BENEFÍCIOS DA HIDROGINÁSTICA PARA OS PORTADORES DE OSTEOPOROSE



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BENEFÍCIOS DA HIDROGINÁSTICA PARA OS PORTADORES DE OSTEOPOROSE Linda Moreira lindapfrimer@hotmail.com Universidade Católica de Goiás Revista Estudos, v.31, n.1, p. 57-66, jan.2004. INTRODUÇÃO: A Osteoporose é uma doença degenerativa que confere a seus portadores a condição de fragilidade de sua estrutura óssea.a doença está associada à diminuição de massa óssea e é a grande responsável pela alta incidência de fraturas em mulheres na fase pós-menopausa e nos idosos de ambos os sexos. A Osteoporose é responsável por 1,3 milhões de fraturas por ano nos Estados Unidos, sendo 300.000 de quadril, 500.000 vertebrais, 200.000 de punho e 250.000 de colo do fêmur, que são as mais graves e fatais em 12-20% dos casos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 40% das mulheres terão pelo menos uma fratura vertebral até os 80 anos ;15% das mulheres brancas terão uma fratura de quadril ao longo de suas vidas e 15% das mulheres brancas terão uma fratura de punho aos 50 anos ou mais. O aumento da incidência da Osteoporose parece ser proporcional ao envelhecimento da população e ao aumento da esperança de vida. Considerada hoje um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, a Osteoporose tem sido tema de vários estudos com o intuito de se encontrar a melhor solução para o problema. Até o momento, a melhor forma de se evitar as complicações decorrentes da Osteoporose é o diagnóstico precoce da perda de massa óssea.inúmeros estudos têm demonstrado que quanto mais cedo for identificada e tratada, melhores serão os resultados em longo prazo no que diz respeito ao bloqueio do processo ou a um eventual ganho de massa óssea. Atualmente, o tratamento para a Osteoporose tem característica multifatorial, ou seja, a terapia contra a doença engloba uma combinação de fatores como suplementação de cálcio, terapia de reposição hormonal, vitamina D, medicação para melhor absorção do cálcio, além da prevenção contra traumatismos e quedas e, naturalmente, da prática de atividades físicas. OSTEOSPOROSE E ATIVIDADE FÍSICA: Ainda não se sabe qual a melhor atividade física para a estimulação da osteogênese, e nem qual quantidade ou intensidade seria mais indicada. Contudo, já está comprovado que a inatividade física é um dos fatores que contribuem para a perda de massa óssea do indivíduo. No tratamento da Osteoporose, a atividade física deverá ser

praticada com o principal intuito de interromper a perda óssea, ao invés de se esperar um grande aumento na densidade mineral óssea (DMO) dos praticantes. Assim como os músculos, os ossos permanecem fortes com a prática regular de exercícios. A manutenção da massa óssea, ou o seu incremento, parece estar relacionada não só com a contração muscular, mas também com a ação da gravidade e com o estresse mecânico a que o osso está submetido. Reforçando o efeito da ação da gravidade, observou-se notável perda óssea em astronautas que retornaram de missões especiais. Observou-se que após passarem 10 dias no espaço, livres da ação da gravidade, os astronautas perderam grande parte do conteúdo dos ossos do calcanhar. Outro fato importante é que as pessoas que não correm habitualmente possuem 1/5 a menos de conteúdo mineral do fêmur do que os corredores de longas distâncias. Sabe-se ainda que um período de seis meses na cama pode extrair dos ossos cerca de 40% do seu conteúdo mineral. Exercícios com sustentação do peso do corpo, como caminhada, jogging e dança, foram os primeiros exercícios de terapia prescritos para reduzir a perda óssea associada à menopausa. Recentes pesquisas sugerem que exercícios de sobrecarga em locais específicos e com impacto promovem um estímulo mais efetivo, ou seja, o exercício não tem somente um efeito sistêmico, mas também um efeito local sobre o osso, visto que o tecido ósseo é sensível às demandas que agem sobre ele e responde prontamente a elas, fazendo com que cada modificação de um osso seja acompanhada por uma alteração específica na arquitetura interna. Exercícios com pesos ou aqueles em que o indivíduo tem que suportar o peso corporal foram os mais estudados até agora e se mostraram bastante eficientes para estimular o efeito piezelétrico no osso, gerando maior atividade osteoblástica e aumentando a formação óssea através do incremento da síntese de proteínas e de DNA (RASO et al.,1997). Fiatarone et al.