PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA Gabinete do Desembargador Joás de Brito Pereira Filho



Documentos relacionados
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

ARNOBWALVESTEU. Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. ARNÓBIO ALVES TEODÓSIO ACÓRDÃO

Origem : Machadinho do Oeste/RO (1ª Vara Criminal)

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR LUIZ SILVIO RAMALHO JÚNIOR

APELAÇÃO CRIMINAL Nº

',V, 4. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA Gabinete do Des. ARNÓBIO ALVES TEODÓSIO

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA

APELAÇÃO CRIMINAL Nº DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 11ª VARA CRIMINAL APELANTE 1: APELANTE

Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete Des. Carlos Martins Beltrão Filho

ACÓRDÃO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO MACHADO CORDEIRO

EMENTA PENAL. DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR SEM HABILITAÇÃO. MANOBRAS IRREGULARES. POTENCIALIDADE DE DANO. RESULTADO NATURALÍSTICO INEXIGÍVEL.

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Décima Sexta Câmara Cível

- O possuidor de imóvel rural que o recebeu em doação através de escritura particular, tem z) interesse processual para ajuizar ação de

I iiiii uni mil mil uni uni mu mii mi mi

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

DIREITO PENAL. Exame de Ordem Prova Prático-Profissional 1 PEÇA PROFISSIONAL

ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO, TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ES FADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DF JUSI IÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOSÉ RICARDO PORTO

Dados Básicos. Ementa. Íntegra

Visros, relatados e discutidos os presentes autos acima. APELANTE : Banco do Brasil S/A - Adv. Francisco Ari de Oliveira

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL

SIMULADO 2ª FASE EXAME DE ORDEM DIREITO PENAL CADERNO DE RASCUNHO

Tribunal de Justiça do Distrito Federal

EMENTA CIVIL - DANOS MORAIS - NEGATIVA NA CONCESSÃO DE PASSE LIVRE EM VIAGEM INTERESTADUAL - TRANSPORTE IRREGULAR - INDENIZAÇÃO DEVIDA.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

149 º

GoVERNO DO EsTADO DO CEARÁ Secretaria da Fazenda Contencioso Administrativo Tributário Conselho De Recursos Tributários 2" Câmara

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores VITO GUGLIELMI (Presidente) e PAULO ALCIDES. São Paulo, 12 de julho de 2012.

Superior Tribunal de Justiça

, n rt dão0h1c, C,1 d h me ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DO DES. JÚLIO PAULO NETO

^ Cipii[46:41,112 ft,,c ;

UNESC Faculdades Integradas de Cacoal Mantidas pela Associação Educacional de Rondônia - Internet:

Processo no /001

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Primeira Câmara Criminal

Superior Tribunal de Justiça

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE BARRA DO GARÇAS GABINETE DA SEGUNDA VARA CRIMINAL S E N T E N Ç A

APELANTE: EDWALTER CUNHA COUTO APELADO: LOTÉRICA RONDON PLAZA SHOPPING LTDA.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

PODER JUDJC;ÁRIO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA Gabinete do Desembargador Joas de Brito Pereira' Fit'19

decisão: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos

ar, Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Desembargador Jorge Ribeiro Nábrega

MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Dados Básicos. Ementa. Íntegra

ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa

Contestação do trabalhador às folhas 85/89. Reconvenção do trabalhador às folhas 90/98.

RELATÓRIO. Apelação Cível nº fl. 2

^ g -, ,fitt.à r ' kre44, ej_,.. 4 ' t+1$ 3 '., e. (4' jr~..pax ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. NILO LUIS RAMALHO VIEIRA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

Vistos. Consta, ainda, que no período compreendido entre as 13h15min do dia 13 de outubro até as 18h00min do dia 17 de outubro de 2008, na Rua Oito,

Nisnmgro' Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de

Trata-se de recurso apelatório (fls. 121/131) interposto

,4 ff4b. Hal. Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Des a Maria das Neves do Egito de A. D.

TRT RO

CONSELHO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR PROCESSO Nº. 17/2005. (REPRESENTAÇÃO 54, de 2005)

.git. ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. NILO LUIS RAMALHO VIEIRA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA - 3ª REGIÃO

INDEXAÇÃO Representação; Licitação; INPI; Concorrência; Edital; Capacidade Técnica; Atestado; Prestação de Serviços; Assistência Médica;

VISTOS, relatados e discutidos os autos acima

Assunto: Representação acerca de possível "afronta ao princípio constitucional da economicidade".

