, 5 +, -7+ ''*,.:,,,i Pe", NiBJ1,,1,g..0 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N. 200.2007.752.691-7/001 Comarca de João Pessoa RELATOR: Eduardo José de Carvalho Soares Juiz convocado para substituir o Des. Genésio Gomes Pereira Filho APELANTE: ESMALE Assistência Internacional de Saúde Ltda ADVOGADO: George Alexandre R. de Oliveira e outros 111 APELADA: Matheus Gabriel Silva de Andrade representado por sua genitora Priscila Maria Gomes da Silva ADVOGADA: Ana Camila Carneiro PROCESSUAL CIVIL E CIVIL Apelação cível Plano de Saúde Necessidade de Intervenção Jurídica conforme Orientação Médica Pedido de Antecipação de Tutela Deferimento Direito à Vida e à Saúde Garantia Constitucional Prestação de Serviço Defeituosa Contrato de adesão - Dano Morais Procedência dos pedidos Confirmação da sentença Desprovimento do recurso apelatório. 111 1 - Os princípios constitucionais em que se funda a própria República Federal do Brasil, de respeito à vida e à dignidade da pessoa humana, devem ser devidamente atendidos, pois a finalidade do prestador de serviço de 1 saúde é segurar riscos de saúde às pessoas que podem ter doenças futuras, mesmo (5\ preexistentes, e não de contratar apenas com pessoas absoluta e totalmente saudáveis no _.t N - f,_ momento da celebração do contrato.,--, -0 Recusado atendimento pela seguradora de '' -:1 saúde em decorrência de cláusulas abusivas, quando o segurado encontrava-se em situação L'`) de urgência e extrema necessidade de cuidados médicos, é nítida a caracterização do dano moral.
VISTOS, relatados e discutidos, os autos acima identificados. ACORDAM os integrantes da Terceira Câmara Cível do Colendo Tribunal de Justiça, à unanimidade, em negar provimento ao recurso apelatório, mantendo a sentença de 1 grau, nos termos do voto do Relator e da certidão de julgamento de f1.142. RELATÓRIO I I) Matheus Gabriel Silva de Andrade, representado por sua mãe Priscila Maria Gomes da Silva ajuizou a Ação de Obrigação de Fazer com pedido de Tutela Antecipada, em face da ESMALE Assistência Internacional de Saúde Ltda aduzindo, em síntese, que celebrou com a promovida contrato de prestação de serviços médicos-hospitalares em 05 de junho de 2006, tendo sido o contrato firmado com a cláusula de "compra de carência", uma vez que o promovente já havia cumprido a carência em relação ao plano antigo de assistência médico hospitalar com a UNI MED. Requereu a concessão da tutela antecipada em virtude da necessidade de ser submetido a internação médico-hospitalar para tratamento cirúrgico de urgência, tendo em vista que teve o seu direito negado, em razão da promovida alegar que o mesmo estava no período de carência. Juntou documentos de fls. 15/19. forma requerida. O MM. Juiz concedeu a tutela antecipada na A promovida foi regularmente citada e apresentou contestação às fls.28/39. Juntou documentos de fls. 41/74. I Juntou documentos de fls. 84/87. Impugnou a contestação a autora nas fls. 76/83. Em virtude de tratar de direito disponível, foi designada audiência de conciliação, restando esta frustrada. Foi proferida a sentença nesta ocasião, na qual o juiz de direito julgou procedente o pedido inicial, cujo dispositivo da sentença de fls. 94/95 passo a transcrever: "A luz do exposto, com fulcro dos autos consta, bem assim respaldado nos princípios do Direito que disciplinam a espécie, JULGO PROCEDENTES os pedidos vestibulares para reconhecer a obrigação da demandada em proceder ao ato cirúrgico na forma do contrato, assumindo as despesas deles decorrente, de modo que confirmo a tutela z antecipada, por ser medida de direito e justiça. Condeno ainda a demandada ao o pagamento de uma indenização por danos morais no importe de R$ 2.500,00 à pessoa do autor, corrigida monetariamente pelo INPC a contar desta data, bem assim acrescida de juros de mora de 1% ao mês a partir da recusa injustificada à cobertura contratual, nos moldes da Súmula de n. 54 do STJ. Por fim, condeno a suplicada ao pagamento de honorários advocatícios no importe de R$ 800,00, e o c- --1 faço por considerar de pequeno valor a condenação ora em apreço". Inconformado com a decisão, a ESMALE Assistência Internacional de Saúde Ltda interpôs recurso apelatório, pugnando pela reforma da sentença.
