11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

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1 Comportamento, medidas morfométricas e características de carcaça e da carne de machos de aptidão leiteira alimentados com grão de milho inteiro ou moído com ou sem inclusão de farelo do mesocarpo de babaçu Rafael de Oliveira da Silva 1, João Restle 2 1 Aluno do Curso de Zootecnia; Campus de Araguaína, TO; rfk12@hotmail.com PIBIC/UFT 2 Professor Visitante Nacional Sênior - PVNS; Campus de Araguaína, TO; jorestle@terra.com.br RESUMO: Objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo, medidas morfométricas e característica da carcaça e da carne de machos de aptidão leiteira alimentados em confinamento com dietas contendo dois níveis de inclusão de farelo do mesocarpo do babaçu (0 e 40%) e duas formas de apresentação do grão de milho (moído e inteiro). Foram utilizados 24 novilhos com idade média inicial de 30 meses e peso médio inicial de 300 kg. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2x2. O farelo do mesocarpo de babaçu aumentou (P<0,05) o tempo de alimentação dos animais. Os tratamentos não influenciaram (P>0,05) as medidas morfométricas dos animais. A associação do milho grão mais farelo do mesocarpo de babaçu diminuiu (P<0,05) o peso de carcaça quente e o percentual de ponta de agulha. O milho moído, independente da associação ou não com o farelo do mesocarpo de babaçu, aumentou (P<0,05) a relação músculo/osso na carcaça e, melhorou (P<0,05) a cor da carne. O milho grão sem farelo do mesocarpo de babaçu reduziu (P<0,05) a percentagem de músculo na carcaça. Palavras-chave: carcaça, farelo de mesocarpo de babaçu, percentagem de músculo, peso de carcaça quente INTRODUÇÃO O milho é o grão mais utilizado na alimentação de bovinos, pois é altamente energético. Entretanto, de acordo com Vargas Júnior et al. (2008) a forma de processamento do milho interfere, não só em seu custo, como também em seu aproveitamento pelo animal. Quando fornecido inteiro dificulta o processo de

2 colonização e rompimento da película que recobre o grão pelos microrganismos ruminais, aumentando a perda nas fezes. A utilização de subprodutos da agroindústria como farelo do mesocarpo do babaçu podem ser utilizados na terminação de novilhos em substituição a alimentos mais caros como o milho (Miotto, 2011). O objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento ingestivo, medidas morfométricas e característica da carcaça e da carne de machos de aptidão leiteira alimentados em confinamento com dietas contendo dois níveis de inclusão de farelo do mesocarpo do babaçu e duas formas de apresentação do grão de milho, moído ou inteiro. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ) da Universidade Federal do Tocantins (UFT), município de Araguaína, Tocantins no período de abril a julho de Foram utilizados 24 tourinhos mestiços de aptidão leiteira, com idade e peso médio inicial de 30 meses de idade e 300 kg, respectivamente. Os animais foram terminados em confinamento, submetidos à quatro dietas experimentais com dois níveis de inclusão (0 ou 40%) de farelo do mesocarpo do babaçu (FMB) e duas formas de apresentação do milho, moído (MM) ou grão inteiro (MG), constituindo os tratamentos: MM; MM+FMB; MG e MG+FMB. As dietas continham 10% de volumoso (silagem de milheto) e 90% de concentrado contendo farelo de soja, FMB, milho, uréia e sal mineral. A alimentação foi fornecida uma vez ao dia, às 14:00 horas. O período experimental foi 98 dias. Os animais foram alojados em baias individuais cobertas, com área de 6m², com piso cimentado, contendo comedouros individuais e bebedouros para cada dois animais. Os animais foram submetidos à avaliação do comportamento ingestivo onde foram observados o tempo que os animais destinaram a alimentação, ruminação e outras atividades num período de vinte e quatro horas a intervalos de cinco minutos. Foram realizadas medidas morfométricas dos animais no início e final do experimento, incluindo altura da cernelha, altura da garupa, perímetro torácico, perímetro de braço e comprimento corporal.

