PERSPECTIVAS DO INVESTIMENTO NA INDÚSTRIA



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2 PERSPECTIVAS DO INVESTIMENTO NA INDÚSTRIA Book Indusri.indb I 07/01/2011 11:17:33

Book Indusri.indb II 07/01/2011 11:17:35

PERSPECTIVAS DO INVESTIMENTO NO BRASIL Fernndo Srti e Célio Hirtuk (Coords.) Frederico Roch John Wilkinson Rento Grci Rodrigo Sbbtini Sérgio Bmpi 2 Book Indusri.indb III PERSPECTIVAS DO INVESTIMENTO NA INDÚSTRIA 07/01/2011 11:17:39

Copyright 2010 Instituto de Economi d UFRJ (IE-UFRJ) & Instituto de Economi d UNICAMP (IE-UNICAMP) Todos os direitos dest edição reservdos à Synergi Editor Coordenção gerl do projeto editoril Dvid Kupfer Gerênci dministrtiv do projeto editoril Crolin Dis Editor Jorge Gm Consultor editoril Gustvo Brbos Assistente editoril Izndr Mscrenhs Projeto gráfico Cti Cost Trtmento de imgens Fbrício Muniz e Lucs Amorim Editorção Futur Cp Sense Design & Comunicção Revisão de textos Mrco Antonio Corre CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P553 Perspectivs do investimento n indústri/fernndo Srti e Célio Hirtuk (coords.), Frederico Roch... [et l.]. Rio de Jneiro: Synergi: UFRJ, Instituto de Economi; Cmpins: UNICAMP, Instituto de Economi, 2010. (Projeto PIB Perspectiv do investimento no Brsil; v. 2) Inclui bibliogrfi ISBN 978-85-61325-47-3 1. Investimentos - Brsil. 2. Indústris - Brsil. 3. Brsil - Polític econômic. 4. Desenvolvimento econômico - Brsil. 5. Brsil - Condições sociis. 6. Inovções tecnológics - Administrção. I. Srti, Fernndo. II. Hirtuk, Célio. III. Roch, Frederico. IV. Wilkinson, John. V. Grci, Rento. VI. Sbbtini, Rodrigo. VII. Bmpi, Sérgio. VIII. Universidde Federl do Rio de Jneiro. Instituto de Economi. IX. Universidde Estdul de Cmpins. Instituto de Economi. X. Série. 10-6197. CDD: 332.6 CDU: 336.76 Livros técnicos, científicos e profissionis Ru Medin, 127 SL 103 Méier 20735-130 Rio de Jneiro RJ Tel.: (21) 3273-8250 / 3624-4301 www.synergieditor.com.br synergi@synergieditor.com.br PIB industri-000.indd 4 11/01/2011 18:36:06

Equipe de Coordenção Coordenção Gerl Coordenção Gerl Dvid Kupfer (IE-UFRJ) Coordenção Gerl Adjunt Mrino F. Lplne (IE-UNICAMP) Coordenção Executiv Edmr Luis Fgundes de Almeid (IE-UFRJ) Coordenção Executiv Adjunt Célio Hirtuk (IE-UNICAMP) Gerênci Administrtiv Crolin Dis (PUC-Rio e IE-UFRJ) Coordenção dos Blocos Indústri Fernndo Srti (IE-UNICAMP) Infrestrutur Helder Queiroz Pinto Junior (IE-UFRJ) Economi do Conhecimento José Edurdo Cssiolto (IE-UFRJ) Coordenção dos Estudos de Sistems Produtivos Energi Ronldo G. Biclho (IE-UFRJ) Trnsporte Sul Germno Rbello Qudros (Fundção Roberto Trompowsky Leitão de Almeid) Complexo Urbno Cláudio Schuller Mciel (IE-UNICAMP) Agronegócio John Wilkinson (CPDA-UFRRJ) Insumos Básicos Frederico Roch (IE-UFRJ) Bens Slário Rento Grci (POLI-USP) Mecânic Rodrigo Sbbtini (IE-UNICAMP) Eletrônic Sérgio Bmpi (INF-UFRGS) Tecnologi d Informção e Comunicção Pulo Tigre (IE-UFRJ) Cultur Pulo Fernndo M. B. Cvlcnti Filho (UFPB) Súde Crlos A. Grbois Gdelh (ENSP-FIOCRUZ) Ciênci Edurdo M. Albuquerque (CEDEPLAR-UFMG) Coordenção dos Estudos Trnsversis Comércio Exterior e Proteção Efetiv Mrt Cstilho (ECO-UFF) Mtriz de Cpitl Fábio Neves Perácio de Freits (IE-UFRJ) Emprego e Rend Pulo Edurdo de Andrde Bltr (IE-UNICAMP) Qulificção do Trblho João L. Murity Sboi (IE-UFRJ) Produtividde, Competitividde e Inovção Jorge Nogueir de Piv Britto (ECO-UFF) Dimensão Regionl Muro Borges Lemos (CEDEPLAR-UFMG) Polític Industril nos BRICS Gustvo de Britto Roch (CEDEPLAR-UFMG) Mercosul e Améric Ltin Simone de Deos (IE-UNICAMP) Coordenção Técnic Instituto de Economi d UFRJ (IE-UFRJ) Instituto de Economi d UNICAMP (IE-UNICAMP) Este projeto foi relizdo com recursos do Fundo de Estruturção de Projetos (FEP) do BNDES. O conteúdo dos estudos é de exclusiv responsbilidde dos utores, não refletindo, necessrimente, opinião do BNDES. Informções sobre o FEP encontrm-se disponíveis em: http://www.bndes.gov.br. Book Indusri.indb Sec1:v 07/01/2011 11:17:44

APRESENTAÇÃO Após longo período de imobilismo, economi brsileir vinh presentndo fortes sinis de que estv em curso o mis intenso ciclo de investimentos desde décd de 1970. Cso esse ciclo se confirmsse, o pís estri dinte de um qudro efetivmente novo, no qul finlmente poderim ter lugr s trnsformções estruturis requerids pr vibilizr um processo sustentdo de crescimento d economi ncionl. Nesse contexto, em julho de 2008 iniciou-se o Projeto PIB (Perspectivs do Investimento no Brsil), um pesquis coordend pelos Institutos de Economi d UFRJ e d UNICAMP e relizd com o poio finnceiro do BNDES. O Projeto PIB surgiu com um dupl motivção. Por um ldo, produzir, sistemtizr e orgnizr conhecimentos sobre estrutur produtiv brsileir. Por outro, pensr o longo przo dess estrutur produtiv e, prticulrmente, como promover o processo de mudnç estruturl em direção os setores mis intensivos em tecnologi, mis cpzes de gerr rend e emprego no mercdo doméstico e com mior dinmismo no mercdo interncionl. Tendo isso em vist, o Projeto PIB persegue três grndes objetivos: nlisr s perspectivs do investimento n economi brsileir no horizonte em médio e longo przo, vlir s oportuniddes e meçs à expnsão ds tividdes produtivs no pís e propor estrtégis, diretrizes e instrumentos de polític industril que possm conduzir o pís n long trvessi do desenvolvimento econômico. A eclosão d grnde crise finnceir globl em fins de 2008, embor tenh impctdo pesdmente s perspectivs de investimento mis imedits, não modificou e, té mesmo reforçou s preocupções dest pesquis, hj vist que s questões originis continum presentes e tlvez se mnifestem com mis forç, neste momento, do que ntes d crise. APRESENTAÇÃO VII Book Indusri.indb Sec1:vii 07/01/2011 11:17:44

