GESTÃO FINANCEIRA MÓDULO IV Objectivo Teoria tradicional do Equilíbrio Financeiro O Fundo de Maneio Funcional e as NFM A Tesouraria Líquida Estratégias de Financiamento face ao Risco ISEG/UTL Teoria Tradicional Regra do equilíbrio financeiro mínimo Os capitais utilizados por uma empresa para financiar uma imobilização, uma existência ou outro activo, devem permanecer à sua disposição durante um tempo que corresponda pelo menos à duração dessa imobilização, existência ou outro activo 2 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 1
Teoria Tradicional 1º MEMBRO 2º MEMBRO ACTIVO FIXO CAPITAIS PERMANENTES FM ACTIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE 3 Teoria Tradicional Regra do equilíbrio financeiro mínimo Esta regra é insuficiente porque existem elementos circulantes cuja rotação de transformação em disponibilidades é mais lenta que a transformação em exigibilidades das dívidas a curto prazo 4 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 2
Teoria Tradicional Equilíbrio de Curto Prazo: Activo Circulante > Passivo Circulante A estabilidade é assegurada por uma estrutura financeira equilibrada e por uma rendibilidade do investimento maior que o custo do capital alheio Análise estática, contrária ao princípio da continuidade porque o nível do FM está dependente da natureza e do volume da actividade, e por conseguinte, das necessidades de fundo de maneio 5 Teoria Tradicional Quanto maior o C. Próprio face ao C. Alheio maior será o equilíbrio Quanto mais C.Alheio de médio e longo prazo maior será o equilíbrio (análise do endividamento e da estrutura financeira) Quanto maior os C. Permanentes face ao Activo fixo maior será o equilíbrio (análise do FM e da liquidez) Quanto maior a rendibilidade do activo face ao custo do C.Alheio melhor será o equilíbrio a prazo (análise da rendibilidade e do efeito alavanca) 6 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 3
ANÁLISE DO FUNDO DE MANEIO O FM é uma margem de segurança O FM é um indicador sobre a solvabilidade actual Deveria ser a fracção de capital necessária ao financiamento do ciclo de exploração No entanto, não representa as necessidades de fundo de maneio, dada a rapidez das modificações da estrutura do Activo Circulante e do Passivo Circulante 7 O nível do fundo de maneio Vai depender do: Tipo de negócio Tipo de sector Práticas de gestão Hábitos na concessão de crédito no sector Práticas do sector financeiro Níveis de eficiência (gestão operacional) 8 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 4
Teoria Actual Estruturar o Balanço por forma a realçar: Fundo de Maneio Funcional Necessidades de financiamento do ciclo de exploração (NFM) Tesouraria Líquida 9 O Balanço Funcional Princípio do equilíbrio financeiro funcional Recursos estáveis devem financiar aplicações estáveis Empréstimos de curto prazo devem cobrir necessidades de tesouraria Há que assegurar a manutenção de uma margem de segurança: o fundo de maneio Contudo, o equilíbrio financeiro deve traduzir-se simultaneamente ao nível dos vários ciclos 10 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 5
Equilíbrio financeiro: comparação entre FMF e as NFM FMF resulta da estratégia financeira NFM resultam das políticas de gestão operacional FMF > 0 FMF < 0 parte dos fundos estáveis financiam o ciclo de exploração parte dos fundos não estáveis financiam activos fixos (factor de risco) 11 Necessidades do ciclo de exploração em prazos - Exemplo Compra de matérias primas (M-P) tempo médio de armazenagem das M-P 15 dias Processo de fabrico 20 Armazenagem dos produtos acabados 10 Crédito a clientes 40 TOTAL 85 dias Crédito de Fornecedores 30 Diferença 55 dias 12 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 6
Necessidades de fundo de maneio - em valor NFM = Necessidades Cíclicas - Recursos Cíclicos Necessidades Cíclicas Existência Clientes Adiantamento a Forn. Estado (a receber) Outros devedores de Expl. Recursos Cíclicos Fornecedores Adiant. De Clientes Estado (a pagar) Outros Cred. de Expl. 13 Balanço Funcional Capital Próprio + Capital Alheio Estável = CAPITAIS PERMANENTES - Activo Fixo = FUNDO DE MANEIO (C) Clientes + Existências + Adiantamentos a fornecedores + Estado e outros entes públicos (a receber) + Outros devedores de exploração = NECESSIDADES CÍCLICAS (A) + Fornecedores + Adiantamentos de clientes + Estado e outros entes Públicos (a pagar) + Outros credores de exploração = RECURSOS CÍCLICOS (B) (A-B) NECESSIDADES EM FUNDO DE MANEIO (D) (C-D) TESOURARIA LÍQUIDA 14 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 7