3 Os animais foram abatidos em frigorífico comercial com (SIF), obtendo-se o peso de carcaça quente (PCQ). Após o resfriamento em câmara fria por 24 horas as carcaças foram separadas em dianteiro, traseiro especial e ponta de agulha. Realizou-se um corte transversal no músculo Longissimus dorsi entre a 12º e 13º costela da meia carcaça direita, onde com o auxilio de um paquímetro foi medida a espessura da gordura subcutânea. Neste mesmo músculo foram realizadas as avaliações subjetivas do grau de gordura intramuscular (marmoreio) e coloração da carne. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com distribuição em arranjo fatorial 2 x 2 (dois níveis de farelo do mesocarpo do babaçu e duas formas de apresentação do milho) com seis repetições por tratamento, sendo cada repetição composta por um animal. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste PDIFF a 5% de significância através do pacote estatístico SAS. RESULTADOS E DISCUSSÃO As atividades comportamentais ruminando, ócio, outras atividades, dormindo, bebendo e defecando não foram influenciadas (P>0,05) pelos tratamentos. O tempo gasto na atividade comendo, foi maior (P<0,05) nos animais cujas dietas incluíram o FMB. As medidas morfométricas dos animais, as medidas métricas da carcaça, a conformação, a maturidade fisiológica e a área do músculo Longissimus dorsi não sofreram influencia (P>0,05) dos tratamentos. O peso de carcaça quente foi menor (P<0,05) nos animais do tratamento MG+ FMB (204,09 kg) em relação aos tratamentos MG (217,51 kg), MM (220,84 kg) e MM+FMB (221,94 kg). Não foi observada diferença significativa entre os tratamentos para a espessura de gordura subcutânea das carcaças. Analisando a participação relativa dos cortes primários na carcaça, verificou-se que as percentagens de traseiro especial e dianteiro foram similares (P>0,05) entre os tratamentos. Já a percentagem da ponta de agulha foi menor (P<0,05) nas carcaças dos animais do tratamento MG+FMB (10,67%) em relação aos tratamentos MG (10,99%) MM (11,48%) e MM+FMB (11,90%). Na Tabela 1 constam as participações percentuais de músculo, gordura e osso na carcaça. O percentual de osso foi maior

4 (P<0,05) nas dietas com grão de milho inteiro, MG e MG+FMB. A percentagem de músculo foi menor (P<0,05) na dieta MG. O percentual de gordura (Tabela 1) foi influenciado pela forma de apresentação e também pela adição de FMB às dietas onde os tratamentos MG e MM+FMB apresentaram os maiores valores (20,07 e 22,25%, respectivamente). Segundo Di Marco (1998), carcaças de animais acabados deveria apresentar percentagem de gordura entre 23 e 25%, no presente estudo, os valores encontrados ficaram abaixo mostrando que os animais não estavam bem acabados, o que também foi constatado pela reduzida espessura de gordura subcutânea. Tabela 1 - Composição física da carcaça de tourinhos submetidos a diferentes dietas experimentais FMB Milho Média Moído Grão Músculo (%) 0% 68,87a 63,80b 66,33 40% 65,06a 68,15a 66,61 Média 66,96 65,98 Gordura (%) 0% 17,73b 20,07a 18,90 40% 22,25a 16,16b 19,20 Média 19,99 18,11 Osso (%) 0% 14,34b 16,31a 15,32 40% 13,88b 15,95a 14,91 Média 14,11 16,13 ab Médias seguidas por letras distintas, diferem pelo teste PDIFF (P<0,05). Na Tabela 2 constam os valores referentes à cor e marmoreio da carne. O marmoreio da carne não sofreu influencia das dietas. A cor da carne foi influenciada pela forma de apresentação do milho, os animais que receberam MM ou MM+FMB apresentaram carne menos escura (P<0,05). A cor da carne dos animais de todos os tratamentos foi classificada como abaixo de vermelho levemente escuro (abaixo de três pontos) o que pode torna-las menos atrativas aos consumidores que preferem carnes com cor vermelho mais claro (Vaz e Restle, 2000).

5 Tabela 2 Características qualitativas da carne de tourinhos submetidos às dietas experimentais FMB Milho Média Moído Grão Cor 0% 2,95a 2,70b 2,83 40% 2,85a 2,45 b 2,65 Média 2,90 2,58 ab Médias seguidas por letras distintas, diferem pelo teste PDIFF (P<0,05). LITERATURA CITADA DI MARCO, O.N. Crecimiento de vacunos para carne. 1.ed. Buenos Aires: Oscar N. Di Marco p. MIOTTO, F.R.C. Farelo do mesocarpo de babaçu na produção de bovinos de corte f. Tese (Doutorado em Zootecnia) Programa de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Goiás. VARGAS JÚNIOR, F.M.; SANCHEZ, L.M.B.; WECHSLER, F. S.; et al. Influência do processamento do grão de milho na digestibilidade de rações e no desempenho de bezerros. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.11, p , VAZ, F.N.; RESTLE, J. Aspectos qualitativos da carcaça e da carne de machos Hereford, inteiros ou castrados, abatidos aos quatorze meses. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.6, p , AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT.