MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL: PROPOSTA DE AÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DO PILAR DA MANUTENÇÃO AUTÔNOMA EM UMA INDÚSTRIA DE BEBIDAS

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Transcrição:

João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL: PROPOSTA DE AÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DO PILAR DA MANUTENÇÃO AUTÔNOMA EM UMA INDÚSTRIA DE BEBIDAS Derick Araujo Duarte (UFSM ) derickduartea@gmailcom Morgana Pizzolato (UFSM ) morganapizzolato@ufsmbr Angelica Alebrant Mendes (UFSM ) angelicamendes@ufsmbr Este artigo objetiva propor um modelo de implantação do pilar de Manutenção Autônoma em uma máquina enchedora de uma indústria de bebidas Na manutenção autônoma o operador é peça fundamental e este é envolvido em atividades diárias de manuutenção A Manutenção Autônoma ajuda a detectar e tratar anomalias no equipamento além de aproveitar o conhecimento do operador para atuar em cima das mesmas O objetivo deste artigo foi alcançado por meio da adaptação de métodos indicados pela literatura à realidade da empresa Com base nesta adaptação foi elaborado um plano de ação indicando as ações necessárias para a aplicação do pilar da Manutenção Autônoma Palavras-chave: Manutenção Produtiva Total, Manutenção Autônoma, Indústria de Bebidas

1 Introdução Almejando o aumento de competitividade no mercado, as empresas buscam meios de tornarem seu sistema produtivo mais eficiente Um sistema produtivo eficiente utiliza ferramentas e métodos para auxiliar no aumento da produtividade dos equipamentos A manutenção, se utilizada da maneira correta, torna-se uma eficiente aliada na busca de um sistema de produção ideal (RIBEIRO, 2003) A falta de manutenção nos equipamentos pode causar paradas, produção com capacidade abaixo da necessária ou produtos defeituosos Essas situações resultam em custos e perdas na produção, além de causar redução de credibilidade com o cliente (DEMING, 1993) As práticas e técnicas da Manutenção Produtiva Total (MPT) são utilizadas para maximizar a capacidade dos equipamentos da empresa, contemplando tanto a manutenção dos equipamentos, quanto os aspectos de sua instalação e operação Yamashina (2000) afirma que por meio do uso efetivo dos equipamentos, máquinas e serviços, a MPT pode auxiliar no gerenciamento e no aumento da rentabilidade das organizações Conforme estudo realizado por Shahanagui e Yazdian (2009), a aplicação da MPT em indústrias auxiliou a redução da manutenção corretiva de duas paradas/mês para 0,4 paradas/mês Os autores obtiveram este resultado por meio da redução de falhas no equipamento de 40/mês para 14/mês e do aumento da confiabilidade dos equipamentos em 18% Com isso, houve um aumento da receita líquida da empresa, pois o retrabalho diminuiu e houve um aumento considerável na qualidade do produto Dessa forma, o objetivo deste artigo é propor um modelo de implantação do pilar de Manutenção Autônoma em uma máquina enchedora de uma indústria de bebidas O modelo visa orientar e auxiliar a empresa em uma futura implantação deste pilar, buscando a redução de custos de manutenção corretiva, de retrabalho e de refugos, além do aumento da disponibilidade dos equipamentos e melhoria de eficiência operacional Na seção 2, este artigo apresenta um breve referencial teórico sobre o tema MPT Na seção 3, tem-se uma descrição da empresa onde foi aplicado o modelo, bem como o detalhamento da metodologia utilizada A seção 4 contém os resultados obtidos no estudo e sua discussão Por fim, a seção 5 sumariza o trabalho e apresenta suas conclusões 2 Referencial Teórico 2

