AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO PRODUTIVO DE TOURINHOS NELORE, ALIMENTADOS COM FARINHA AMILÁCEA DE BABAÇU, NA REGIÃO NORTE DO BRASIL Leide Karla Ribeiro Loureiro 1 ; Glauco Mora Ribeiro 2 ; 1 Aluno do Curso de Zootecnia; Campus de Araguaína; e-mail: karla.ztc@hotmail.com PIVIC/UFT 2 Orientador do Curso de Zootecnia; Campus de Araguaína; e-mail: glauco_ribeiro_1@hotmail.com RESUMO: Devido a grande importância que a alimentação exerce sobre o desempenho animal, o presente trabalho objetivou avaliar o desempenho produtivo de tourinhos Nelore terminados em confinamento, alimentados com rações com duas relações volumoso:concentrado, tendo a cana-deaçucar como fonte de volumoso e dois níveis de substituição do milho pela farinha amilácea de babaçu. Utilizou-se 24 animais com aproximadamente 321 kg e 22 meses de idade. Os animais foram confinados em baias individuais durante 84 dias. O delineamento experimental foi um esquema fatorial 2 2. Os diferentes níveis de substituição do milho pela farinha do mesocarpo do babaçu não tiveram influencia relevante sobre as características de desempenho, e não se verificou interação significativa entre os níveis de concentrado e substituição do milho pelo farelo do mesocarpo do babaçu. Os valores observados de: peso final, ganho de peso médio diário, consumo de matéria seca e conversão alimentar foram de 444,25 kg, 1,46kg, 8,31 kg/dia e 5,74 kg/ms/kg de ganho, respectivamente. Os resultados obtidos sugerem a possibilidade de utilização das quatro dietas experimentais, sendo necessário observar as condições de disponibilidade dos ingredientes ou facilidade de manejo em relação a maior ou menor quantidade de volumoso na propriedade. Palavras-chave: amazônia, bovinos, consumo, confinamento, farelo do mesocarpo do babaçu INTRODUÇÃO A nutrição é de extrema importância para bovinocultura de corte, influenciando diretamente o desenvolvimento produtivo dos animais. O alimento fornecido deve atender as exigências nutricionais do animal e concomitantemente apresentar viabilidade econômica. O estudo e a introdução de subprodutos da agricultura como forma de substituir os grãos na dieta de bovinos de corte em confinamento representa uma alternativa para reduzir os custos de
alimentação (Restle et al., 2004). É importante, ainda, avaliar o consumo, considerando-se as limitações relativas ao animal, ao alimento e as condições de alimentação, uma vez que o desempenho é função do consumo de matéria seca digestível (Mertens, 1994). Pelo exposto verifica-se ser de muito importante o estudo do desempenho de bovinos terminados em confinamento, alimentados com coprodutos, dentre esses a farinha amilácea de babaçu, que consiste numa alternativa para contribuir com o desenvolvimento da pecuária de corte no país. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Centro de Ciência Animal, Campus da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia/ UFT. Foram utilizados 24 animais machos Nelore, não castrados, com média inicial 321,1 ± 23,7 kg e com idade média de 22 meses. Os animais foram alojados em baias individuais totalmente concretadas e com cocho coberto, com livre acesso à água, permanecendo confinados durante 112 dias, dos quais 28 dias de adaptação. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em quatro tratamentos com seis repetições cada. As dietas experimentais foram formuladas com duas proporções de volumoso (60 e 40% da MS) e dois níveis de substituição do milho pelo farelo do mesocarpo do babaçu (farinha amilácea do babaçu) no concentrado (60 e 40 %), totalizando quatro tratamentos em um arranjo fatorial 2 x 2. Utilizou-se a Cana-de-açúcar como volumoso e os concentrados foram compostos por milho em grão, farelo de soja, uréia pecuária, farinha amilácea de babaçu, fosfato bicálcio e sal mineral, As dietas foram formuladas visando atender os requerimentos de proteína bruta, energia, cálcio e fósforo para ganho de peso médio de 1,2 kg/animal/dia, conforme exigências preconizadas por Valadares Filho et al. (2010). Os alimentos foram fornecidos na forma de ração completa, em duas refeições diárias, a quantidade de volumoso e concentrado foi corrigida duas vezes por semana, permitindo-se sobra ao redor de 10%. As sobras foram retiradas duas vezes por semana, sendo realizado controle de matéria seca. Os animais foram pesados no início e ao final do período experimental, sempre precedidas de 14 horas de jejum de sólidos. A conversão alimentar foi calculada através da média de consumo do período total do experimento divididos pelo ganho de peso total. Para estimativa do peso de corpo vazio e do ganho de peso do corpo vazio utilizou-se equação preconizada por Valadares Filho et al.
