ISSN 2176-2937 Outubro, 2013. Sistemas de preparo do solo: trinta anos de pesquisas na Embrapa Soja

Documentos relacionados
07 AVALIAÇÃO DO EFEITO DO TRATAMENTO DE

Fertilidade do Solo, Adubação e Nutrição da Cultura da Soja

COMPOSIÇÃO E OCORRÊNCIA DE PRAGAS EM SEIS VARIEDADES DE FEIJOEIRO COMUM E REFLEXOS NA PRODUTIVIDADE

INFLUÊNCIA DO CLIMA (EL NIÑO E LA NIÑA) NO MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DO ARROZ

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

PRODUTIVIDADE DE MILHO E FEIJÃO EM SISTEMA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA INTRODUÇÃO

ISSN X 19 BROTAÇÃO E ALTURA DE PLANTAS DE MANDIOCA EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE DE PLANTIO MECANIZADO EM DOIS SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO

WASTE TO ENERGY: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL PARA O BRASIL? 01/10/2015 FIESP São Paulo/SP

Processo TIG. Eletrodo (negativo) Argônio. Arco elétrico Ar Ar + + e - Terra (positivo)

ANEXO. DHA < 200 mm - baixo risco DHA > 200 mm - alto risco

Gestão do solo em SOUTOS para optimização da produtividade e da sustentabilidade

POPULAÇÃO DE PLANTAS DE MILHO IRRIGADO POR ASPERSÃO EM SISTEMA PLANTIO DIRETO RESUMO

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE AVEIA SOB DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA. Palavras chave: Produção de biomassa, bovinos de leite, plantas daninhas

Acoplamento. Tipos de acoplamento. Acoplamento por dados. Acoplamento por imagem. Exemplo. É o grau de dependência entre dois módulos.

EFEITO DE DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVO DA PALMA NA BIOMASSA MICROBIANA DO SOLO

ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM LATOSSOLO SOB DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO

PROJETO E ANÁLISES DE EXPERIMENTOS (PAE) EXPERIMENTOS COM UM ÚNICO FATOR E A ANÁLISE DE VARIÂNCIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO

Supressão de Plantas Daninhas por Crotalaria júncea em Diferentes Espaçamentos de Semeadura

CURVAS DE RETENÇÃO DE AGUA E CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DO SOLO EM SISTEMAS DE MANEJO DO FEIJOEIRO(1)

VARIABILIDADE ESPACIAL DE ATRIBUTOS FÍSICOS EM SOLO DE CERRADO SOB CAFEICULTURA TECNIFICADA E SUBMETIDA A DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO

1º semestre de Engenharia Civil/Mecânica Cálculo 1 Profa Olga (1º sem de 2015) Função Exponencial

Transporte de solvente através de membranas: estado estacionário

Professores Edu Vicente e Marcos José Colégio Pedro II Departamento de Matemática Potências e Radicais

ESTATÍSTICA APLICADA. 1 Introdução à Estatística. 1.1 Definição

ACÚMULO DE FÓSFORO EM UM LATOSSOLO CULTIVADO COM GRAMA- MISSIONEIRA-GIGANTE EM RESPOSTA A DOSES DE DEJETO LÍQUIDO DE SUÍNO

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

Quantidade de oxigênio no sistema

Desvio do comportamento ideal com aumento da concentração de soluto

Análise de Variância com Dois Factores

Considerando a necessidade de contínua atualização do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores - PROCONVE;

COPEL INSTRUÇÕES PARA CÁLCULO DA DEMANDA EM EDIFÍCIOS NTC

Efeito do Orthene 750 BR em Tratamento de Sementes no Controle da Lagarta Elasmopalpus lignosellus no Feijoeiro e Algodoeiro

AGREGAÇÃO DE LATOSSOLO VERMELHO DISTRÓFICO TÍPICO RELACIONADA COM O MANEJO NA REGIÃO DOS CERRADOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS (1)

Influência de diferentes sistemas de preparo do solo nas propriedades físicas de um Lat

Praticidade que atrapalha

Simbolicamente, para. e 1. a tem-se

CAPÍTULO 5 UNIFORMIDADE E EFICIÊNCIA DA IRRIGAÇÃO 1 INTRODUÇÃO. Dep. de Eng. Rural - ESALQ/USP, CEP: , Piracicaba - SP J. A.

Estratégias de manejo e seu impacto na eficiência de uso de nutrientes. Prof. Dr. Carlos Alexandre C. Crusciol FCA-UNESP/Botucatu

VII BENEFÍCIOS DO RESFRIAMENTO EM GRÃOS DE CAFÉ

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO CERRADO: EFEITO DE 13 ANOS DE CULTIVO SOBRE A DENSIDADE E AGREGAÇÃO DO SOLO

RELAÇÃO FOLHA-COLMO DE BRAQUIÁRIA BRIZANTA FERTIRRIGADA COM EFLUENTE TRATADO

CONCENTRAÇÃO DE ÂNIONS NO PERFIL DE SOLO TRATADO SUCESSIVAMENTE COM LODO DE ESGOTO Nº 13410

UNESP - FEIS - DEFERS

TOXICIDADE DE REDUTOR DE CRESCIMENTO NA CULTIVAR BRS PARDELA. Posta 231, Cep , Londrina-PR. *

Manual de Operação e Instalação

XVIII Congreso Latinoamericano de la Ciencia del Suelo

Produção de grãos de milho e atributos químicos de solo influenciados pela aplicação de escória de siderurgia em um Latossolo Amarelo distrófico

Fluxo Gênico. Desvios de Hardy-Weinberg. Estimativas de Fluxo gênico podem ser feitas através de dois tipos de métodos:

ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM SOLO CONSTRUÍDO EM DIFERENTES ESPÉCIES VEGETAIS. Lizete Stumpf. PPG Manejo e Conservação da Água e do Solo

6.1 Recursos de Curto Prazo ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO. Capital de giro. Capital circulante. Recursos aplicados em ativos circulantes (ativos

EQUAÇÕES INTENSIDADE / DURAÇÃO / PERÍODO DE RETORNO PARA ALTO GARÇAS (MT) - CAMPO ALEGRE DE GOIÁS (GO) E MORRINHOS (GO)

Rolamentos com uma fileira de esferas de contato oblíquo

AVALIAÇÃO DA TAXA DE GERMINAÇÃO À CAMPO DA CULTURA DA MAMONA

CPV O cursinho que mais aprova na GV

RELAÇÕES DE PREÇO I NSUMO/PRODUTO NA CULTURA DO MILHO DO CENTRO-SUL DO BRASIL

MEDIDAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR COM CULTIVOS INTERCALARES, SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

MANEJO DO SOLO E DA IRRIGAÇÃO NA CULTURA DO FEIJOEIRO SOB PIVÔ CENTRAL

Fertilização de Soja com Nitrogênio, Cobalto e Molibdênio.