Os conceitos de manutenção evoluíram desde seu surgimento, na década de 50, até os dias de hoje Originalmente a manutenção era vista com função simplesmente corretiva, hoje exerce função estratégica, sendo fundamental para a garantia da qualidade, confiabilidade e disponibilidade do processo de produção e do produto (FOGLIATTO; RIBEIRO, 2009; TAKAHASHI; OSADA, 2013) Para Costa Junior (2008), a manutenção apresenta benefícios como: i) aumento da segurança - o bom estado de conservação do equipamento significa segurança para o operador realizar as operações necessárias; ii) melhoria da qualidade - componentes ajustados corretamente e conformes com as especificações técnicas garantem que os produtos sejam produzidos com as características de qualidade desejadas; iii) aumento da confiabilidade - a diminuição das paradas do equipamento para manutenção resulta num aumento da disponibilidade do equipamento e de sua taxa de utilização; iv) redução de custos - toda manutenção significa uma despesa, seja pelo tempo gasto com o equipamento parado, pela mão de obra ociosa ou pelo custo das peças para reposição Segundo o modelo de Nakajima, a MPT é organizada em oito pilares: 1) melhorias individuais; 2) manutenção autônoma; 3) manutenção planejada; 4) educação e treinamento; 5) controle inicial do equipamento; 6) manutenção da qualidade; 7) MPT na administração; 8) segurança e meio ambiente A MPT utiliza indicadores para avaliar constantemente a situação de seus processos Fogliatto e Ribeiro (2009) apresentam o índice de rendimento operacional global (IROG) como indicador das melhorias implantadas pela MPT Segundo os autores, o IROG é composto pelos índices disponibilidade, taxa de velocidade e taxa de qualidade e pode ser calculado para qualquer intervalo de tempo (dia, mês, ano) Consideram-se valores ideais para a disponibilidade e a taxa de velocidade um valor de pelo menos 0,90 Para qualidade, o valor mínimo ideal é de 0,99 Como a disponibilidade, taxa de velocidade e taxa de qualidade são valores expostos em porcentagem, o máximo valor que o IROG pode atingir é um Sendo que uma empresa que atinge um IROG de 0,85 é denominada de classe mundial Existem autores que também utilizam o IROG como indicador da MPT, porém desmembram sua composição em outros dois indicadores O primeiro, denominado de Produtividade efetiva total do equipamento (total effective equipment productivity - TEEP), que é utilizado quando o processo é um gargalo ou recurso com restrição de capacidade (CCR) O segundo índice, 3

denominado de índice de eficiência global, (overall equipment efficiency - OEE), é utilizado quando o processo é considerado normal (não gargalo) (ANTUNES et al, 2013; GASPERIN; PALOMINO, 2006) Em um estudo apresentado por Souza et al (2010), a implantação da MPT resultou na eliminação de 80% das anormalidades relativas à segurança, qualidade e condições básicas, reduzindo as perdas do processo produtivo em 48% O artigo de Pitelli e Pereira (2004) trata da aplicação do pilar de Manutenção Autônoma como ferramenta de aumento da competitividade e produtividade em uma empresa de médio porte do setor de bebidas Conforme os autores, as maiores dificuldades de manutenção encontradas foram devido aos subprocessos que existem dentro de uma mesma linha de produção Para obter um bom resultado operacional geral é necessário que estes subprocessos tenham uma confiabilidade operacional alta, pois pequenas paradas de equipamentos terão como consequência perda de produtividade A implantação da manutenção autônoma iniciou com a definição de times de manutenção formados por três membros operadores do equipamento Cada time desenvolveu seus procedimentos de operação, limpeza, inspeção, fixação e reaperto O trabalho proporcionou uma diminuição de 1,50% para 0,88% no índice de quebra de vasilhames durante o processo, o que impactou numa redução estimada de R$795504,00/ano 3 Metodologia Nesta seção é apresentada a empresa estudada seguida da metodologia e das etapas utilizadas para realizar a pesquisa 31 Sobre a empresa A pesquisa foi realizada numa indústria (denominada nesse artigo de indústria X) do interior do estado do RS que atua no setor de bebidas A indústria X fabrica produtos carbonatados e atua em 40% do estado do Rio Grande do Sul Possui quatro linhas de produção em fluxo linear e dispostas sobre o layout em U A linha de produção onde o estudo foi realizado é a linha número dois a qual é apresentada na 0 A linha é composta por oito máquinas em sequência de processo: sopradora, rotuladora, enchedora, régua ultrassônica, inspetor eletrônico, codificador, envolvedora de pets e paletizadora A indústria X conta com um sistema de manutenções corretiva, preventiva e preditiva A manutenção corretiva é realizada com uma ordem de priorização entre as máquinas dividida 4