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Primeira Câmara Cível

RECURSO ORDINÁRIO TRT/RO RTOrd A C Ó R D Ã O 7ª Turma

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO TOCANTINS TRIBUNAL DE JUSTIÇA Juiz Convocado HELVÉCIO DE BRITO MAIA NETO

ESTADO CONDENADO POR PRISÃO E PROCESSO ILEGAL CONTRA VIGILANTE E PROPRIETÁRIO DA EMPRESA, POR PORTE DE ARMA

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE KELLY BORCHARDT GREGORIS CLARO DIGITAL S/A A CÓRDÃO

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano RELATÓRIO

APELAÇÃO CÍVEL nº /AL ( )

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

Nº COMARCA DE CACHOEIRINHA A C Ó R D Ã O

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL

A reclamante recorrente alega, em síntese, que deve ser reformada a decisão quanto ao intervalo do digitador.

Processo no /001

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA Gabinete do Desembargador Joás de Brito Pereira Filho

Nº COMARCA DE PALMEIRA DAS MISSÕES MAUBER MARCELO DOS SANTOS A C Ó R D Ã O

Estado do Rio de Janeiro PODER JUDICIÁRIO Conselho da Magistratura

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 106 ACÓRDÃO

OAB 2ª FASE PENAL PROF. SIDNEY FILHO

Florianópolis, 29 de fevereiro de 2012.

APELANTE FÁBIO CÂNDIDO DA SILVA. APELADO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. RELATOR DES. JOÃO DOMINGOS KÜSTER PUPPI.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO- RECURSO VOLUNTÁRIO ACÓRDÃO 4A JJF Nº /02

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 6ª Turma KA/cbb/tbc

P O D E R J U D I C I Á R I O

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios GABINETE DO DESEMBARGADOR SANDOVAL OLIVEIRA E M E N T A A C Ó R D Ã O

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

ACÓRDÃO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que figuram como partes as acima nominadas.

MN* -- ESTADO DA PARAÍBA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /001. .é41 kat 4,0' -44

MODELO QUEIXA-CRIME. (especificar a Vara de acordo com o problema)

ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa

Transcrição:

ACÓRDÃO APELAÇÃO CRIMINAL N. 035.2008.000752-5/001 - SAPÉ Relator. Des. Joás de Brito Pereira Filho Apelante Apelado. Cláudio Félix da Silva (Adv. Walter Higino de Lima). Ministério Público Estadual ESTATUTO DO DESARMAMENTO. Disparo em lugar habitado. Materialidade e autoria. Prova indiscutível. Condenação mantida. I - Comprovado que o réu efetuou disparos de arma de fogo durante incidente envolvendo alguns circunstantes, mantida é de ser a condenação com suporte no art. 15 da Lei 10.826/03. II - Não evidenciada situação de defesa no momento em que o agente fez uso da arma e disparou em meio aos circunstantes, não há como acolher-se a pretensão absolutória vazada no art. 25 do CP. III_ Apelo não provido. acima identificados: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de apelação criminal, ACORDA a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, à unanimidade, em negar provimento ao apelo. O réu CLÁUDIO FELIX DA SILVA foi denunciado perante o Juizo da 1a Vara de Sapé/PB, como incurso nas sanções do art. 15 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), pelo fato delituoso assim narrado na denúncia de fls. 02/03:

ApCrim 035.2008.000752-511 "Consta dos autos deste inquisitório que por volta das 17:30 horas da tarde de 13 de novembro do ano de 2007, no Bar denominado "Luz da Barraca", próximo ao Clube Atlético, nesta une, o denunciado supracitado efetuou vários disparos de arma de fogo (Pistola) contra a pessoa de Ênio Joab Macedo da Cunha, não tendo ferido ninguém na ocasião. Extrai-se do procedimento policial em análise que a vitima no horário acima narrado, encontrava-se no citado bar, momento em que se envolveu em uma discussão e arremessou uma cadeira em direção à mesa em que estava a pessoa de Odilon Maroja Ribeiro, tendo esta atingido o acusado que se encontrava em um local ao lado. Que o acusado, logo em seguida, sem perquirir justificativas, sacou prontamente de uma pistola e efetuou vários tiros em direção à vítima Ênio Joab. Que togo após os disparos, o acusado retirou-se do local, somente vindo a ser localizado e identificado em meados de janeiro deste corrente ano. A autoria do delito restou suficientemente configurada por meio dos depoimentos unânimes das testemunhas que se encontravam no local do fato. O acusado, não obstante negar a sua conduta criminosa, foi posteriormente identificado pela vitima na esfera policial. (...)". Ao cabo da instrução, o douto Juiz processante julgou procedente a denúncia e, assim, condenou o réu a três anos e seis meses de reclusão, no regime inicial semiaberto, e trinta e cinco dias-multa, negada a substituição de que trata o art. 44, do CP, fls. 175/181. Não se conformando, a defesa apelou, fl. 185. Nas razões, alegou que não há prova cabal de que tenha disparado arma no local, razão por que pede a absolvição, mediante a aplicação do brocardo latino in dubio pro reo. Alternativamente, pleiteia que se reconheça ter ele atuado em legítima defesa própria, fls. 193/200, vol. 1.

ÁpCrim 035.2008.000752-511 Contraminutado o recurso, fls. 203/212, vol. 11, ascenderam os autos a esta Instância. Em parecer da lavra do Dr. Paulo Barbosa de Almeida, a douta Procuradoria de Justiça opina pelo não provimento do recurso, fls. 216/220. É o relatório. VOTO - Des. Joás de Brito Pereira Filho (Relator): nheço. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade. Dele co- A pretensão absolutória, no entanto, é inalcançável. Extrai-se dos autos que, no dia e hora do fato, Edson da Silva de Figueiredo, então presidente do Conselho Tutelar de Sapé, travou conversa com Luiz Carlos Lisboa, conhecido por "Gaspar", sobre os problemas da prostituição infantil na região. Nesse instante, Odilon Maroja Ribeiro Coutinho Filho, presente ao local, interveio no assunto, dizendo ser contra a prostituição, porém, as meninas já eram corrompidas. Ouvindo essa pregação de Odilon Maroja, Ênio Joab Macedo da Cunha (vítima) tomou as dores do conselheiro Edson, desencadeando-se uma discussão que descambou para o jogo de empurra, ao que Ênio muniu-se de uma cadeira e a arremessou em direção à mesa em que estava o adversário, atingindo o cidadão que ali se achava, o qual, não satisfeito, sacou da arma que portava e efetuou um disparo. É o que se extrai da leitura atenta das declarações e depoimentos de Ênio Joab, Edson da Silva, Givaldo Idalino da Silva, Luiz Carlos Lisboa ("Gaspar") e Odilon Maroja, prestados no inquérito, fls. 07/11, vol. 1. O réu, identificado como o autor do disparo, na fase inquisitória negou a autoria, criando o álibi de que, no dia e hora do fato, estava na cidade de Santo Antônio do Sacra Onça/RN. Esclareceu que nunca sequer pisou no comércio de "Luiz da Barraca", fls. 12. 3

ApCrim 035.2008.000752-5/1 Em juizo, o acusado sustentou a mesma versão, porém, deixou escapar que, "...por uma única vez frequentou o Bar do Luiz mas que muito que tempo antes do fato; (...)", fls. 137. Enquanto isso, a vítima confirmou em parte as suas declarações extrajudiciais, esclarecendo ter deduzido que a conversa entre Edson e Odilon Maroja "...era sobre as acusações contra Gaspar sobre os casos de prostituição infantil na cidade, já que Edson foi um dos denunciadores; que de repente Odilon bateu na mesa em tom ríspido mandou Edson se retirar; que acharam pouco e vieram para cima do depoente e de Givaldo; que o Odilon deu um tapa nos peitos do depoente que revidou; que depois o acusado Cláudio Félix também empurrou o depoente, que também o empurrou de volta; que não chegou a cair no chão; que nesse momento ele puxou uma pistola da cintura; que imediatamente o depoente correu em direção ao clube Atlético; que somente escudou um único disparo; que como estava correndo de costas não viu se o tiro foi em sua direção; que ficou brechando de longe, quando então Odilon e Cláudio saíram numa montana vermelha; (...)", fls. 56. Edson da Silva Figueiredo e Givaldo ldalino da Silva confirmaram o que disseram no inquérito, acrescentando que, "...depois do disparo Odilon e Cláudio saíram numa montana vermelha, Odilon dirigindo", fls. 58 e 59. Luiz Carlos Lisboa ("Gaspar") e Odilon Maroja Ribeiro Coutinho Filho reportaram-se ao fato, tal como aconteceu. Porém, disseram não reconhecer em Cláudio Félix da Silva a pessoa que efetuou o disparo, fls. 10/11 e 60/61. O álibi criado, no entanto, ruiu em meio à prova. Ora, pelo que se vê dos elementos colhidos, a discussão teve origem no fato de que Edson teria denunciado diversas pessoas de estarem contribuindo para a prostituição infantil. Odilon interveio, acirrando-se os ânimos, ao que Ênio tomou as dores, e Cláudio - que, por coincidência, trabalha para um primo de Odilon!!! - comprou a briga e, depois do jogo de empurra, sacou da arma e efetuou um disparo. 4

