UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UFC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA CAEN FELIPE DE OLIVEIRA GORDIN

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UFC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA CAEN FELIPE DE OLIVEIRA GORDIN CORRUPÇÃO E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA AMÉRICA LATINA FORTALEZA 2008

1 FELIPE DE OLIVEIRA GORDIN CORRUPÇÃO E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA AMÉRICA LATINA Dssertação submetda à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economa CAEN, da Unversdade Federal do Ceará, como requsto parcal para a obtenção do grau de Mestre em Economa. Orentador: Prof. Dr. Emerson Lus Lemos Marnho FORTALEZA 2008

2 FELIPE DE OLIVEIRA GORDIN CORRUPÇÃO E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA AMÉRICA LATINA Dssertação submetda à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economa CAEN, da Unversdade Federal do Ceará, como requsto parcal para a obtenção do grau de Mestre em Economa. Aprovada em 01/10/2008 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Emerson Lus Lemos Marnho Orentador Prof. Dr. Ivan Castelar Membro Prof. Dr. Mauríco Benegas Membro

3 RESUMO A corrupção afeta a vda da socedade de manera marcante, e a compreensão desse problema tem ganhado uma ampla dscussão nas cêncas econômcas. Por meo deste trabalho avalo de manera empírca, usando dados longtudnas, a assocação entre um índce de percepção da corrupção e o produto naconal bruto per capta de países latno amercanos. Os resultados sugerem o mpacto negatvo da corrupção, apesar do mpacto maor de outras varáves, doravante, grau de abertura da economa e tamanho do governo. Palavras-chave: Crescmento econômco, Corrupção.

4 ABSTRACT Corrupton affects the everyday lfe, and the understandng of ths ssue has ganed greater appeal n economc scences. Ths study evaluates emprcally, usng longtudnal data, the assocaton between one corrupton percepton ndex and real gross domestc product per capta n Latn Amercan countres. The results suggest that there s a negatve mpact of corrupton, despte the ncreased mpact of other varables, henceforth, openness of economy and sze of government. Keywords: Economc Growth, Corrupton.

5 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - Parcela da população vtmzada pela corrupção 22 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Locas e Parcela da População onde houve convte para pagamento de Propna 21 TABELA 2 - Teste de Hausman 34 TABELA 3 - Resultado econométrco do modelo de dados em panel com efeto aleatóro 34

6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...7 2. DISCUSSÃO DA LITERATURA SOBRE CORRUPÇÃO...10 2.1 Corrupção e Investmento Estrangero Dreto: o trabalho de Habb & Zurawck (2000)...16 2.2 Global Corrupton Report a Vsão da ONU sobre a Amérca Latna...18 3. DADOS AMOSTRAIS...21 4. METODOLOGIA...23 4.1. A Estmação...23 4.2. O Modelo de Dados em Panel...24 4.2.1 Efeto fxo (EF)...25 4.2.1. Efeto Aleatóro (AE)...26 4.3. O Teste de Hausman...27 4.4. Panel Desbalanceado...27 5. RESULTADOS...28 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...30 REFERÊNCIAS...34

7 1. INTRODUÇÃO A corrupção faz parte da vda cotdana das socedades em todo o mundo. Exste um consenso de que ela é maléfca, e apesar dsso, quantfcá-la não é tarefa muto fácl. Conseqüentemente, o mal que ela representa no agregado também não. Isso se dá porque os agentes envolvdos em atos de corrupção sempre procuram ocultar suas attudes e o valor exato do tamanho deste mal é vrtualmente mpossível de se descobrr. Contudo, há estmatvas. Pesqusadores socas buscam entender a corrupção de dversas maneras, fazendo uso de modelos econômcos que tratam a varável corrupção como um mposto sobre a produção. Também utlzam o conhecmento, obtdo a partr da teora dos jogos, sobre o comportamento de agentes econômcos em determnadas realdades específcas como, por exemplo, o benefíco eventual de uma dada empresa corromper agentes públcos com o ntuto de mpedr a entrada de uma concorrente em um dado mercado. Há outros que acredtam que a compreensão desse problema pode aumentar a partr de modelos de equlíbro geral. Sendo assm buscam medr o seu mpacto a partr da observação de índces que descrevem a percepção que se tem da corrupção em uma dada nação. Outros partem para a busca de elementos hstórcos ou socológcos sobre o padrão de formação das nações que podem levar, em últma estânca, a uma maor ou menor tolerânca com a corrupção. A corrupção é defnda, neste trabalho, como o ato de se trocar dnhero por algum benefíco espúro e essa troca deve acontecer nesse caso em partcular entre um cdadão e um agente públco, pos é levando sso em conta que o índce utlzado é construído. Logo, convém ressaltar que atos caracterzados pela desonestdade podem fazer parte do cotdano e do modus operand de uma dada relação entre um agente públco e um cdadão sem que sso sgnfque que haja uma transação fnancera envolvda. Este trabalho tem como objetvo, através da modelagem econométrca de dados em panel, verfcar se há evdêncas empírcas quanto à assocação da corrupção às taxas crescmento econômco que varam quanto ao grau de maor ou menor em âmbto exclusvo

8 da Amérca Latna. A abordagem estabelece o produto naconal bruto per capta como uma varável dependente de outras cnco varáves. Busca-se controlar o efeto do índce de corrupção para que o seu mpacto no PNB per capta seja mas bem avalado. As outras varáves são: o nvestmento estrangero dreto, o tamanho do governo na economa, a taxa de juros real e o grau de abertura da economa, uma proxy para o quão ntegrada a economa está no mundo. A abordagem empírca dos efetos da corrupção na economa tem como contrbução semnal os artgos escrtos por Paolo Mauro. Ele dscute o mpacto da corrupção sobre outras varáves como PIB e nvestmento em város países. A experênca sugere que o poder dscrconáro dado a funconáros públcos é fonte profícua de corrupção e leva a um debate muto conhecdo pelos centstas socas sobre o tamanho deal do Estado e o grau de nterferênca que sera aproprado nas vdas dos cdadãos. O segredo parece estar na capacdade de atuação do Estado sem que sso sgnfque alta concentração de poder dscrconáro nas mãos de funconáros públcos, sempre assocada a altos padrões de transparênca, seja nos processos de tomada de decsão, seja na execução das decsões tomadas pelos agentes públcos. Fetas as devdas consderações, no próxmo capítulo é dscutda a lteratura préva referente ao assunto corrupção. Os prncpas trabalhos dscutdos versam sobre os mas relevantes focos de corrupção na vda cotdana, assm como os seus mpactos. Ademas, dscute-se o mpacto da corrupção em varáves econômcas como o nvestmento estrangero dreto (IED) e no PIB. O prncpal trabalho que trata da corrupção e IED é o de Habb & Zurawck (2002) que enfatza a dfculdade de se explcar o IED, o qual é nfluencado por mutos fatores, entre eles o fator cultural dos dferentes países. Contudo, a corrupção apresenta assocação negatva com o IED. Uma característca pertnente sobre a corrupção e o IED é o mpacto no IED que exste entre o dferencal de níves de corrupção entre países receptores e países fornecedores do IED, ou seja, padrões dferentes de corrupção também podem nfluencar no IED. O mpacto da corrupção especfcamente no PIB é dscutdo a partr de outros artgos que

