Integração Lavoura Pecuária- ILP
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- Renata Cerveira Domingos
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1 CONFERINDO E CONHECENDO Integração Lavoura Pecuária- ILP Fernando P. Cardoso* Fernando Sichieri** A Fundação Agrisus vem apoiando a prática da Integração Lavoura Pecuária - ILP por entender que se trata de uma prática de produzir forragem no inverno, entre duas culturas de verão. Dentre os diversos projetos executados, salienta-se a série de experimentos e observações levadas avante na Estância JAE localizada em Santo Inácio PR, a partir de 2006, a maior parte integrado com pecuária leiteira, comprovou-se a produção de litros de leite por ha com vacas girolanda tratadas exclusivamente a pasto. Em garrotes de engorda foi alcançado mais de 350 kg/ha de ganho de peso vivo. Nos dois casos, leite e carne, os resultados foram obtidos em 100 dias, seja até setembro, seguidos de período de recuperação do capim para produzir cerca de kg/ha de matéria seca capaz de formar uma boa cobertura no plantio direto subsequente de soja. Em 2015 o experimento teve três repetições de engorda de tourinhos Nelore registrados da linhagem Lemgruber que alcançaram 350 kg de ganho de peso por ha com ganho de 1 kg/dia por cabeça em pouco mais de 100 dias ininterruptos. Na avaliação da fitomassa foi introduzida uma testemunha sem gado para conhecer o efeito animal que se mostrara positivo em safra anterior de cultura de milho. CONDIÇÃO CLIMÁTICA O inverno do ano de 2015 foi ameno e chuvoso, muito favorável com poucos dias frios conforme Q.1. Q Med. Max. Med. Min. Min. Abs. Precipit. 1 Abril/a 30 Set 25,1º 14,5º 5º 437mm*.
2 - 2 - FORMAÇÃO DA PASTAGEM Após colheita da soja, a pastagem, subdividida em três piquetes de 2 ha cada, foi semeada em com Brachiaria ruziziensis, utilizando sempre sementes revestidas na proporção de 600 pontos/ha de valor cultural, e adubação de cobertura de 60kg/há de N, 20 a 30 dias após plantio da forrageira. Boas chuvas favoreceram a germinação, resultando em uma densidade média de 22 touceiras por m 2, com altura de 78 cm e 5,8 t/ha de matéria seca no início do e com hastes e folhas novas contendo elevado teor de proteína bruta e alta digestibilidade. A qualidade da forragem, a altura do capim e a disponibilidade forrageira descaíram progressivamente durante o pastoreio por 102 dias. As análises bromatológicas e a aferição dos volumes de matéria seca foram feitas em quatro estágios de pastoreio, notando-se acentuada queda de qualidade em termos de plantas inteiras, desprezando-se o pastoreio seletivo dos animais. Plantio da B. ruziziensis Q-2 Início de Meio de Final de Altura capins cm Nº Touceiras/m Fitomassa verde MS kg/ha Proteína bruta PB % 13,81 10,41 4,49 Nutrientes digestíveis totais NDT % 66,24 57,65 54,94 PASTOREIO DOS GARROTES O pastoreio contínuo, sem qualquer suplementação de ração, foi feito em três lotes de seis animais cada, por um período de 102 dias correspondentes a três repetições do experimento, conforme Q-3. O método de põe e tira (put and take), requereu que animais adicionais fossem utilizados para evitar sobra de capim e consequente desperdício por acamamento. O desempenho desses animais não consta do cálculo do GMD baseado unicamente nos animais teste.
3 - 3 - Q dias (23.05 a 05.09) L1 L2 L3 Média Carga animal UA/ha 3,98 3,60 3,60 3,72 Diárias n ha ,6 Oferta inicial MS kg/ha 5, Sobra final MS (pós ) kg/ha Consumo 2,3% PV*-Estimativa kg/ha *cálculo sobre peso vivo médio dos animais. DESEMPENHO ANIMAL Os três lotes apresentaram um desempenho equilibrado (Q.4) alcançando a média diária de 1,003 kg/dia sem qualquer suplementação de ração seja energética, seja proteinada. Tal desempenho aproxima-se dos resultados de animais alimentados em currais, ditos confinados. O ganho médio alcançou 352 kg/ha de peso vivo, equivalentes a de carcaça, para um rendimento de 54%. Q-4 L1 L2 L3 Média Peso entrada / animal kg 386,7 387,0 387,7 387,1 Peso saída / animal kg 482,8 494,7 496,7 491,4 Ganho de peso em 102 dias kg 96,1 107, ,3 GMD / animal* kg 0,925 1,035 1,048 1,003 Ganho/de peso/ha kg * Ganho médio dos animais teste (seis por tratamento). QUALIDADE DA FORRAGEM E GANHO DE PESO Comparando o ganho de peso com a qualidade da forragem (Q-5) verifica-se estreita correlação: melhor qualidade produz maior ganho de peso, em que pese eventual ganho compensatório. A colheita e preservação da forragem, - silagem semi seca p.ex.(silofeno) m combinada com rotação de piquetes, poderia vir a resultar em um suprimento contínuo de alimento de alta qualidade. Um procedimento prático nesse sentido está por ser definido objetivando o máximo ganho de peso por unidade de área, pelo aproveitamento da forragem da melhor qualidade, antes que se deteriore por maturação e pisoteio.