em três critérios, onde o primeiro, e mais importante, resulta da parada de 100% do processo produtivo, o segundo gera uma parada de 50% e o terceiro 33% Figura 1 - Layout da linha de produção 2 Fonte: cedido pela empresa A manutenção preventiva é realizada de acordo com planos elaborados por meio de um software que gera as informações de manutenção com base num banco de dados A priorização da realização das manutenções preventivas é a mesma utilizada na corretiva Nos meses de baixa produção são intensificadas as realizações das manutenções preventivas, visto a maior disponibilidade na planta A manutenção preditiva é realizada por meio do controle de variáveis como vibração, temperatura e ruído 32 Método de pesquisa Para atingir o objetivo geral dessa pesquisa foram definidas as etapas apresentadas na sequência Etapa 1 Definição do escopo da implantação da MPT e do indicador de monitoramento: definir o equipamento utilizado como piloto para a implantação da manutenção autônoma Também nessa etapa deve ser iniciado o monitoramento do indicador para acompanhar a efetividade das ações realizadas para a implantação da MPT 5

Etapa 2 Identificação das etapas e orientações sobre a implantação do pilar de manutenção autônoma considerando-se o cenário da empresa em estudo Etapa 3 Proposição de um modelo de implantação do pilar de manutenção autônoma no equipamento selecionado Este modelo será organizado em forma de plano de ação 4 Resultados e Discussão Nesta seção são apresentados os resultados de acordo com as etapas apresentadas na seção 3 41 Definição do escopo da implantação da MPT e do indicador de monitoramento Para a definição do equipamento a ser utilizado como piloto na implantação da MPT, a linha 2 foi observada com maiores detalhes Os primeiros dados históricos se referem à capacidade produtiva de cada máquina da linha em garrafas por hora (GPH), a qual é apresentada na Tabela 1 Vale lembrar que as máquinas são apresentadas de acordo com a sequência do processo Analisando a Tabela 1 fica claro que a máquina com maior capacidade da linha é o Codificador e a com menor capacidade é a Enchedora Tabela 1 - Capacidade das máquinas da linha 2 Máquina Capacidade (GPH) Máquina Capacidade (GPH) Sopradora 14500 Inspetor eletrônico 24000 Rotuladora 20000 Codificador 50000 Enchedora 11800 Envolvedora de pets 18000 Régua ultrassônica 40000 Paletizadora 14400 Na sequência foram analisados dados históricos referentes às paradas por falhas mecânica e operacional das máquinas da linha 2 O histórico dos dados de falha compreende o período de 01/01/2015 à 31/05/2015 A Erro! Fonte de referência não encontrada apresenta um gráfico de Pareto referente aos tempos de paradas por falhas mecânicas da linha 2 Observa-se que 48% das paradas desse tipo acontecem por falhas da enchedora, seguida da empacotadora com 20% A Erro! Fonte de referência não encontrada apresenta um gráfico de Pareto das paradas por falhas operacionais da linha 2 Observa-se que 36% dessas paradas são da enchedora, seguida pela paletizadora com 25% Figura 2 - Número horas paradas por falha mecânica Figura 3 - Número de horas paradas por falhas operacionais 6

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 - Enchedora Empacotadora Paletizadora Sopradora Rotuladora Inspetor eletrônico 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Após a análise dos dados históricos, ficou clara a importância de utilizar a enchedora da linha 2 como a máquina para a implantação do piloto da MPT e do pilar da Manutenção Autônoma Como a empresa já utiliza o OEE como indicador de monitoramento e este indicador é calculado automaticamente pelo sistema informatizado, optou-se pela sua permanência como indicador de monitoramento da MPT 42 Identificação das etapas e orientações sobre a implantação do pilar de manutenção autônoma (MA) mais apropriado ao cenário da empresa Considerando questões relacionadas ao tipo de processo produtivo, cultura da empresa, facilidade de aplicação e recomendações da literatura, optou-se por utilizar uma metodologia que considerasse o modelo de implantação de Lima (1999), de Lima (2009) e de Pitelli e Pereira (2004) Dessa forma, definiu-se que a estrutura de implantação possuiria três estágios que foram subdivididos em oito fases que abrangem os sete passos de implantação do pilar da MA Um esquema da metodologia para a implantação pode ser observado na Figura 4 Figura 4 - Estágios e fases de implantação da Manutenção Autônoma 7