Pr trblhr o tem d pesquis, o Projeto PIB estruturou um economi formd por três grndes blocos de investimento: Indústri, Infrestrutur e Economi do Conhecimento. Esses três blocos de investimento form desdobrdos em um totl de 12 Sistems Produtivos, conforme mostrdo no qudro bixo. Em prlelo, form escolhidos oito Tems Trnsversis, igulmente listdos no qudro. Form seleciondos tems que, lém d su nturl relevânci, constituím oportunidde pr que pesquis pudesse suprir lcuns decorrentes d inexistênci ou d destulizção d informção disponível no pís. Escopo do Projeto PIB BLOCOS Indústri Infrestrutur SISTEMAS PRODUTIVOS Agronegócio Insumos Básicos Bens Slário Mecânic Eletrônic Energi Trnsporte Complexo Urbno TEMAS TRANSVERSAIS Comércio Exterior e de Proteção Efetiv Mtriz de Cpitl Emprego e Rend Qulifi cção do Trblho Produtividde, Competitividde e Inovção Economi do Conhecimento Tecnologis d Informção e Comunicção Cultur Súde Ciênci Dimensão Regionl Polític Industril nos BRICS Mercosul e Améric Ltin Em relção o qudro nlítico d pesquis, o Projeto PIB buscou trtr o investimento em dus dimensões distints. A primeir, o investimento chmdo de induzido, é quele que compnh o crescimento d economi, proporcionndo resolução de grglos de produtividde ou expnsão de cpcidde produtiv. A segund dimensão é dos investimentos estrtégicos, que se movem à frente d economi. Ness dimensão estão s decisões de inversão relcionds com: i. Mudnçs tecnológics nos produtos e processos; ii. Mudnçs nos pdrões de concorrênci, ns regulções e ns forms de orgnizção d produção; iii. Mudnçs nos pdrões de demnd mundil ou doméstic, tnto em termos de puts de produtos como em termos territoriis. VIII Projeto PIB Book Indusri.indb Sec1:viii 07/01/2011 11:17:44

Pr ess dimensão estrtégic do investimento dedicou-se mior ênfse os estudos. O Projeto PIB é um relizção d Fundção Universitári José Bonifácio, com o poio finnceiro do BNDES. Coordendo pelo Instituto de Economi d UFRJ e pelo Instituto de Economi d UNICAMP, o projeto envolveu um extens equipe de professores, pesquisdores e ssistentes, lotdos em um grnde número de universiddes e centros de pesquis brsileiros. Os reltórios finis dos diversos estudos setoriis, dos 12 Sistems Produtivos e dos oito Tems Trnsversis encontrmse disponíveis em: http://www.projetopib.org. A coordenção gerl do Projeto PIB grdece o BNDES pelo poio n relizção de um inicitiv cdêmic dess dimensão. Agrdece tmbém às diverss instituições que colborrm pr relizção do projeto, especilmente o IBGE, pelo poio n elborção do bnco de ddos que deu suporte à pesquis. A coordenção gerl do PIB refirm, ind, expecttiv de que todo o esforço de investigção tenh se mterilizdo em conhecimento relevnte pr limentr o necessário debte sobre os cminhos d construção de um polític industril estruturnte pr desenvolvimento do Brsil n próxim décd. Dvid Kupfer Coordendor Gerl Mrino F. Lplne Coordendor Gerl Adjunto APRESENTAÇÃO IX Book Indusri.indb Sec1:ix 07/01/2011 11:17:44

NOTA PRELIMINAR O presente estudo é prte integrnte do Projeto PIB (Perspectivs do Investimento no Brsil http://www.projetopib.org) e trt especificmente do Bloco Indústri. Pr efeitos dest pesquis, tl Bloco foi estruturdo prtir d nálise de cinco sistems produtivos e seus respectivos setores ou subsistems, conforme descrito seguir: SISTEMA PRODUTIVO AGRONEGÓCIO EQUIPE John Wilkinson (CPDA-UFRRJ) Coordendor Andre Funcke (UFRRJ), Elson Cedro Mir (UESC), Gilberto C. Cerqueir Mscrenhs (UESC), Pulo Rodrigues F. Pereir (UFRRJ) Novs commodities Gessuir Pigtto (UNESP) e Edurdo Moris (ECO-UFF) Pecuári Wlter Belik (IE-UNICAMP) Commodities trdicionis Luiz Crlos de Oliveir Lim (UFRRJ) Grãos DOCUMENTOS Reltório Finl Wilkinson, J. (Coord.). Perspectivs do investimento no gronegócio. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Documentos de Trblho Funcke, A.; et l. Perspectivs do investimento em novs commodities. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. NOTA APRESENTAÇÃO PRELIMINAR XI Book Indusri.indb Sec1:xi 07/01/2011 11:17:44

Pigtto, G.; Moris, E. Perspectivs do investimento em pecuári. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Belik, W. Perspectivs do investimento em commodities trdicionis. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Lim, L. C. Perspectivs do investimento em grãos. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos. SISTEMA PRODUTIVO INSUMOS BÁSICOS EQUIPE Frederico Roch (IE-UFRJ) Coordendor Arlindo Villschi Filho (UFES) Celulose e ppel Li Hsenclever (IE-UFRJ) e Adelide Antunes (EQ-UFRJ) Químic básic Gleno Tinoco Ferrz Filho (IE-UFRJ) Mineris não metálicos e mteriis de construção Germno Mendes de Pul (IE-UFU) Minerção e metlurgi de ferrosos Clésio Lourenço Xvier (IE-UFU) Minerção e metlurgi de não ferrosos DOCUMENTOS Reltório Finl Roch, F. (Coord.). Perspectivs do investimento em insumos básicos. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Documentos de Trblho Villschi, A. Perspectivs do investimento em celulose e ppel. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos. Hsenclever, L.; Antunes, A. Perspectivs do investimento em químic básic. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Ferrz Filho, G. T. Perspectivs do investimento em mineris não metálicos e mteriis de construção. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos. Pul, G. M. Perspectivs do investimento em minerção e metlurgi de ferrosos. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos. XII Projeto PIB Book Indusri.indb Sec1:xii 07/01/2011 11:17:44

Xvier, C. L. Perspectivs do investimento em minerção e metlurgi de não ferrosos. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www. projetopib.org/?p=documentos. SISTEMA PRODUTIVO BENS SALÁRIO EQUIPE Rento Grci (POLI-USP) Coordendor Orlndo Mrtinelli (UFSM) Alimentos e bebids Mri Crolin de Souz (IE-UNICAMP) e Dniel Goryeb (IE-UNICAMP) Cosméticos, higiene e limpez Mri Crolin de Souz (IE-UNICAMP), Mrcelo Crvlho Reis (IE-UNICAMP) e Dniel Goryeb (IE-UNICAMP) Arteftos plásticos e utiliddes doméstics Andre Silv (POLI-USP) e Pul Mdeir (POLI-USP) Têxtil, vestuário e clçdos Flvi Mott (IPT) Mdeir e móveis Robert Souz (FEI) e Gbriel Scur (FEI) Grnde vrejo DOCUMENTOS Reltório Finl Grci, R. (Coord.). Perspectivs do investimento em bens slário. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Documentos de Trblho Mrtinelli, O. Perspectivs do investimento em limentos e bebids. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Souz, M. C. A. F.; Goryeb, D. Perspectivs do investimento em cosméticos, higiene e limpez. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http:// www.projetopib.org/?p=documentos. Souz, M. C. A. F.; Reis, M. C.; Goryeb, D. Perspectivs do investimento em rteftos plásticos e utiliddes doméstics. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos. Silv, A. F.; Mdeir, P. Perspectivs do investimento em têxtil, vestuário e clçdos. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos. Mott, F. G. Perspectivs do investimento em mdeir e móveis. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. NOTA APRESENTAÇÃO PRELIMINAR XIII Book Indusri.indb Sec1:xiii 07/01/2011 11:17:44