Semelhança e áreas 1,5

a a 3,88965 $ % 7 $ % a 5, 03295

Tráfego agrícola e seus efeitos nos atributos do solo e na cultura de cana-de-açúcar

A atmosfera e a radiação solar

PERDAS POR APODRECIMENTO DE FRUTOS EM LINHAGENS E CULTIVARES DE ALGODOEIRO NO OESTE DA BAHIA - SAFRA 2005/2006 1

Palavras-chave: Anacardium occidentale, resistência varietal, praga, Anthistarcha binocularis.

INTERAÇÃO NITROGÊNIO VERSUS REDUTOR DE CRESCIMENTO APLICADO EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DO TRIGO BRS GRALHA-AZUL

1 As grandezas A, B e C são tais que A é diretamente proporcional a B e inversamente proporcional a C.

Características produtivas de cenoura Esplanada em função do modo de aplicação de composto orgânico e utilização de cobertura morta

Efficiency of mulching on soil moisture and temperature, weed control and yield of carrot in summer season

EFEITO DE NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA NA DIETA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO PEIXE ORNAMENTAL GUPPY (Poecilia reticulata)

Manejo da fertilidade em solos arenosos visando à intensificação sustentável

Gabarito - Matemática Grupo G

ESTUDO DA VIABILIDADE DO EMPREGO DE CONCRETO PRODUZIDO COM ESCÓRIA DE ACIARIA EM PAVIMENTOS RÍGIDOS

NITROGÊNIO EM COBERTURA E VIA FOLIAR EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DO TRIGO BRS SABIÁ

OBSERVAÇÕES DO COMPRIMENTO E NÚMERO DE FRUTOS DO PRIMEIRO CACHO DE TRÊS GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM SENHOR DO BONFIM, BA

CARBONO DAS FRAÇÕES DA MATÉRIA ORGÂNICA E CLASSES DE AGREGADOS DE SOLOS SOB SISTEMAS AGROFLORESTAIS DE CACAU NO SUL DA BAHIA

Época de semeadura de cultivares de soja no Mato Grosso do Sul André Ricardo Gomes Bezerra

POLINÔMIOS. Definição: Um polinômio de grau n é uma função que pode ser escrita na forma. n em que cada a i é um número complexo (ou

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DO SOLO SOB DOIS SISTEMAS DE MANEJO: PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL

1 Fórmulas de Newton-Cotes

Influência do Sistema de Plantio Direto sobre Atributos Químicos em Latossolo Vermelho do Cerrado

4 SISTEMAS DE ATERRAMENTO

DEMONSTRE EM TRANSMISSÃO DE CALOR AULA EM REGIME VARIÁVEL

Diogo Pinheiro Fernandes Pedrosa

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA ##ATO PORTARIA Nº 134, DE 31 DE JULHO DE 2015.

UNIDADE II 1. INTRODUÇÃO

Liberdade de expressão na mídia: seus prós e contras

AVALIAÇÃO ZOOTÉCNICA E ECONÔMICA DE SUBPRODUTOS ANIMAIS EM DIETAS PARA O CAMARÃO BRANCO, Litopenaeus vannamei

Níveis de desfolha tolerados na cultura da soja sem a ocorrência de prejuízos à produtividade

EFEITO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO NA GERMINAÇÃO E NO COMPRIMENTO DE PLÂNTULAS DE CALÊNDULA

ANEXO 1. NOTA TÉCNICA

Influência da Remoção dos Extrativos de Resíduos de Madeiras no Seu Poder Calorífico

QUESTÃO 01. O lado x do retângulo que se vê na figura, excede em 3cm o lado y. O valor de y, em centímetros é igual a: 01) 1 02) 1,5 03) 2

INFLUÊNCIA DO SUBSTRATO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE GABIROBA (Campomanesia spp.)

Faculdade de saúde Pública. Universidade de São Paulo HEP Epidemiologia I. Estimando Risco e Associação

Resposta da Lista de exercícios com data de entrega para 27/04/2017

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

CÂMARA MUNICIPAL DE FERREIRA DO ZÊZERE

Adão Leonel Mello Corcini

Transcrição:

ISSN 2176-2937 Outubro, 2013 342 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj

ISSN 2176-2937 Outubro, 2013 Empres Brsileir de Pesquis Agropecuári Embrp Soj Ministério d Agricultur, Pecuári e Abstecimento Documentos 342 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj Henrique Debisi Julio Cezr Frnchini Osmr Conte Alvdi Antonio Blbinot Junior Eleno Torres Odilon Ferreir Sriv Mri Cristin Neves de Oliveir Autores Embrp Soj Londrin, PR 2013

Exemplres dest publicção podem ser dquiridos n: Embrp Soj Rodovi Crlos João Strss, cesso Orlndo Amrl, Distrito de Wrt Cix Postl 231, CEP 86001-970, Londrin, PR Fone: (43) 3371 6000 Fx: (43) 3371 6100 www.cnpso.embrp.br cnpso.sc@embrp.br Comitê de Publicções d Embrp Soj Presidente: Ricrdo Vilel Abdelnoor Secretário-Executivo: Regin Mri Vills Bôs de Cmpos Leite Membros: Adeney de Freits Bueno, Adônis Moreir, Alvdi Antonio Blbinot Junior, Cludio Guilherme Portel de Crvlho, Decio Luiz Gzzoni, Frncismr Corre Mrcelino-Guimrães, Fernndo Augusto Henning e Normn Neumier. Supervisão editoril: Vness Fuzintto Dll Agnol Normlizção bibliográfic: Ademir Benedito Alves de Lim Editorção eletrônic: Mris Yuri Horikw Cp: Mris Yuri Horikw Foto: Adir V. Crneiro 1ª edição On line (2013) Todos os direitos reservdos. A reprodução não-utorizd dest publicção, no todo ou em prte, constitui violção dos direitos utoris (Lei no 9.610). Ddos Interncionis de Ctlogção n Publicção (CIP) Embrp Soj Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj / Henrique Debisi... [et l.] Londrin: Embrp Soj, 2013. 72 p. : il. (Documentos / Embrp Soj, ISSN 2176-2937; n. 342) 1.Mnejo do solo. I.Debisi, Henrique. II.Frnchini, Julio Cesr. III.Conte, Osmr. IV.Blbinot Junior, Alvdi Antonio. V.Torres, Eleno. VI.Sriv, Odilon Ferreir. VII. Oliveir, Mri Cristin Neves de. VIII.Título. IX.Série. 631.4 (21.ed.) Embrp 2013