9 também debatem o mpacto da corrupção em outras varáves como, por exemplo, a pobreza. Pode-se entender o mpacto ndreto de corrupção em númeras varáves econômcas, pos, uma vez afetando o PIB, o seu mpacto, fatalmente, se espalhará pelo restante da economa. No fnal do capítulo expõe-se o que fo relatado pela ONU acerca do contnente amercano no relatóro anual da entdade. Há países não menconados pelo relatóro da ONU que farão parte deste trabalho e outros que estão no relatóro, mas não fazem parte deste trabalho. No capítulo três esclarecemos como os dados amostras foram obtdos, além de especular os possíves mpactos de cada varável no produto naconal bruto (PNB). O modelo de dados em panel utlzado, assm como a sua equação estrutural, é dscutdo no quarto capítulo deste estudo. Isso porque no capítulo cnco apresentamos os resultados que são nterpretados e em seguda, no últmo capítulo, as consderações fnas tomam lugar.

10 2. DISCUSSÃO DA LITERATURA SOBRE CORRUPÇÃO Alguns estudos empírcos procuram analsar as possíves causas da corrupção regredndo índces de corrupção contra um número potencal de varáves explcatvas. Grande parte dessas varáves relaconadas às causas de corrupção está arrolada ao tamanho do governo na economa. De manera mas genérca, são determnadas por polítcas públcas. Os próxmos parágrafos lstam algumas formas e focos de corrupção ctadas na lteratura. A lteratura orgnal de rent-seekng enfatza que restrções de comérco são um exemplo prmáro da fonte de corrupção nduzda pelo governo. Por exemplo, restrções quanttatvas nas mportações fazem com que as lcenças de mportação sejam extremamente valosas. Desta forma os mportadores podem tentar subornar agentes públcos com o ntuto de obter lcenças de mportação. De manera geral a proteção de ndústras naconas, de competção nternaconal, pode nduzr a geração de renda orunda de corrupção, dado que agentes econômcos locas possam estar dspostos a pagar por elas. Ades e D Tella (1994) acredtam que a abertura da economa, medda em termos da soma de mportações e exportações como relação do PIB, está relaconada, sgnfcatvamente, a níves mas baxos de corrupção. Subsídos governamentas podem ser, também, uma fonte de corrupção conforme argumentaram Clements, Hugounenq e Schwartz (1995). Eles explcam que o subsído para ndústra de transformação (meddo em termos do PIB) está postvamente correlaconado com os índces de corrupção. Os autores supractados argumentam que o subsído devera ser ncluído como custo de polítcas ndustras, pos aumentam a corrupção assocada a esse tpo de polítca públca. Outro elemento ndutor de corrupção é o controle de preços por parte do governo, na medda em que agentes econômcos se sntam tentados a corromper agentes públcos buscando ter a garanta de fornecmento de matéra-prma a preços mas baxos. Também se tem uma fonte ndutora de corrupção no mercado de câmbo, quando agentes públcos estabelecem taxas de câmbo a partr de prordades estabelecdas por eles mesmos, dado que o mercado de câmbo é um ambente típco da pratca de rent-seekng.

11 Baxo nível salaral no servço públco, em relação ao setor prvado, é uma fonte em potencal para a corrupção (KRAAY, AND VAN RJCKEGHEN 1995; HAQE AND SAHAY 1996). Em outras palavras, quando os saláros no setor públco são baxos os funconáros públcos podem se sentr mpeldos a fazer uso de suas posções com o ntuto de ser benefcar fnanceramente, especalmente quando as chances de serem descobertos forem baxas. Um exemplo muto vvo no magnáro popular braslero é o caso das polícas brasleras, onde os polcas são muto mal remunerados e freqüentemente assocados a casos de extorsão e corrupção. Os países, em geral, deveram levar em consderação esses argumentos quando dante da stuação de dmnur custos através da dmnução dos saláros dos funconáros públcos, ou mesmo dmnução de pessoal. Outros elementos, que nduzem rent-seekng, mas não são frutos de polítcas públcas, são característcas de cada socedade ou economa. Um exemplo pertnente é o caso de países que possuem grandes reservas de recursos mneras cujos custos de produção são muto menores que seus preços de venda. Tem-se, então, um ambente propíco para o advento do rent-seekng. Sachs e Warner (1995) argumentam que economas rcas em recursos naturas estão mas propícas a apresentar comportamentos extremos de rent-seekng do que economas pobres em recursos naturas. Eles argumentam, fazendo uso de estatístcas não sgnfcantes, que a parcela de produtos prmáros exportados, relaconados ao total das exportações, esta relaconada com efcênca burocrátca. Fatores socológcos podem contrbur para a cração de ambentes onde as atvdades de rent-seekng sejam mas freqüentes. Shlefer e Vshny (1993) sugerem que países onde há a presença de dversos grupos étncos são mas propícos à prátca de corrupção, na medda em que grupos étncos mas bem organzados podem se sobrepujar dante de grupos menos organzados e buscar trar proveto dsso através de atvdades que vão além da atvdade produtva tradconal. No artgo de Mauro (1995) houve uma correlação postva entre dvsão étnco-lngüístca e corrupção. Tanz (1994) argumenta que os ndvíduos estão mas propensos a ajudar e fazer favores a amgos e parentes em socedades onde as relações são mas personalzadas.

