ESTUDO DE DIVERSIDADE E VARIAÇÃO SAZONAL DE ARTRÓPODES EM PLANTAS DANINHAS E SOQUEIRA DE ALGODOEIRO NA ENTRESSAFRA
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- Raquel Almada Bacelar
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1 ESTUDO DE DIVERSIDADE E VARIAÇÃO SAZONAL DE ARTRÓPODES EM PLANTAS DANINHAS E SOQUEIRA DE ALGODOEIRO NA ENTRESSAFRA Eliomar Sérgio Veloso (UNESP - Ilha Solteira / eliomarveloso@hotmail.com), Luciana Claúdia Toscano Maruyama (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Alcebíades Ribeiro Campos (UNESP - Ilha Solteira), Zeneide Ribeiro Campos (UNESP - Ilha Solteira), Ronaldo Luiz Gonzaga (UNESP - Ilha Solteira), Gustavo Luiz Martins Mamoré (UNESP - Ilha Solteira) RESUMO - Esse trabalho objetivou conhecer os insetos pragas e inimigos naturais que se hospedam na soqueira do algodoeiro e nas plantas daninhas existentes na área. O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Cassilândia, na entressafra /. As avaliações de insetos foram realizadas de de agosto até de novembro em soqueira de plantas de algodoeiro, plantas daninhas (Spermacocea latifola A., Sida glaziovii K. e Commelina benghalensis L.) e em armadilhas contendo feromônios específicos para a coleta de Anthonomus grandis. Para avaliação dos insetos nas plantas, utilizou-se o método visual da planta inteira. Para análise faunística foram utilizados os índices: constância, dominância, índice de diversidade e freqüência. Os resultados evidenciaram que o A. gossypii foi à espécie com maior frequência no algodoeiro e na C. benghalensis, enquanto o N. viridula em S. glaziovii foi o dominante. A. gossypii foi dominante em algodoeiro e em C. benghalensis, enquanto o Dysdercus sp apenas em algodoeiro. Entre as espécies de plantas avaliadas a S. glaziovii obteve a maior diversidade de espécies. Palavras-chave: insetos, plantas hospedeiras, análise faunística. INTRODUÇÃO A planta de algodoeiro é hospedeira de um complexo significativo de insetos e ácaros. (EMBRAPA, ), sendo algumas delas nocivas à cultura. Essas pragas atacam raízes, caules, folhas, botões florais, maçãs e capulhos. Os danos provocados pelas pragas podem reduzir a produtividade, como também podem afetar diretamente certas características importantes das sementes e fibras, depreciando-as consideravelmente para a utilização comercial (SANTOS, 999). Para garantir o sucesso da cotonicultura sem os danos econômicos ocasionados por estas pragas é de fundamental importância à utilização do manejo integrado de pragas (MIP) que permite a cada ano a melhoria na qualidade da produção adquirida. Uma das grandes ferramentas que poderão dar suporte ao MIP é a utilização de armadilhas para monitoramento e controle dos insetos nas lavouras de algodão (KOGAN, 988). Outra preocupação são as possíveis plantas hospedeiras alternativas de insetos, que na entressafra são verdadeiros reservatórios de vida que garantem a sobrevivência e abrigo na ausência da cultura, sendo de fundamental importância para o MIP o conhecimento da interação entre estes insetos e estas plantas (GRAVENA, 98). As plantas daninhas são consideradas plantas indesejáveis por serem hospedeiras de insetospraga, patógenos e por reduzirem as produções das culturas. Entretanto, certas espécies podem ser consideradas benéficas para o agroecossistema, por auxiliarem o sistema de manejo de pragas e fornecerem alimentos subsidiários como pólen, néctar e presas alternativas para insetos entomófagos,
