passa a ser um desafio gerencial ao produtor, que demanda não só conhecimentos da produção, mas também de marketing, logística, manipulação de alimentos, entre outros. Em termos de custos, o avicultor de postura brasileiro estabelece estratégias importantes na produção, tendo a oportunidade de comprar todos os insumos diretamente no mercado. No caso da ração, um dos custos de maior impacto no bolso do granjeiro, a produção de grãos na propriedade, bem como a presença da fábrica de ração podem ser diferenciais na atividade. Em 2017, o poder de compra do avicultor de postura mostrou significativa evolução, já que os preços do produto estão extremamente atrativos ao produtor m um momento de baixa nos preços dos grãos, principais itens de custo da atividade. Utilizando como referência os preços da região de Bastos/SP, o produtor conseguiu comprar 197,2kg de milho com a venda de uma caixa de 30 dúzias de ovos brancos na parcial de maio deste ano, frente aos 89,7kg possíveis na 10

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 média do mesmo mês do ano anterior (Cepea/ Esalq-USP, 2017). Em relação ao farelo de soja, a venda de uma caixa com 30 dúzias do ovo Gráfico 2 - Relação de troca ovo branco tipo extra e milho em SP. Relação de troca (Nº caixas de 30dz/1 sc milho) 200 180 160 140 120 100 80 Fonte: Cepea-Esalq/USP branco o avicultor paulista garantiu a aquisição de 92,2 quilos do produto, frente aos 60,14kg possíveis de serem adquiridos em maio de 2016. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Gráfico 3 - Relação de troca ovo branco tipo extra e soja em SP. 105 2013 2014 2015 2016 2017 95 85 75 65 55 2013 2014 2015 2016 2017 45 35 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Fonte: Cepea-Esalq/USP 11

CUSTOS TRIMESTRAIS ABRIL A JUNHO/2017 No mercado externo, o Brasil tem grande destaque e ocupou em 2014 a quinta posição no ranking de maiores produtores de ovos, com 44 bilhões produzidos. O país ficou atrás do México, Índia, Estados Unidos e China. A China representa um terço da produção mundial, com 452 bilhões de produtos no ano, segundo estatísticas da FAO (Food and Agriculture Organization). No mercado doméstico, os preços dos ovos têm um comportamento peculiar, cuja sazonalidade é fortemente influenciada pela demanda, nível dos estoques, oferta, tamanho dos ovos, qualidade, vida útil e pela região de produção ou compra, segundo pesquisas do Cepea/Esalq-USP. Já a oferta de ovos segue basicamente o plano de alojamento, o nível de descarte das galinhas, o período do ciclo produtivo, o clima regional ou estação do ano e o fornecimento de ração. Para 2017, este cenário de aquecimento da demanda interna possibilita maiores ganhos ao produtor, que vem preferindo negociar no mercado doméstico e frear as exportações. De janeiro a março, os embarques de ovos comerciais diminuíram 71,1%, chegando a apenas 285 toneladas vendidas no último mês. A preferência pelo mercado interno, além da dificuldade de se abrir novos mercados para o produto nacional, impedem o crescimento do Brasil como grande exportador. De acordo com a Secex, as exportações diminuíram em 2016. Com quedas de 48,6% no volume e 52% na receita ao comparar 2016 a 2015, o Brasil embarcou 8,74 mil toneladas de ovos, gerando US$ 9,52 milhões no último ano. Os Emirados Árabes Unidos se mantém o maior comprador do produto brasileiro, responsável por 72,2% dos embarques de ovos em 2016, com 6,31 mil toneladas. A posição é seguida pelo Japão, que comprou 1,73 mil toneladas do produto brasileiro no ano. O Brasil é considerado um grande produtor de ovos. Em 2016, produziu 3,1 bilhões de dúzias. Um aumento de 5,8% na produção em relação ao ano anterior, segundo o IBGE. Porém, ainda não tem a característica de grande exportador. Em 2015, apenas 1% da produção nacional se destinou a vendas externas, segundo Relatório Anual da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Isso já foi suficiente para posicionar o país como o 12º maior exportador de ovos in natura em 2015, com receita de US$ 19,8 milhões, de acordo com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). A exportação de ovo industrializado, como ovo em pó, por exemplo, alcança uma fatia de apenas 8% do total exportado, segundo MDIC/Secex e ABPA (2016). Desta forma, o potencial de desenvolvimento do setor ainda é muito grande, visto que o consumo mundial de produtos de origem animal tende a crescer significativamente nos próximos anos, além de o ovo ser uma fonte de proteína com preço muito competitivo frente a outras proteínas de origem animal. Para isso, o produtor precisa administrar bem os recursos das granjas para garantir a saúde da atividade no longo prazo. Neste sentido, o setor de postura passa a contar com informações de custos de produção de ovos comerciais nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, Amazonas e Espírito Santo por meio do Projeto Campo Futuro, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceira com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. 12 EXPEDIENTE COORDENADOR: Prof. Geraldo Sant Ana de Camargo Barros Informativo Trimestral sobre custos EQUIPE TÉCNICA CEPEA: Prof. Dr. Sergio De Zen, Dr. Thiago Bernardino de de produção de frango elaborado Carvalho, Marcos Debatin Iguma e Renato Prodoximo. pela equipe Cepea em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária CONTATOS: (19) 3429-8837 cepea@usp.br do Brasil (CNA) Projeto Campo Futuro. MAIS INFORMAÇÃO: www.cepea.esalq.usp.br