A Difícil Reforma Tributária

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Transcrição:

A Difícil Reforma Tributária Apresentação para o IFHC Bernard Appy Abril de 2018

Introdução O que é um bom sistema tributário? 2 As características de um bom sistema tributário estão bem estabelecidas na literatura Simplicidade para os contribuintes Neutralidade, de modo a não prejudicar a organização eficiente da produção Transparência, para que os contribuintes saibam quanto pagam de impostos Equidade horizontal e vertical Um bom sistema tributário também deve deixar pouca margem para a evasão

Introdução Distorções do Sistema Tributário 3 O sistema tributário brasileiro não tem nenhuma das características de um bom sistema tributário Distorções alocativas (falta de neutralidade) Iniquidades distributivas injustificáveis Elevada litigiosidade (custo para as empresas e insegurança jurídica) Grande complexidade e custo de conformidade Falta de transparência Tensões federativas

Introdução Agenda de reformas 4 A agenda de reformas do modelo brasileiro de tributação é ampla e envolve várias áreas Tributos sobre bens e serviços agenda mais importante para a produtividade e para a redução das tensões federativas Tributos sobre a renda agenda distributiva Tributos sobre a folha formalização Regimes simplificados correção de distorções Processo administrativo fiscal (e relação fisco/contribuinte) segurança jurídica

5 Tributos sobre bens e serviços

Tributos sobre bens e serviços Modelo atual 6 O Brasil possui cinco tributos gerais sobre bens e serviços Base fragmentada entre os entes federativos Multiplicidade de benefícios fiscais, regimes especiais e alíquotas efetivas Tributação na origem (ICMS e ISS) Cumulatividade Indústria Comércio Serviços Agropecuária Construção Civil Padrão de incidência tributária setorial IPI ICMS ISS Ñ Cumul. PIS/Cofins Cumul

Tributos sobre bens e serviços Distorções do modelo atual 7 O modelo brasileiro de tributação de bens e serviços tem uma série de impactos negativos Grandes distorções na organização da produção Prejuízo às exportações e investimentos (cumulatividade e tributação na origem) Tensões federativas (tributação na origem e fronteira ICMS/ISS) Absoluta falta de transparência (prejudicando a responsabilidade política) Principal responsável pelo custo de compliance e pelo contencioso tributário

Tributos sobre bens e serviços O que pode ser feito? 8 Tais problemas não existiriam se o Brasil tivesse um bom imposto sobre o valor adicionado (IVA), cujas características estão bem estabelecidas na literatura Base ampla de bens e serviços Crédito amplo e ressarcimento tempestivo de créditos Desoneração de exportações e investimentos Cobrança no destino É impossível migrar para um bom IVA mantendo os tributos atuais O custo político de uma reforma fatiada (incompleta) pode ser tão grande quanto o de uma reforma ampla

Tributos sobre bens e serviços Vantagens do IVA 9 O IVA é um imposto sobre o consumo cobrado ao longo da cadeia de produção e comercialização, cuja incidência independe da forma de organização da produção Exemplo de incidência de um IVA IVA não cumulativo Valor da Alíquota Débito Crédito Imposto venda (A) (B) (C= A*B) (D) devido (C-D) Etapa 1 100 10% 10 10 Etapa 2 200 10% 20 10 10 Produto final 400 10% 40 20 20 Tributação total 40

Proposta CCiF Introdução 10 Dada a dificuldade de reformar o sistema atual, propomos a criação de um novo imposto (no modelo IVA e baseado nas melhores práticas internacionais), que substituiria progressivamente cinco tributos PIS/Cofins/IPI/ICMS/ISS Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) O modelo seria complementado por um imposto seletivo, federal, com incidência monofásica sobre bens e serviços com externalidades negativas (como fumo e bebidas)

Alíquota Proposta CCiF Transição 11 20% 15% Edição 10% Teste Transição 5% 0% 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Anos PIS/Cofins ICMS ISS IPI IBS

Proposta CCiF Características gerais 12 Principais características do IBS Incidência não-cumulativa sobre base ampla de bens e serviços, inclusive intangíveis Desoneração completa das exportações Crédito integral e imediato para investimentos Crédito amplo sobre todos os bens e serviços utilizados na atividade empresarial Ressarcimento tempestivo de créditos (60 dias) Incidência sobre o preço líquido de tributos Arrecadação centralizada