12 Corrupção tem númeras conseqüêncas negatvas. Trabalhos recentes, como Mauro (1995), Tanz (1994) e outros, ndcam que corrupção dmnu o crescmento econômco, o que pode ocorrer através de város mecansmos de transmssão dferentes. Onde a corrupção exste, os empreendedores sabem que, em algum momento, pode haver nterferênca de agentes públcos corruptos na consecução de projetos de nvestmento. Há sempre a possbldade da exgênca de suborno, que as empresas podem encarar como um mposto, para que permssões, dos mas dversos tpos, sejam dadas, de manera que, mesmo que o pagamento seja efetuado, a ncerteza seja uma constante na execução de projetos de nvestmentos. Mauro (1995) fornece dados de que a corrupção dmnu nvestmento e crescmento econômco. Os efetos observados são consderáves em magntude. Numa análse usando o índce de corrupção Busness Internaconal o autor mostra que um desvo padrão de melhora no índce causa um aumento de 5% no nível de nvestmento como proporção do PIB e o crescmento do PIB per capta aumenta em cerca de meo ponto percentual. A evdênca empírca mostra que grande parte do crescmento econômco é nfluencada pelo nível de nvestmento. Keefer e Knack (1995) ao utlzarem índces de efcênca nsttuconal do Internaconal Country Rsk Gude (ICRG) chegam a resultados muto smlares e em suas estmatvas, utlzando varáves nsttuconas, a corrupção tem nfluênca sgnfcatva no crescmento, além da nfluênca no nvestmento. Murphy, Shlefer e Vshny (1991) argumentam que em stuações nas quas o rentseekng for uma atvdade mas lucratva que as atvdades do setor produtvo, propramente dto, então haverá mgração da mão-de-obra mas bem preparada para este setor da economa, prejudcando o crescmento do país. Outro elemento negatvo fruto da corrupção, para os países pobres, dz respeto à dmnução de ajuda externa fnancera, na medda em que os doadores se negam a fazer doações para países com altos índces de corrupção.

13 A corrupção também causa perda de receta de mposto quando se manfesta na evasão fscal ou através de senções fscas napropradas. Convém ressaltar que a corrupção só é determnada quando o agente não consegue pagar seus mpostos medante pagamento de suborno a um agente públco. Conseqüentemente, a corrupção tem efetos nocvos no orçamento dos governos, causando dmnução da capacdade do governo de prover nfraestrutura e servços à população. Uma característca pecular da corrupção dz respeto às atvdades onde a mesma pode ocorrer com mas facldade ou, pelo menos, mas provavelmente. A experênca sugere que quando o governo lda com áreas relaconadas a tecnologas sofstcadas ou monopólos, há maor chance de que haja corrupção. Por exemplo, dentro de um hosptal é mas mprovável que haja corrupção nos pagamentos de médcos do que na compra de um determnado aparelho de altíssma tecnologa venddo por uma únca empresa. Quando o servço ou o produto é venddo por poucas empresas fca mas dfícl averguar o verdadero preço do que se compra, enquanto que, por exemplo, o saláro de uma determnada profssão é mas fácl de averguar. Como conseqüênca tem-se que agentes públcos dspostos a ganhar dnhero através da corrupção podem tentar nfluencar os gastos públcos para áreas onde seja mas fácl pratcar a corrupção. Como conseqüênca, pode-se afrmar que a corrupção proporcona uma dmnução da quantdade de dnhero para áreas essencas não só pelo roubo em s, mas, também, pelo processo polítco nfluencado por agentes que procuram fazer com que áreas mas passíves de corrupção sejam mas benefcadas no processo de elaboração do orçamento públco. A corrupção tem decsva nfluênca na vda econômca e socal do país que se dá através da dstrbução de renda. Em países onde a burocraca públca é muto grande, como o Brasl, agentes econômcos e públcos, que fatalmente estão entre as pessoas com maor nível de renda no país, ao se benefcarem da corrupção contrbuem para o aumento da desgualdade de renda. Para os países em desenvolvmento a corrupção pode ser mas perversa dado que pode afetar a população mas pobre de dversas maneras. A experênca econômca mostra que

14 altos níves de crescmento econômco estão assocados a altas taxas de redução da pobreza, portanto, a redução dos níves de crescmento econômco como conseqüênca de altas taxas de corrupção afeta a velocdade com que uma dada socedade consegue reduzr seus níves de pobreza. Outro problema relaconado aos altos níves de corrupção dz respeto ao fato de que a corrupção é concentradora de renda. Os agentes econômcos que se benefcam da corrupção são a parcela da população com maor nível de renda, em função de poder polítco, dscrconáro e econômco. Logo, a corrupção afeta os mas pobres através do aumento do hato entre as dversas classes socas. A corrupção pode levar à evasão fscal, à admnstração trbutára nefcente e às senções desproporconas em favor das pessoas bem relaconadas e grupos populaconas rcos. Isto pode reduzr a arrecadação e a progressvdade do sstema trbutáro, levando a uma maor desgualdade de renda. A corrupção pode fazer com que o dnhero destnado aos programas socas não chegue ao seu destno, assm como em projetos de nfra-estrutura. Portanto, o uso ndevdo de dnhero públco, supostamente destnado dretamente aos pobres, por agentes públcos corruptos que agem em benefíco própro, dmnurá o mpacto dos programas socas assm como a probabldade de se consegur emprego. Uma manera mas sutl, porém não menos perversa, sobre como a corrupção pode alterar a vda em uma dada socedade dz respeto aos efetos ndretos de como a alta concentração de rqueza pode nfluencar as polítcas públcas. Uma socedade caracterzada pela alta concentração do estoque de rqueza assoca a esse estoque de rqueza grande poder de nfluênca polítca sobre os agentes no topo da cadea de rqueza. A conseqüênca dessa realdade é o poder de nfluênca sobre as polítcas públcas exercdas pelo estado. Essa nfluênca não se dá, necessaramente, sob os camnhos legítmos de um Estado de Dreto Democrátco. Portanto, os agentes com mas poder econômco podem nfluencar polítcas públcas fazendo uso de lobbes caracterzados pela corrupção. É notóra a porosdade de casas legslatvas no que dz respeto ao poder de nfluênca de grupos organzados.

15 Beata K. Smarzynska & Shang-Jn We (2000) analzam o IED de empresas que possuam segredos tecnológcos sensíves. Eles sugerem que países com alto grau de corrupção tendem a afastar possíves jont-ventures que essas empresas queram estabelecer nestes países, pos o alto nível de corrupção pode sgnfcar a perda de segredos tecnológcos mportantes. Portanto a corrupção, no mínmo, altera a manera como empresas com segredos tecnológcos sensíves ldam com países caracterzados por altos níves de corrupção. Este olhar sobre o IED tem mplcação sgnfcatva para países em desenvolvmento como os países da Amérca Latna que buscam nvestmentos assocados à alta tecnologa. E sso se dá porque quanto maor for a corrupção, maores serão os custos de permssões e lcenças em geral e de perda de tecnologa sensível. Portanto, quando o país é tdo como corrupto o nvestdor estrangero tenderá a ser dono da totaldade do projeto que eventualmente será desenvolvdo. Apesar dos resultados mostrarem que grandes empresas com atuação pouco dversfcada preferem países onde os saláros sejam mas baxos, essa conclusão fo tomada a partr da observação do PIB per capta, ou seja, países chamados de transção, lea-se mas maores níves de corrupção, os resultados sugerem que a corrupção dmnu o nível de corrupção. Os resultados sugerem que as empresas preferem parceras, ou seja, jon ventures, quando o país receptor de nvestmentos é corrupto, mas quanto maor o nível tecnológco menor será essa propensão. Uma explcação plausível para o motvo pelo qual as empresas fazem jont ventures é que as assocações com empresas locas tendem a facltar os trâmtes burocrátcos, ou seja, as empresas locas têm maor famlardade com os padrões de corrupção e podem salvar tempo no trato com a burocraca. Em suma, os resultados fnas de Beata K. Smarzynska & Shang-Jn We (2000) sugerem que em países mas corruptos as parceras com empresas locas são mas valorzadas e quanto maor a corrupção menor será essa demanda e que as empresas amercanas evtam países muto corruptos como fruto do US Foregn Corrupt Practces Act de 1977, um ato legal que regula a atuação de empresas amercanas ao redor do mundo de manera que essas