4 - 4 - Q-5 Média 3 lotes PB % NDT % 20/6 GMD ,81 66,24 18/7 GMD /8 GMD 0,822 10,41 57,65 5/9 GMD 0,431 4,49 54,94 5/9 Média Geral GMD FITOMASSA PARA SPD e PRESENÇA ANIMAL Finalizado o pastoreio de 102 dias, os três piquetes foram vedados para se obter uma recuperação da braquiária visando maior quantidade de resíduos para a semeadura da soja em plantio direto. Em 30 dias foi obtida uma cobertura de aproximadamente 4,0 t/ha de matéria seca, a qual apresentou uma durabilidade de 45 % na fase de colheita da soja. A produtividade alcançada, de 54 sacas/ha de soja proveio de plantas/ha, em clima de excesso de chuva. A testemunha de 1,0 ha sem gado, apenas roçada, apresentou menor população de plantas/ha. Mesmo ajustando a densidade, não se constatou efeito para a presença animal (com gado) com seus dejetos e pisoteio. Ao mesmo tempo notou-se maior decomposição no tratamento com gado por possível efeito dos dejetos contendo nitrogênio, o que já foi observado com dessecante e herbicidas contendo esse elemento. As ocorrências após o pastoreio, com e sem gado, são apresentados no Q-6: Q-6 Com gado Sem gado Final do pastoreio kg/há MS Fim da recuperação 30 dias kg/há MS No plantio - 30 dias após kg/há MS dias pós plantio kg/há MS Persistência da fitomassa (100 dias pós plantio) % 45% 58% População de plantas de soja/ha Produtividade da soja sc/ha 53,7 48,4 Estimativa para plantas/ha sc/ha - 53,0 E
5 - 5 - DESEMPENHO ECONÔMICO Desconsiderando o valor da fitomassa para um bom plantio direto, bem como os custos indicados, obteve-se (Q-7) um saldo de caixa de R$1.200/ha para um uso da terra em período de entressafra. A considerar também os benefícios da presença animal de resultados ainda mal definidos, embora tenha sido observado maior vegetação e maior produção de milho em período anterior. Observou-se também em outro local aumento de galerias das larvas de coleópteros em área sob, Q-7 Quantidade e Preço Unitário R$/ha Sementes 6 kg 7, 00 42,00 Suplemento mineral 66 kg 0, ,00 Serviço de Semeadura 1 hora 60,00 60,00 Fertilizante Nitrogenado 60 kg/ha 3,20 192,00 Suprimento de água 120,00 Herbicida 1,2 litros 14,00 17,00 Aplicação de herbicida 15 min 40,00 10,00 Soma das Despesas 561,00 Receita-Valor da carcaça 352 kg 5, ,00 Resultado de Caixa 1.340,00 AGRADECIMENTOS Agradecemos à Fundação Agrisus pelo patrocínio, ao Sr. José Américo Sichieri proprietário da Estância JAE pela cessão das áreas da pesquisa, aos Eng. Agr. Prof. Jamil Constantin, Ricardo Padulla e assistentes integrantes da Univ. Estadual de Maringá-UEM pelas inúmeras aferições e sugestões. Ficaremos igualmente gratos pelos comentários, comparações e críticas a esta exposição que atenua a citação que no Brasil se acha tudo, observa-se pouco e mede-se quase nada. *Eng. Agron. Sênior - EASLQ USP Fundador e ex-presidente da Manah S.A. e da Fundação Agrisus. **Eng. Agrônomo - UNIV.EST. DE MARINGA - UEM, responsável pela execução do Projeto.
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