Proposta CCiF Alíquota e regimes especiais 13 O CCiF entende que o IBS deveria ter apenas uma alíquota, a exemplo dos melhores IVAs do mundo - Proposta é politicamente complexa, mas benefícios são grandes (menor complexidade, redução da elisão e do contencioso e maior transparência) - O fato de um setor ser menos tributado hoje não é motivo suficiente para alíquota menor no IBS - A redução da alíquota para qualquer setor implica em alíquota mais elevada para os demais O IBS deve ter o mínimo de regimes especiais - Substituição tributária limitada a poucos casos

Proposta CCiF Extrafiscalidade 14 O objetivo do IBS deve ser o de arrecadar Outros objetivos de políticas públicas podem ser alcançados de forma mais eficiente através de outros instrumentos (como recursos orçamentários) - Sociais (e.g. desoneração da cesta básica) - Regionais (e.g. Zona Franca de Manaus) - Setoriais

Proposta CCiF Estados e Municípios 15 Os estados e municípios teriam autonomia na fixação de sua parcela da alíquota do IBS - Alíquota poderia ser fixada acima ou abaixo da alíquota de referência (que é a que garante a manutenção da receita total do ICMS e ISS) - Operações interestaduais e intermunicipais: alíquota do destino Distribuição da receita, após transição, seria proporcional ao consumo (princípio do destino) - Distribuição seria feita com base no imposto apurado por estado/município, ajustado pelas transações interestaduais/intermunicipais

Proposta CCiF Estados e Municípios 16 Transição na distribuição federativa da receita seria feita ao longo de 50 anos - Nos primeiros 20 anos apenas o crescimento real da receita seria distribuído pelos novos critérios - Nos 30 anos seguintes haveria convergência para os novos critérios de distribuição da receita Redução das desigualdades exige reforço da Política de Desenvolvimento Regional - Ideal seria a aplicação em mecanismos eficientes de redução das desigualdades regionais, como infraestrutura e qualificação de trabalhadores

Proposta CCiF Estados e Municípios 17 108% 106% 104% 102% 100% 98% 96% 94% 92% 90% 88% Exemplo para estado "perdedor" 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Anos a partir do início da transição Sem ajuste Com ajuste Ajuste e crescimento Sem reforma

Proposta CCiF Alíquota e distribuição da receita 18 Alíquota do IBS (percebida pelo contribuinte) seria soma de várias alíquotas singulares: - Federais, correspondentes às destinações atuais do PIS, Cofins e IPI - Estaduais (destinações atuais do ICMS) - Municipais (destinações atuais do ISS) Alíquotas singulares poderiam ser alteradas por lei da respectiva unidade federada (observadas algumas restrições) - Modelo reduz muito a rigidez orçamentária - Maior transparência para os contribuintes

Proposta CCiF Alíquota e distribuição da receita 19 Alíquota Singular Tributo Atual Gerenciável pela União 9,2% Parcela Federal Livre 2,90% PIS/Cofins/IPI Seguridade Social 4,63% Cofins FAT - Seg. Des. e Abono 0,58% FAT - BNDES 0,39% PIS Fundos Regionais 0,04% Parcela Estadual Educação 0,09% Saúde 0,04% Livre 0,22% IPI Parcela Municipal Educação 0,08% Saúde 0,05% Livre 0,20%

Proposta CCiF Alíquota e distribuição da receita 20 Alíquota Singular Gerenciável pelos Estados 13,8% Parcela Estadual Educação 2,58% Saúde 1,24% Livre 6,51% Parcela Municipal Educação 0,86% Saúde 0,52% Livre 2,07% Gerenciável pelos Municípios 2,0% Parcela Municipal Educação 0,50% Saúde 0,30% Livre 1,21% Total 25,00% Tributo Atual ICMS ISS

Proposta CCiF Legislação, Fiscalização e Contencioso 21 Mudança depende de Emenda Constitucional Legislação e regulamento: nacionais Cobrança e Fiscalização: coordenada e uniformizada entre União, estados e municípios - Interpretação/consulta: órgão com representantes dos fiscos das três esferas de governo Contencioso administrativo - Primeira instância: estadual - Segunda instância (harmonizadora): nacional Contencioso judicial: federal

Proposta CCiF Interação com o SIMPLES 22 Empresas do SIMPLES teriam duas opções - Manter o regime atual, sem apropriação ou transferência de créditos - Adesão integral ao IBS, com redução da alíquota do SIMPLES correspondente aos cinco tributos substituídos pelo IBS Para as empresas do lucro presumido seria aplicado o regime normal do IBS Simplicidade do imposto pode permitir o lançamento de ofício para MPEs

Proposta CCiF Comentários finais 23 Proposta do CCiF não é um modelo fechado, mas uma contribuição para o debate sobre a reforma tributária Benefícios da mudança proposta - Melhoria significativa do ambiente de negócios (redução do custo de observância e do contencioso) - Aumento relevante da produtividade e do PIB potencial - Aumento do investimento - Redução do custo - Redução da insegurança jurídica

24 Obrigado! appy@ccif.com.br www.ccif.com.br

25 Outros Tópicos (slides complementares)

26 Tributação da Renda

Tributação da renda Introdução 27 O modelo brasileiro de tributação da renda tem vários problemas Erosão das bases tributárias Falta de isonomia na tributação da atividade econômica Insuficiente progressividade efetiva Complexidade e peso das obrigações acessórias No entanto, o modelo atual também tem características positivas que merecem ser mantidas Sistema dual de tributação da pessoa física Retenção na fonte pelas fontes pagadoras (mas há excessos) Regime diferenciado para pequenos negócios (mas não o atual) Interação eletrônica entre o fisco, fontes pagadoras e contribuintes

Tributação da renda Falta de isonomia e progressividade insuficiente 28 Pefil dos declarantes do IRPF (ano base 2016) Faixas salairias (SM) Quantidade de Declarantes (mil) Total (A) Rendimentos (R$ bilhões) Tribut. Tributáveis Isentos (B) Exclus. Total 28.004 2.745 1.620 281 844 30,7% Até 10 22.274 995 796 64 134 13,5% Mais de 10 até 40 5.050 947 617 84 246 26,0% Mais de 40 até 160 611 419 160 54 205 49,0% Mais de 160 68 385 46 80 259 67,2% Propriet. de empresas 1 2.550 746 169 96 481 64,4% Até 10 1.367 70 33 2 34 48,5% Mais de 10 até 40 863 183 63 12 109 59,2% Mais de 40 até 160 273 201 49 20 131 65,2% Mais de 160 47 293 23 62 208 71,0% Fonte: RFB. (1) Recebedores de lucros e dividendos e sócios e titulares de micro e pequenas empresas. (B)/(A)

Tributação da renda Pessoas físicas 29 O IRPF é o instrumento por excelência para realizar a função redistributiva do sistema tributário No Brasil a função redistributiva do IRFP, e seu potencial de arrecadação, são comprometidos por vários motivos Regimes tributários preferenciais (pejotização) Isenção sobre diversos rendimentos financeiros Incentivos fiscais Categorias de renda que fogem à tributação (ex. auxílios) A utilização plena do regime dual, no qual a renda do trabalho é tributada de forma progressiva e a renda do capital de forma proporcional, resultaria em simplicidade, ampliação da base e maior progressividade efetiva

Tributação da renda Pessoas jurídicas 30 O modelo brasileiro de tributação do lucro prejudica a competitividade do país como polo de investimento Alíquota elevada (34%) em um contexto de acirramento da disputa tributária entre países Problema é parcialmente mitigado pela isenção na distribuição de dividendos e pelo modelo de JCP Modelo de tributação de controladas e coligadas no exterior Grande complexidade (limites elevados para a tributação estimada no Lucro Presumido e no SIMPLES) Em contrapartida, há uma série de possibilidades de redução da base tributável, que geram distorções e perda de arrecadação Excesso de benefícios fiscais (que geram distorções) Tributação das reorganizações empresariais Tratamento de rendimentos pessoais como renda empresarial

Tributação da renda Pessoas jurídicas 31 A reforma da tributação das pessoas jurídicas deveria tratar simultaneamente de todas as distorções Eventual redução da alíquota, acompanhando a tendência internacional, deveria vir acompanhada de medidas de aumento da base tributável, corrigindo distorções Simplificação do IRPJ permitiria reduzir o âmbito da tributação em bases estimadas Unificação IRPJ/CSLL (ou da legislação), tomando cuidado para não aumentar a rigidez orçamentária A mudança provavelmente também exigirá alguma forma de integração entre o IRPJ e o IRPF Imposto recolhido na empresa constitui adiantamento da tributação do sócio/acionista Fechamento de brechas na tributação da renda do trabalho