16 empresas possam ser pundas por ncentvar a corrupção. Shh-Yng Wu (2006) obtém resultados que sugerem que a dferença de níves de corrupção entre dferentes países nfluenca o IED. Empresas de países com altos níves de corrupção percebem que possuem vantagem comparatva na competção com empresas de países com menores níves de corrupção quando a dsputa acontece em países com mas corrupção. Como o know-how sobre como ldar com corrupção não é faclmente dreconado para outras áreas de uma dada empresa, as empresas que sabem ldar com burocracas mas corruptas tendem a buscar esses tpos de mercados. Mercados, esses, que desencorajam empresas de países com menos corrupção. O mesmo racocíno pode ser utlzado em casos em que uma empresa de um país com menores níves de corrupção trava dsputas econômcas em países com padrão smlar de corrupção. Ou seja, empresas de países com altos níves de corrupção podem encarar a corrupção como algo postvo. Além dsso, a dstânca entre dferentes padrões de corrupção causa efetos assmétrcos. As empresas de países com menores níves de corrupção sofrem mas com a corrupção em outros países do que as empresas de países com maores níves de corrupção sofrem em dsputas em países menos assocados à corrupção. 2.1 Corrupção e Investmento Estrangero Dreto: o trabalho de Habb & Zurawck (2000) A partr do processo de consoldação das democracas em parcela sgnfcatva dos países em desenvolvmento e, especalmente, nos países da Amérca Latna, o nvestmento estrangero dreto (IED) cresceu de manera sgnfcatva no mundo ntero. A modelagem do nvestmento estrangero dreto (IED) é dfícl, dado que exstem númeras varáves que afetam o desempenho dessa varável. Além dsso, há varáves mas subjetvas relaconadas a laços hstórcos, culturas e econômcos entre os dversos países que também nfluencam no fluxo do nvestmento estrangero dreto. Portanto, há varáves econômcas faclmente quantfcáves e outras mas subjetvas que, por hpótese, podem nfluencar o nvestmento estrangero dreto. Como a corrupção tem ganhado mas mportânca a partr da maor abertura comercal presente no mundo e,

17 conseqüentemente, o maor contato entre países mas e menos corruptos, é de se esperar que haja maor curosdade sobre a nfluênca dessa varável no IED. Acredta-se, portanto, que a corrupção, por s só, não é capaz de mpedr o fluxo de IED e sso é comprovado por países como o Brasl, Chna, Méxco e Índa, por exemplo, que recebem grandes quantdades de IED e, ao mesmo tempo, estão assocados a altos níves de corrupção. Outro exemplo pertnente é o caso da Bélgca e da Itála, países desenvolvdos, que, apesar de apresentarem níves smlares de corrupção observados pela Transparênca Internaconal, apresentam padrões muto dstntos de IED. A Itála apresenta baxos níves, enquanto que a Bélgca apresenta níves mas altos de IED. Contudo, sabe-se que o alto nível de corrupção aumenta custo e ncerteza, elementos fundamentas na estrutura de valores que moldam decsões sobre nvestmento estrangero dreto. Além dsso, a corrupção mpede que haja gualdade de condções no acesso aos mercados mas rentáves. Isso porque empresas podem fazer uso de corrupção para melhorar suas condções no mercado como, por exemplo, através de lcenças e trbutos vantajosos em relação às competdoras. Outra questão pertnente sobre a nfluênca da corrupção no IED dz respeto à dferença sobre níves de corrupção. Padrões de corrupção podem fazer com que países se sntam, mas ou menos, famlarzados entre s. Ou seja, grandes dferenças nos níves de exposção à corrupção podem desencorajar o IED. Os autores do artgo utlzam os modelos de mínmos quadrados ordnáros e PROBIT usando como varáves explcatvas, corrupção e dferença absoluta dos índces de corrupção entre o país que recebe e o país que fornece o IED, obtdos através da Transparênca Internaconal. Como varáves de controle o artgo utlza o log da população, do país que recebe o IED, como medda do tamanho da economa, pos os autores acredtam que o tamanho da economa está postvamente correlaconado com o IED. Também faz uso de taxa de crescmento da economa, do PNB per capta assm como grau de abertura da economa. Outra varável de controle utlzada no estudo é o grau de establdade polítca do país que

18 recebe o IED. É utlzado o índce de establdade polítca fornecdo pela empresa Poltcal Rsk Servces. Entra como varável de controle a taxa de desemprego, pos se acredta que quanto maor o desemprego, menor será o nível de saláros e, assm, haverá maor rentabldade para o IED. Ou seja, excesso de oferta de emprego se relacona postvamente com o IED. Por fm, proxmdade geográfca, na fgura do log da dstânca entre os países, é utlzada como varável de controle e uma varável Dummy sobre a presença, ou não, de escrtóro da Transparênca Internaconal. Sendo um para a presença de escrtóro e zero caso contráro. Os resultados obtdos por Habb & Zurawck confrmam a hpótese de que corrupção é um forte nbdor do IED, assm como a dferença entre níves de corrupção dos países, fonte e destno do IED. O modelo PROBIT é utlzado para averguação do mpacto da dstânca entre níves de corrupção dos países sobre o fluxo de IED. Os resultados sugerem que a dstânca nbe o fluxo de IED, ou seja, quanto maor a dstânca dos níves de corrupção entre dos países menor será a propensão à troca de IED entre os mesmos. Pode-se nterpretar que um país pouco corrupto dante de um país muto corrupto percebe pouca famlardade entre eles. Portanto os resultados obtdos corroboram a hpótese de que essa falta de famlardade entre dferentes economas, manfestada pela dferença níves de corrupção afeta o IED. 2.2 Global Corrupton Report a Vsão da ONU sobre a Amérca Latna A Organzação das Nações Undas tem feto relatóros anuas sobre a corrupção no mundo todo. O nome deste relatóro é Global Corrupton Report. Entrevstas que duram cerca de 45 mnutos são fetas para um número próxmo de 1500 pessoas por país e o relatóro se subdvde por contnente. Os cdadãos são perguntados dretamente se estveram dante de atos de corrupção ou se foram convdados por agentes públcos a pagar propnas, em dado período de tempo. O contnente amercano é caracterzado por grande dferença entre os níves de corrupção dos Estados Undos e Canadá quando comparados com os demas países latno- amercanos. As prncpas perguntas fetas são se a pessoa fo convdada a pagar propna a um