Autores Henrique Debisi Engenheiro Agrônomo, Dr. Mnejo do solo e d cultur Embrp Soj Londrin PR henrique.debisi@embrp.br Julio Cezr Frnchini Engenheiro Agrônomo, Dr. Mnejo do solo e d cultur Embrp Soj Londrin PR julio.frnchini@embrp.br Osmr Conte Engenheiro Agrônomo, Dr. Trnsferênci de Tecnologis Embrp Soj Londrin PR osmr.conte@embrp.br

Alvdi Antonio Blbinot Junior Engenheiro Agrônomo, Dr. Mnejo do solo e d cultur Embrp Soj Londrin PR lvdi.blbinot@embrp.br Eleno Torres Engenheiro Agrônomo, Msc. Pesquisdor posentdo d Embrp Soj Londrin PR elenotorres@sercomtel.com.br Odilon Ferreir Sriv Engenheiro Agrônomo, Dr. Pesquisdor posentdo d Embrp Soj Londrin PR Mri Cristin Neves de Oliveir Licencid em Mtemátic, Dr. Biometri Embrp Soj Londrin PR mcristin.oliveir@embrp.br

Apresentção Atulmente, o principl desfio d gricultur é produção de limentos, energi, fibrs e outros bens pr humnidde com menor impcto mbientl, ssocido o reduzido consumo de insumos que presentm reservs finits no plnet, como fósforo, potássio e petróleo. Adicionlmente, é necessário que gricultur sej um vetor de desenvolvimento socil. Nesse contexto, é fundmentl gerção e o uso de tecnologis que permitm que gricultur sej sustentável no longo przo. Os sistems de prepro do solo podem fetr os seus tributos químicos, físicos e biológicos e, consequentemente, vibilidde dos sistems de produção. Ns últims décds, o sistem plntio direto (SPD) tem sido fundmentl pr concilição de spectos econômicos, mbientis e sociis, por isso tem contribuído significtivmente pr sustentbilidde d gricultur brsileir. O SPD tem proporciondo mior conservção do solo e d águ, mnutenção d biodiversidde do solo, menor gsto com combustíveis, umento d produtividde, e fcilitdo os processos de semedur, trtos culturis e colheit, tornndo o trblho rurl menos árduo. A presente publicção vis presentr de form objetiv e sistemtizd os principis resultdos referentes às lterções n qulidde do solo, bse d produção vegetl, e n produtividde ds culturs de soj e trigo, em função de diferentes sistems de prepro do solo, o longo de três décds de pesquis. Nesse contexto, esper-se que ess obr subsidie s decisões sobre s prátics de prepro do solo por prte de técnicos e gricultores. Ricrdo Vilel Abdelnoor Chefe-Adjunto de Pesquis e Desenvolvimento Embrp Soj

Sumário 1. Introdução...11 2. Protocolo experimentl...16 2.1. Histórico e crcterizção d áre experimentl...16 2.2. Delinemento experimentl, trtmentos e condução ds culturs...17 2.3. Avlições...21 2.3.1. Atributos químicos de solo...21 2.3.2. Atributos físicos de solo...21 2.3.3. Produtividde de grãos...24 2.4. Métodos esttísticos...25 3. Resultdos...25 3.1. Impctos dos sistems de prepro sobre o solo...25 3.1.1. Atributos químicos... 25 3.1.2. Atributos físicos...33 3.2. Impctos dos sistems de prepro sobre produtividde de grãos de soj e trigo...52 4. Considerções finis...63 5. Agrdecimentos...64 6. Referêncis...65

Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj Henrique Debisi Julio Cezr Frnchini Osmr Conte Alvdi Antonio Blbinot Junior Eleno Torres Odilon Ferreir Sriv Mri Cristin Neves de Oliveir 1. Introdução A soj é principl cultur produzid no Brsil, ocupndo o primeiro lugr n produção de grãos. Segundo Conb (2013), produção brsileir de soj n sfr 2012/2013 foi estimd em 81,5 milhões de tonelds, em um áre cultivd pouco superior 27,5 milhões de hectres, o que torn o pís o segundo mior produtor mundil dest oleginos. Ddos históricos evidencim grndes vnços n produtividde d cultur desde o início ds primeirs explorções em escl comercil no Rio Grnde do Sul, pssndo de um médi de proximdmente 1.500 kg h -1 no finl d décd de 70, pr cerc de 3.000 kg h -1 n sfr 2012/2013 (Conb, 2013). Grnde prte dos gnhos pode ser tribuíd à melhori genétic, por meio d obtenção de cultivres dptds às condições edfoclimátics ds diferentes regiões brsileirs, bem como o desenvolvimento de novs tecnologis pr o mnejo d cultur. Além disso, não há como desvinculr esse slto de produtividde dos vnços científicos e tecnológicos no que se refere o mnejo e conservção do solo. Durnte s décds de 70 e 80, o mnejo indequdo do solo se constituí em um dos principis problems relciondos à produção de soj no Brsil, especilmente n Região Sul. Nquel époc, produção de soj no Brsil er bsed exclusivmente n utilizção de sistems de