Souz, R.; Scur, G. Perspectivs do investimento no grnde vrejo. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. SISTEMA PRODUTIVO MECÂNICA EQUIPE Rodrigo Sbbtini (IE-UNICAMP) Coordendor Mrcelo Silv Pinho (UFSCAR) e Enés Gonçlves de Crvlho (IE-UNICAMP) Automobilístic e utopeçs Crlos Edurdo Vin (ESALQ-USP) Cminhões, ônibus e máquins grícols Betriz Freire Bertsso (IE-UNICAMP) Bens de cpitl seridos e sus cdeis Fernndo H. Lemos Rodrigues (IE-UNICAMP) e José Augusto Gspr (IE-UNICAMP) Nvl e bens de cpitl sob encomend DOCUMENTOS Reltório Finl Sbbtini, R. (Coord.). Perspectivs do investimento em mecânic. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Documentos de Trblho Pinho, M. S.; Crvlho, E. G. Perspectivs do investimento em utomobilístic e utopeçs. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http:// www.projetopib.org/?p=documentos. Vin, C. E. F. Perspectivs do investimento em cminhões, ônibus e máquins grícols. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www. projetopib.org/?p=documentos. Bertsso, B. F. Perspectivs do investimento em bens seridos e sus cdeis. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Rodrigues, F. H. L.; Gspr, J. A. Perspectivs do investimento em nvl e bens de cpitl sob encomend. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos. XIV Projeto PIB Book Indusri.indb Sec1:xiv 07/01/2011 11:17:44

SISTEMA PRODUTIVO ELETRÔNICA EQUIPE Sérgio Bmpi (INF-UFRGS) Coordendor Sérgio Bmpi (INF-UFRGS) e Luiz Fernndo Ferreir (INF-UFRGS) Microeletrônic e semicondutores Muro Thury de Vieir Sá (UFAM) Eletrônic de consumo e seus componentes Mrin Szpiro (IE-UFRJ) Equipmentos de telecomunicções e seus softwres Victor Prochnik (IE-UFRJ) Informátic e utomção DOCUMENTOS Reltório Finl Bmpi, S. (Coord.). Perspectivs do investimento em eletrônic. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Documentos de Trblho Szpiro, M. Perspectivs do investimento em equipmentos de telecomunicções e seus softwres. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos. Prochnik, V. Perspectivs do investimento em informátic e utomção. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http://www.projetopib. org/?p=documentos. Sá, M. T. V. Perspectivs do investimento em eletrônic de consumo e seus componentes. Rio de Jneiro: UFRJ, Instituto de Economi, 2009. Disponível em: http:// www.projetopib.org/?p=documentos. O foco d pesquis foi centrdo, prtir d nálise dos subsistems produtivos listdos cim, n dinâmic dos investimentos n indústri no Brsil. O texto qui presentdo constitui um síntese dos estudos desenvolvidos o longo d pesquis. Pr su elborção, optou-se por destcr tnto os spectos similres, qunto os spectos específicos que condicionm s decisões de investimento em cd um dos sistems produtivos. Este esforço foi relizdo, por um ldo, trvés d identificção dos ftores determinntes dos investimentos, prtir do exme d dinâmic interncionl observd em cd um deles, e d discussão sobre s perspectivs de su evolução. Por outro ldo, foi estbelecido um conjunto de questões-chve pr definição do futuro dos investimentos setoriis, procurndo propor estrtégis, instrumentos e ções de polítics que grntm o desenvolvimento e sustentbilidde d indústri necessários o desenvolvimento produtivo do pís. NOTA APRESENTAÇÃO PRELIMINAR XV Book Indusri.indb Sec1:xv 07/01/2011 11:17:44

SUMÁRIO 1 INDÚSTRIA MUNDIAL: MUDANÇAS E TENDÊNCIAS RECENTES... 1 1.1 Interncionlizção Produtiv e Reorgnizção ds Atividdes ds Grndes Corporções Multincionis... 2 1.2 Pdrão Assimétrico de Inserção Produtiv e Comercil dos PED...13 1.3 Brsil: Industrilizção Interrompid e Perspectivs de Retomd...27 2 EVOLUÇÃO E DINÂMICA RECENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA...43 2.1 Desempenho Competitivo Recente...43 2.2 Heterogeneidde Estruturl e s Assimetris Competitivs dos Sistems Industriis...58 2.2.1 Evolução dos Investimentos nos Sistems Industriis...62 2.2.2 Desempenho no Comércio Exterior dos Sistems Industriis...65 2.2.3 Desempenho Inovtivo dos Sistems Industriis...67 3 PERSPECTIVAS E CONDICIONANTES DOS INVESTIMENTOS NO AGRONEGÓCIO...73 3.1 Introdução...73 3.2 Dignóstico e Desempenho Competitivo do Agronegócio 1998-2007...75 3.3 Dinâmic Globl do Agronegócio...80 3.4 Dinâmic e Condicionntes do Investimento no Agronegócio no Brsil...84 3.5 Cenários pr o Desenvolvimento do Setor d Agroindústri...97 3.5.1 Antigs Fronteirs se Desfzem...98 APRESENTAÇÃO SUMÁRIO XVII Book Indusri.indb Sec1:xvii 07/01/2011 11:17:44

3.5.2 O Aumento de Sinergis...98 3.5.3 Um Novo Ppel pr Cpitl Finnceiro... 100 3.5.4 Negocindo Fronteir Tecnológic... 101 3.5.5 Novs Forms de Coordenção... 103 3.5.6 Novos Perfis de Emprego e Ambivlênci no Desenvolvimento Regionl... 104 3.5.7 As Frustrções do Mercosul... 107 3.5.8 O Setor ds PMEs... 108 3.5.9 Agronegócios e o Setor de Agricultur Fmilir... 109 3.5.10 Novos Pdrões de Regulção Público e Privdo... 110 3.6 Cenários Possíveis em Médio Przo... 112 3.7 Cenário Desejável em Lngo Przo (2022)... 114 3.8 Proposições de Polític... 119 4 PERSPECTIVAS E CONDICIONANTES DOS INVESTIMENTOS EM INSUMOS BÁSICOS... 123 4.1 Introdução... 123 4.2 Dignóstico e Desempenho Competitivo do Sistem de Insumos Básicos 1998-2007... 124 4.3 Dinâmic dos Investimentos no Brsil e no Mundo... 127 4.3.1 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs nos Pdrões de Demnd Mundil e Ncionl... 127 4.3.2 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs nos Pdrões de Concorrênci e Regulção... 133 4.3.3 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs Tecnológics 136 4.4 Cenários pr o Desenvolvimento do Setor de Insumos Básicos... 138 4.5 Cenários Possíveis em Médio Przo... 153 4.6 Cenários em Longo Przo... 157 4.7 Proposições de Polític... 161 4.7.1 Polític Atul: Polític de Desenvolvimento Produtivo... 161 4.7.2 Polític Atul: Progrm de Acelerção do Crescimento... 163 5 PERSPECTIVAS E CONDICIONANTES DOS INVESTIMENTOS NO SISTEMA PRODUTIVO DE EQUIPAMENTOS MECÂNICOS... 171 5.1 Introdução... 171 5.2 Dignóstico e Desempenho Competitivo do Sistem de Equipmentos Mecânicos 1998-2007... 173 5.3 Dinâmic Globl do Investimento... 178 5.4 Dinâmic e Condicionntes do Investimento no Brsil... 182 XVIII Projeto PIB Book Indusri.indb Sec1:xviii 07/01/2011 11:17:44