19 polcal, funconáro públco federal, funconáro públco muncpal, no trabalho, no judcáro, no servço de saúde ou na escola. Uma observação feta pelo relatóro é que a corrupção é muto mas presente nas cdades e os homens reportaram terem sdo convdados a pagar propnas com freqüênca bastante superor às mulheres. Segundo o relatóro sso se deve ao fato de que nos países latno-amercanos os homens ldam com a vda públca e burocrátca mas que as mulheres. TABELA 1: Locas e Parcela da População onde houve convte para pagamento de Propna Funconáro Funconáro No No Polca Públco Públco Trabalho Judcáro Federal Muncpal No Servço de Saúde Na Escola Bolíva 20,5 14,5 24,1 12,5 19 10,2 10,2 Canadá 0,7 Chle 2,3 1,7 5,6 6,5 5,3 3 3,5 Colômba 4,5 2,6 4,4 3,6 3,3 3,7 1,8 Costa Rca 8,7 6,1 5,9 4,9 3 4,5 4,4 Repúblca Domncana 10,7 6,3 19,5 3,2 12,5 5,1 3,6 Equador 11,6 15,1 14,8 7,4 22,9 8,7 13,2 El Salvador 6,6 2,5 6 3,3 2,8 6,7 3,5 Guatemala 11 4,6 6,4 9 6,3 7,6 7,4 Guana 11,8 6,4 13,4 16,7 10,1 13,6 Hat 10,2 10,8 61,9 51,1 50,2 57,7 59,6 Honduras 11 3,9 10,4 2,7 7,8 3,7 3,9 Jamaca 7 2,3 16 35,4 16,8 35,7 30,1 Méxco 22,8 13,7 24 13,4 25 13,7 12,7 Ncarágua 7,3 4,1 12,5 9,9 22,7 10,2 9,3 Panamá 6,6 3,7 16,2 2,8 14,3 3,9 4,1 Paragua 11,6 13,1 13 10 17 3,9 3,1 Peru 18,8 10,7 14,9 9,2 11,6 3,9 8,2 Estados Undos 0,3 Urugua 2,3 1,9 1,8 4 0 1,4 1,6 FONTE: elaboração do autor Outra nformação obtda a partr do relatóro dz respeto à parcela dos entrevstados vtmzados pela corrupção no ano anteror. Os resultados estão dspostos no gráfco a segur.

20 GRÁFICO 1: Parcela da população vtmzada pela corrupção 60 50 50,1 40 30 20 10 37,1 34,6 34 31,9 30,3 25,2 21,7 19,3 18 18 17,7 16,1 13,4 11,3 9,7 9,4 7 0 Hat Méxco Bolíva Jamaca Equador Peru Guana Paragua Costa Rca Guatemala Ncarágua Repúblca Domncana Honduras El Salvador Panamá Colomba Chle Urugua FONTE: elaboração do autor

21 3. DADOS AMOSTRAIS As varáves utlzadas neste trabalho foram obtdas a partr de três bancos de dados dstntos, doravante, Penn World Table 6.1 (PWT 6.1), PRS Group e, por fm, Comssão Econômca para Amérca Latna e Carbe (CEPAL). O índce de corrupção fo obtdo dretamente da empresa PRS Group, localzada no estado de Nova York nos Estados Undos. Essa empresa é especalzada na elaboração de índces de rsco polítco, tas como índces de tensão étnca, confltos externos, grau de nfluênca de mltares na polítca, confltos nternos, tensões relgosas e outros. O seu índce de corrupção é amplamente utlzado em estudos e artgos acadêmcos, assm como na elaboração do índce de percepção da corrupção elaborado pela Transparênca Internaconal. O índce de corrupção, elaborado pelo PRS Group, busca mensurar a corrupção dentro dos sstemas polítcos e econômcos. Logo, consdera a corrupção que se estabelece na busca de benefícos relaconados a atvdades econômcas como, por exemplo, propna para lberação de lcenças de mportação e exportação, benefícos em atvdades relaconadas ao câmbo, senções fscas, facldades de empréstmos junto aos órgãos ou bancos estatas e outros. Ou seja, é uma medda bastante abrangente de como a corrupção permea uma dada socedade. O índce é elaborado por pertos, que conhecem números países e são capazes de comparar dferentes padrões de corrupção como fruto de suas experêncas. Esses pertos respondem a város questonáros relatvos a países ou grupos de países que estão sob sua supervsão. Edtores chefes asseguram a comparabldade das dferentes avalações, ou seja, garantem que os resultados forneçam dados capazes de serem comparados entre os dversos países. Vale lembrar que exstem dversos índces de corrupção que são elaborados no mundo ntero sendo o mas conhecdo o índce de percepção de corrupção elaborado pela Transparênca Internaconal. Contudo, o índce de percepção da corrupção (CDI) da Transparênca Internaconal, o Bussness Internatonal e o própro índce de corrupção do PRS Group apresentam alto grau de correlação como é observado por Mauro (1995). Ou seja,

22 apesar de exstr mas de um ndcador, a alta correlação entre esses índces sugere consstênca na mensuração da corrupção. A hpótese adotada é a de que o aumento da corrupção dmnu o PNB per capta, ou seja, a corrupção atravanca o crescmento econômco, como pode ser observado na dscussão dos efetos da corrupção na vda econômca, feta no capítulo anteror. Os valores do nvestmento estrangero dreto real (IEDR), obtdos a partr do síto da CEPAL são apresentados em mlhões de dólares em valores constantes do ano de 2000. A hpótese é de que o IEDR tenha correlação postva com o PNB per capta. O produto naconal bruto per capta (PNBP) é descrto em mlhões de dólares em preços constantes. Este dado também fo obtdo a partr do síto da Penn World Table 6.1 (PWT 6.1). A varável grau de abertura da economa, obtda junto ao síto da Penn World Table, é defnda da segunte forma: portações + Exportações Abe = Im PNB A hpótese é de que quanto maor o grau de abertura da economa maor será o PNB, ou seja, a abertura nfluenca de manera postva o crescmento econômco. O tamanho do governo é uma varável pertnente, pos se relacona à efcênca do governo e sua produtvdade, conseqüentemente. A Penn World Table fornece um rco materal sobre o tamanho dos governos em economas do mundo ntero. A hpótese que se constró a partr da experênca préva é de que quanto maor for o peso do estado nas economas, maor será o mpacto negatvo no PNB. Os países escolhdos para o trabalho são países latno amercanos que possuem os dados relatvos às varáves escolhdas. Ou seja, mesmo sabendo que a quantdade de países no subcontnente é muto maor, nfelzmente só fo possível obter dados satsfatóros para os seguntes países presentes no trabalho. São eles, Argentna, Bolíva, Brasl, Chle, Colômba, Costa Rca, Repúblca Domncana, Equador, El Salvador, Guatemala, Méxco, Panamá, Paragua, Peru, Trndad & Tobago, Urugua e Venezuela.