12 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj prepro do solo desenvolvidos pr regiões de clim temperdo. Esses sistems envolvim o revolvimento intensivo e profundo do solo, por meio do emprego de rdos e grdes, o que, sob s condições climátics ds regiões temperds, tinh como principl rgumento fvorável exposição do solo os rios solres durnte primver visndo o seu degelo e quecimento, requisito importnte pr o desenvolvimento ds culturs de verão. Em regiões temperds, os principis problems ssocidos o revolvimento excessivo do solo perd de águ e solo por erosão e degrdção d mtéri orgânic do solo (MOS) são minimizdos em decorrênci d bix intensidde ds chuvs e ds temperturs mens. Contudo, qundo sistems de mnejo crcterizdos pelo prepro intensivo do solo (conhecidos tulmente como sistems de prepro convencionl - SPC) são utilizdos de modo indiscrimindo em regiões de clim subtropicl e tropicl, como é o cso do Brsil, os reflexos sobre produção grícol e sobre o mbiente são desstrosos. Nos nos 70 e 80, flt de cobertur e desgregção excessiv do solo, provocds pelo prepro intensivo, resultrm no umento d intensidde dos processos erosivos. No Prná, por exemplo, perd médi de solo por erosão em áres terrceds e mnejds sob SPC (rção + dus grdgens) er estimd em quse 20 t h -1 no -1 (Mondrdo & Bisci, 1981). Além de representr um grnde meç à mnutenção d produtividde d soj e de outrs culturs, erosão hídric result em impctos negtivos sobre o mbiente, prticulrmente sobre s fontes superficiis de águ. O solo erodido de áres de lvour cumul-se nos mnnciis superficiis de águ, ssorendo-os. A águ e o solo perdido por erosão crregm consigo nutrientes e moléculs de groquímicos que, lém de resultr em prejuízos finnceiros o produtor, constituem- -se em importntes poluentes d águ. Em trblho conduzido sobre um Ltossolo Vermelho distroférrico com 0,03 m m -1 de declividde durnte sete nos, Hernni et l. (1999) encontrrm que, no SPC (rção + dus grdgens), s perds médis nuis de P, K, C e Mg form de 0,84 kg h -1, 7,80 kg h -1, 19,20 kg h -1 e 1,70 kg h -1, res-

Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 13 pectivmente. N som dos sete nos, s perds de P e K equivlerm cerc de 70 kg h -1 de superfosfto simples e 105 kg h -1 de cloreto de potássio, respectivmente. Outro efeito negtivo ssocido à mobilizção excessiv do solo no SPC é o umento d tx de decomposição dos resíduos vegetis (Gonçlves et l., 2010) e de minerlizção d MOS (Frnchini et l., 2007). A redução do teor de MOS, por su vez, é um dos principis ftores que comprometem qulidde do solo (Mielniczuk, 1999), qui entendid como sendo cpcidde que o mesmo present em funcionr dentro dos limites de ecossistems nturis ou mnejdos, de form sustentr produtividde biológic, mnter ou melhorr qulidde do r e d águ e promover súde ds plnts e dos nimis (Dorn & Prkin, 1994). Além disso, minerlizção d MOS implic n perd de crbono do solo pr tmosfer, n form de CO 2, um dos gses responsáveis pelo quecimento globl. Dinte desse cenário, mnutenção do potencil produtivo do solo pssv, necessrimente, pel doção de sistems de mnejo dptdos às condições de clim tropicl e subtropicl do Brsil, focdos n redução d intensidde de revolvimento e n mnutenção d cobertur do solo. Foi ssim que um tecnologi bsed n implntção ds culturs sem prepro prévio do solo, sobre os restos culturis d lvour nterior, denomind inicilmente de plntio direto (PD), começou ser utilizd no Brsil. Os primeiros estudos sobre o PD form relizdos n Estção Experimentl de Rothmsted, n Inglterr, n décd de 40, qundo se consttou que o prepro do solo er dispensável, desde que não houvesse competição de plnts dninhs. Em condição experimentl, primeir tenttiv de implntr um cultur sem prepro do solo no Brsil, mobilizndo pens linh de semedur, ocorreu no município de Mtão/SP, no no de 1966 (Lnders, 2005). No entnto, conforme o mesmo utor, somente em 1972 o PD pssou ser utilizdo em escl comercil, n Fzend Renâni, de propriedde de Herbert Brtz, em Rolândi/PR, município loclizdo cerc de 20 km de Londrin. Ness époc, quse 500 mil hectres já erm conduzidos em plntio direto nos Estdos Unidos.

14 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj É importnte destcr que, té o início d décd de 80, o plntio direto er entendido como simples método lterntivo de prepro do solo, ltmente eficiente no controle d erosão hídric (Denrdin et l., 2005). Conforme os mesmos utores, prtir dquel époc, s experiêncis prátics e conhecimento científico cumuldo conduzirm à percepção de que o plntio direto, pr ser técnic, econômic e mbientlmente viável, deveri ser trtdo com um sistem de produção grícol, composto por um complexo de processos inter-relciondos, complementres e interdependentes. Assim, o PD pssou ser enfocdo, tnto em escl de pesquis qunto de lvour, como sistem plntio direto (SPD), fundmentdo n diversificção de espécies vegetis, n cobertur permnente do solo e n mínim mobilizção do solo, restrit pens à linh de semedur. Desde s primeirs experiêncis, o SPD mostrou-se um tecnologi ltmente eficiente no controle d erosão hídric. Bisci (1977), em trblho relizdo sobre um Ltossolo Vermelho rgiloso, em Pont Gross/PR, consttou que o SPD reduziu em 78% s perds de solo por erosão hídric em relção o SPC com rção + dus grdgens. Já Hernni et l. (1999), em experimento conduzido sobre Ltossolo durnte sete nos, encontrrm que o SPD reduziu s perds médis nuis de solo e águ em 92% e 87%, respectivmente, em relção o SPC com rção + dus grdgens. A redução d intensidde dos processos erosivos pelo SPD é fundmentd em dois princípios (Denrdin et l., 2005b): 1) Dissipção d energi cinétic decorrente do impcto d got de chuv sobre o solo, gente cusdor d erosão em entressulcos ou slpicmento; e 2) Redução do volume e intensidde d enxurrd, gente responsável pel erosão em sulcos. Além disso, usênci de revolvimento result n consolidção d superfície do solo, o que reduz s perds de solo por erosão em rzão do umento d resistênci deste à desgregção pel enxurrd (Volk et l., 2004). No entnto, Kochnnn et l. (2005) ressltm que cobertur do solo por plnts vivs ou por resíduos culturis tem potencil pr reduzir em té 100% erosão em entressulcos, ms não mnifest ess mesm eficáci pr controlr erosão em sulcos, de modo que prátics mecâ-

Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 15 nics de controle d enxurrd, como o terrcemento e o cultivo em nível, sempre form imprescindíveis, mesmo no SPD. Muits erm s dificulddes enfrentds pelos produtores brsileiros que se venturvm dotr o SPD como lterntiv pr controlr o celerdo processo de depupermento do solo ocsiondo, principlmente, pel erosão hídric. Os principis problems enfrentdos pelos pioneiros estvm relciondos à bix eficiênci e custo elevdo ds semedors dptds à semedur diret e, tmbém, à dificuldde de controle de plnts dninhs, devido à ofert restrit de herbicids e à bix eficiênci dos mesmos no SPD. Hvi tmbém preocupções relcionds à compctção do solo, à correção d cidez do solo em um condição onde não se podi mis revolver o solo, e o comportmento d produtividde ds culturs no novo sistem. Com o objetivo de contribuir pr solução dos problems e dificulddes enfrentds pelos produtores e, ssim, consolidr o SPD como ferrment pr o mnejo sustentável d cultur d soj, foi implntdo, no no de 1981, um experimento de long durção n Fzend Experimentl d Embrp Soj, em Londrin/PR, o qul continu sendo conduzido té os dis tuis. O estudo tem como objetivo comprr o SPD com o SPC relizdo com rdo de discos ou grde rdor, bem como com o prepro reduzido por meio d utilizção de escrificdores, levndo-se em considerção os impctos desses sistems sobre produtividde ds culturs e qulidde do solo. Durnte os trint nos de condução deste experimento, produtividde d soj e do trigo foi determind nulmente. Concomitntemente, tributos químicos e físicos do solo form periodicmente monitordos. Nesse contexto, o objetivo dess publicção é disponibilizr os resultdos obtidos durnte os trint nos de condução experimentl de um form grupd e orgnizd, proporcionndo o entendimento de como produtividde ds culturs e qulidde do solo no SPD evoluem o longo do tempo, em comprção outros sistems de prepro do solo.

16 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 2. Protocolo experimentl 2.1. Histórico e crcterizção d áre experimentl O experimento vem sendo conduzido desde sfr 1981/1982 n Fzend Experimentl d Embrp Soj, em Londrin/PR (23º 12 S, 51º 11 W, e 585 m de ltitude), em um Ltossolo Vermelho distroférrico. O clim d região é subtropicl úmido (Cf, conforme clssificção de Köppen), com temperturs médis máxims e mínims de 28,5ºC em fevereiro e 13,3ºC em julho, respectivmente, e precipitção médi nul de 1.651 mm, sendo, n médi históric, jneiro o mês mis úmido (217 mm) e gosto o mis seco (60 mm). Antes do início do ensio, áre experimentl foi ocupd por um plntção de cfé por proximdmente qurent nos té 1973, qundo então pssou ser explord com culturs nuis de grãos (soj no verão e trigo no inverno), em prepro convencionl de solo (rções e grdgens), uso este que permneceu té implntção do experimento (1981/1982). Alguns tributos químicos e físicos do solo d áre experimentl, determindos ntes d plicção dos trtmentos, são presentdos ns Tbels 1, 2 e 3, respectivmente. Tbel 1. Vlores de ph do solo em águ e teores médios de cálcio (C), mgnésio (Mg) e potássio (K) trocáveis, lumínio (Al), fósforo disponível (P) e crbono orgânico (C), obtidos d cmd de 0-20 cm de um Ltossolo Vermelho distroférrico, ntes d implntção do experimento. Embrp Soj, Londrin/ PR, 1980. ph H 2 O C Mg K Al P C ------------ cmol c dm -3 ------------ -- mg dm -3 -- -- g kg -1 -- 5,8 6,51 2,02 0,42 0,00 21,3 12,5

Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 17 Tbel 2. Vlores médios de densidde do solo (Ds), porosidde totl (Pt), mcroporosidde (MA), microporosidde (MI) e cpcidde de rmzenmento de águ disponível (CAD), obtidos em diferentes cmds de um Ltossolo Vermelho distroférrico, ntes d implntção do experimento. Embrp Soj, Londrin/PR, 1980. Cmd Ds Pt MA MI CAD ------ cm ------- --- Mg m -3 --- ---------------------- m 3 m -3 ---------------------- 0-14 1,09 0,62 0,22 0,40 0,12 14-25 1,13 0,62 0,19 0,43 0,11 25-40 1,08 0,62 0,19 0,43 0,11 40-60 1,04 0,64 0,21 0,43 0,11 Tbel 3. Teores médios de rgil, silte e rei, obtidos em diferentes cmds de um Ltossolo Vermelho distroférrico, ntes d implntção do experimento. Embrp Soj, Londrin/PR, 1980. Cmd Argil Silte Arei ---------- cm ---------- --------------------------------- g kg -1 -------------------------------- 0-10 776 164 60 10-20 788 154 58 20-30 809 142 49 30-40 830 118 52 40-60 837 121 42 60-80 846 98 56 80-100 825 113 62 2.2. Delinemento experimentl, trtmentos e condução ds culturs O delinemento experimentl é em blocos completmente csulizdos, com qutro repetições. As prcels medem 8 x 50 m, totlizndo um áre de 400 m 2. Desde implntção, o experimento vem sendo cultivdo com sucessão trigo no inverno e soj no verão. Os trtmentos envolvem qutro sistems de prepro do solo, relizdos nulmente