Tributação da renda Mercado financeiro 32 A tributação de instrumentos financeiros gera muitas distorções Diferenciação por instrumento, destinação dos recursos e prazo, muitas vezes beneficiando aplicadores de alta renda O ideal é a adoção de um regime uniforme aplicado a todos instrumentos de poupança e investimento financeiro Incidência sobre componente real do rendimento deve ser compatível com a tributação das pessoas físicas Retenção pela entidade liquidante na renda variável Manter tributação sobre ganho de capital da PF na realização No agregado, as mudanças na tributação da renda tendem a gerar um aumento de arrecadação, que deveria ser alocado na redução de tributos distorcivos e regressivos

33 Tributos sobre a Folha de Salários

Tributos sobre a folha de salários Distorções 34 A tributação da folha de salários no Brasil é muito elevada para padrões internacionais Financiamento da previdência + penduricalhos Média das contribuições para a seguridade na OCDE: 22,9% Elevada tributação da folha dificulta a formalização de trabalhadores de baixa renda Problema é agravado pela existência de benefícios assistenciais semelhantes aos previdenciários Multiplicidade de regimes de contribuição gera possibilidade de arbitragem e distorções alocativas Contribuição das empresas sobre o valor dos salários que excede o teto do salário de contribuição é um dos principais motivos para a pejotização

Tributos sobre a folha de salários Incidência para uma empresa padrão Contribuições sobre folha (sem FGTS) Mínimo Máximo Empregador (salário integral) 26,3% 31,8% Previdenciárias 20,5% 26,0% INSS Seg. Acid. Trab. 0,5% 20,0% 6,0% Não Previdenciárias Salário Educação Sistema S SEBRAE INCRA Empregado (limitado ao teto Sal. Contrib.) 8,0% 5,8% 2,5% 2,5% 0,6% 0,2% 11,0% Total 34,3% 42,8% Obs. Contribuições incidentes sobra a folha de salários de uma empresa industrial ou comercial típica. A alíquota total se aplica apenas até o teto do salário de contribuição. 35

Tributos sobre a folha de salários Proposta de reforma 36 Idealmente, a solução dos problemas na tributação da folha de salários passa mudanças em três áreas (e inclui alterações nos benefícios previdenciários e assistenciais) a) Baixa renda Criação de um benefício não-contributivo para todo brasileiro com idade para aposentadoria (Renda Básica do Idoso RBI) Valor inicial pode ser SM, mas seria desvinculado do SM Desoneração da parcela de todos os salários equivalente à RBI Desoneração alcançaria contribuição para aposentadoria, mas não contribuição para benefícios de risco exclusivos de trabalhadores formais (ex. auxílio-doença) Custo estimado: R$ 80 bi/ano

Tributação da folha de salários Exemplo de aplicação da proposta 37 Exemplo de contribuição no modelo proposto Salário (R$) Contribuição ao INSS (R$) Alíquota RBI (10%) Acima RBI (30%) Total Efetiva 1.000 100 0 100 10,0% 1.500 100 150 250 16,7% 2.000 100 300 400 20,0% 5.000 100 1.200 1.300 26,0% Exemplo de benefício (hip: salário real R$ 2.000) anos de contribuição 0 10 20 40 Renda Básica Idoso 1.000 1.000 1.000 1.000 Benef. Contributivo 0 250 500 1.000 Total 1.000 1.250 1.500 2.000

Tributos sobre a folha de salários Proposta de reforma 38 b) Alta renda Propõe-se limitar as contribuições previdenciárias (inclusive patronais) ao teto do salário de contribuição Custo estimado: R$ 40 bi/ano c) Penduricalhos Propõe-se que os penduricalhos incidentes sobre a folha sejam cobrados sobre outra base ou eliminados Custo estimado: R$ 38 bi/ano Mudança permitiria um único regime de financiamento da previdência para todos trabalhadores Vinculação explícita entre contribuições e benefícios Exige elevação de outros tributos