5.4.1 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs Tecnológics.. 184 5.4.2 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs nos Pdrões de Concorrênci e Regulção... 185 5.4.3 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs nos Pdrões de Demnd Mundil e Ncionl... 187 5.5 Cenários pr o Desenvolvimento do Sistem de Equipmentos Mecânicos... 188 5.5.1 Cenários Possíveis em Médio Przo... 189 5.5.2 Cenários Desejáveis em Longo Przo... 191 5.6 Proposições de Polític... 194 6 PERSPECTIVAS E CONDICIONANTES DOS INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA ELETRÔNICA... 199 6.1 Introdução... 199 6.2 Dignóstico e Desempenho Competitivo d Eletrônic 1998-2007...201 6.3 Dinâmic Globl d Indústri Eletrônic... 207 6.4 Dinâmic e Condicionntes do Investimento d Indústri Eletrônic no Brsil... 217 6.4.1 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs Tecnológics.. 219 6.4.2 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs nos Pdrões de Concorrênci e Regulção... 227 6.4.3 Desfios e Oportuniddes Associdos às Mudnçs nos Pdrões de Demnd Mundil e Ncionl... 228 6.5 Cenários pr o Desenvolvimento d Indústri Eletrônic... 231 6.5.1 Cenários Possíveis em Médio Przo... 231 6.5.2 Cenário Desejável em Longo Przo (2022)... 233 6.6 Proposições de Polític... 236 7 PERSPECTIVAS E CONDICIONANTES DOS INVESTIMENTOS NO SISTEMA DE BENS SALÁRIO... 245 7.1 Introdução... 245 7.2 Dignóstico e Desempenho Competitivo do Sistem Produtivo de Bens Slário no Brsil... 248 7.3 Dinâmic e Condicionntes do Investimento no Sistem de Bens Slário no Brsil... 255 7.4 Cenários pr o Desenvolvimento do Sistem de Bens Slário... 266 7.4.1 Cenário Possível em Médio Przo... 267 7.4.2 Cenário Desejável em Longo Przo (2022)... 271 7.5 Proposições de Polítics... 276 APRESENTAÇÃO SUMÁRIO XIX Book Indusri.indb Sec1:xix 07/01/2011 11:17:44

8 INVESTIMENTOS E DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL NO BRASIL: OPORTUNIDADES E DESAFIOS FUTUROS... 281 8.1 O Ciclo de Crescimento Econômico, Crise Interncionl e os Impctos sobre Indústri Brsileir... 282 8.2 Desfios e Oportuniddes pr Retomr o Processo de Industrilizção... 290 8.3 Interncionlizção Produtiv d Indústri Brsileir... 300 9 PROPOSIÇÕES DE POLÍTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL.. 311 REFERÊNCIAS... 323 XX Projeto PIB Book Indusri.indb Sec1:xx 07/01/2011 11:17:45

1 INDÚSTRIA MUNDIAL: MUDANÇAS E TENDÊNCIAS RECENTES A indústri mundil vem ssistindo um profundo processo de mudnç nos últimos 30 nos. Um dos spectos mis visíveis dess mudnç diz respeito o intenso deslocmento d tividde industril em direção os Píses em Desenvolvimento (PED) e emergênci d região siátic, em especil Chin, como grnde centro mundil produtor de mnufturs. Ao mesmo tempo, verificou-se um movimento centudo de concentrção ns principis cdeis industriis mundiis, com consolidção de grndes corporções comndndo um profundo processo de reorgnizção de sus tividdes interncionis como form de lvncr su competitividde em âmbito globl. Em gerl, esss corporções têm sede nos Píses Desenvolvidos (PD), ms, recentemente, tmbém vêm surgindo lguns competidores globis de PED. Esse movimento de descentrlizção d tividde produtiv com concentrção e centrlizção do poder de comndo sobre o vlor gerdo n tividde industril, embor prentemente contrditório, é resultdo de um complex interção entre s mudnçs no cenário mcroeconômico interncionl, reestruturção ns forms de orgnizção e concorrênci ds grndes corporções e s polítics ncionis de desenvolvimento. Este cpítulo tem o objetivo de nlisr esss trnsformções e seus desdobrmentos, de mneir fornecer um qudro gerl pr vlir os desfios colocdos pr o desenvolvimento industril brsileiro neste início de século. 1 Indústri Mundil: Mudnçs e Tendêncis Recentes 1 Book Indusri.indb 1 07/01/2011 11:13:09

A primeir seção do cpítulo nlis s mudnçs n form de orgnizção ds grndes corporções no período recente, fto que resultou no intenso processo de deslocmento d produção industril pr os PED. A segund seção procur vlir como esse movimento foi cpturdo pelos diferentes píses e regiões, resultndo em desempenhos bstnte diferencidos, em especil qundo se compr região siátic os píses d Améric Ltin. A seção busc tmbém destcr importânci ds polítics ncionis de desenvolvimento industril como elemento explictivo pr esss diferentes inserções. Finlmente, terceir seção procur mostrr que, pesr de ter presentdo um desempenho clrmente inferior o verificdo nos píses siáticos e d interrupção de seu processo de desenvolvimento industril, estrutur industril brsileir ind mntém um gru de integrção e diversificção importnte, com um nível de desenvolvimento elevdo entre os píses emergentes, o que signific dizer que o Brsil ind possui um grnde potencil pr retomr esse processo. 1.1 Interncionlizção Produtiv e Reorgnizção ds Atividdes ds Grndes Corporções Multincionis A reestruturção globl d indústri nos últimos 30 nos foi condiciond em grnde medid pels estrtégis de interncionlizção e de gestão d cdei de produção e de vlor ds grndes Empress Trnsncionis (ETN), fto que promoveu um forte deslocmento do processo produtivo e redirecionou os fluxos globis de produção, de investimento e de comércio exterior. A mior interncionlizção ds tividdes ds ETN tem propicido, de um ldo, um crescente importânci ds filiis de empress estrngeirs ns estruturs de produção, de vends e de comércio interncionl. De outro, o processo intensificou riscos e oportuniddes pr s empress doméstics em economis em desenvolvimento. A intensidde do processo de interncionlizção pode ser observd pel evolução dos fluxos de comércio exterior e, sobretudo, dos fluxos de Investimento Direto no Exterior (IDE) e pel crescente prticipção ds ETNs ns estruturs globis de produção e de comércio. Os fluxos de IDE crescerm txs muito superiores às do comércio interncionl que, por su vez, crescerm txs superiores às do produto globl, reflexo do intenso processo de interncionlizção, especilizção, deslocmento e/ou descentrlizção do processo produtivo globl (UNCTAD 1993, 2005). Cbe observr que tnto em termos de produto qunto em termos de comércio, o desempenho ds filiis de ETN superou médi globl. Os tivos ds filiis de ETN totlizrm quse US$ 70 trilhões em 2008, enqunto sus vends totis superrm US$ 30 trilhões, com gerção de mis de 2 Projeto PIB Book Indusri.indb 2 07/01/2011 11:13:09