18 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj ntes d implntção d soj: 1) SPD - sistem plntio direto; 2) AD - sistem prepro convencionl com um rção (rdo de discos de 26 polegds, trblhndo um profundidde médi de 22 cm) + dus grdgens leves; 3) GP - sistem prepro convencionl com um grdgem pesd (grde pesd equipd com discos de 24 polegds, tundo um profundidde médi de 12 cm) + um grdgem leve; e 4) ESC sistem prepro reduzido com um escrificção (escrificdor de cinco hstes, espçds de 35 cm, trblhndo um profundidde médi de 22 cm) + um grdgem leve. A Figur 1 mostr o specto d superfície do solo pós relizção d escrificção (), d rção com rdo de discos (b) e d grdgem pesd (c), em comprção o SPD (d). No inverno, ntes d semedur do trigo, todos os trtmentos, à exceção do SPD, são preprdos com um grdgem pesd seguid de um grdgem leve. A clgem vem sendo relizd cd qutro nos, com plicção, em médi, de 2 t h -1 de clcário dolomítico em todos os trtmentos, visndo lcnçr 60% de sturção de bses e umentr o ph em águ pr proximdmente 5,5. No SPD, o clcário é plicdo em superfície, enqunto que, nos demis trtmentos, o corretivo é incorpordo pelo implemento que crcteriz o respectivo sistem de prepro. As dts de semedur e colheit, ssim como dubção e s cultivres utilizds, são presentds n Tbel 4 (trigo) e n Tbel 5 (soj). N semedur do trigo, vem sendo utilizd um semedor- -dubdor trtorizd, equipd com sulcdores pr dubo e semente do tipo disco duplo desencontrdo, com linhs espçds por 17 cm. A semedur d soj foi relizd por meio de um semedor-dubdor trtorizd, equipd com hstes sulcdors (té 1999/2000) ou sistem guilhotin (d sfr 2000/2001 em dinte), e sulcdores pr semente do tipo disco duplo desencontrdo, com espçmento de 45 cm entrelinhs. A implntção e o mnejo ds culturs, ssim como os trtmentos fitossnitários e demis trtos culturis, sempre form relizdos de cordo com s indicções técnics pr soj e o trigo no Estdo do Prná, vigentes em cd sfr vlid. No cso do SPD, em tods s sfrs, s prcels form dessecds pós colheit do trigo e d soj, medinte plicção de herbicids não seletivos.

Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj A B C D Figur 1. Aspecto visul d superfície do solo pós o prepro do solo por meio de escrificção (), rção com rdo de discos (b) e grdgem pesd (c), em comprção o SPD (d), em outubro de 2005. 19

20 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj Tbel 4. Dts de semedur e colheit, cultivres utilizds e quntidde de mcronutrientes plicdos vi dubção de bse n cultur do trigo, ns diferentes sfrs vlids. Embrp Soj, Londrin/PR, 2013. Sfr (1) Cultivr Dt de semedur Dt de colheit Adubção (2) N P 2 O 5 K 2 O ------- Kg h -1 ------- 1989 1990 1991 1992 (3) (3) (3) 16/05/1989 14/09/1989 12,8 48,0 24,0 14/05/1990 12/09/1990 12,8 48,0 24,0 24/04/1991 27/08/1991 12,8 48,0 24,0 (4) (4) (4) (4) (4) (4) 1993 BR 23 22/04/1993 02/09/1993 12,8 48,0 24,0 1994 (4) (4) (4) (4) (4) (4) 1995 BR 18 23/04/1995 22/08/1995 12,8 48,0 24,0 1996 Ocepr 16 17/05/1996 20/09/1996 12,8 48,0 24,0 1997 BR 18 20/05/1997 18/09/1997 12,8 44,8 25,6 1998 BR 18 08/05/1998 17/09/1998 14,4 50,4 28,8 1999 BR 18 12/05/1999 08/09/1999 16,0 56,0 32,0 2000 BR 18 23/05/2000 29/09/2000 12,8 44,8 25,6 2001 BRS 193 05/05/2001 03/09/2001 16,0 56,0 32,0 2002 BRS 193 23/05/2002 25/09/2002 20,0 70,0 40,0 2003 BRS 208 30/04/2003 15/09/2003 16,0 56,0 32,0 2004 BRS 208 11/05/2004 15/09/2004 20,0 70,0 40,0 2005 BRS 208 13/05/2005 08/09/2005 16,0 56,0 32,0 2006 BRS 239 13/05/2006 22/09/2006 14,4 50,4 28,8 2007 BRS 208 21/04/2007 25/08/2007 16,0 56,0 32,0 2008 BRS 208 06/05/2008 08/09/2008 0,0 40,0 40,0 2009 BRS 208 05/05/2009 26/09/2009 20,0 60,0 37,5 2010 BRS 208 06/05/2010 02/09/2010 13,5 67,5 40,5 (1) As informções referentes às sfrs de 1982 1988 não form recuperds. (2) Não foi plicdo fertiliznte nitrogendo em cobertur em nenhum ds sfrs vlids. (3) Sem informção. (4) Perd totl de produção devido à ocorrênci de sec.

Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 21 Tbel 5. Dts de semedur e colheit, cultivres utilizds e quntidde de mcronutrientes plicdos vi dubção de bse n cultur d soj, ns diferentes sfrs vlids. Embrp Soj, Londrin/PR, 2013. Sfr (1) Cultivr Dt de semedur Dt de colheit P 2 O 5 Adubção (2,3) K 2 O ---------Kg h -1 --------- 1987/1988 Prná 25/11/1987 17/03/1988 48,0 24,0 1988/1989 Prná 23/11/1988 16/03/1989 48,0 24,0 1989/1990 Prná 25/11/1989 20/03/1990 48,0 24,0 1990/1991 Prná 27/11/1990 18/03/1991 48,0 24,0 1991/1992 Prná 29/11/1991 19/03/1992 48,0 24,0 1992/1993 Prná 27/11/1992 17/03/1993 48,0 24,0 1993/1994 Prná 24/11/1993 22/03/1994 48,0 24,0 1994/1995 BR 37 14/11/1994 21/03/1995 48,0 24,0 1995/1996 BR 37 12/11/1995 18/03/1996 48,0 24,0 1996/1997 BR 37 04/11/1996 17/03/1997 0,0 0,0 1997/1998 Embrp 48 14/11/1997 26/03/1998 48,0 24,0 1998/1999 BR 37 11/11/1998 25/03/1999 0,0 0,0 1999/2000 Embrp 48 07/11/1999 25/03/2000 34,0 34,0 2000/2001 BRS 133 14/11/2000 25/03/2001 0,0 0,0 2001/2002 BRS 133 09/11/2001 26/03/2002 60,0 60,0 2002/2003 BRS 156 12/11/2002 22/03/2003 40,0 40,0 2003/2004 BRS 156 14/11/2003 31/03/2004 56,0 40,0 2004/2005 BRS 184 14/11/2004 24/03/2005 40,0 40,0 2005/2006 BRS 232 20/11/2005 31/03/2006 50,0 50,0 2006/2007 BRS 232 27/11/2006 29/03/2007 40,0 40,0 2007/2008 BRS 232 06/11/2007 22/03/2008 50,0 50,0 2008/2009 BRS 184 25/10/2008 16/03/2009 50,0 50,0 2009/2010 BRS 255RR 29/10/2009 08/03/2010 50,0 50,0 2010/2011 BRS 295RR 27/10/2010 15/03/2011 52,0 52,0 (1) As informções referentes às sfrs 1981/1982 1986/1987 não form recuperds. (2) Não foi plicdo fertiliznte nitrogendo em nenhum ds sfrs vlids, sendo s sementes de soj sempre inoculds com Brdyrhizobium jponicum e B. elknii. (3) Desde sfr 1998/1999, vem sendo plicdo ns sementes de soj 20 g h 1 de molibdênio n form d molibdto de sódio e 2 g h 1 de coblto (cloreto de coblto).