(1990), evidenciam que o treinamento de força muscular de alta intensidade (80% de uma repetição máxima) realizado 3X/semana, durante o período de um ano, promove o incremento de dois gramas no conteúdo total de mineral ósseo no mesmo intervalo de tempo. O American College of Sports Medicine (ACSM) preconiza que um programa de atividades físicas para portadores de osteoporose deverá enfatizar a força e o impacto,a flexibilidade, a coordenação, o equilíbrio e o condicionamento cardiovascular, já que esses fatores contribuirão indiretamente para a melhora da Osteoporose, pois diminuirão do risco de queda e habilitarão o idoso a ter um estilo de vida mais ativo, evitando assim a perda óssea pela inatividade. Isso nos leva a crer que não somente atividades de alto perfil osteogênico (como musculação, caminhadas) são indicadas contra a osteoporose. O fortalecimento muscular do idoso fará maior pressão nas estruturas ósseas vizinhas. O desenvolvimento do equilíbrio levará o idoso a ter maior consciência corporal, com menor risco de quedas.

Atividades físicas de caráter aeróbio também beneficiarão o idoso, por darem a ele uma maior disposição para as tarefas diárias, permitindo com que ele desenvolva o hábito de uma vida mais ativa. HIDROGINÁSTICA E OSTEOPOROSE: Na prática do dia-a-dia de clínicas, academias e clubes, percebese que algumas barreiras se interpõem entre o idoso e a atividade física. A idéia de adentrar em um local onde somente jovens com corpos esculpidos estarão se mostrando em espelhos gigantescos, assusta muito aquele idoso que já não tem sua forma física dentro dos padrões estéticos tão rígidos da nossa sociedade. Outro fator observado é que, em muitas das vezes, o idoso,com seu equilíbrio e coordenação debilitados, se sente impotente em uma sala com tantos aparelhos que necessitam de ajustes a todo o momento para serem utilizados. Talvez por essas razões e outras mais é que, a cada dia, mais pessoas, dentre elas as da maturidade, buscam as atividades aquáticas, principalmente a Hidroginástica, como meio de se exercitarem. Na piscina não há o ingrato espelho refletindo o que, muitas vezes, deseja-se esconder; já não existem os complicados aparelhos de ginástica e musculação ; a água permite que cada um se exercite no seu ritmo, sem discriminar os mais fracos ou iniciantes,e a troca afetiva entre o professor e os praticantes da modalidade é muito mais rica do que o seria em uma aula de ginástica ou de musculação, pelas próprias características de ludicidade do meio aquático. Além disso, a Hidroginástica, oferece um ambiente extremamente seguro à prática de exercícios, contribuindo para a redução no número de quedas. Esse conjunto de fatores é o que motiva atualmente a realização de estudos científicos envolvendo a prática da Hidroginástica na terceira idade. Apesar de o volume de estudos ser bem menor se comparado aos das outras modalidades de atividade física, já temos um referencial teórico sobre o exercício físico realizado no meio líquido. Paulo (1994), afirma que o meio líquido, devido às suas propriedades físicas e sobrecarga natural, proporciona ao indivíduo que se exercita, uma sensação de diminuição do peso corpóreo, livramento das articulações, bom funcionamento do sistema termorregulador, melhor irrigação ativando veias, artérias e vasos capilares e ainda, envolvimento da maioria dos grupos musculares. Além de