77,3 milhões de empregos for de seus píses sedes. Aproximdmente um terço ds exportções mundiis de bens e serviços foi relizdo pels filiis de ETN, que tmbém form responsáveis pel gerção de 10% do produto bruto globl em 2008 (contr 5% em 1982 e 7% em 1990). O processo de interncionlizção produtiv tem se diversificdo em termos de píses de origem e de destinção dos recursos. Em 1990, os fluxos de IDE tinhm bsicmente como origem os píses vnçdos (95%) e se destinvm preponderntemente pr os próprios píses vnçdos (83%). Em 2008, prticipção dos PED umentou tnto do ponto de vist d recepção (36,6%) qunto do ponto de vist d origem (15,8%), com presenç de lgums ETNs de píses emergentes, sobretudo siátics, entre s miores do mundo. Além disso, os fundos de investimento soberno dos PED têm ssumido crescente importânci como investidores externos (UNCTAD, 2008). Aind com bse ns informções d tbel 1.1 outrs tendêncis importntes ssocids o processo de interncionlizção produtiv podem ser destcdos: As txs de crescimento dos fluxos de IDE form miores que o dobro ds txs de crescimento d formção brut de cpitl fixo, utilizd como indicdor d tx gerl de investimento ds economis. ) Um prcel significtiv do IDE tem se ddo trvés de operções de Fusões e Aquisições (F&A), portnto não constituem operções que germ nov cpcidde produtiv, ms tem envolvido elevds soms de recursos, o que reforç importânci d cpcidde finnceir ds empress e s condições de finncimento pr o processo de interncionlizção. A importânci ds operções de F&A tmbém indic intensidde do processo de concentrção interncionl nos diferentes setores de tividde em âmbito globl; b) O mior dinmismo do IDE vis-à-vis à Formção Brut de Cpitl Fixo (FBCF) e prticipção tmbém elevd d modlidde de operções greenfield nos fluxos de IDE pontm pr crescente contribuição do cpitl externo n tx de investimento totl ds economis receptors de IDE; c) As rends remetids o exterior (lucros, dividendos e juros de empréstimos intercompnhis) têm crescido junto com os fluxos e estoques de IDE e germ impctos significtivos, qundo somdos os fluxos de comércio exterior, sobre s trnsções externs ds economis. Esses ddos revelm inequivocmente um umento no gru de interncionlizção d economi mundil e expnsão ds tividdes ds grndes corporções trnsncionis. Porém, é importnte ressltr que os números presentdos não refletem pens mudnçs quntittivs. Por trás dos ddos esttísticos estão trnsformções qulittivs relcionds à reorgnizção dos oligopólios mundiis. 1 Indústri Mundil: Mudnçs e Tendêncis Recentes 3 Book Indusri.indb 3 07/01/2011 11:13:10

TABELA 1.1 Indicdores seleciondos de IDE e interncionlizção produtiv, 1982-2008 (em US$ bilhões correntes) Indicdores Seleciondos 1982 1990 2004 2007 2008 1982-2004 2004-2008 1982-2008 (%) (%) (%) (%) (%) em % em % em % IDE recebido 58 207 711 1.979 1.697 12,1 24,3 13,9 IDE relizdo 27 239 813 2.147 1.858 16,7 23,0 17,7 Estoque de IDE recebido 790 1.942 9.545 15.660 14.909 12,0 11,8 12,0 Estoque de IDE relizdo 579 1.786 10.325 16.227 16.206 14,0 11,9 13,7 Rend do IDE recebido 44 74 562 1.182 1.171 12,3 20,1 13,5 Rend do IDE relizdo 46 120 607 1.252 1.273 12,4 20,3 13,6 Aquisições e Fusões (F&A) 112 381 1.031 673 15,3 Vends de filiis estrngeirs 2.530 6.026 20.986 31.764 30.311 10,1 9,6 10,0 Produto bruto de filiis estrngeirs 623 1.477 4.283 6.295 6.020 9,2 8,9 9,1 Ativos totis ds filiis estrngeirs 2.036 5.938 42.807 73.457 69.771 14,8 13,0 14,6 Exportções de filiis estrngeirs 635 1.498 3.733 5.775 6.664 8,4 15,6 9,5 Emprego de filiis estrngeirs (em mil) 19.864 24.476 59.458 80.396 77.386 5,1 6,8 5,4 Formção Brut de Cpitl Fixo (FBCF) 2.795 5.099 8.700 12.399 13.824 5,3 12,3 6,3 PIB globl (preços correntes) 11.963 22.121 40.960 55.114 60.780 5,8 10,4 6,5 Exportção mundil 2.395 4.414 11.196 17.321 19.990 7,3 15,6 8,5 4 Projeto PIB Book Indusri.indb 4 07/01/2011 11:13:10

TABELA 1.1 Indicdores seleciondos de IDE e interncionlizção produtiv, 1982-2008 (em US$ bilhões correntes) (cont.) Indicdores Seleciondos 1982 1990 2004 2007 2008 1982-2004 2004-2008 1982-2008 (%) (%) (%) (%) (%) em % em % em % F&A/IDE recebido 54,1 53,6 52,1 39,7 13,9 F&A/IDE relizdo 46,9 46,9 48,0 36,2 10,6 Rend/IDE recebido 75,9 35,7 79,0 59,7 69,0 3,2 10,0 6,9 Rend/IDE relizdo 170,4 50,2 74,7 58,3 68,5 95,7-6,1 101,9 Rend/estoque IDE recebido 5,6 3,8 5,9 7,5 7,9 0,3 2,0 2,3 Rend/estoque IDE relizdo 7,9 6,7 5,9 7,7 7,9 2,1 2,0 0,1 Rend IDE recebido/ativos 2,2 1,2 1,3 1,6 1,7 0,8 0,4 0,5 Rend IDE relizdo/ativos 2,3 2,0 1,4 1,7 1,8 0,8 0,4 0,4 Produto ETN/Produto globl 5,2 6,7 10,5 11,4 9,9 5,2 0,6 4,7 Exportção ETN/Exportção globl 26,5 33,9 33,3 33,3 33,3 6,8 0,0 6,8 Exportção ETN/Vends ETNs 25,1 24,9 17,8 18,2 22,0 7,3 4,2 3,1 IDE recebido/fbcf 2,1 4,1 8,2 16,0 12,3 6,1 4,1 10,2 IDE relizdo/fbcf 1,0 4,7 9,3 17,3 13,4 8,4 4,1 12,5 IDE recebido/exportção ETN 9,1 13,8 19,0 34,3 25,5 9,9 6,4 16,3 IDE relizdo/exportção ETN 4,3 16,0 21,8 37,2 27,9 17,5 6,1 23,6 Fonte: UNCTAD-WIR, 2008. Elborção Pojeto PIB. 1 Indústri Mundil: Mudnçs e Tendêncis Recentes 5 Book Indusri.indb 5 07/01/2011 11:13:10

