FELICIDADE NO TRABALHO: RELAÇÕES OU RALAÇÕES?

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Transcrição:

FELICIDADE NO TRABALHO: RELAÇÕES OU RALAÇÕES? Evangelina Bonifácio Silva evangelina@ipb.pt Maria Lopes de Azevedo lazevedo@ipb.pt

Questões Prévias: O trabalho é a atividade central da vida humana. As questões ligadas à cultura das organizações e a importância do capital humano despertam-nos, enquanto professorasinvestigadoras, um interesse particular.

Questões Prévias: Defendemos que as empresas focadas exclusivamente nos lucros estão condenadas ao insucesso. O tema da «Felicidade» é no discurso empresarial um assunto «sem assunto».

Questões Prévias: A felicidade organizacional é sinónimo de produtividade (Mário de Andrade, 2013). O trabalho pode influenciar de modo positivo a vida de uma pessoa.

Objetivo central: Refletir sobre a maneira como o trabalho pode influenciar a vida de uma pessoa.

Metodologia: A partir da leitura e análise documental de vários estudos que abordam esta problemática, tentamos apresentar uma interpretação sobre as conexões dos diferentes tipos de relações estabelecidas nos locais de trabalho, bem como as suas possíveis implicações na vida pessoal e familiar.

Este tema começa a ser estudado em inícios do Séc. XX. A literatura científica (Codo, 1999; Estramiana, 1992; Warr, 1987) tem vindo a valorizar o trabalho na vida das pessoas. Em Portugal, esta linha de investigação tem estudos recentes (Economia da Felicidade - Gabriel Leite Mota e Poder Económico da Felicidade Organizacional - Mário Andrade).

Primeiro estudo intensivo sobre saúde mental e trabalho de uma categoria profissional no Brasil - os professores Não é um livro sobre educação, mas sobre o trabalho dos educadores da rede pública - cerca de 1.800.000, em 1999. A pesquisa que fundamentou o livro recorda que são 48% os educadores, sofriam sintomas do burnout, uma síndrome da desistência de quem ainda está lá, ou seja, já desistiu mas permanece no trabalho. Cf. http://www.conteudoescola.com.br/resenhas/92- resenha-educacao-carinho-e-trabalho-wanderleycodo

Mário Andrade, autor do estudo O Poder Económico da Felicidade Organizacional. É licenciado em Economia, mestre em Gestão e gere atualmente uma PME na área do mobiliário. Cf. http://www.upt.pt/

A este propósito, Estramiana (1992) demonstra que, além de prover os meios necessários para a subsistência humana, o trabalho ajuda a definir o status que o indivíduo assume na sociedade e a sua própria identidade pessoal, permitindo a organização do tempo e possibilitando, de igual forma, o enriquecimento das redes de relações sociais (Oliveira & Limongi-França, 2005).

As atitudes mais referenciadas quando falamos de trabalho: i. Satisfação no cargo ii. Envolvimento com o trabalho iii. Comprometimento com a organização

O estudo de Mário Andrade (2013) identificou dois tipos distintos de práticas de felicidade organizacional nas empresas, a intrínseca e a extrínseca. A Extrínseca (ligada à satisfação) e a Intrínseca (ligada à motivação) no trabalho [interpretação nossa].

Mário de Andrade (2013) estudou 3 empresas portuguesas : i. Delta Cafés ii. Bruno Janz iii. Novabase Felicidade organizacional intrínseca Felicidade organizacional extrínseca Nota: [interpretação nossa].

Local de trabalho Colegas Satisfação está associada ao contexto Fatores extrínsecos Salário Fatores ambientais Organização do Espaço

Valorização da autoestima Elogios REFORÇO POSITIVO Motivação está associada ao conteúdo Fatores intrínsecos Amizade CONSIDERAÇÃO Fatores motivacionais Felicidade BEM-ESTAR Força interna COOPERAÇÃO

A construção da felicidade organizacional é um processo temporal, normalmente de médio ou mesmo de longo prazo: gera vantagens competitivas ao nível da produtividade e motivação, da criatividade, da inovação da satisfação da flexibilidade da redução do absentismo da baixa rotatividade dos recursos humanos da fixação de valores da crescente notoriedade e confiança na marca do sentido de pertença e do compromisso com a empresa Mário de Andrade (2013)

As empresas com as melhores práticas de gestão consideram o poder diferenciador da felicidade no trabalho, aproveitando com uma notável eficiência os seus recursos endógenos - conhecimentos, competências, cooperação, etc.

Para atingir este objetivo as empresas devem adotar-se fatores específicos de diferenciação estratégica, organizacional e humana que contribuam para desenvolver um clima organizacional humanista, de equilíbrio profissional, familiar e social, bem como um contínuo desenvolvimento de competências e de reconhecimento dos desempenhos meritórios (Andrade, 2013).

TRABALHO E FELICIDADE - QUE RELAÇÃO? Na vida moderna o trabalho passou a ser sinónimo de realização pessoal e profissional. Se tivesse dinheiro suficiente para viver o resto da vida, confortavelmente sem trabalhar, o que faria em relação ao trabalho que executa hoje? Em diversos estudos protagonizados por diferentes investigadores, mais de 80% das pessoas consultadas respondeu que trabalharia mesmo assim mas sob condições diferentes (Morin, 1997; Mov, 1987, citados por Silva & Tolfo, 2012)

TRABALHO E FELICIDADE - QUE RELAÇÃO? Os principais motivos elencados foram: continuar a relacionar-se com os colegas de trabalho; não perder o sentimento de fazer parte de algo, sentir-se útil; Evitar o vazio existencial e ter um objetivo ou causa considerada válida na vida (Silva & Tolfo, 2012).

RESUMINDO: - As Empresas procuram quem mobiliza e adiciona valor. - Em contrapartida, devem tornar-se mais humanistas pensando no bem-estar dos colaboradores (satisfação versus motivação). - A qualidade da Economia depende: - Boas práticas de gestão das empresas - Recursos humanos dispostos a encontrarem soluções eficazes e que possam dinamizar o negócio da empresa, tornando-a mais produtiva e competitiva

RESUMINDO: - Existe uma relação direta entre trabalho e felicidade. - A felicidade organizacional é sinónimo de: - produtividade, - sucesso a longo prazo (Andrade, 2013).

EXEMPLOS DE EMPRESAS PORTUGUESAS http://www.janzce.pt/index.php?section=32 http://jf-marvila.pt/index/documentos/bruno_janz.pdf http://www.novabase.pt/pt/pages/home.aspx http://www.novabasecapital.pt/quemsomos.html http://www.grupo-nabeiro.pt/index.php?id=69

«Escolha um trabalho que ame e não terá que trabalhar um único dia da sua vida» (Confúcio) - Nota - nasceu em meados do século VI (551 a.c.)

BIBLIOGRAFIA ANDRADE, Mário (2013). O Poder Económico da Felicidade Organizacional. Porto: Universidade Portucalense [Tese de Mestrado]. ANTUNES, R. (1998) Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. (5ª. ed). São Paulo: Edições Cortez. ESTRAMIANA, José Luis Alvaro (1992). Desempleo y Bienestar Psicologico. Espanha: Editor Siglo XXI. SILVA, Narbal & TOLFO, Suzana da Rosa (2012). Trabalho significativo e felicidade humana: explorando aproximações. Rev. Psicol., Organ. Trab. [online]. vol.12, n.3, pp. 341-354. ISSN 1984-6657.