RELATÓRIO CIENTÍFICO PARCIAL
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1 RELATÓRIO CIENTÍFICO PARCIAL PROJETO PA-228/06 Título: Sistemas de integração lavoura e pecuária na recria de bovinos de corte Resp: Roberto Molinari Peres Tipo: Auxilio para Pesquisa Instituição: Apta Regional Centro Norte molinari@aptaregional.sp.gov.br Local:S.J.Rio Preto - SP Vigência: 30/05/2006 a 11/10/2006 Relatório: De acordo com o proposto no plano inicial, o experimento foi instalado na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Mirassol, da APTA Regional Centro Norte, localizada nos municípios de Mirassol e São José do Rio Preto, na região Noroeste do Estado de São Paulo, a 20º 48 de latitude sul, 49º 23 de longitude oeste e 468 m de altitude. O clima da região, segundo Köeppen, é do tipo Aw, com estação chuvosa no verão e tempo ameno e seco no inverno, com precipitação pluviométrica média anual próxima a mm. Os dados da distribuição mensal de chuva e das temperaturas média, máxima e mínima durante o período de julho de 2006 a março de 2007, podem ser observados na Tabela 1. Tabela 1. Temperaturas média, máxima e mínima, dias de chuva e precipitação mensal, no período de julho de 2006 a março de 2007, na UPD de Mirassol. Mês/ano Julho/06 Agosto/06 Setembro/06 Outubro/06 Novembro/06 Dezembro/06 Janeiro/07 Fevereiro/07 Março/07 Média Temperatura (ºC) Máxima Mínima Dias de Chuva Precipitação total (mm) Fonte dos dados de temperatura: CATI / DSMM / NPS S.J.Rio Preto O solo é classificado como ARGISSOLO Vermelho-Amarelo, com relevo levemente ondulado e no local do ensaio, antes da calagem, foram realizadas coletas de
2 solo na camada de 0 a 20 cm, e o resultado médio de suas análises químicas se encontram na Tabela 2. Tabela 2. Caracterização química do solo das áreas experimentais, cultivadas com pastagem de Brachiaria decumbens, antes da instalação dos tratamentos e da calagem. Bloco ph MO P Bl. 1 Bl. 2 Bl. 3 Bl. 4 CaCl g/dm3 5,1 5,1 5,1 5,2 mg/dm K Ca Mg H+Al...mmolc/dm3... 2, , , , V % A área experimental total é de 26 ha, formada a mais de 15 anos com Brachiaria decumbense utilizada como pastagem. Essa área dividida de acordo com o delineamento estatístico de blocos ao acaso, com 6 tratamentos e 4 repetições, tendo como tratamentos: T 1 - Pasto remanescente, com manutenção do manejo anterior. T 2 Pasto remanescente com exploração intensiva. T 3 Lavoura de milho no verão seguida de um ano de pastagem no verão (lavoura a cada dois anos). T 4 Lavoura de milho no verão seguida de dois anos de pastagem no verão (lavoura a cada três anos). T 5 Lavoura de milho no verão em dois anos consecutivos, seguidas de um ano de pastagem no verão. T 6 Lavoura de milho no verão em dois anos consecutivos, seguidas de dois anos de pastagem no verão. Obs: nos tratamentos de T 3 ao T 6 serão utilizados sistemas de manejo com integração lavoura/pecuária, sempre com pastagem no outono/inverno. Com exceção das parcelas do T 1, que tem uma área de 1,5 ha, o tamanho das demais é de 1,0 ha. As Figuras 1, 2 e 3 apresentam uma visão geral das áreas dos blocos experimentais.
3 Figura 1. Vista da área do Bloco 1 antes da aplicação do herbicida. Figura 2. Vista das áreas do Bloco 2 (parte de cima) e 3 (parte de baixo) antes da aplicação de herbicida. Figura 3. Vista da área do Bloco 4 dois dias após a aplicação de herbicida.