Esss trnsformções estão ssocids à doção, por prte ds grndes corporções mundiis, de estrtégis bstnte diferentes dquels utilizds no período de interncionlizção produtiv observds no período do imedito pós-guerr, e que se refletirm em um intenso processo de deslocmento d tividde industril pr os píses periféricos. No entnto, o entendimento dos elementos que estão n origem desse processo deve pssr necessrimente pels trnsformções econômics ocorrids no cenário mundil pós Segund Guerr Mundil. É prtir ds mudnçs engendrds nquele período que se pode compreender de mneir mis precis o movimento posterior. Em primeiro lugr, é importnte lembrr que ordem econômic d chmd er de ouro foi mrcd pel busc por crir mecnismos e instituições cpzes de propicir crescimento econômico e estbilidde ns relções interncionis. Entretnto, como ressltm Belluzzo (1995) e Serrno & Medeiros (1999), de fto, foi estrtégi geopolític norte-mericn de respost o desfio d União Soviétic e su áre de influênci, que grntiu o sucesso ds polítics de recuperção dos lidos n Europ e n Ási. Além d jud diret, liquidez mundil pôde fluir prtir dos Estdos Unidos trvés d bertur do mercdo norte-mericno às importções desss regiões e do investimento direto ds grndes empress estdunidenses. Vle lembrr ind tolerânci observd em relção às polítics de subsídio às exportções e proteção o mercdo interno em relção os produtos norte-mericnos. Nesse contexto, s polítics ncionis de inspirção keynesin pr promoção do crescimento d rend e do emprego puderm florescer, tendo como resultdo não pens txs elevds de crescimento, ms tmbém redução do gp de produtividde com economi líder em vários setores. Os fluxos de investimento direto n décd de 1950 e 1960 estiverm ssocidos à trnsncionlizção ds grndes corporções norte-mericns em direção à Europ e à periferi, onde s txs de crescimento erm superiores às d economi dos Estdos Unidos, expndindo s fronteirs de cumulção pr lém do mercdo interno que, mesmo sendo de proporção continentl, er incpz de dr vzão os lucros cumuldos. 1 Ao mesmo tempo, s grndes corporções Europeis e Jponess tiverm condições de regir à penetrção ds empress mericns, prtir de um prque tecnológico renovdo, de um mercdo em crescimento e de polítics tivs de poio à penetrção em mercdos externos. As empress europeis, principlmente, puderm inclusive mimetizr estrtégi de interncionlizção ds grndes multincionis mericns, investindo diretmente tnto nos 1 Como destcrm Coutinho & Belluzo (1980), interncionlizção nesse período funcionou como um bloco de inovção tecnológic concentrd, expndindo e dndo vzão o potencil de cumulção ds empress mericns. 6 Projeto PIB Book Indusri.indb 6 07/01/2011 11:13:10

Estdos Unidos qunto nos píses periféricos. As empress jponess, por su vez, form muito mis gressivs n expnsão comercil, conseguindo elevr de mneir consistente penetrção em mercdos e indústris importntes, principlmente nos Estdos Unidos. Dess form, concorrênci entre s grndes corporções pssou ocorrer crescentemente no âmbito interncionl, crindo rivliddes oligopolists que ultrpssvm s fronteirs ncionis. Configurv-se, ssim, um form de competição denomind por Porter (1986) de multidoméstic. Ou sej, concorrênci trvd no plno interncionl nesse período se trduzi n reprodução ds rivliddes dentro de cd mercdo ncionl, o que signific dizer que o espço de confronto entre s multincionis er, em grnde prte, limitdo os mercdos ncionis, embor os competidores interncionis em cd mercdo fossem quse sempre os mesmos. Do ponto de vist d estrutur industril, esse movimento de trnsbordmento do pdrão de produção e consumo estdunidense pr o resto do mundo ns décds de 1950 e 1960 trduzi-se n lidernç setoril d metlmecânic e d químic, em especil nos rmos mis diretmente relciondos os bens de consumo duráveis. Em termos tecnológicos, trtou-se d difusão de um pdrão reltivmente estável, cuj bse técnic remontv ind d Segund Revolução Industril. No entnto, combind com disposição polític de mnter em crescimento rend e o emprego, su difusão possibilitou o proveitmento de enormes economis de escl, tnto n produção como n comercilizção. Embor ess conjuntur interncionl tenh possibilitdo o movimento de industrilizção em lguns píses d periferi, notdmente Brsil e Corei do Sul, é possível firmr que o movimento de expnsão industril e seu processo de interncionlizção e cirrmento d concorrênci nesse período ocorrerm fortemente concentrdo n Tríde. Porém, s bses de sustentção desse rrnjo político e econômico começrm mostrr desgste prtir d crescente perd de competitividde dos Estdos Unidos pr novos competidores, principlmente Jpão e Alemnh. O finl d décd de 1960 e o início d décd de 1970 ssistirm um crescente questionmento do ppel do dólr enqunto moed reserv do sistem. O bndono ds txs fixs em 1973 não foi cpz de recuperr competitividde norte-mericn e credibilidde do dólr, introduzindo instbiliddes cmbiis crescentes, o que terminou por resultr no choque de juros em 1979 como mecnismo último pr recuperr supremci d moed mericn. Do ponto de vist finnceiro, o sistem reguldo típico de Bretton-Woods foi pssndo por um pultin quebr ds mrrs vigentes. O surgimento de operções finnceirs interncionlizds no Euromercdo permitiu reciclgem dos dólres que resultvm do déficit norte-mericno e que supervm demnd 1 Indústri Mundil: Mudnçs e Tendêncis Recentes 7 Book Indusri.indb 7 07/01/2011 11:13:10

dos gentes econômicos e ds utoriddes monetáris no estrngeiro, reforçdos prtir de 1973 com plicção dos píses exportdores de petróleo. 2 A mudnç n polític monetári mericn em 1979, porém, celerou promoção de polítics de desregulmentção e inovções finnceirs o redor do globo, intensificndo os movimentos de securitizção e de circulção finnceir, de mneir crescente, independentemente do finncimento d produção de bens e serviços. Do ponto de vist distributivo, o cordo pr reprtição dos gnhos de produtividde tmbém foi sendo solpdo, resultdo d volt d inflção e d mior instbilidde ns txs de crescimento e n lucrtividde ds corporções, o que terminou por reduzir os próprios gnhos de produtividde, cirrndo o conflito distributivo. A desestruturção ds condições que hvim grntido o ciclo de crescimento d er de ouro e s mudnçs n ordem econômic mundil observds prtir dos nos 1970 suscitrm um profundo processo de reestruturção ns grndes corporções. As grndes empress trnsncionis se virm dinte do desfio de reforçr e sustentr vntgens competitivs dinte de um novo mbiente de cirrmento d concorrênci e de mior instbilidde e voltilidde mcroeconômic, com bixs txs de crescimento ns principis economis centris. A necessidde de construir tivos intngíveis cpzes de lvncr gnhos monopólicos recebeu, ssim, um novo impulso. A busc de cpcitção pr inovção em produtos e processos e o umento em gstos de Pesquis e Desenvolvimento (P&D) deu origem um celerção n mudnç tecnológic, com intens difusão ds tecnologis de informção e comunicção. A estbilidde tecnológic do período nterior foi rompid, em especil trvés do umento do peso do complexo eletrônico n indústri mundil. Embor questão d inovção tenh sido mis enftizd, o desenvolvimento de outros tivos intngíveis tmbém pssou receber crescente tenção: diferencição de produtos, vntgens orgnizcionis, qulificção e experiênci d mão de obr, ptentes, mrcs e mrketing etc. Isso significou esforço dicionl e um necessidde muito mior de comprometimento de recursos pr enfrentr competição prtir de então, justmente em um situção de mior voltilidde e incertez qunto o crescimento d demnd e outrs vriáveis mcroeconômics. Vle lembrr ind que esss mudnçs ocorrerm em prlelo às trnsformções engendrds pel globlizção finnceir n form de vlição d riquez. 2 Importnte destcr que, do ponto de vist dos píses periféricos, bundânci de liquidez n décd de 1970 se trduziu em crédito frto, permitindo o ciclo de endividmento e continuidde ds estrtégis de industrilizção. Ao mesmo tempo, o choque de juros e os seus efeitos sobre os píses devedores d periferi deu início um processo de estgnção, em especil n Améric Ltin. 8 Projeto PIB Book Indusri.indb 8 07/01/2011 11:13:11