23 4. METODOLOGIA 4.1. A Estmação Es a equação a ser estmada: log ( PNBP t ) = c + 1 log( Cort ) + β 2 log( IEDRt ) + β 3 log( abet ) + β 4Log( Govt ) + ut β (1) Sendo que: cor corresponde ao índce de corrupção, IEDR é o nvestmento estrangero dreto real, abe é o grau de abertura da economa e, Gov é o tamanho do governo na economa. As varáves foram logartmzadas para que as elastcdades possam ser observadas de manera mas clara. Ou seja, para cada 1% de varação na varável explcatva logartmzada pode observar a varação percentual correspondente na varável de controle. As varáves de controle são o nvestmento estrangero dreto real, o grau de abertura da economa e o tamanho dos governos na economa. A expectatva é de que β 1 tenha snal negatvo, pos a hpótese é de que a corrupção dmnua o crescmento econômco. Para β 2 espera-se snal postvo, assm como para β 3, pos IEDR e abertura econômca se assocam a maores índces de crescmento econômco. Os efetos esperados da últma varável econômca, β 4, é negatvo. A lteratura prega que quanto maor for o tamanho do governo, menores serão as taxas de crescmento. A estmação é feta pelo modelo de mínmos quadrados ordnáros com varável Dummy cuja sgla em nglês é LSDV (Least Squares Dummy Varable). Este é um modelo de regressão clássco que pode ser estmado por mínmos quadrados com K regressores em x e n colunas em D que é a matrz das varáves Dummy, haverá uma Dummy para cada cross secton, ou seja, para cada país. Sendo assm o estmador de mínmos quadrados de β será:

24 b = [ X M X ] [ X M y 1 ] (2) D D 1 M D Tal que = I D( D D) D O resultado é uma regressão de mínmos quadrados utlzando a matrz de dados transformada X * = M D X e y* = M D y. D é uma matrz dagonal cujas colunas são ortogonas: M D M 0 = 0 0 0 M 0 0 0 0 0 0 0 0 M Em que cada sub-matrz localzada na dagonal prncpal é defnda como M 1. T O = I T 4.2. O Modelo de Dados em Panel Bascamente, a vantagem dos dados do tpo longtudnal (dados em panel) é que a sua estmação ncorpora uma maor quantdade de nformação, maor varabldade de dados, menor colneardade entre as varáves, maor número de graus de lberdade e maor efcênca dos estmadores. O modelo pode ser descrto da segunte forma 1 : Y = X β + c + u = 1,2, K, N t = 1,2, K, T (3) t t t Sendo que ndca a dmensão de grupo e t a dmensão de tempo. O objetvo é estmar os efetos do vetor das varáves explcatvas na varável dependente. Acontece que há efetos não observáves que afetam a varável dependente, a 1 Para maores nformações ver Wooldrdge (2002).

25 esses efetos dá-se o nome de heterogenedade não observada. A heterogenedade não observada é representada pela varável c na equação (3). Um ponto central do modelo de dados em panel é saber se esse efeto, c, é constante no tempo e muda apenas de acordo com o grupo. Outra hpótese do modelo é de que o erro não é correlaconado com o vetor de varáves explcatvas e nem com o termo constante. Ou seja, a exogenedade estrta pode ser representada assm, ( u X, c ) = 0 E. t Portanto, neste modelo devemos dspensar atenção especal ao comportamento do, que pode assumr a forma de uma varável aleatóra ou um parâmetro a ser estmado, além de poder captar característcas que não podem ser observadas dretamente dos dversos grupos em estudo. c Portanto, os efetos relaconados ao vetor c abrem a possbldade de abordagens dferentes para a questão dos dados em panel, doravante, efeto fxo, efeto aleatóro e prmera dferença. 4.2.1 Efeto fxo (EF) Como dto anterormente, o modelo de efeto fxo assume que o c é um parâmetro a ser estmado para cada grupo de observação, neste caso sera para cada país. E O modelo de EF mantém a hpótese de exogenedade estrta, defnda como ( u X, c ) = 0 t, mas relaxa a hpótese de que não há correlação entre c e o vetor de varáves de explcatvas, E ( c X ) 0, de manera que, segundo Wooldrdge (2002), o modelo tenha uma maor robustez quando comparado ao modelo de efetos aleatóros. A partr das hpóteses dscutdas no parágrafo anteror faz-se necessáro uma abordagem que permta o controle dos efetos da heterogenedade não observada. Essa abordagem consste em construr desvos em torno da méda em relação á dmensão temporal da amostra. Desta manera constró-se a segunte equação:

26 Y = X β + c + u = 1,2,3, K, N (4) 1 Em que Y = T t = Y 1 T t 1, X = T t = X 1 T t 1 e u = T t = u 1 T t Chega-se, então, na equação (5): Y & = X&& β + u& = 1,2,3, K, N t = 1,2,3, K, T (5) t t t A equação (5) é obtda a partr da subtração da equação (4) da equação (3). Wooldrdge (2002) sugere a estmação da equação (5), que não tem mas a presença do termo que capta a heterogenedade observada, por mínmos quadrados ordnáros (MQO). Conseqüentemente, essas transformações mplcam que a exogenedade estrta pode, E & agora, ser escrta como ( u X ) E( u X ) E( u X ) = 0 consderação que o estmador de efeto fxo t = t EF. Além dsso, deve-se levar em β tem como hpótese posto[ E( X& X& )] K &. = Doravante, a efcênca do estmador é garantda com a suposção de homocedastcdade e não ( ) u T 2 correlação seral dos erros E u u' X, c = σ I. Por fm, vale ressaltar que o estmador de efeto fxo consegue captar a varação do tempo dentro de cada grupo e, por sso, é chamado de wthn. Já o estmador da equação (2) capta a varação entre undades observaconas. Por sso é chamado de between. 4.2.1. Efeto Aleatóro (AE) Por tratar a varável c como varável aleatóra que faz parte do erro o modelo de EA tem como hpóteses a exogenedade estrta, presente nos modelos de efetos aleatóro e efeto fxo e a hpótese de que o termo aleatóro c é ndependente em relação ao vetor de varáves explcatvas, segue, ( c X ) E( c ) = 0 E. = Como exste um erro que é a soma erro mas o termo aleatóro c, tem-se, então,

