4 ê% ESTADO DA PARAÍBA poder JUDICIÁRIO Apelação Criminal n 035.1998.000012-5 / 001 1 a Vara Sapé Relator : Excelentíssimo Desembargador José Martinho Lisboa 1 Apelante : Carlos Francisco de Oliveira Filho 2 Apelante : José Eduardo da Cruz Lima Advogado : Dr. José Alves Cardoso Apelada : A Justiça Pública PENAL. DOS CRIMES CONTRA O PA- TRIMÔNIO. FURTO QUALIFICADO SUBTRAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMO- TOR CONCURSO DE PESSOAS AUTORIA INDUVIDOSA MATERIALI- DADE COMPROVADA CONDENA- * ÇÃO IRRESIGNAÇÃO APELO AUSÊNCIA DE PROVAS PARA UMA CONDENAÇÃO PRETENDIDA AB-* SOLVIÇÃO PENA-BASE MAJORADA SUPOSTA FALTA DE FUNDAMEN- TAÇÃO RETIFICAÇÃO CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO CIRCUNS- TÂNCIAS JUDICIAIS AMPLAMENTE DESFAVORÁVEIS MANUTENÇÃO DO DEC1SUM NÃO PROVIMENTO DO APELO. 110 - Quando o conjunto probatório mostrase seguro e harmonioso, no sentido de que os réus, efetivamente, praticaram o delito em questão, deve-se manter a sentença atacada. - Se na análise das circunstâncias do art. 59 do Código Penal, estas são amplamente desfavoráveis para os réus, inclusive, por já terem respondido a outros processos, correta é a ampliação da pena-base. Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação. Decide esta Egrégia Câmara Criminal, à unanimidade, em negar provimento ao recurso em harmonia com o parecer do Ministério Público. Na i a Vara Criminal da Comarca de Sapé, CARLOS FRANCISCO DE OLIVEIRA FILHO e JOSÉ EDUARDO DA CRUZ LIMA, já qualificados, foram condenados, respectivamente, às penas de 03 (três) anos e 06 (seis)
os ESTADO DA PARAll3A PODER JUDICIÁRIO meses de reclusão e 03(três) anos de reclusão, ambos em regime aberto. Foram, ainda, condenados ao pagamento de 30 (trinta) dias-multa, à base de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente à época dos fatos, tudo pela prática do ilícito penal do art. 155, 4, IV, do Código Penal (vide fls. 374/378). O juiz prolator, entendendo que os réus faziam jus aos benefícios do art. 44 do CP, substituiu a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos, consistente em prestação pecuniária, equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do salário mínimo vigente na data em que transitar em julgado a sentença, em benefício de instituições filantrópicas. Não conformados, os réus apelaram da sentença, requerendo apresentação das razões perante esta instância (vide fl. 385). Ao apresentarem suas razões, os réus alegaram, primei-. ramente, preliminar de nulidade da sentença por suposta exacerbação da penabase. No mérito, afirmam que não existem provas nos autos que justifiquem a con-s denação imposta, pelo que pedem a absolvição (vide fls. 408/414). O Ministério Público local, através de seu representante, apresentou contra razões (vide fls. 416/422) ao recurso interposto, pugnando, ao final, pela manutenção da decisão. Nesta instância, instada a se pronunciar (vide fls. 424/426), a Douta Procuradoria de Justiça, em parecer da lavra do eminente Procurador, Dr. José Di Lorenzo Serpa, opinou pelo não provimento do apelo. É o Relatório. VOTO O apelo não merece guarida. CARLOS FRANCISCO DE OLIVEIRA FILHO e JOSÉ EDUARDO DA CRUZ LIMA, foram condenados às penas de 03(três) anos e 06(seis) meses de reclusão, e 03 (três) anos de reclusão, respectivamente. Para ambos, ainda foi imposta multa de 30 (trinta) dias-multa, no valor de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente à época dos fatos. O regime de cumprimento da pena é o aberto. Entendendo que os réus preenchiam os requisitos do art. 44 do Código Penal, o MM. Juiz a quo, substituiu a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos, na modalidade de prestação pecuniária. O pagamento da prestação pecuniária deverá ser efetuado mensalmente em favor de instituições de caridades, pré-determinadas pelo Juiz de primeiro grau, durante o período da condenação. O valor da prestação corresponde a 50% (cinqüenta por cento) do salário mínimo vigente na data em que transitar em julgado a sentença. Nas razões do recurso os réus levantam, inicialmente, preliminar de nulidade da sentença, por ter sido a pena-base exacerbada, tendo em vista suposta falta de fundamentação. Entrando no mérito, fundamentam seus (2 /A...:4
4161, en ESTADO DA PARA [DA /. PODER JUDICIÁRIO argumentos na falta de provas para uma condenação, pelo que pedem suas absolvições. Pois bem, a materialidade do delito está sobejamente comprovada à fl. 07 do caderno processual, conforme faz prova auto de apresentação e apreensão da res furtiva. Do mesmo modo, vejo que a autoria é certa e isenta de dúvidas. Um dos réus nega a autoria do delito (vide fl. 81), porém seu comparsa, contradizendo-o, confirma tal fato (vide fl. 80). Os depoimentos das testemunhas, aliados ao depoimento da vítima, reforçam a tese da acusação de que os réus, efetivamente tiveram a intenção de praticar o delito em questão. Vejamos alguns trechos. 111 José Francisco de Santana, testemunha do MP às fls. 140/140v: _ "Que no meio do caminho entre Sapé e Cruz do E. Santo, o depoente e Josinaldo, cruzaram com os dois rapazes que iam na moto.pertencente a Josinaldo, tendo Josinaldo imediatamente reconhecido seu veículo."