Como destcdo por Brg (1997), esss mudnçs resultrm em um brutl elevção n escl ds operções monetário-finnceirs interncionis, ms tmbém, e principlmente, n flexibilizção temporl ds relções débito/credito e ds posições tivs/pssivs, tornndo mis reversíveis s decisões cpitlists. Ao mesmo tempo, profundidde e liquidez dos mercdos finnceiros, lids à crescente prticipção de investidores institucionis, crretrm um processo de vlições constnte ds plicções de cpitl. Do ponto de vist ds corporções não finnceirs, ess mudnç significou, de cordo com Lzonick & O Sullivn (2000), pssgem de estrtégis do tipo reter e reinvestir, típics do período d er de ouro, pr estrtégis do tipo rcionlizr e distribuir, no bojo d difusão do conceito de mximizção do shreholder vlue, como form idel de governnç corportiv. Nos termos de Crotty (2002), teri ocorrido um mudnç fundmentl no sistem finnceiro, d pciênci crcterístic dos mercdos de crédito reguldos pr impciênci típic dos mercdos de cpitis, crretndo um encurtmento no horizonte temporl dos gentes. Observ-se, ssim, um contexto de cirrmento d concorrênci, onde s grndes empress pssrm enfrentr um situção em que cumulção de vntgens específics e o comprometimento de recursos pr construção desss vntgens tornou-se mis premente, o mesmo tempo em que umentou preocupção em rcionlizr, gnhr mior flexibilidde e grntir retorno elevdo e rápido prtir do uso desses tivos, tnto em rzão d menor previsibilidde ns condições de demnd e ds vriáveis mcroeconômics, qunto pel influênci do escrutínio constnte do mercdo finnceiro. O impulso verificdo prtir d décd de 1980 no gru de interncionlizção ds grndes corporções mundiis e form como expnsão ocorreu estiverm, portnto, ssocidos à busc pelo desenvolvimento de tivos cpzes de propicir ssimetris concorrenciis, com rcionlizção de recursos e diminuição de sunk-costs, concomitntemente à necessidde de encontrr novos espços de cumulção, de mneir umentr cptur de quse-rends ssocids esses mesmos tivos. Vários dos movimentos estrtégicos crcterísticos ds grndes empress nesse período podem ser interpretdos prtir dess lógic: movimentos intensos de fusões e quisições, extensiv utilizção de cordos de colborção tecnológic e de P&D entre concorrentes, o estreitmento ns relções e mior intertividde com clientes e fornecedores, o redirecionmento e concentrção de esforços ns áres considerds core-business com vends de áres considerds não estrtégics, externlizção de tividdes produtivs nteriormente integrds verticlmente, entre outrs. 1 Indústri Mundil: Mudnçs e Tendêncis Recentes 9 Book Indusri.indb 9 07/01/2011 11:13:11

Entretnto, o specto mis importnte pr o rgumento que vem sendo desenvolvido é que esse processo resultou em um trnsformção fundmentl n form de operção interncionl ds grndes corporções mundiis. Impulsionds, de um ldo, pelo novo contexto concorrencil e, de outro, pels mudnçs ns condições do mcrombiente interncionl liberlizção crescente dos fluxos de comércio e de cpitl, desregulmentção finnceir, surgimento de novs tecnologis de informção s grndes corporções gnhrm liberdde mior pr se expndir e o mesmo tempo reorgnizr o conjunto de sus operções interncionis. Se no período de concorrênci multidoméstic cdei de vlor d corporção er em grnde prte reproduzid em cd locl de implntção, o que signific dizer que s váris etps produtivs e funções corportivs erm replicds em cd pís, com expnsão e rcionlizção dess estrutur, cdei de vlor pssou ser frgmentd com um especilizção mior ds tividdes relizds em cd pís ou região. A estrutur de recursos estbelecid nteriormente foi rcionlizd, de mneir proveitr economis de escl e escopo possibilitds pel gestão de tividdes produtivs geogrficmente disperss. Pssou ser comum, portnto, hver filiis mis especilizds e responsáveis por fornecer componentes ou um determind linh de produtos pr o restnte d rede em um determind região ou mesmo globlmente, ficndo responsável inclusive por funções corportivs ssocids ess linh (UNCTAD, 1995). Ao mesmo tempo, frgmentção e dispersão d cdei de vlor pssrm ser orgnizds de mneir envolver crescentemente diferentes firms em diferentes píses, intergindo, portnto, com s polítics e estrtégis de desenvolvimento dotds por esses píses, ms coordends pels grndes corporções líderes, n medid em que váris tividdes nteriormente controlds verticlmente pssrm ocorrer de mneir externlizd. Como destcm os trblhos de Sturgeon (2002), Borrus & Zysmn (1997) e Ernst (1997), embor ess mudnç tenh sido verificd em váris indústris, el foi mis intens nqueles setores onde é possível seprr tecnicmente s váris etps do processo produtivo e o mesmo tempo o vlor unitário dos produtos é elevdo em relção seu peso em cd etp, como é o cso do complexo eletrônico e têxtil e vestuário. As empress desses setores, em especil s empress mericns, pssrm externlizr crescentemente s tividdes de mnufturs pr empress especilizds em fornecer um conjunto de serviços ssocidos o processo de fbricção. Esss empress, por su vez, tornrm-se responsáveis por coordenr um conjunto de fornecedores de subsistems, peçs e componentes. As empress fornecedors de serviços de mnuftur puderm umentr incrivelmente escl de produção, um vez que pssrm prestr serviços vários 10 Projeto PIB Book Indusri.indb 10 07/01/2011 11:13:11