421 Estágio 1: Inspeção e limpeza Nesse estágio os operadores são orientados a realizar uma inspeção inicial para verificação de anomalias no equipamento, execução de pequenos reparos e limpeza inicial do equipamento e do posto de trabalho a) Fase 1: Preparo dos colaboradores O objetivo desta fase é informar aos colaboradores sobre a implantação, realizar o primeiro contato com a MPT e o pilar foco da implantação e captar sugestões Nessa fase são realizadas reuniões com técnicos de manutenção, com conhecimento técnico da enchedora, e com o coordenador de engenharia visando entender quais melhorias podem ser realizadas na máquina para dar início a aplicação do pilar da MA 8

b) Fase 2: Verificação inicial Esta fase visa inspecionar o equipamento e sua respectiva área em busca de anomalias Tem como objetivo mobilizar o operador a ter ciência das deficiências existentes Pode ser elaborada uma lista de verificação para orientar os operadores a inspecionar o equipamento de maneira sistêmica, aproveitando seu conhecimento para identificar anomalias Exemplos de anomalias que podem ser detectadas são: má lubrificação, folgas no equipamento, problemas no recebimento de insumos para manutenção c) Fase 3: Detalhamento das anomalias A fase 3 é iniciada com uma Ficha de Descrição a qual visa orientar o operador a entender a anomalia, sua origem e a fazer uma sugestão de melhoria Nela classifica-se a gravidade das anomalias e estima-se um período para solução Na descrição, o operador tem a função de classificar as anomalias dentro de três critérios mostrados na Figura 5 Figura 5 - Classificação das anomalias Uma Ficha de Descrição fica junto ao local onde a anomalia foi encontrada e tem o objetivo de assegurar que a máquina foi corretamente verificada e garantir que foram encaminhadas soluções para as anomalias Caso a anomalia seja solucionada, descreve-se as medidas que foram tomadas d) Fase 4: Limpeza e manutenção das condições obtidas A fase 4 é destinada a limpeza e eliminação das fontes de sujeira de locais de difícil acesso Devem ser elaborados procedimentos de limpeza determinando as atividades a serem realizadas e os produtos a serem aplicados Estágio 2: Padronização e organização O objetivo deste estágio é elaborar métodos para padronizar as tarefas já realizadas e facilitar a visualização de problemas e manter o ambiente de trabalho agradável a) Fase 5: Padronização e controle dos procedimentos 9

Nesta fase são elaborados procedimentos padrão de manutenção e fichas de registros dos procedimentos Procedimentos de manutenção autônoma devem ser criados com base nas informações levantadas na etapa anterior b) Fase 6: Organização da área de trabalho A fase 6 visa organizar e manter o local de trabalho limpo para facilitar o fluxo de operações de produção e auxiliar a visualização de anomalias As ferramentas e materiais utilizados na produção devem ser organizados e identificados com o auxílio da ferramenta 5S 422 Estágio 3: Gerenciamento autônomo Nesse estágio são elaborados os meios para estabelecer rotina de inspeção, criação de metas de melhoria e acompanhamento dos seus resultados a) Fase 7: Elaboração de meios para estabelecer rotina de inspeção A elaboração de meios para estabelecer rotina de inspeção visa evitar o desenvolvimento de novas anomalias e o ressurgimento das já controladas b) Fase 8: Metas de melhoria e acompanhamento dos seus resultados Nesta fase definem-se metas de melhoria e propõem-se novos desafios aos funcionários O objetivo é evitar a acomodação e aumentar a integração dos operadores com a Manutenção Autônoma O aumento da integração e responsabilidade pode ocorrer por meio de reuniões com os operadores durante as quais há incentivo a indicar melhorias Pode ser elaborado um quadro de acompanhamento onde será anotado o número de falhas registradas no momento atual e a meta para o período 44 Proposição de um modelo de implantação do pilar de manutenção autônoma no equipamento selecionado As ações propostas para cada fase da implantação da manutenção autônoma são apresentadas em forma de plano de ação, conforme a Figura 6 10