(2010). Os resultados das variáveis obtidas foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o aplicativo software SISVAR (Ferreira, 2003), em que o modelo estatístico incluiu as variáveis analisadas e suas interações. As médias foram comparadas pelo teste t, considerando o nível de significância de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO As analises demonstram que não houve interação significativa (P>0,05) entre os níveis de concentrado e substituição do milho pela farinha amilácea de babaçu. Ainda, os tratamentos não influenciaram significativamente (P>0,05) as variáveis estudadas (tabela 1 e 2). Tabela 1- Peso inicial (PI) e peso final (PF), ganho de peso médio diário (GPM) de tourinhos Nelore alimentados com diferentes níveis de substituição do milho por farelo do mesocarpo do babaçu. Variável Tratamentos Probabilidade CV% T1 T2 T3 T4 NV SM I PI (kg) 322,00 320,75 322,08 319,75 0,965 0,864 0,958 7,89 PF (kg) 440,25 446,00 449,75 441,25 0,841 0,907 0,549 6,45 GPM (kg/dia) 1,49 1,40 1,51 1,44 0,486 0,657 0,278 15,94 CV = coeficiente de variação, NV = Nível de volumoso, SM = substituição do milho, I = interação. O consumo de matéria seca e a conversão alimentar não foram afetados pela maior inclusão do farelo do mesocarpo do babaçu na dieta (Tabela 2), sendo observadas as médias 8,31 kg/dia e 5,74 kg/ms/kg de ganho, respectivamente, valores maiores foram observados por Silva (2008), que verificou consumo de matéria seca e conversão alimentar médios de 9,37 kg/dia e 8,39 kg/ms/kg de ganho, respectivamente, em ensaio com garrotes nelores castrados e inteiros, alimentados com diferentes níveis de inclusão do farelo do mesocarpo do babaçu (0,0; 20; 40; 60). Esta diferença pode ser explicada devido aos animais do presente ensaio serem mais jovens, média de 22 meses, quando comparados com os estudados pelo referido autor, média de 33 meses de idade, já que animais mais jovens tendem a ser mais eficientes, resultando em melhores valores de conversão alimentar.
Tabela 2- Médias de consumo de matéria seca (CMS), peso de corpo vazio (PCVZ), ganho de peso de corpo vazio (GPCVZ) e conversão alimentar (CA) de tourinhos Nelore alimentados com diferentes níveis de substituição do milho por farelo do mesocarpo do babaçu. Tratamentos Probabilidade CV% Variável T1 T2 T3 T4 NV SM I CMS (kg/dia) 8,50 7,81 8,32 8,61 0,727 0,959 0,421 12,86 PCVZ (kg) 394,02 399,17 402,52 394,91 0,841 0,907 0,549 6,46 GPCVZ (kg/dia) 1,31 1,39 1,42 1,35 0,727 0,959 0,421 15,94 CA (kg) 6,18 5,27 5,54 5,99 0,904 0,522 0,071 15,14 CV = coeficiente de variação, NV = Nível de volumoso, SM = substituição do milho, I = interação. Marcondes et al. (2011) avaliando a eficiência alimentar de bovinos Nelores puros e mestiços recebendo dietas de alto e baixo nível de concentrado, sendo os concentrados formulados à base de de milho moído, farelo de soja, caroço de algodão, casca de soja, uréia/sulfato de amônio, bicarbonato de sódio, óxido de magnésio, sal e mistura mineral e tendo como volumoso silagem de milho, observaram que os animais apresentaram maior consumo de matéria seca e maior consumo em função do peso corporal quando receberam dietas com maiores níveis de concentrados. Afirmaram ainda que, o peso de corpo vazio e o ganho de peso de corpo vazio, também, foram maiores para animais com dietas de alto nível de concentrado, os autores explicam que essa dieta teve maior consumo de matéria seca e de nutrientes, o que provavelmente contribuiu com a maior disponibilidade de nutrientes para deposição de tecidos e ganhos de peso vazio e carcaça. Esses resultados diferenciam dos encontrados neste trabalho, onde não houve diferenças significativas (P<0,05) de peso de corpo vazio e ganho de peso de corpo vazio em níveis distintos de concentrados fornecidos na dieta. Essa inexistência de diferença pode ser explicada pela pequena variação da porcentagem de concentrado utilizado, passando de 40% para 60%, utilizada no presente estudo. A inexistência de diferença estatística entre os tratamentos avaliados indica a possibilidade de utilização das quatro dietas experimentais, sem prejuízo dos resultados, sendo a escolha relacionada à disponibilidade dos ingredientes ou facilidade de manejo com maior ou menor quantidade de volumoso na propriedade. Novos experimentos devem ser desenvolvidos utilizando alimentos alternativos na nutrição de ruminantes para ampliar o conhecimento sobre o assunto.
LITERATURA CITADA FERREIRA, D. F. SISVAR 4.3 Sistema de Análises Estatísticas. Lavras: DEX/UFLA, 2003. MARCONDES, M.I.; VALADARES FILHO, S.C.; OLIVEIRA, I.M.; PAULINO, P.V.R.; VALADARES, R.F.D.; DETMANN, E. Eficiência Alimentar de Bovinos Puros e Mestiços Recebendo Alto ou Baixo Nível de Concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.6, p. 1313-1324, 2011. MERTENS, D.R. Regulation of forage intake. In: FAHEY JR., G.C. (Ed). Forage quality, evaluation and utilization. Madison: American Society of Agronomy, p.450-49, 1994. RESTLE, J.; FATURI, C.; FILHO, D.C.A.; BRONDANI, I.L.; SILVA, J.H.S.; KUSS, F.; SANTOS, C.V.M.; FERREIRA, J.J. Substituição do Grão de Sorgo por Casca de Soja na Dieta de Novilhos Terminados em Confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.4, p.1009-1015, 2004. SILVA, N.R. Desempenho produtivo de bovinos de corte alimentados com dietas contendo diferentes níveis de farinha amilácia de babaçu. 2008. 75 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal Tropical) Fundação Universidade Federal do Tocantins, Araguaína, 2008. VALADARES FILHO, S.C.; MARCONDES, M.I.; CHIZZOOTTI, M.L.; PAULINO, P.V.R. Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados BR-CORTE 2ª edição Viçosa. MG: UFV, DZO. 193p, 2010.