ApCrim 035.2008.000752-5/1 Vate o registro de que, para dissipar eventuais dúvidas, o douto Juiz colocou os envolvidos na contenda frente à frente, tendo a Ênio (vítima), Edson e Givaldo, que os acompanhava, sustentado com extrema coerência o que falaram nas vezes anteriores, reconhecendo Cláudio como o autor do disparo, o qual saíra do local no carro dirigido por Odilon, fls. 95/96. Está claro que os três - "Gaspar", Odilon e Cláudio - combinaram o enredo daquilo que iriam dizer, na tentativa de livrar este último da pecha assacada. Sem êxito, é claro. A absolvição, portanto, mostra-se inalcançável na hipótese, porquanto a prova da materialidade e da autoria do delito é farta e indiscutível, não prosperando o álibi trazido pelo acusado, até porque não foi coonestado pelos demais elementos colhidos 7 ressalvados, é claro, os engendrados testemunhos dos interessados no deslinde do feito em seu favor. Neste sentido: "EMENTA: APELAÇÃO-CRIME. DISPARO DE ARMA DE FOGO. ART. 15 DA LEI 10.826/03. PROVA. CONDENAÇÃO MANTIDA. Isolada a negativa do réu, incriminado pelos depoimentos seguros e harmônicos das testemunhas e dos policiais militares que o prenderam em flagrante após ter efetuado disparo com arma de fogo nas adjacências de lugar habitado, a solução condenatória é irretocável. Ademais, prescindível é a realização de perícia em local atingido pelos disparos para a comprovação do delito previsto no art. 15 do Estatuto do Desarmamento. Nesse sentir, comprovado que o réu efetuou disparos de arma de fogo durante incidente envolvendo alguns circunstantes, mantida é de ser a condenação com suporte no art. 15 da Lei 10.826/03. No que se refere à alegação de ter o réu agido em legitima defesa, insta afirmar que tal excludente não se evidenciou. 5

ApCrim 035.2008.000752-5/1 A prova demonstra que o entrevero não era com o acusado. Houve troca de farpas e empurrões, após o que, sacou da arma e disparou contra um dos contendores, que deixou o local em desabalada carreira. Não enxergo na conduta situação de defesa. E, ainda que tivesse se defendido de alguma agressão direcionada à sua pessoa, passou de ofendido a ofensor, quando fez uso de instrumento vulnerante, de alto poder lesivo, contra vítima que sabidamente estava desarmada e, assim, não lhe representava perigo algum. Diante disso, nego provimento ao recurso. É como voto. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador Luiz Sílvio Ramalho Júnior. Participaram os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Joás de Brito Pereira Filho, Relator, Arnóbio Alves Teodósio e José Guedes Cavalcanti Neto (Juiz de Direito convocado para substituir o Excelentíssimo Senhor Desembargador João Benedito da Silva). SALA DE SESSÕES "DES. M. TAIGY DE QUEIROZ MELO FILHO" DA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA, em João Pessoa, Capital, aos 29 (vinte e nove) dias do mês de novembro_do ano de 2012. Desembargador Joávdpf-E3fito Pereira Filho - RELATOR - 6

T RIBUNAL DE Diretoria Judiciária Registrado emq_