39 Regimes Simplificados de Tributação para MPEs

Regimes simplificados Modelo brasileiro 40 Usualmente as empresas são tributada sobre três bases Valor adicionado Lucro Folha de salários O Brasil possui três regimes simplificados de tributação para pequenos negócios, com limites extremamente elevados Lucro Presumido (receita anual < R$ 78 milhões) Lucro e PIS/Cofins tributados sobre o faturamento SIMPLES (receita anual < R$ 4,8 milhões) Substituição das três bases pelo faturamento MEI (receita anual < R$ 81 mil) Valor fixo mensal (próximo a R$ 50,00)

Regimes simplificados Distorções 41 Limites de enquadramento muito elevados Limite para dispensa de registro/isenção do IVA na OCDE: Mediana: US$ 27,5 mil / Máximo: US$ 115 mil Impactos distributivos injustificáveis Favorecimento de negócios com altas margens Tributação dos sócios muito inferior à do trabalho formal Impactos negativos sobre produtividade Indução a formas de organização ineficientes Manutenção de pequenos negócios improdutivos Baixo (ou nulo) impacto sobre formalização Há razões para que pequenos negócios tenham tributação simplificada, mas modelo brasileiro gera muitas distorções

Regimes simplificados Favorecimento de negócios com altas margens 42 Tributos (% do valor adicionado) 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 10 50 90 130 170 210 250 290 Receita mensal (R$ mil) SIMPLES 25% SIMPLES 50% LR 25% LR 50%

Regimes simplificados Impacto distributivo 43 Exemplo de incidência tributária para prestador de serviços 1 Empregado 2 Sócio de empresa L. Presumido Simples 3 A. Valor do serviço prestado 30.000 30.000 30.000 B. Tributos pagos pela empresa 9.792 4.614 2.580 Tributos Exceto folha 4 2.861 3.485 2.580 Folha (exceto FGTS) 5.315 1.129 FGTS 1.617 C. Tributos pagos pela pessoa física 5.138 1.133 1.133 INSS empregado/conta própria 621 621 621 IRPF (retido na fonte) 4.517 512 512 D. Remuneração líquida (A-B-C) 15.070 24.253 26.287 E. Total tributos pagos (B+C) 14.930 5.747 3.713 Notas: (1) Valores consideram como custo para a empresa apenas a remuneração do empregado/sócio e os tributos. (2) Empresa do lucro real (supõe-se que a empresa não tem lucro). (3) Considera-se a incidência com base no Anexo III da Lei Complementar 123/2006. (4) Supõe-se pagamento de ISS por valor fixo trimestral, com base na legislação do Município de São Paulo.

Regimes simplificados Proposta de reforma 44 A mudança mais importante para racionalizar os regimes simplificados é simplificar o regime normal de tributação Permitiria reduzir limites de enquadramento Tributação do valor adicionado Adotar o padrão mundial de isenção ou dispensa de registro para negócios muito pequenos Talvez tributação com base na margem bruta para maiores Tributação da renda Tributação presuntiva com base na margem bruta (empresas menores) ou regime de caixa (empresas maiores) Tributação da folha Proposta apresentada permitiria regime universal para todas as empresas (inclusive o MEI)

Tributação da Propriedade 45

Tributação da propriedade Modelo atual 46 Impostos incidentes sobre o estoque de propriedade IPTU (imóveis urbanos) municipal Problema: dificuldade em atualizar plantas de valores e cobrança por pequenos municípios ITR (imóveis rurais) federal/municipal Problema: mistura entre finalidade fiscal e extrafiscal (política fundiária) e baixa arrecadação IPVA (veículos automotores terrestres) estadual Impostos incidentes sobre a transferência de propriedades ITCMD (heranças e doações) - estadual Alíquota máxima limitada a 8% e dificuldade de tributação quando o doador/sucedido reside no exterior ITBI (transferência de imóveis) - municipal

Tributação da propriedade Propostas de mudança 47 ITCMD: A discussão sobre alíquotas deve considerar os limites colocados pela competição internacional e pela facilidade de planejamento tributário de pessoas de alta renda Vale avaliar a federalização do imposto em uma reforma tributária mais ampla ITR: O ideal seria que o tributo tivesse finalidade apenas fiscal, adotando-se outros instrumentos para a extrafiscalidade IPVA: Extensão para veículos aquáticos e aéreos e definição clara do domicílio no caso de pessoas jurídicas No caso do IPTU e do ITBI, os ajustes necessários são mais de natureza operacional

A Difícil Reforma Tributária Apresentação para o IFHC Bernard Appy Abril de 2018