2 melhorando assim, o controle biológico de certas pragas (SOUZA, 99). Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo conhecer os insetos que se hospedam na soqueira do algodoeiro e nas plantas daninhas existentes na área. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Cassilândia, na entressafra /. As avaliações de insetos foram realizadas em soqueira de plantas de algodoeiro, plantas daninhas e em armadilhas contendo feromônios específicos para a coleta de Anthonomus grandis. As plantas foram roçadas mecanicamente a cm de altura trinta dias após a colheita. As avaliações foram realizadas de de agosto a de novembro, totalizando nove amostragens. Foram utilizadas duas armadilhas para a contagem de adultos de A. grandis, uma instalada a metros da mata e a outra na área plantada com algodão. As inspeções nas armadilhas foram efetuadas semanalmente, contando-se os insetos capturados. Para avaliação insetos nas plantas, utilizou-se o método visual da planta inteira. Foram avaliadas cinco plantas de algodoeiro e cinco de cada espécies de plantas daninhas: erva-quente (Spermacocea latifola A.), guanxuma (Sida glaziovii K.) e trapoeraba (Commelina benghalensis L.). Os insetos avaliados foram: pulgão (A. gossypii), bicudo (A. grandis), mosca branca (Bemisia tabaci, biótipo b), percevejo manchador (Dysdercus spp), percevejo verde (Nezara viridula) percevejo de renda (Vatiga illudens), percevejo rajado (Horcias nobilellus), Zellus sp e Cycloneda spp. Para análise faunística foram utilizados os índices: constância, dominância, índice de diversidade e freqüência. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em soqueira de algodoeiro verificou-se a presença do A. gossypii aos dias após roçagem (DAR), com menor população aos dias e maior aos 89 dias (Fig. ). A presença do A. grandis foi observada no período de aos 68 DAR. A ocorrência de Dysdercus sp iniciou aos 76 Dias, ocorrendo a maior densidade aos 89 dias. A. grandis A. gossypii Dysdercus sp Nº de insetos/ plantas Figura. Número de insetos coletados na entressafra no algodoeiro em diversas datas de amostragens. Cassilândia-MS,.
3 Nas amostragens realizadas em Sida glaziovii verificou-se a ocorrência do percevejo N. viridula na maioria das amostragens e com maior densidade aos dias, enquanto para A. gossypii esta veio a ocorrer aos dias. Os percevejos dos gêneros Dysdercus e Horcias ocorreram com baixa frequência nessa planta. Por ocorrer em maior frequência acredita-se que esta planta seja um hospedeiro potencial para o percevejo N. viridula (Fig. ). A. gossypii Dysdercus sp H. nobilellus N. viridula V. illudens Nº de insetos/ plantas Figura. Número de insetos coletados na entressafra em Sida glaziovii K. em diversas datas de amostragem. Cassilândia-MS,. Observou-se A. gossypii em todas as amostragens realizadas em Commelina benghalensis, com a densidade variando de um a cinco plantas com pulgão, enquanto B. tabaci e N. viridula foram encontrados somente aos 89 e dias respectivamente (Fig. ). Analisando as Figuras e, verifica-se uma maior presença de A. gossypii nas plantas daninhas C. benghalensis e S. glaziovii, sendo estes hospedeiros potenciais para manutenção da população de A.gossypii na entressafra do algodoeiro. Esses resultados são semelhantes com obtidos por MICHELOTTO () e SANTOS (999) que observaram uma maior preferência de A. gossypii por algodoeiro em comparação as plantas daninhas e, na ausência de algodão, as plantas daninhas guanxuma e trapoeraba foram hospedeiras favoráveis para manutenção de A. gossypii. Número total de insetos 6 A. gossypii Nezara viridula Bemisia tabaci Figura. Número de insetos coletados na entressafra em Commelina benghalensis L. em diversas datas de amostragem. Cassilândia-MS,. Observou-se a presença de Aphis gossypii e predador Zellus sp em amostragens realizadas Spermacocea latifola (Fig. ).