,, Posteriormente, a apelante apresentou a comprovação da liberação da guia de autorização para a realização do procedimento cirúrgico, bem como extratos de atendimentos do usuário, comprovando a realização da cirurgia, satisfazendo desta forma a medida liminar concedida ao promovente, conforme fls. 115/117. Contra-razões apresentadas às fls. 118/125. A douta Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento do apelo (fls. 132/135). É o relatório. VOTO Trata-se de uma Apelação Cível interposta pela ESMALE Assistência Internacional de Saúde Ltda, contra a decisão que julgou procedente os pedido na ação de Obrigação de fazer, movida por Matheus Gabriel 111 Silva de Andrade representado por sua genitora Priscila Maria Gomes da Silva, perante a 11 a Vara Cível da Comarca de João Pessoa. Inexistindo argüição de preliminares, passo a análise do mérito do presente recurso. A sentença deve ser mantida in totum.. Analisando os documentos trazidos aos autos, verifica-se que existiu um dano, consubstanciado na recusa em conceder autorização para tratamento cirúrgico de urgência, sob a alegação de que o autor ainda estava em período de carência. Assim, entendo que o autor provou a existência dos requisitos ensejadores da reparação de danos morais, e o apelante ao contrário, não demonstrou nenhuma das excludentes. A questão principal levantada pela apelante é que o referido procedimento não foi autorizado em razão da referida patologia ser pré-existente a formalização do contrato e por conseguinte ainda estar cumprindo a carência de 24 meses prevista na legislação reguladora dos planos de saúde. Nesse sentido, passo a transcrever o 1 entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. SEGURO-SAÚDE Doença Preexistente A seguradora que recebe prêmios, independentemente de examinar a saúde do seu associado, não pode depois escusar-se ao pagamento da cobertura alegando que.2 a causa da internação decorreu de doença preexistente. No caso,.é13 inocorre sequer a relação de causalidade. (AC da 5 a Câm. Civ. do Ç,_,15 TJRS - Ap. Civ. 589.041.169 - Rel. Des. Ruy Rosado Aguiar Júnior - N j. 22.08.1989 - v.u. - In: Revista de Direito do Consumidor, v. 20, p. 169.1 Assim, deve ser observada que a relação entre a apelante e o apelado é de consumo, iniciada através da realização do contrato de adesão e, logicamente, albergada pelo Direito do Consumidor. ---* (...,.., 1 http://www.consumidorbrasii.com.briconsumidorbrasil/textoslebomsaber/planosaudeljurisprudencia.htm.
O entendimento acima está em consonância com o art. 6, VIII da Lei Consumerista que trata da inversão do ônus da prova a favor do consumidor e, com o artigo 47, que estabelece a regra hermenêutica de que as cláusulas contratuais sejam interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor. A finalidade do prestador de serviço de saúde é segurar riscos de saúde às pessoas que podem ter doenças futuras, mesmos preexistentes, e não de contratar apenas com pessoas absoluta e totalmente saudáveis no momento da celebração do contrato. Diante dos fatos explanados, em que pesem os argumentos da apelante, não assiste razão a mesma, pois a saúde é um direito fundamental do ser humano. A propósito, a lição de ANDRÉ RAMOS TAVARES bem conceitua o direito à saúde, por ser "o mais básico de todos os direitos, no sentido de que surge como verdadeiro pré-requisito da existência dos demais direitos consagrados constitucionalmente. É, por isto, o direito humano mais sagrado" (Curso de Direito Constitucional, p. 387, Saraiva, 2002). decretou: O Supremo Tribunal Federal igualmente já "O direito à saúde representa conseqüência constitucional indissociável do direito à vida" (Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n. 271.286-8/RS, julgado em 12/09/2000). Como é sabido, é possível a interpretação de cláusulas contratuais de plano de saúde de modo a adequá-lo aos ditames da legislação consumerista, de ordem pública, visando sempre o interesse social. Os princípios constitucionais em que se funda a República Federal do Brasil, de respeito à vida e à dignidade da pessoa humana, impuseram aos contratos de planos de saúde a sua adequação às novas legislações pertinentes. Trata-se da prevalência da ordem constitucional, portanto, de ordem pública e de aplicação imediata e cogente. Desta forma, a Jurisprudência Pátria tem decidido no sentido de que, qualquer cláusula contratual que impeça o tratamento de urgência deve ser considerada abusiva. Ou seja, ante a circunstância excepcional decorrente de doença grave que, se não combatida a tempo, tornará inócuo o fim maior do pacto celebrado, qual seja, o de assegurar eficiente amparo n à saúde e à vida, não há legalidade na negativa do tratamento. In casu, não há como afastar o dano sofrido pela apelada, pois as barreiras impostas pela promovida, obstaculando o exercício gs pleno de seu direito, constrangendo o promovente a uma verdadeira via crucis, '''-' 2 quando mais precisava ser auxiliado pelo serviço contratado, e não encontrar -31, neste um problema a mais para agravar o momento difícil pelo qual passava, razão por que deve ser reparado o dano causado, por refletir a hipótese o dano L,":5 moral puro, inerente ao próprio fato ocorrido, e que não reclama prova, porquanto, além da dificuldade de produzi-lo em Juízo, o prejuízo é evidente. Como comprovar a dor, a apreensão, os dissabores experimentados na angustiante
necessidade de autorização e burocracia demasiada para a liberação de tratamento cirúrgico de urgência. Estabelecido, assim, o ato ilícito e o nexo de causalidade, cabe à apelante o dever de indenizar. sentença. Assim, não há razões para reforma da Isso posto, em harmonia com o parecer da Procuradoria, NEGO PROVIMENTO ao recurso de apelação, mantendo inalterada a r. decisão de primeiro grau em todos os seus termos. É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Participaram do julgamento, além do Relator, Eminente Juiz Convocado Dr. Eduardo José de Carvalho Soares convocado para substituir o Des. Genésio Gomes Pereira Filho, o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos e o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Presente ao julgamento o Exmo. Sr. Dr. Alcides Orlando de Moura Jansen, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, João Pessoa, 21 de outubro de 2008. Eduardo José de Carvalho Soares Juiz Convocado - Relator
.. _. e i. TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenado ria Judiciária i Registrado em.,,,,y