clientes. Por outro ldo, s empress contrtntes concentrrm seus recursos no desenvolvimento de tivos-chves, como o design e desenvolvimento de produtos, definição de pdrões de interfce e fixção de mrcs, reduzindo o mesmo tempo os custos fixos internos e gnhndo mior flexibilidde. Dess form, o processo de produção pssou ocorrer sob form de um rede interncionl integrndo diferentes píses e diferentes empress, relizndo etps d cdei de vlor sob coordenção ds grndes corporções, que gerencim sus própris filiis e s demis empress d rede 3 com o objetivo de obter o máximo de retorno pr o conjunto ds sus tividdes. Vle lembrr, ind, que conformção ds redes de produção em nível interncionl conteceu de mneir hierrquizd e seletiv (Furtdo, 2003; Enciso, 2005). Hierrquizd porque cpcidde de proprição do vlor crido pelo conjunto ds operções é diferencid. A própri lógic dos sistems interncionis de produção incorpor questão ds ssimetris entre os diferentes elos d cdei de vlor. Em um extremo estão s empress que detêm poder de comndo sobre cdei, justmente por serem proprietáris de um conjunto de tivos que permitem esss empress cpturr grnde prte d quse-rend crid (cpcitções tecnológics, orgnizcionis, de mrketing/comercilizção e de definição dos pdrões dominntes). No entnto, vibilizção d crição de vlor no conjunto d rede supõe que no outro extremo estejm s empress que relizm s funções mis periférics, responsáveis por etps pdronizds e definids pelos elos superiores d cdei. A relizção desss etps não necessit obvimente do domínio dos mesmos tivos intngíveis definidos nteriormente e, por isso mesmo, signific um prticipção muito menor n proprição do totl do vlor crido. Entre os dois extremos podem se loclizr outrs empress com o domínio de cpcitções intermediáris (por exemplo, s empress denominds ODM Originl Design Mnufcturing), que, lém ds tividdes típics de serviços de mnuftur, possuem cpcitção pr o desenvolvimento de design próprio de produtos inteiros ou componentes. A seletividde no processo está ssocid o fto de que loclizção ds diferentes etps nos diferentes píses ou regiões contece buscndo explorr os elementos fundmentis em cd etp. Enqunto s etps nucleres tendem se loclizr nos píses centris, s demis etps pssm ser relizds nos PED. A hierrquizção que se observ no nível ds firms cb se reproduzindo no nível dos píses. 3 Esse processo pssou precer recorrentemente n litertur com diferentes denominções: Rede Globl de Produção (Borrus & Zysmn, 1997) Produção Interncionl Comprtilhd (Yets, 1998), Sistems Interncionis de Produção (UNCTAD, 2002), Frgmentção e Desintegrção d Produção (Feenstr, 1998). 1 Indústri Mundil: Mudnçs e Tendêncis Recentes 11 Book Indusri.indb 11 07/01/2011 11:13:11

perspectivs do investimento n indústri Dess form, intensificção d concorrênci entre s grndes corporções mundiis e form como ests pssrm orgnizr cdei de vlor o redor do globo condicionrm s tividdes produtivs relizds pelos píses vnçdos e n periferi industrilizd e, por consequênci, o pdrão de inserção comercil desss economis. Se, no período nterior, em que s grndes corporções orgnizvm sus operções em cd pís de mneir reltivmente independente ds operções nos demis píses, o impcto sobre os fluxos de comércio er limitdo; no pdrão tul, é d própri lógic concorrencil reorgnizr s cdeis de produção e comercilizção com dispersão geográfic e especilizção crescente, implicndo necessrimente trnsformções estruturis nos pdrões de produção e comércio dos píses onde esss empress locm s váris etps de su cdei de vlor. 4 Finlmente, vle destcr que embor ess mudnç n lógic concorrencil ds grndes corporções tenh resultdo, como será visto no item seguinte, em intens desconcentrção geográfic n produção industril, el não significou um desconcentrção ns estruturs de mercdo. Pelo contrário, foi compnhd de um crescente concentrção e centrlizção em termos de cpcidde de comndo sobre tivos, recursos produtivos e conhecimento, porém, gor, diferentemente do período nterior, sem necessrimente ter que montr um estrutur verticlmente integrd, incorporndo ssim novs regiões do globo de mneir seletiv. A própri trnsncionlizção pssou se constituir em um elemento centrl ns estrtégis de cumulção ds grndes corporções. Se pr s grndes trnsncionis cpcidde de operr em vários mercdos e cpturr s rends ds tividdes mis nobres d cdei de vlor pssou ser um determinnte fundmentl d competitividde, pr s empress que estão loclizds ns etps periférics e se mntêm operndo em pens um mercdo ncionl com um gru de interncionlizção insuficiente pr lvncr sus cpcitções competitivs são muito miores s dificulddes de vnço ou mesmo de defes ds posições já conquistds. O processo de fusões e quisições, visto pel ótic ds empress comprdors, resultou do reconhecimento d necessidde de operr em todos os mercdos relevntes com o propósito de se mnter como um prticipnte tivo dentro do processo competitivo mundil. Porém, n perspectiv ds empress dquirids, s fusões e quisições nscem ds dificulddes crids pelo novo contexto 4 Como será discutido de form mis profundd nos Cpítulos 3 7, s mudnçs processds no âmbito d cdei globl de vlor, em decorrênci d reorgnizção do pdrão de produção ds ETN, tingirm quse todos os sistems produtivos nlisdos (Eletrônico, Mecânico, Bens Slário, Agronegócio e Insumos Básicos), embor com intensiddes diferentes, condicionndo o pdrão de concorrênci, de investimento e de inserção interncionl. 12 projeto PIB PIB industri-001.indd 12 11/01/2011 18:37:39

concorrencil. Ou sej, nesse novo contexto, s empress com tivos produtivos, comerciis e tecnológicos menos desenvolvidos, ou com tivos relevntes, ms sem escl necessári pr proteger e explorr tis tivos pr lém do mercdo locl, correm o risco de incorporção pelos membros mis fortes do oligopólio. Como será borddo n seção seguir, esse movimento intergiu com s polítics e estrtégis dos píses periféricos, resultndo em diferentes forms de inserção, tnto comercil qunto produtivo. Embor tenh ocorrido crescente prticipção dos PED no produto industril globl, refletindo reorgnizção ds tividdes ds grndes corporções dos píses industrilizdos, o resultdo em termos de cpcidde de gerr desenvolvimento industril e econômico foi diferente pr os diferentes píses e regiões. 1.2 Pdrão Assimétrico de Inserção Produtiv e Comercil dos PED A rgumentção desenvolvid n seção nterior buscou mostrr que, frente às mudnçs ns condições d economi mundil, s ETN reorgnizrm su cdei de produção e de vlor interncionlmente, provocndo impctos crescentes sobre o volume, direção e o conteúdo dos fluxos de investimento, de produção e de comércio mundil. Porém, s economis em desenvolvimento se inserirm nesse processo de forms distints, prtir de diferentes estrtégis ncionis, o que se refletiu em diferentes pdrões de desenvolvimento industril. Est seção tent demonstrr que embor de mneir gerl os PED tenhm mplido su prticipção no produto industril globl e ns exportções de mnufturdos e tenhm pssdo por lterções qulittivs ns puts de produção e de exportção, com crescente prticipção de produtos de mior intensidde tecnológic, esse movimento foi bstnte ssimétrico. Enqunto os píses do Leste Asiático presentrm desempenho produtivo e exportdor bstnte fvorável, no cso d Améric Ltin o produto industril perdeu prticipção e o desempenho exportdor foi pens modesto. Mesmo dentro de cd região, s estrtégis de desenvolvimento industril e extensão ds polítics de poio o desenvolvimento industril form bstnte diferentes. De cordo com vários utores (Lll, 2000; Mortimore et l., 2001; UNCTAD, 2002 e 2002b), s estrtégis de tução ds grndes corporções e su reorgnizção globl precem como elementos fundmentis pr interpretr o processo de crescimento e diversificção d produção e do comércio exterior dos píses, em especil dos PED. O movimento de reorgnizção ds cdeis produtivs interncionis comndds pels ETN menciondo nteriormente, combindo com 1 Indústri Mundil: Mudnçs e Tendêncis Recentes 13 Book Indusri.indb 13 07/01/2011 11:13:11