O Balanço Funcional CICLO APLICAÇÕES ORIGENS DECISÕES ACTIVO FIXO OU CAPITAIS ESTÁVEIS ESTRATÉGICAS APLICAÇÕES DE (Estratégia financeira) INVESTIMENTO CICLO DE NECESSIDADES RECURSOS EXPLORAÇÃO CÍCLICAS CÍCLICOS FORA DO CICLO TESOURARIA TESOURARIA DE EXPLORAÇÃO ACTIVA PASSIVA 15 Críticas ao Balanço Funcional Dificuldade em reclassificar rubricas em função do ciclo respectivo Dificuldade de relacionar recursos e aplicações Dificuldade de classificar recurso estável (Ex. empréstimos de CP, mesmo que renovados, correm risco de não ser) Dificuldade em detectar algumas operações off balance sheet 16 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 8
Exemplo A empresa Delta, Lda. apresentou no final do ano N o seguinte balanço sintético (Un.: euros) ACTIVO CAP PRÓPRIOS+PASSIVO Imobilizado 1 100 000 Capitais Permanentes 900 000 Circulante 2 500 000 Dívidas a Terc C/Prazo 2 700 000 Activo Total 3 600 000 Cap. Próprios + Passivo 3 600 000 Condições de exploração: Prazo médio de realização dos activos circulantes: 2 meses Prazo médio de pagamento das dívidas de curto prazo: 3 meses Pretende-se: O cálculo do fundo de maneio no ano N a análise do equilíbrio financeiro nos dois primeiros meses do ano N+1. 17 Exemplo - resolução Fundo de Maneio = Capitais Permanentes - Imobilizado 900 000 1 100 000 = -200 000 euros À partida o Fundo de Maneio revela-se desfavorável, parecendo preocupante o equilíbrio financeiro A projecção a 2 meses dos dados disponíveis: recebe a totalidade do activo circulante = 2 500 000 euros paga 2/3 das dívidas a Terc. C. prazo = 1 800 000 euros Total + 700 000 euros Embora o Fundo de Maneio seja negativo, a análise das condições de exploração revela uma situação de equilíbrio muito favorável no prazo de 2 meses 18 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 9
Se NFM > 0 necessidades de financiamento do ciclo de exploração (Ex. Empresa metalúrgica) Se NFM < 0 excedentes financeiros do ciclo de exploração (Ex. supermercados) A sobreposição dos ciclos económicos implica um carácter permanente do financiamento do ciclo de exploração Há ainda necessidades sazonais 19 MÍNIMO Tesouraria Os capitais permanentes financiam o activo fixo e as NFM permanentes NFM permanentes: actividade mínima do ciclo de exploração NFM temporárias: oscilações do ciclo de exploração As NFM temporárias podem (devem) levar a uma tesouraria líquida negativa (endividamento líquido de curto prazo) 20 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 10
MÍNIMO ACTIVO FINANCIAMENTO TEMPORÁRIO NFM TEMPORÁRIAS ENDIVIDAMENTO LÍQUIDO DE C. PRAZO NFM PERMANENTES CAPITAIS PERMANENTE + PERMANENTES ACTIVO FIXO 21 MÍNIMO Princípios - conclusões Antes: FM > 0 depois: Tesouraria líquida positiva Agora: Tesouraria líquida nula ou negativa Tesouraria Líquida = Tes.Activa - Tes. Passiva 22 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 11
Gestão das necessidades de financiamento do ciclo de exploração Determinar com rigor as NFM permanentes e temporárias Reduzir os tempos das necessidades cíclicas Aumentar os tempos dos recursos cíclicos Aumentar as margens operacionais Definir uma estratégia para o equilíbrio financeiro e para a tesouraria em função dos objectivos globais da empresa 23 Estratégias financeiras Apesar da teoria do equilíbrio financeiro as empresas usam estratégias diferenciadas ORTODOXA DEFENSIVA AGRESSIVA ARRISCADA 24 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 12
Estratégia Ortodoxa Segue a teoria do equilíbrio financeiro mínimo O Activo fixo é financiado por Cap. Permanentes, e os activos temporários por cap. de curto prazo Visa um risco financeiro reduzido A tesouraria positiva ou negativa vai depender dos períodos de sazonalidade da actividade 25 Estratégia Defensiva Visa objectivos de segurança (ou mostra aversão ao risco dos gestores) Financia parte das NFM temporárias com capitais permanentes Cap. Permanentes = Activo Fixo + Parte das NFM Tenta minimizar o risco de rotura de tesouraria mesmo nos períodos de sazonalidade elevada Pode ter mais custos financeiros visto que: os capitais de longo prazo são normalmente mais caros haverá excesso de tesouraria em períodos de baixa actividade Convém ter boas condições para aplicação de fundos no curto prazo 26 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 13
Estratégia Agressiva Preferência por financiamentos de curto prazo Os Cap. Permanentes financiam apenas o activo fixo Visa custos financeiros mais baixos, mas tem perigos (falta de liquidez no mercado, alteração das condições da empresa, etc.) Depende da estrutura temporal de taxas de juro Leva a tesouraria líquida negativa Implica capacidade negocial permanente para renovação dos empréstimos de curto prazo Obriga a ter diversas alternativas (fontes) de financiamento 27 Estratégia Arriscada Assume o não cumprimento das regras de equilíbrio financeiro (mesmo da teoria tradicional) Cap. Permanentes < Activo Fixo Tesouraria líquida negativa Reduz a capacidade de negociação com as Instituições Financeiras Aumenta a preocupação das organizações que lidam com a empresa 28 ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão 14