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Estágio 3 Estágio 2 Estágio 1 Preparo dos colaboradores Figura 6 Plano de Ação Fases O QUE? QUEM? POR QUE? COMO Verificação inicial Preparar material para informar aos colaboradores sobre a MA e oferecer noções básicas sobre as habilidades necessárias para a implantação da MA Inspecionar o equipamento e sua respectiva área procurando anomalias Responsável pela implantação e demais participantes Operadores Visa aumentar as habilidades requeridas nos operadores e conscientizá-los sobre a importância da MA Para incentivar o operador a ter ciência das carências e anomalias da máquina e seu ambiente Apresentando a MA e as habilidades requeridas por meio de palestras e orientando-os ao longo do processo e operações Através de incentivo à análise criteriosa da máquina e com o auxílio de um checklist, quadro de verificação e questionários Detalhamento e das anomalias Analisar e detalhar as anomalias encontradas e seus respectivos locais de origem, atuar em cima das mesmas, quando possível, ou propor ações de melhoria Operadores Para ter ciência da gravidade das anomalias, sua origem e aproveitar o conhecimento dos operadores para indicar soluções Por meio de fichas de descrição, etiquetas de verificação das anomalias e procedimentos operacionais Limpeza e manutenção das condições obtidas Padronização e controle dos procedimentos Organização da área de trabalho Elaboração de meios para estabelecer rotina de inspeção Assegurar boas condições de operação e limpeza e buscar métodos para mantê-las Desenvolver métodos que permitam padronizar as tarefas realizadas e facilitar o controle e visualização de possíveis melhorias Organizar e manter o local de trabalho limpo Elaborar padrões para a inspeção periódica ser realizada no dia-adia de trabalho Operadores e responsáveis técnicos pela implantação da MA Responsáveis técnicos pela implantação da MA Operadores Responsáveis técnicos pela implantação da MA Para que as condições alcançadas ao longo do processo de organização e limpeza não sejam perdidas, para auxiliar o operador a ver anomalias, para sua própria segurança e bem estar durante a produção e pelo fato da Indústria X ser de alimentos o que exige um rígido controle de higiene Para possuir um roteiro padronizado de atividades de inspeção, limpeza e manutenção para guiar, facilitar e sistematizar as ações do operador Para auxiliar no desempenho das operações, evitar anormalidades, facilitar a identificação das anomalias e manter as condições alcançadas na etapa inicial Evitar desenvolvimento de novas anomalias e controlar o ressurgimento das já controladas Através do desenvolvimento de padrões e procedimentos periódicos de limpeza Com a criação de procedimentos e métodos de inspeção para o controle da aplicação da MA Utilizar ferramentas como 5s Criar técnicas para organização (procedimentos, carrinho para limpeza, demarcação de locais para ferramentas e para disposição dos materiais) Através da criação de procedimentos, roteiros diários de inspeção e controle periódico do ambiente que interliguem o atual momento com o passado Metas de melhoria e acompanhamento dos seus resultados Definir periodicamente metas de melhoria e novos desafios aos funcionários Responsáveis técnicos pela implantação da MA Buscando sempre propor novos desafios aos funcionários para que não ocorra um acomodamento dos mesmos e visando manter a integração com a proposta da MA Propondo novas metas e desafios aos funcionários e incentivando os mesmos a participar do processo de desenvolvimento e consolidação da MA