22 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 2.3. Avlições 2.3.1. Atributos químicos de solo Amostrs de solo pr nálises químics form coletds ns cmds de 0-8 cm, 8-16 cm e 16-24 cm em 1991, 1994 e 2004. As mostrgens form relizds em todos os trtmentos, pós colheit d soj e ntes ds operções de prepro do solo que ntecedem semedur do trigo. Form determinds s seguintes vriáveis: ph em CCl 2, fósforo (P) e potássio (K) disponíveis (Mehlich 1), cálcio (C), mgnésio (Mg) e Al (lumínio) trocáveis, sturção por bses (V) e crbono orgânico (C), de cordo com os métodos descritos em Embrp (1979) e Embrp (1997). Em julho de 2010, durnte o ciclo do trigo, form coletds mostrs de solo ns cmds de 0-8 cm, 8-16 cm e 16-24 cm dos trtmentos SPD e AD pr quntificção do teor de C orgânico do solo, pelo método d combustão vi sec, utilizndo o nlisdor elementr de C do solo. Esses ddos, em conjunto com os vlores de densidde do solo determindos em mostrs coletds n mesm oportunidde (item 2.3.2), form utilizdos pr o cálculo dos estoques de C orgânico do solo. A comprção dos estoques de C foi feit com bse em um mesm mss de solo, sendo correção relizd por meio d metodologi propost por Sisti et l. (2004). 2.3.2. Atributos físicos de solo Amostrs de solo com estrutur preservd form coletds em néis de ço (100 cm 3 ) inseridos horizontlmente no centro de cd cmd vlid, por meio de um mcco hidráulico, n prede de trincheirs berts em cd prcel. Nos nos de 1986, 1991, 1994, 1998, 1999 e 2004, s mostrgens form relizds pós colheit d soj e ntes ds operções de prepro do solo prevists pr o inverno, em todos os trtmentos e em três cmds: 5,5-8,5 cm; 13,5-18,5 cm; e 21,5-26,5 cm. Em 2010, os néis form coletdos durnte o ciclo do trigo (julho/2010), somente nos trtmentos SPD e AD, ns cmds de: 5,5-8,5 cm; 13,5-18,5 cm; 21,5-26,5 cm; 32,5-37,5 cm; 47,5-52,5 cm; 67,5-72,5 cm; e 87,5-92,5 cm. Em lbortório, esss mos-

Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 23 trs form utilizds pr quntificção d densidde do solo, porosidde totl, mcroporosidde e microporosidde, conforme metodologi descrit em Embrp (1979) e Embrp (1997). A resistênci mecânic do solo à penetrção (RP) foi determind té 60 cm de profundidde, nos nos de 1986, 1991, 1994 e 1999, sempre entre colheit d soj e s operções de prepro do solo pr o inverno, empregndo-se o penetrômetro de impcto (modelo IAA/Plnlsucr-Stolf), conforme metodologi descrit por Stolf et l. (1983). As leiturs, espçds 10 cm entre si, form relizds sobre um trnsecto disposto trnsverslmente às linhs de semedur, medindo dois metros de comprimento. Junto cd trnsecto, form coletds mostrs deformds de solo pr determinção do conteúdo de águ do solo ns cmds de 0-10, 10-20 e 20-30 cm. Pr vlição d estbilidde de gregdos em águ, form coletds mostrs de solo ns cmds de 0-10 e 10-20 cm, tmbém no período entre colheit d soj e o prepro do solo ntecedendo à cultur do trigo, nos nos de 1986, 1991, 1994, 1998 e 1999. A prtir desss mostrs, form obtidos gregdos com diâmetro de 4,00-6,35 mm por meio de peneirmento. Após pré-umedecimento lento dos gregdos, por cpilridde, estbilidde de gregdos foi quntificd em triplict por meio do tmismento úmido, conforme o método de Yoder (1936). O diâmetro médio ponderdo (DMP) foi clculdo de cordo com equção (1): (1) Em que, - wi = proporção de cd clsse em relção o totl; - xi = diâmetro médio ds clsses (mm).