27 ν t = c + u t e, por consegunte, uma matrz de varânca-covarânca com a segunte estrutura: Ω = σ I + σ j j (6) 2 u T 2 c T T Tal que IT é uma matrz dentdade e j j T T uma matrz untára, ambas TxT. Dessa forma a abordagem mas aproprada é a estmação por mínmos quadrados generalzados (MQG), pos, assm, a consstênca das varáves é assegurada sob a condção 1 de que o posto[ E( X Ω X )] K =. de varânca E Os estmadores de efeto aleatóro também são efcentes, pos se assume que a matrz v, em que 2 2 ( uu' X, c ) = σ u I T ( ) v = c = u, condconada a é constante, o que sgnfca que e E c X = σ c. t X 4.3. O Teste de Hausman O teste de Hausman permte escolher, dentre os dos modelos, aquele que é mas aproprado, ou seja, qual abordagem deve ser o caso. Sendo assm, ele pode ser explcado da segunte forma: seja β EF o vetor de estmatvas do efeto fxo e β EA o vetor de estmatvas do efeto aleatóro, então, sob a hpótese nula de: H : ˆ β ˆ β 0 EF EA = Que sgnfca que o efeto aleatóro é váldo. A estatístca H tem a segunte forma: 0 H = T 1 [ ˆ β ˆ β ] [ V ( ˆ β ) V ( ˆ β )] [ ˆ β ˆ β ] EF EA EF EA EF EA A dstrbução é 2 χ com K-1 graus de lberdade. Excedendo o valor tabelado deve-se utlzar o modelo de efeto fxo. 4.4. Panel Desbalanceado

28 A dscussão préva dz respeto a dados longtudnas em que os grupos, neste caso países, têm o mesmo tamanho. Acontece que é muto comum que os dados dsponíves não sejam homogêneos entre os grupos em dscussão. É justamente o que ocorre neste trabalho. Os dados apresentados não estão dspostos de forma monolítca, ou seja, as crosssectons não têm, necessaramente, o mesmo tamanho. Isso sgnfca que pode ocorrer de que um país, por exemplo, tenha dados para os anos que vão de 1990 até 1997 e outro país apresente dados que correspondam aos anos de 1990 até 2003. Logo, para que a perda de nformação seja mnmzada, fo utlzado um panel desbalanceado. A prmera alteração dz respeto ao tamanho da amostra que, ao nvés de ser nt n = 1 de modo que n é o número de grupos e T é o tamanho de cada grupo, passa a ser 2 T. Conseqüentemente, há modfcações menores no cômputo de, b, Var α e a estatístca s Var [] [ ] F. Além dsso, as médas de cada grupo devem ser baseadas em T, obvamente. E as outras médas devem ser ponderadas, segue: x = n T 1 t= 1 n T = 1 x t = n = 1 n T x = 1 T = n = 1 f x Sendo que f T ( T ) = n = 1. Ora, se os tamanhos dos grupos são guas, então 1 f =. n 5. RESULTADOS

29 O modelo fo rodado sob as hpóteses de efeto fxo e sob a hpótese de efeto aleatóro que, qualtatvamente, forneceram os mesmos resultados. Porém, o teste de Hausman, descrto anterormente, ndcou que o modelo mas aproprado sera o modelo com efeto aleatóro (EA). Segue tabela com os resultados do teste de Hausman e, a segur, os resultados obtdos a partr do teste do modelo com efetos aleatóros. TABELA 2: Teste de Hausman 2 2 Valor χ 1,94 2 Probabldade > χ 0,7468 FONTE: elaboração do autor TABELA 3: Resultado econométrco do modelo de dados em panel com efeto aleatóro. Log PNBP Coefcente Log (Corrupção) Erropadrão Estatístca t P> t Intervalo de confança 95% -0,138 0,0413-3,34 0,001-0, 219-0, 057 Log (IEDR) 0, 0686 0, 0125 5,49 0,000 0, 0441 0,0931 Log (Abertura) 0, 2978 0, 0626 4,76 0,000 0,175 0,420 Log(Gov) -0,1980 0,0847-2,34 0,019-0,3639-0,0321 Constante 7,800 0,3662 21,30 0,000 7,0827 8,5180 Fonte: Elaboração própra a partr dos dados dsponíves. Portanto, o mpacto da corrupção é negatvo, resultado coerente com a lteratura préva dscutda anterormente. Paolo Mauro (1995) encontra uma relação que estabelece que uma melhora na nota em 20 pontos percentuas no índce de corrupção se assoca a um aumento da taxa de nvestmento sobre o PNB em 4 pontos percentuas, assm como um aumento de meo ponto percentual do PNB per capta. Andre Shlefer & Robert W. Vshny (1993) encontram resultados qualtatvamente equvalentes. Os resultados apresentados mostram que, para cada aumento do 1% na percepção de corrupção há uma dmnução de 0,14% no PNB per capta. Trata-se de um resultado 2 Hpótese nula: Efeto Fxo Hpótese Alternatva: Efeto Aleatóro

30 expressvo porque varações no índce de corrupção são, obrgatoramente, altas proporconalmente, uma vez que o índce vara numa escala pequena. O IEDR apresenta snal postvo e confrma a hpótese de que almenta o crescmento econômco. Convém ressaltar que o coefcente do IEDR de 0,0686 é menor, em valor absoluto, que o coefcente do índce de corrupção. Isso sgnfca que o mpacto da corrupção, segundo predz o modelo, é maor que o mpacto do IEDR. Novamente, a elastcdade sugere que para cada aumento de 1% no nvestmento estrangero tem-se um aumento de 0,0686% do PNB per capta. Por outro lado, o grau de abertura da economa do país tem um mpacto anda maor no PNBP per capta, o que reforça a déa de que este ndcador manfesta uma sére de efetos benéfcos na economa. Cada aumento de 1% no padrão de abertura da economa está assocado a um aumento de 0,29% do PNBP. Ou seja, um aumento de cerca de 10% no grau de abertura da economa tem poder de, como sugere o modelo, elevar o PNBP em quase 3%. Vale enfatzar que o grau de abertura da economa, dentre todas as varáves do modelo, é o elemento com maor poder de nfluênca na taxa de crescmento do PNBP. Por outro lado o tamanho do governo na economa apresenta snal negatvo. O que é prevsto pela hpótese dscutda anterormente, dado que os países latno-amercanos ao longo de suas hstóras sempre foram caracterzados por governos altamente ntervenconstas. A exceção é Chle que, a partr de 1973 passou a vver sob o governo Pnochet que era uma dtadura caracterzada pelo lvre ngresso do captal no país e pela lberalzação da economa do país. O mpacto do tamanho do governo na economa não é pequeno. Para cada aumento de 1% no tamanho do governo na economa há uma dmnução percentual de 0,1980% no PNBP, ou seja, o aumento de 5% do tamanho do governo dmnu o PNBP em 1%. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