tonificar os músculos através da resistência da água em múltiplas direções, na Hidroginástica é possível aumentar a intensidade do trabalho e propiciar um maior consumo de energia transformando o peso de gordura em peso muscular. Ruoti, Troup e Beger (1994), fizeram um estudo de doze semanas com a prática da hidroginástica por indivíduos idosos ; encontraram aumento de 15% no VO2máx. dos praticantes, efeito comparado ao do treinamento de corrida fora da água. Kravitz e Mayo (1997), relatam que a maioria das pesquisas com DWR (Deep Water Running - Hidroginástica em piscina profunda)

demonstra a capacidade da Hidroginástica em aumentar o condicionamento aeróbio de seus praticantes, com a vantagem de não sobrecarregar o sistema articular. Os dois estudos supra-citados são de grande importância para os indivíduos osteoporóticos, porque, apesar de não tratarem diretamente do aumento da densidade mineral óssea, reportam grande melhora da capacidade cardiopulmonar do indivíduo.sem dúvida, um idoso saudável, bem disposto, consegue realizar as tarefas do dia a dia sem se cansar tanto e, com isso, é capaz de manter sua saúde óssea simplesmente praticando atividades cotidianas com independência, ou seja, através de um estilo de vida mais ativo. Hoeger et al.(apud SANDERS e RIPPEE, 2001), comparou a atividade aeróbia de mesma intensidade na água e em terra e concluiu que os indivíduos que fizeram o programa de hidroginástica tiveram uma redução de 2% de gordura corporal enquanto que os que se exercitaram em terra perderam 1.1%, sendo que a dieta não foi controlada nesse estudo. Wilbur et al. apud Sanders e Rippee (2001), fez um estudo com 16 homens corredores treinados em terra. Comparou esses mesmos atletas correndo em esteira e na água, com a mesma velocidade. Conclusão: a atividade na água resultou em 31% a mais de ácido lático acumulado no sangue o que demonstra que a resistência natural da água fez com que a mesma atividade se tornasse muito mais fatigante do que o seria se realizada em terra. Bushman et al. apud Sanders e Rippee,( 2001) estudou por 4 semanas atletas de corrida fazendo trabalho de DWR.Após essas 4 semanas só treinando na água, os atletas voltaram para sua atividade de terra com o mesmo rendimento que apresentavam antes de interromper seus treinos. Assim, o treinamento na água pode proporcionar suficiente estímulo para manter o rendimento de atletas em suas atividades originais por curtos períodos de tempo. Vários estudos (HOEGER et al. 1993; SANDERS 1993; MISS 1998; RUOTI et al.1994; e BARRETA 1993; apud SANDERS E RIPPEE, 2001) indicam incrementos significativos de força e resistência muscular dos participantes em programas aquáticos. Devemos dar atenção especial ao estudo de Sanders(1993), que verificou o aumento de força abdominal em praticantes de Hidroginástica sem que os mesmos tivessem feito exercícios específicos para a musculatura do abdômen. Ou seja, ainda que não se trabalhe especificamente exercícios para os músculos abdominais durante as aulas de Hidroginástica, essa musculatura é fortalecida pelo fato de que, na água, o equilíbrio é afetado,a todo momento, pelo próprio movimento do líquido, o que obriga o indivíduo, mesmo que inconscientemente, a manter a musculatura abdominal contraída, visando resgatar o equilíbrio do seu corpo nesse meio. Um estudo feito por Bálsamo (2002), comparou a densidade mineral óssea de 63 mulheres pós menopausa, praticantes de