24 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 2.3.3. Produtividde de grãos A produtividde de grãos foi determind por meio d colheit mecnizd de 50 m ds 9 (soj) ou 28 (trigo) linhs centris de cd prcel. Posteriormente, os grãos form limpos e pesdos, sendo os vlores corrigidos pr 13% de umidde. A produtividde de grãos d soj foi relciond à disponibilidde hídric durnte o estádio reprodutivo d cultur, express por meio do índice de stisfção ds necessiddes de águ (ISNA). Pr isso, form considerdos os vlores de produtividde d soj obtidos prtir d sfr 1994/1995, qundo o SPD já se encontrv estbilizdo e, o mesmo tempo, cultivr Prná foi substituíd por outr com mior potencil produtivo, BR 37 (Tbel 5). O ISNA corresponde à relção entre evpotrnspirção rel (ETr) e evpotrnspirção máxim (ETm) d cultur. Qundo s necessiddes de águ pr o cultivo estão sendo plenmente tendids, o ISNA é igul 1 (ETr = ETm). Por outro ldo, qundo ETr<ETm (0 < ISNA < 1), demnd hídric d cultur não está sendo completmente tendid e, bixo de um determindo vlor de ISNA, produtividde pode ser limitd pel flt de águ. Neste trblho, o ISNA foi clculdo pr o período reprodutivo d cultur (estádios R1 R6), que é considerdo o mis crítico pr definição d produtividde d soj. Os vlores de ETr e ETm form determindos pr cd sfr pelo modelo BIPZON de simulção do blnço hídrico d cultur (Forest, 1984). Esse modelo utiliz como vriáveis de entrd ddos climáticos (precipitção pluvil diári e evpotrnspirção potencil decendil médi), d cultur (coeficiente de cultur Kc e durção ds fses fenológics) e de solo (cpcidde de águ disponível em função d profundidde do sistem rdiculr). Form empregdos os coeficientes de Kc justdos por Fris et l. (2001). A cpcidde de águ disponível no solo utilizd foi de 75 mm (0,125 m 3 m -3 de conteúdo de águ disponível no solo e sistem rdiculr com profundidde efetiv de 60 cm).

Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj 25 2.4. Métodos esttísticos Pr nálise esttístic dos ddos de produtividde d soj e do trigo e dos tributos químicos e físicos do solo, form utilizdos os métodos explortórios univridos pr verificr s pressuposições d nálise de vriânci (ANOVA), o teste de comprções múltipls de médis por Tukey ( p 0,05) e ANOVA pr diferentes sistems de prepro de solo, nos e profundiddes, seguindo o delinemento em blocos completmente csulizdos. No cso dos tributos físicos do solo, foi plicd tmbém nálise multivrid pelo método d árvore de regressão pr os nos de condução experimentl, sistems de prepro e cmds. Além destes métodos, foi relizd nálise de regressão não liner pr evolução temporl d produtividde d soj no período de 30 nos pr os sistems SPD e AD, nálise de regressão liner entre produtividde de grãos d soj e o índice de stisfção ds necessiddes de águ durnte o período reprodutivo d cultur (ISNA R1-R6) em cd sistem de prepro do solo, bem como regressão liner entre produtividde de grãos de trigo e nos de condução experimentl (24) nos sistems SPD e AD. 3. Resultdos 3.1. Impctos dos sistems de prepro sobre o solo 3.1.1. Atributos químicos N sequênci, são presentdos os resultdos ds nálises químics do solo, relizds prtir ds mostrs obtids nos nos de 1991, 1994 e 2004 (Tbels 6 8), onde form nlisdos os seguintes tributos: ph, P, K, C, Mg, Al e C, clculndo-se sturção por bses (V) no complexo de troc ctiônico, pr sucessivs cmds do solo nos diferentes trtmentos borddos. De modo gerl, s diferençs entre os trtmentos no que se refere o ph do solo form pequens. Ns mostrgens relizds em 1991 (Tbel 6) e 1994 (Tbel 7), o ph do solo medido em CCl 2 não presentou diferenç significtiv entre os trtmentos em nenhum

26 Sistems de prepro do solo: trint nos de pesquiss n Embrp Soj ds cmds de solo vlids. N vlição de 2004 (Tbel 8), o ph do solo foi mior pr o SPD n cmd de 0-8 cm, o que pode ser tribuído principlmente à plicção superficil de clcário. Por outro ldo, em 2004, o ph do solo n cmd de 8-16 cm foi mior no AD em relção o SPD, sendo que mbos não diferirm dos trtmentos GP e ESC. Ness mesm vlição, os vlores de ph no AD form superiores os demis sistems de prepro n cmd de 16-24 cm. Provvelmente, os vlores mis elevdos de ph no AD ns cmds de 8-16 cm e 16-24 cm estão ssocidos à incorporção do clcário pelo rdo. Os resultdos mostrm ind que os vlores de ph umentrm o longo do tempo, independentemente do sistem de prepro e d c- Tbel 6. Atributos químicos de um Ltossolo Vermelho distroférrico submetido diferentes sistems de prepro do solo, em três profundiddes, determindos em 1991. Embrp Soj, Londrin/PR, 2013. Sistem (1) ph P K C Mg Al (2) V C CCl 2 mg dm -3 --------------- cmol c dm -3 --------------- -- % -- - g kg -1 - ------------------------------------------------------ 0-8 cm ------------------------------------------------------ SPD 4,72 73,5 0,89 4,30 1,30 0,08 49 20,1 AD 4,82 23,7 b 0,60 4,15 1,24 0,05 52 16,2 b GP 4,68 26,1 b 0,82 4,04 1,26 0,11 49 19,7 b ESC 4,70 23,9 b 0,67 3,98 1,22 0,09 50 19,8 b ------------------------------------------------------ 8-16 cm -------------------------------------------------- SPD 4,54 13,0 0,70 3,72 0,95 0,18 44 17,1 AD 4,70 15,9 0,31 3,99 1,18 0,09 50 16,2 GP 4,62 12,8 0,38 3,72 1,14 0,20 46 16,8 ESC 4,58 14,6 0,32 3,35 1,00 0,16 43 14,7 ------------------------------------------------------ 16-24 cm -------------------------------------------------- SPD 4,54 4,2 0,30 2,91 0,82 b 0,20 42 10,9 AD 4,77 9,6 0,19 3,90 1,13 0,09 50 13,4 GP 4,59 4,2 0,22 3,11 0,98 b 0,24 44 12,6 ESC 4,61 11,0 0,50 3,50 1,02 b 0,17 45 14,0 (1) SPD = Sistem plntio direto; AD = prepro convencionl com rdo de discos + grde leve no verão e grde pesd + grde leve no inverno; GP = prepro convencionl com grde pesd + grde leve no verão e no inverno; ESC = prepro mínimo (escrificdor + grde leve) no verão e grde pesd + grde leve no inverno. (2) Pr nálise esttístic, o teor de Al foi submetido à trnsformção (Al + 1) 0,5. Médis seguids pel mesm letr ns coluns, dentro de cd cmd, não diferem significtivmente pelo teste de Tukey (p<0,05).