... "Que na viagem entre Sapé e Cruz do E. Santo, Josinaldo falou para o depoente que dois rapazes haviam estado bebendo em seu estabeleciento naquela noite e que provavelmente teriam sido aqueles rapazes quem haviam roubado a sua moto. Que segundo Josinaldo, no momento em que os dois rapazes estiveram bebendo no bar não havia outras pessoas no estabelecimento." 010 Josinaldo Gomes da Silva, vitima à fl. 142: "Que o depoente logo notou quando sua moto foi furtada em razão de ela está com defeito de escapamento, de forma que tão logo um dos rapazes que estiveram bebendo no seu estabelecimento comercial ligou o motor do veículo, logo o depoente se conta que era sua moto. Que o depoente serviu-se de um táxi dirigido por José Francisco e se dirigiram até Cruz do E. Santo sendo que, quando chegaram próximo a entrada da Usina Santa Helena o táxi ultrapassou os dois rapazes que iam na mesma direção, cada um em uma moto, um das quais de logo o depoente identificou como sendo a que lhe fora furtada." O argumento dos réus, de que confundiram a moto, não poderia ser mais absurdo. Mais absurdo é a história da perseguição. Os próprios apelantes entram em contradição em seus interrogatórios. Vejamos: O réu Carlos Francisco de Oliveira ainda chegou a afirmar que a moto da vítima, que supostamente teria confundido com a sua, estava ligada! Ora, será que a vitima iria deixar sua moto ligada em plena via pública?
' on ESTADO DA PARAÍBA M;0".? 1 A PODER JUDICIÁRIO - Com relação à suposta perseguição, porque os réus, ao sentirem-se ameaçados, não se dirigiram à delegacia de polícia da cidade de Sapé (?). Não, preferiram sair em desabalada carreira pela rodovia que dá acesso à cidade de Cruz do Espírito Santo, sendo encontrados e presos com ajuda da vítima nessa mesma cidade. O depoimento da testemunha José Francisco de Santana corrobora as declarações da vítima prestadas em juízo. Esta última foi segura em afirmar que ao cruzar com a moto conduzida por um dos rapazes que estavam bebendo em seu estabelecimento, de pronto, a reconheceu. É pacificado nesta Câmara Criminal que nos crimes contra o patrimônio, notadamente, aqueles praticados na calada noite, as ocultas, as palavras das vítimas, aliadas ao restante do conjunto fático-probatório, tem valor preponderante perante os outros elementos de provas. A doutrina pátria é pacificada nesse sentido. Vejamos: 4. "A palavra da vítima, nos crimes contra o patrimônio, é de vital importância, mormente quando o delito é realizado longe dos olhos de testemunhas". (Apelação Crime n 70009266396, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator Diogenes Vicente Hassan Ribeiro, Julgado em 20/10/2004) Pelo que se depreende do caderno processual, os apelantes não foram capazes de afastar as acusações do Ministério Público. A prova que trouxe para os autos, em sua totalidade, testemunhal (vide fls. 175;176;216), foi incapaz de confirmar a versão dos mesmos. Quando o conjunto probatório mostra-se seguro e harmonioso, no sentindo de que os réus, efetivamente, praticaram o delito em questão, deve-se manter a sentença atacada. Com relação à sentença hostilizada, não visualizo qualquer irregularidade naquela peça. Muito menos, em relação à pena-base. O MM. Juiz a quo, seguindo os exatos termos dos arts. 59 e 68 do Código Penal, aplicou a reprimenda penal dentro de um padrão de bom senso e justiça social. Impôs, aos apelantes, de modo concreto, o sentimento de reprovação da sociedade diante do ilícito penal cometido. A majoração da pena-base acima do mínimo é prudente para o presente caso, estando devidamente fundamentada. Se na análise das circunstâncias do art. 59 do Código Penal, estas são amplamente desfavoráveis para os réus, inclusive, por já terem respondido a outros processos, correta é a ampliação da pena-base. A jurisprudência superior, já decidiu no mesmo sentido.
... * " ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO, "O aumento da pena-base foi fundamentado não apenas na suposta reincidência, mas em outros elementos que efetivamente configuram circunstâncias judiciais desfavoráveis previstas no art. 59 do Código Pena, o que não justifica a nulidade da r. sentença objurgada." (STJ. HC n 133101SP; Rel.: Min. Jorge Scartezzini; Órgão Julgador: Quinta Turma; Data do Julgamento: 17/02/2004; Data da Publicação: DJ 03/05/2004, p. 181) Portanto, deve-se manter a pena-base. Diante do farto acervo probatório dos autos, a sentença atacada deve ser mantida em sua íntegra. 111 Ante o exposto nego provimento ao apelo. É como voto, em harmonia com o parecer ministerial. Presidiu o julgamento, com voto, o Exmo. Des. Nilo Luís Ramalho Vieira, e dele participaram o Exmo. Des. José Martinho Lisboa (Relator), e a Exma. Juíza convocada Dra. Maria das Graças Fernandes Duarte. Esteve presente a Exma. Dra. Josélia Alves de Freitas, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Egrégia Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, aos 22 do mês de novembro do ano de 2005. Desembargador JOSÉ MART NHO LISBOA RELATOR.,...: ;.
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