musculação, de hidroginástica e sedentárias ( grupo controle).as mulheres que se exercitavam,já o faziam por no mínimo um ano, e todas (inclusive as sedentárias) faziam terapia de reposição hormonal. Foi obtida a DMO da coluna lombar, fêmur e antebraço. Nas praticantes de musculação em relação às sedentárias os valores da DMO da coluna lombar, colo do fêmur e rádio foram significativamente mais elevados. Nas praticantes de hidroginástica comparadas com as sedentárias, a DMO foi mais elevada (p<0,05) na coluna lombar e colo do fêmur, enquanto nos outros sítios analisados não houve diferença significativa. Não houve diferença significativa entre as participantes de musculação e praticantes de hidroginástica em nenhum dos sítios avaliados. Assim, esses resultados sugerem que tanto a musculação, como já havia sido preconizado por vários estudos, quanto a hidroginástica (talvez surpreendendo muitos profissionais da Educação Física céticos com relação aos benefícios das atividades aquáticas para indivíduos osteoporóticos), mostraram ser positivas para uma maior DMO em relação à população sedentária. Takeshima (2002), em estudo feito no Japão com pessoas entre 60 e 75 anos de idade que praticaram a Hidroginástica por 12 semanas, em sessões de 70 minutos, 3 vezes por semana, verificou um aumento do VO2máx. e da flexibilidade, além de relevante incremento da força em todos os praticantes. Lopez e Silva (2002), estudaram os efeitos da Hidroginástica na Osteoporose.Em 1 ano de trabalho, com freqüência de 3 vezes por semana, alunas de 60 a 77 anos que faziam reposição hormonal tiveram diminuição do IMC (Índice de Massa Corporal) e da gordura corporal, além do aumento do peso magro e da flexibilidade, sendo que 70% das alunas melhoraram a DMO da coluna lombar e 60% do fêmur. Segundo Wysong (2003),os exercícios aquáticos melhoram o equilíbrio em mulheres no período pós-menopausa, e podem indiretamente ajudar a impedir quedas, de acordo com um estudo apresentado no II Encontro Anual da Sociedade Americana para a pesquisa do osso e seus minerais. Nesse trabalho, 73 mulheres foram divididas em três grupos: praticantes de hidroginástica, praticantes de ginástica localizada e grupo controle. Ao fim do estudo, ambos os sujeitos dos grupos que fizeram atividades físicas obtiveram ganhos de força, correção da postura, melhora do equilíbrio, da marcha e da execução das atividades cotidianas. Contudo, as mulheres treinadas na água, apresentaram maiores níveis de equilíbrio lateral, o que pode ajudar muito na prevenção de quedas. De acordo com Clark (2003), em um recente estudo conduzido por um conjunto de pesquisadores (GOLDSTEIN, SIMKIN, EPOSTEIN, PERITZ, HARUSH) no Instituto Wingate de Israel, um grupo de mulheres no período pós-menopausa se exercitou tanto na água quanto fora dela. O impacto vertical dos exercícios aquáticos mostrou ser bastante significativo no aumento da DMO mensurada nos pré e pós-testes.além do mais, o grupo de mulheres que se exercitou na

água apresentou um aumento relevante da DMO (1%) quando comparado ao grupo exercitado fora da água (0,17%). A revista "Prevention Magazine" (1994, p.19-20; apud CLARK,2003), relatou os resultados de um estudo feito no Japão, envolvendo 35 mulheres na fase pós - menopausa, que participaram de um programa de Hidroginástica. Elas se exercitaram apenas uma vez por semana, por 45 minutos. Dentro de um ano,esse programa de exercícios não somente paralisou a perda de massa óssea, como também aumentou discretamente a densidade mineral óssea da coluna das participantes. CONCLUSÃO: Tendo em vista todos os trabalhos científicos relatados acima, concluímos que a Hidroginástica é uma atividade física capaz de proporcionar a seus praticantes um aumento do condicionamento cardiopulmonar, da força muscular, da flexibilidade e equilíbrio, além de propiciar uma sobrecarga no tecido ósseo suficiente para estimular algum grau de osteogênese, já que os exercícios realizados em piscina rasa ( entre 1,20 e 1,40 m de profundidade) ainda oferecem impacto durante os saltitos realizados nesse meio.logo, essa atividade, se planejada para esse fim, pode contemplar todos os itens preconizados pelo ACSM com relação à prescrição de atividade física para idosos, ou seja, coordenação, equilíbrio, flexibilidade e força muscular. A Hidroginástica pode não ser a atividade física que mais osteogênese promove, porém, reúne uma