5 Conclusão Considerando a questão de análise das ações para implantação do pilar da Manutenção Autônoma, as quais foram divididas em 3 estágios e 8 fases, percebeu-se que as mesmas são fundamentadas em princípios básicos de limpeza, lubrificação, ajustes e organização Questões como conscientização, entendimento da metodologia e comprometimento de todos os setores da empresa são restrições que, aliados ao tempo de aplicação, tornam a implantação do pilar da manutenção autônoma um sucesso ou fracasso Percebe-se que o planejamento para implantação deste pilar da MPT é fundamental para se obter êxito nos resultados Por meio das ações previstas no planejamento devem-se considerar, além da parte técnica de implantação, meios que motivem os colaboradores a cooperar e, fundamentalmente, a adaptação da literatura a realidade e as demandas da empresa Por fim, conclui-se que a manutenção autônoma é uma poderosa aliada na diminuição dos desperdícios no processo produtivo e a mesma tem muito a acrescentar na gestão da manutenção Como indicação de estudos futuros, tem-se a análise dos demais pilares da manutenção produtiva total, visando entender as restrições e as técnicas utilizadas no planejamento e implantação REFERÊNCIAS ANTUNES, J; KLIPPEL, A F; SEIDEL, A; KLIPPEL, M Uma Revolução na Produtividade: A Gestão Lucrativa dos Postos de Trabalho Porto Alegre: Bookman, 2013 COSTA Jr, E L Gestão em processos produtivos Curitiba: IBPEX, 2008 DEMING, W E Dr Deming: O Americano que Ensinou a Qualidade Total aos Japoneses Rio de Janeiro: Record, 1993 FOGLIATTO, S; RIBEIRO, D L Confiabilidade e Manutenção Industrial Rio de Janeiro: Elsevier Ltda, 2009 GASPERIN, C; PALOMINO, R C Aplicação do índice de eficiência global dos equipamentos numa indústria metal-mecânica de pequeno porte ln: XIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 13, 2006, Bauru Anais eletrônicos Disponível em: < http://wwwsimpepfebunespbr/anais/anais_13/artigos/211pdf> Acesso em: 27 mai 2014 LIMA, R TPM Manutenção Produtiva Total In: Advanced Consulting & Training São Paulo: Advancedeng, 1999 Disponível em: < http://wwwadvanced-engcombr/> Acesso em: 27 mai 2014 LIMA, N A Plano de Ação para Implantação de Manutenção Autônoma em uma Indústria Gráfica São Paulo, 20 mar 2009 Disponível em: http://propoliuspbr/wp-content/uploads/2012/pubs/plano-de-acao-paraimplantacao-de-manutencao-autonoma-em-uma-industria-graficapdf Acesso em: 10 mar 2015 MORAES, G Normas Regulamentadores Comentadas e Ilustradas: Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho Rio de Janeiro: Editora e Livraria Virtual Ltda, 2014

NAKAJIMA, S Introdução ao TPM Total Productive Maintenance Ed IMC, São Paulo, 1989 PITELLI, R B; PEREIRA, M A Manutenção Autônoma: Estudo de caso em empresa de porte médio do setor de bebidas ln: VII SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 7, 2004, São Paulo Anais eletrônicos Disponível em: http://wwweadfeauspbr/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/opera%e7oes/op15- _Manuten%E7%E3o_aut%F4nomaPDF Acesso em Março/2015 RIBEIRO, C R Processo de implementação da Manutenção Produtiva Total (TPM) na indústria Brasileira 2003 67 f Monografia (Obtenção da aprovação no curso de MBA em Gerência de Produção e Tecnologia) - Programa de Pós Graduação em Administração, Taubaté, 2003 SHAHANAGUI, K e YAZDIAN, S A Analyzing the effects of implementation of Total Productive Maintenance (TPM) in the manufacturing companies: a system dynamics approach World Journal of Modelling and Simulation V 5, n 2, p 120-129, 2009 SOUZA, F et al Uso de manutenção produtiva total para redução de perdas no processo produtivo ln: XVII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 17, 2010, Bauru Anais eletrônicos Disponível em: <http://wwwsimpepfebunespbr/abrir_arquivo_pdfphp?tipo=artigo&evento=5&art=852&cad=9706&opcao=c om_id> Acesso em: 30 mai 2014 TAKAHASHI, Y; OSADA, T TPM: Manutenção produtiva total São Paulo: ED IMAM, 1993 YAMASHINA, H Challenge to world class manufacturing international Journal of quality & reliability management Kyoto: MCB UP Ltd, 2000 14