4 Após a escolha e demarcação dos blocos e parcelas na pastagem original foi realizada a uniformização das áreas experimentais por meio de pastejo com bovinos. Em seguida, foi realizada a correção da acidez do solo, de acordo com a análise química do solo de cada bloco experimental, para atingir a saturação por base de 60% para todos os tratamentos, com exceção do T 1, que deverá permanecer próximo a 40%. A calagem foi executada no final do mês de outubro de 2006, utilizando o calcário dolomítico Pratacal com garantia de PRNT mínimo de 90%, à lanço, na superfície, com vagão distribuidor de calcário, marca Tatu (Marchesan), modelo DCA2 5500, com aplicação média de 1,1 t/ha. Como houve um período sem chuva entre de outubro e 25 de novembro nas áreas experimentais, as pastagens iniciaram a rebrota somente após este período, permitindo a aplicação do herbicida nas áreas onde seria lavoura de milho apenas a partir do dia 11 de dezembro. A aplicação do herbicida foi realizada em todos os tratamentos, com exceção do T 1 e T 2, aplicando 4 l/ha de Roundup Transorb, com um pulverizador de barra Jacto, modelo PJ 401, ponta tipo leque 11001, gastando-se 275 l/ha de calda, e pressão de trabalho de 01 bar (Figura 4). Para contabilizar a massa de palhada (Figura 5) resultante da pastagem anterior foram realizadas avaliações da altura e da massa seca da palhada, cujos resultados são apresentados na Tabela 3. Tabela 3. Altura da palhada e massa seca de Brachiaria decumbens presente nas parcelas experimentais, por ocasião do plantio do milho. Tratamento Blocos Bl. 1 Bl. 2 Bl. 3 Altura da palhada (cm) Bl Massa seca da palhada (t/ha) ,8 2,0 2,1 2,4 2,2 1,2 1,8 1,8 1,5 1,0 2,1 1,5 1,9 1,6 1,9 2,4
5 Figura 4. Aplicação de herbicida em uma das áreas do experimento. Figura 5. Vista da área do Bloco 4 uma semana após aplicação do herbicida. O plantio de milho foi iniciado no dia 21 de dezembro, no sistema plantio direto na palha (SPD), utilizando-se uma semeadora da marca Vence Tudo, modelo AS , aplicando-se 300 kg/ha do fertilizante % de FTE, usando-se sementes de milho híbrido 8333 do IAC, tratadas com Furazin 310 TS, semeadas com espaçamento entre linhas de 0,90 m, para uma população de 50 a 55 mil planta/ha. Como houve falha na germinação da cultura, causada pelo vigor das sementes, problemas com a semeadora e excesso de chuvas no período, foi realizado replantio manual nas áreas onde isso foi necessário em todas as parcelas experimentais com matraca.
6 Figura 6. Plantio de milho no sistema plantio direto na palha. A adubação de cobertura e semeadura de Brachiaria decumbens, realizada simultaneamente, foi iniciada do dia 22 de janeiro, utilizando-se uma adubadeira de cobertura, própria para plantio direto, da marca Tatu (Marchesan), modelo CAC, com seis linhas, e uma mistura de nove sacos de uréia (450 kg) com um saco de sementes de Brachiaria decumbens (20 kg) com valor cultural de 34%, realizada no momento da adubação (Figura 7). Foram aplicados 220 kg/ha desta mistura, distribuídos em duas linhas, em cada entrelinha de milho, distantes de 20 cm das plantas de milho. A profundidade da aplicação proposta era de 4 cm, no entanto, devido a irregularidades do terreno e problemas com o hidráulico do trator que estava sendo usado nesta operação, não foi possível manter uma profundidade padrão, o que causou baixa germinação das sementes de braquiária. Grande parte das plantas de braquiária presentes nas entrelinhas do milho, que estão garantindo a formação das pastagens, são originárias do banco de sementes existentes no local (Figuras 8, 9,10, 11 e 12). As avaliações da massa de forragem nas entrelinhas do milho serão realizadas ainda neste mês. Figura 7. Adubação de cobertura do milho, com uréia misturada a sementes de braquiária.
7 Figura 8. Vista da cultura de milho, no 1º plano no Bloco 4 e no 2º plano nos Blocos 2 e 3. Figura 9. Cultura de milho no período do pendoamento. Figura 10. Cultura do milho no período do pendoamento, apresentando nas entrelinhas plantas de braquiária.