série de outros fatores tais como segurança, ludicidade do meio, ausência de espelhos, adaptabilidade aos diferentes níveis de alunos, possibilidade de ganhos de força pela ação da resistência da água e, portanto, é a que mais atrai a população da terceira idade. Assim, deve ser sugerida ao portador de Osteoporose, dentre outras atividades físicas, como uma modalidade que só virá a contribuir para a melhoria da qualidade de sua vida. É importante, contudo, que os profissionais da Educação Física tenham o bom senso para não prescrever a Hidroginástica como a melhor modalidade para todas as valências físicas do individuo.para o portador de Osteoporose, já foi ressaltada a importância de atividades com pesos livres, como a ginástica e a musculação. Se um idoso não se sente apto a iniciar com o trabalho dessas atividades neuromusculares antigravitacionais, a Hidroginástica poderia servir como meio preparatório até que se atingisse um condicionamento melhor para, então, iniciar-se um programa de musculação, por exemplo. Outra opção ainda melhor seria intercalar as atividades antigravitacionais com a Hidroginástica, para que o praticante obtivesse os efeitos de ambas. Finalmente, se o indivíduo não reúne condições físicas ou psicológicas para a realização das atividades em terra, ou ainda, se simplesmente só gosta do trabalho na água, já

está claro que podemos oferecer a ele importantes benefícios que serão eficazes na luta contra a Osteoporose e decisivos na melhora de sua qualidade de vida. REFERÊNCIAS: BALSAMO, S. A Influência da Musculação e da Hidroginástica na Densidade Mineral Óssea. Brasília: UCB, 2002. 93 p. CLARK, J. Older adult exercise techniques. Exercise for older adults. ACE's guide for fitness professionals. American Council on Exercise. Human Kinetics, p.128-81, 1998. CLARK,C. Osteoporosis and the Benefits of Water Exercise. BFY Sports & Fitness, 2003. Disponível em : URL: http://www.bfysportsnfitness.com/owaterex.html. COLEGIO AMERICANO DE MEDICINA DESPORTIVA. Osteoporose e Exercício. Med. Sci. Sports Exerc, Vol 27, nº 4, págs. 662-666, 1995 FIATARONE, M.A.et al. High-Intensity strength training in nonagenarians: effects on skeletal muscle. Journal of the American Medical Association, Chicago, v.263, n.22, p.3029-3034, 1990. KRAVITZ, L. & MAYO, J. The physiological effects of aquatic exercice: a brief review. AEA. 1997. LOPEZ, R. & SILVA,K. Hidroginástica e osteoporose.buenos Aires:Revista Digital,Ano 8,n 44, janeiro de 2002. MAZZEO, R.S., et al. Exercício e atividade física para pessoas idosas. Posicionamento Oficial do Colégio Americano de Medicina do Esporte. Tradução Vagner Raso & Sandra Matsudo. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, (3)1: 48-78, 1998. McILWAIN, H., et al. Vencendo a Osteoporose. Especialistas de vanguarda mostram como tratar, controlar e evitar a osteoporose. São Paulo: Cultrix, 1999. NIEMAN, D.C., Exercício e saúde: Como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento, ed. Manole, 1999. Pg. 105-118. NUNER, J.F., FERNANDES, J.A. Influência da ginástica localizada sobre a densidade óssea em mulheres de meia idade. Revista Atividade Física e Saúde, v.2, nº.3, p.14-21,1997 OURIQUES, M., FERNANDES, A.. Atividade física na terceira idade: uma forma de previnir a osteoporose? Revista Atividade Física e Saúde, v.2, nº.1, p.53-68,1997. PAULO,M.Ginástica Aquática. Rio de Janeiro: Sprint, 1994. PINTO, A., CHIAPETA, V.. O cálcio, o estrogênio e a atividade física na intervenção da osteoporose em mulheres no climatério. Revista Mineira de Educação Física, v.3, nº.1, p.05-16, 1995. RASO,W et al. Treinamento de força muscular em mulheres idosas. Centro de estudos do laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (1997). RUOTI, Richard, THOUP, John T. & BEGER, Richard. The Effects of Nonswimming Water Exercises on Older Adults. JOSPT; vol 19; N 3;

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