4 A. gossypii Zellus sp. 6 Nº insetos/ plantas Figura. Número de insetos coletados na entressafra em Spermacocea latifola A. em diversas datas de amostragem. Cassilândia-MS,. Durante as 9 amostragens realizadas nas armadilhas de feromônios instaladas (mata ciliar e algodão), encontrou-se apenas um A. grandis e na armadilha da área de refúgio próxima a mata. Esse número reduzido de A. grandis deve estar relacionado a ocorrência de botão floral na área experimental, competindo com o feromônio das armadilhas. Esses resultados coincidem com os obtidos por SIQUERI et al. () e SOARES et al. (99) que observaram baixo número de A. grandis coletados pelas armadilhas devido à preferência da praga por botões florais, nas plantas rebrotadas. Na análise faunística observa-se que A. gossypii ocorreu com maior freqüência na C. benghalensis e algodoeiro. A. grandis ocorreu apenas no algodoeiro, enquanto Dysdercus sp ocorreu em algodoeiro e S. glaziovii, tendo uma maior frequência maior no algodoeiro. Em S. glaziovii foi encontrado com maior frequência o N. viridula (Tab. ). Tabela. Porcentagem de freqüência dos insetos coletados em algodoeiro e plantas daninhas. Cassilândia-MS,. Insetos Algodão S. glaziovii C. benghalensis S. latifola Anthonomus grandis 8,,,, Aphis gossypii 6,, 9,6, Dysdercus sp,,,, Horcias nobilellus,,,, Nezara viridula,,,, Vatiga illudens,,,, Bemisia tabaci,,,, Cycloneda sp,,,, Zellus sp.,,,, Para um inseto ser considerado dominante, a sua freqüência (Tab. ) deve exceder o limite de dominância (Tab. ). Em algodoeiro, A. gossypii e Dysdercus sp foram dominantes, enquanto N. viridula foi dominante para S. glaziovii. Em C. benghalensis a dominância foi do A. gossypii e na S. latifola a frequência das espécies não excederam o limite de dominância.
5 Tabela. Porcentagem de dominância dos insetos coletados em algodoeiro, S. glaziovii, C. benghalensis e S. latifola. Cassilândia-MS,. Local Insetos dominantes Limite de Dominância (%) Algodão Aphis gossypii e Dysdercus sp S. latifola C. benghalensis Aphis gossypii S. glaziovii Nezara viridula Comparando o índice de diversidade entre as espécies de plantas observou-se que em S. glaziovii ocorreu maior diversidade de espécie de insetos, seguida pela C. benghalensis com, e,6 respectivamente (Tab. ). S. glaziovii e C. benghalensis por apresentarem as maiores riquezas de espécies de insetos no período de entressafra, demonstram que os insetos procuram hospedeiros alternativos para garantir sua alimentação, abrigo e sobrevivência. Tabela. Índice de diversidade dos insetos em algodoeiro, S. glaziovii, C. benghalensis e S. latifola. Cassilândia-MS,. Local Índice de Diversidade Algodão, S. glaziovii, C. benghalensis,6 S. latifola, CONCLUSÃO O A. gossypii foi à espécie com maior frequência no algodoeiro e na C. benghalensis. A espécie dominante em S. glaziovii foi N. viridula, já A. gossypii foi dominante no algodoeiro e C. benghalensis, enquanto Dysdercus sp foi dominante em algodoeiro. Entre as espécies de plantas avaliadas a S. glaziovii obteve a maior diversidade de espécies. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Fica evidente que as plantas hospedeiras alternativas são focos potenciais de pragas e que os restos culturais de cultura da safra anterior devem ser destruídos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE (Dourados, MS). Algodão: tecnologia de produção. Dourados,. 96p. KOGAN, M. Integrated pest management theory and pratice. Entomol. Exp. Appl., v.9, p.9-7, 988.
6 GRAVENA, S. O. Controle biológico na cultura algodoeira. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, v. 9, p. -, 98. MICHELOTTO, M., D., BUSOLI, A., C. Aspectos biológicos de Aphis gossypii Glover, 877 (Hemiptera: Aphididae) em três cultivares de algodoeiro em três espécies de plantas daninhas. Ciência Rural, Santa Maria, v., n. 6, p. 999-, nov./dez.. SANTOS, W. J. Monitoramento e controle das pragas do algodoeiro. In: CIA. E.; FREIRE, E. C.; SANTOS, W. J. Cultura do algodoeiro. Piracicaba: POTAFOS, p. SIQUERI, F. V., SANTOS, W., J. Modelagem do sistema de manejo integrado do bicudo (Anthonomus grandis) no Mato Grosso. Rondonópolis: Fundação MT,.8p. SOARES, J. J., BUSOLI, A. C.; YAMAMUTO, P. T., BRAGA SOBRINHO, R. Efeito de práticas culturais de pós-colheita sobre populações do bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis Boheman, 8. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.9, p. 7-79, mar. 99. SOUZA, I. F. Controle biológico de plantas daninhas. Informe Agropecuário, v., n.67, p.77-8, 99.
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