8 Figura 11. Cultura de milho e braquiária no mês de abril de Figura 12. Cultura de milho e braquiária no mês de abril de Além do controle de formigas realizado desde o início do experimento, houve necessidade do controle da lagarta do cartucho do milho, utilizando-se 200 ml/ha de Decis ml/ha de Nomolt, aplicando-se 310 l/ha de calda. No inicio do mês de abril de 2007 foram realizadas avaliações do milho visando a produção de silagem, em cinco pontos por parcela, amostrando-se uma linha de cinco metros em cada ponto, para determinar a produtividade da cultura e algumas características agronômicas e bromatológica. Os resultados destas avaliações são apresentados nas Tabelas 4 e 5.
9 Tabela 4. Características agronômicas e bromatológica, e produtividade da cultura de milho avaliada para silagem. Tratamento Blocos Bl. 1 Bl. 2 Bl. 3 Número de plantas de milho (nº/ha) Bl Altura das plantas (cm) Altura da inserção da 1ª espiga (cm) Número de espigas por planta ,04 1,08 1,11 1,10 1,12 1,16 1,11 1,16 1,01 1,14 1,06 1,17 Massa original das plantas (t/ha) 1,09 1,09 1,15 1,07 22,4 20,4 21,3 23,1 23,2 25,0 21,8 26,1 22,6 24,1 24,8 25,0 Teor de matéria seca das plantas (%) 22,8 23,0 25,0 24,5 40,05 38,12 36,15 37,86 40,74 40,05 41,17 41,06 40,60 39,13 36,65 39,71 Massa seca das plantas (t/ha) 41,60 37,47 37,80 38,23 9,0 7,8 7,7 8,7 9,4 9,0 9,2 9,1 10,0 10,7 9,4 9,9 9,5 8,6 9,5 9,4
10 Tabela 5. Composição percentual das frações da planta de milho, em matéria seca, no ponto de silagem. Tratamento Blocos Bl. 1 Bl. 2 Bl. 3 Bl. 4 10,40 10,81 11,06 11,56 10,84 11,88 12,06 11,89 21,58 21,56 21,57 22,12 21,89 22,82 24,11 23,76 68,03 67,62 67,37 66,32 67,27 65,30 63,83 64,35 Lâmina 11,82 11,07 11,52 12,36 10,77 11,14 11,44 11,39 Colmo 22,43 22,13 21,10 23,37 21,53 22,51 21,84 21,98 Espiga 65,75 66,80 67,38 64,27 67,70 66,35 66,72 66,63 No mesmo período das avaliações do milho, visando a produção de silagem, foram amostradas as parcelas com os tratamentos que permanecerão exclusivamente com pastagem (T 1 e T 2). Nestas parcelas, como nas dos demais tratamentos, estão sendo confeccionadas cercas (Figuras 13 e 14) e providenciadas as estruturas necessárias para receberem os animais para o inicio da avaliação da produção animal, que está previsto para o mês de junho de Os resultados das avaliações das parcelas dos tratamentos T 1 e T 2 são apresentados na Tabela 6. Tabela 6. Altura do dossel e massa seca de Brachiaria decumbens presente nas parcelas experimentais com pastagens permanentes (T1 e T2), na 1ª quinzena de abril de Tratamento Bl. 1 T1 T T1 T2 7,4 6,6 Blocos Bl. 2 Bl. 3 Altura do dossel (cm) Massa seca de forragem (t/ha) 6,5 7,0 7,6 7,5 Bl ,4 7,2
11 Figura 13. Confecção de cercas na área do experimento. Figura 14. Cerca confeccionada na área experimental. Apesar das dificuldades no início deste trabalho, considerando que o experimento está na fase de instalação e que toda a estrutura está sendo construída simultaneamente com a implantação e as avaliações dos tratamentos, os resultados estão satisfatórios e atendendo o objetivo proposto, que é o de gerar informações para recuperar áreas de pastagens degradadas, com a utilização da integração lavoura e pecuária, no sistema plantio direto. Os resultados das avaliações realizadas nas parcelas experimentais, dentro de cada bloco, estão muito próximos no tratamento com milho, que é único no 1º ano para as áreas com lavoura, indicando que há uniformidade na área. As observações e a experiência vivenciada pela equipe técnica e pela equipe de apoio até o momento, mesmo considerando que o experimento está ainda na fase inicial, já estão gerando novos desafios e aproximando à realidade do produtor.
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