31 Os resultados obtdos reforçam a déa de que a corrupção é algo maléfco e que deve ser combatda sempre. O mpacto observado não é pequeno, pos, como a nota vara de 0 até 6, qualquer varação sgnfca uma grande varação percentual que acarretará em grande mpacto no PNBP. Outro ponto pertnente é o snal de todas as varáves presentes no modelo. Todos eles estão de acordo com o esperado, mas a varável corrupção fo superada em magntude, em valores absolutos, por duas outras varáves, doravante, grau de abertura da economa e tamanho do governo. Esses resultados corroboram os estudos de Paolo Mauro, na medda em que assocam de manera negatva a corrupção e o crescmento econômco. Contudo, esta dssertação não explca quas são os mecansmos de transmssão pelos quas a corrupção mpede que o crescmento ocorra com mas força. É necessáro entender melhor os mecansmos de transmssão que permtem assocar altos níves de corrupção a menores níves de crescmento econômco. Como a dscussão da lteratura aborda o mpacto da corrupção em dversas varáves como, por exemplo, pobreza, IED, alocação de mão de obra qualfcada, gastos do governo, assm como sua efcênca, percebe-se que o mpacto da corrupção no crescmento econômco se dá por muto mas maneras do que se pode averguar no presente. Ou seja, esses mecansmos de transmssão são varados. Sera, portanto, uma conseqüênca natural deste trabalho buscar entender quas seram estes mecansmos, assm como a magntude destes processos. Apesar do foco deste trabalho ser a corrupção, os resultados dão forte apelo à abertura econômca como varável com poder de nfluênca no PNBP. Ou seja, a abertura econômca apresenta maor capacdade de melhorar o PNBP, sabdamente por sua capacdade de aumentar a produtvdade da economa. O Modelo de dados em panel corrge a multcolneardade, ou seja, duas varáves explcatvas não nterferem nos valores, uma da outra, sob a abordagem de dados em panel, no que dz respeto à explcação da varável dependente. Mas acredta-se que a abertura da economa também melhora a capacdade de um dado país ldar com a corrupção.

32 Outro tema bastante nteressante e que podera ser uma contnudade deste trabalho é o desenvolvmento de índces de corrupção para regões e estados ou províncas. Poder comparar como regões dferentes, dentro de um mesmo país, abordam e toleram a corrupção sera muto mportante para entender a dnâmca da corrupção dentro de um dado país. Essa comparabldade é mportante para que polítcas públcas possam ser comparadas quanto à porosdade das mesmas em relação a atos espúros. Este trabalho contrbu com o tema na medda em que foca a Amérca Latna. A dscussão da lteratura préva mostra que a maor parte dos trabalhos não se refere especfcamente a esta regão, contudo parece não haver a menor sombra de dúvdas de que o subcontnente latno-amercano tem um grande camnho pela frente até o momento em que possa dzer, pelo menos, que a corrupção está sob controle. Vale lembrar que os países pesqusados partlham de alguma homogenedade na medda em que são países em desenvolvmento e com processos hstórcos semelhantes. Isso sgnfca que a corrupção pode apresentar comportamento parecdo entre esses países e, conseqüentemente, dmnur a varabldade dos dados relatvos a esse índce. Logo, o aumento do unverso de países pesqusados também representa um passo adante no processo de pesqusa sobre o tema. A modelagem teórca da corrupção, na maor parte dos casos, aborda a corrupção de manera que esta seja equvalente a um mposto sobre a produção. Contudo, é mportante perceber que a corrupção é mas do que sso. Os seus efetos vão muto além do que sera um mposto sobre a produção. A lteratura sobre a corrupção dexa bem claro que as vdas cotdana e econômca são afetadas de dversas maneras e os efetos dretos e ndretos da corrupção não podem ser representados por um efeto equvalente ao efeto que um mposto gera na economa, ou mesmo na produção. Como os seus efetos não estão mapeados completamente parece ser naproprada essa abordagem que afrma que a corrupção funcona como um mposto, apesar de sgnfcar um começo promssor. Este tema é muto nteressante, pos trás, no bojo de sua compreensão, questões étcas e de valores muto subjetvas, contudo a dscussão pode tomar rumos muto prátcos de manera que nstrumentos objetvos possam tomar lugar e dmnur a promscudade com que

uma dada socedade lda com o bem públco. 33

34 REFERÊNCIAS ABED, George T, GUPTA, Sanjeev; CARTIER-BRESSON, Jean. Governance, Corrupton, and Economc Performance. Journal of Economc Lterature, v. 42, n. 2, p. 506-507, jun 2004. ABHIJIT, V Banerjee. A Theory of Msgovernance. The Quarterly Journal of Economcs, v. 112, n. 4, p. 1289-1332, nov. 1997. ALBUQUERQUE, Breno Emerencano ; RAMOS, Francsco S. ANÁLISE TEÓRICA E EMPÍRICA DOS DETERMINANTES DE CORRUPÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL. In: XXXIV Encontro Naconal de Economa (ANPEC), 2006, Salvador. Anas do XXXIV Encontro Naconal de Economa (ANPEC), 2006. ALESINA, Alberto; WEDER, Beatrce Do Corrupt Governments Receve Less Foregn Ad? The Amercan Economc Revew, v. 92, n. 4, p. 1126-1137, set. 2002. CARRARO, A. ; Fochezatto ; HILLBRECHT, R.. O Impacto da Corrupção sobre o Crescmento Econômco do Brasl: aplcação de um Modelo de Equlíbro Geral para o período 1994-1998. In: XXXIV Encontro Naconal de Economa, 2006, Salvador. Anas do XXXIV Encontro Naconal de Economa, 2006. CLEMENTS, Hugounenq and SCHWARTZ. The Effects of Corrupton on Growth and Publc Expendture. IMF Workkng Papers, 1995. DABLA-NORRIS, E. A Game Theoretc Analyss of Corrupton n Bureaucraces. IMF Workng Paper, 2000. FELIX, Fofana; COFFI, Jose Francs.The Causalty Between Corrupton, Poverty and Growth: a Panel Data Anal. Centre Ivoren de Recherches Economques et Socales, 2006. GAFFNEY, Mason; HARRISON, Fred; MILGATE, Murray. The Corrupton of Economcs. Journal of Economc Lterature, v. 34, n. 2, p. 775-777, jun. 1996. HABIB, Mohsn; ZURAWICKI, Leon. Corrupton and Foregn Drect Investment. Journal of Internatonal Busness Studes, v. 33, n. 2. p. 291-307, 2002. HUNT, Jennfer. Why are Some Publc Offcals More Corrupt Than Others? Natonal Bureau of Economc Research, 2005, 11595.