ALGODÃO BOLLGARD (MON 531) NO CONTROLE DOS LEPIDÓPTEROS PRAGA NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL.
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1 ALGODÃO BOLLGARD (MON 531) NO CONTROLE DOS LEPIDÓPTEROS PRAGA NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL. Fabiano dos Santos Ferreira (Monsanto / fabiano.s.ferreira@monsanto.com), Roney Fuscolim (Monsanto do Brasil), Roberto G. Torres (Monsanto), Cezário A. Doná (Monsanto do Brasil), Dinaldo R. Freitas (Monsanto do Brasil), Marcos A. Bosqueiro (Monsanto), Alexandre A. Chaves (Monsanto do Brasil), Edson Corbo (Monsanto do Brasil), Orivaldo Marchiori Júnior (Monsanto do Brasil), Carlo A. Boer (Monsanto do Brasil) RESUMO - Os experimentos foram conduzidos nas lavouras de agricultores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e São Paulo, objetivando avaliar o controle dos lepidópteros-praga que infestam as lavouras do algodoeiro. Testou-se algodão Bollgard (MON 531) sem pulverizações para lepidópteros em comparação ao algodão convencional com inseticidas para todas as pragas e algodão convencional sem tratamento para lepidópteros (testemunha). Cada parcela consistia em 3 hectares plantados com cada tratamento. A flutuação populacional das pragas foi registrada em planilha de manejo integrado de pragas (MIP). As pulverizações foram feitas quando sua população atingia o nível de dano econômico. Os resultados mostraram que a proteína Cry1AC do algodão Bollgard (MON 531) foi altamente eficiente no controle de Alabama argillacea, Heliothis virescens, Pectinophora gossypiella, e nenhuma pulverização inseticida foi realizada para estas espécies. Para o controle dos lepidópteros fez-se em média 4 aplicações em algodão Bollgard e 19 aplicações no algodão convencional. As demais pragas que infestaram as parcelas dos experimentos foram controladas por 19 pulverizações com inseticidas ou acaricidas nos tratamentos tanto em algodão Bollgard quanto em algodão convencional. A produtividade média do algodão Bollgard foi 7% superior à produtividade obtida na cultivar convencional pulverizado com inseticidas. Palavras-chave: biotecnologia, algodão, Bollgard, entomologia. INTRODUÇÃO A cultura do algodoeiro é intensamente afetada pelos danos causados pelas pragas, e em especial pelas lagartas que representam um grande potencial de redução de produtividade da cultura. Os danos causados por lepidópteros podem ser diretos, decorrentes do consumo de folhas, flores e frutos, ou indiretos, pelo favorecimento da infecção das plantas por doenças a medida que facilitam a penetração dos patógenos através das lesões causadas nas diferentes estruturas danificadas por essas pragas. O controle químico de pragas do algodoeiro é feito a partir do monitoramento de sua população através do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que determina o nível de dano a partir do qual se recomenda aplicar a medida de controle. As pulverizações de inseticidas sobre a cultura do algodoeiro estão sujeitas a vários fatores, como chuvas, vento, umidade relativa do ar, temperatura, posição da praga na planta, etc., resultando muitas vezes em um controle deficiente, ou a necessidade de um grande número de aplicações para se atingir o nível de controle esperado. Com o advento da Biotecnologia desenvolveram-se as plantas geneticamente modificadas para a resistência a insetos. Estas plantas expressam proteínas de Bacillus thuringiensis var. Kurstaki
2 (Bt), letais a algumas espécies de lepidópteros. O algodão Bollgard (MON 531) expressa a proteína Cry1Ac nos tecidos da planta. As lagartas, quando se alimentam de tecido foliar do algodão geneticamente modificado, ingerem essas proteínas que atuam em seu intestino ocasionando a paralisação da ingestão de alimentos, danificando seus intestinos e levando à morte as lagartas sensíveis a proteína Cry1Ac. A tecnologia do algodão Bollgard (MON 531) representa um novo conceito de controle de pragas, de forma eficiente e ecologicamente compatível, capaz de proporcionar benefícios significativos aos agricultores, ao meio ambiente e para a sociedade em geral. No algodão Bollgard (MON 531) as populações de curuquerê (Alabama argillacea), lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) e lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella) são mantidas durante todo o ciclo da cultura em níveis abaixo do nível de dano, comprovando sua eficácia e residual. O controle químico além de dispendioso, nem sempre proporciona níveis satisfatórios de controle. O presente estudo tem por objetivo avaliar a eficiência do algodão Bollgard (MON 531) no controle de lepidópteros-pragas que infestam a cultura do algodoeiro sob as condições dos cultivos comerciais, comparativamente à estratégia de controle de insetos utilizada no algodão convencional. Esse parâmetro é expresso em termos práticos através do número de vezes que a praga atinge o nível de dano em cada um dos tratamentos (algodão convencional e algodão Bollgard) e conseqüentemente no número de pulverizações inseticidas utilizadas no controle destes insetos. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram instalados e conduzidos em áreas de agricultores nos municípios de Avaré (SP), Barreiras (BA), Costa Rica (MS), Cristalina (GO), Romaria (MG), Nova Mutum (MT), Sapezal (MT) e Rondonópolis (MT) na safra 2005/2006, com o objetivo de avaliar a eficiência do algodão Bollgard (MON 531) no controle de lepidópteros-praga que infestam a cultura do algodoeiro em condições de plantios comerciais, comparativamente ao tratamento inseticida padrão utilizado no tratamento com o cultivar convencional. Os tratamentos testados foram: algodão Bollgard (MON 531), algodão convencional pulverizado com inseticidas e algodão convencional sem pulverizações inseticidas para lepidópteros (testemunha). Os cultivares plantados foram DP 90 B (Bollgard) e Acala 90 (convencional). O delineamento experimental adotado foi o de strip tests, com parcelas de 3 hectares e 20 pontos de avaliação em cada uma delas. Os tratos culturais foram realizados pelos agricultores seguindo as práticas comumente utilizadas na região para nutrição de plantas, controle de plantas daninhas, fungicidas, reguladores de crescimento, maturadores, desfolhantes e outros insumos. Os insetos e ácaros (pragas) presentes nas parcelas dos experimentos tiveram sua flutuação populacional avaliada semanalmente pelos monitores de campo dos agricultores e anotada em planilhas desenvolvidas para o Manejo Integrado de Pragas (MIP). No momento em que a contagem de indivíduos em uma parcela atingia o nível de dano econômico estabelecido pelo MIP para uma determinada praga, esta era pulverizada com o produto inseticida ou acaricida escolhido pelo agricultor e registrado para esse fim. Para formar a base de dados para o presente trabalho anotaram-se, separadamente para cada tratamento de cada ensaio, informações sobre as datas das aplicações, os produtos pulverizados e suas doses, e a produção em kg por hectare de algodão em caroço (sementes com fibras).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os insetos e ácaros presentes nos experimentos estão descritos na Tabela 1. Os locais de ocorrência das pragas estão registrados na Tabela 2. As avaliações da flutuação populacional dos lepidópteros-pragas (MIP) nas parcelas dos experimentos instalados nas diferentes regiões mostraram que no algodão Bollgard as populações das lagartas Alabama argillacea (curuquerê), Pectinophora gossypiella (lagarta-rosada) e Heliothis virescens (lagarta-das-maçãs) mantiveram-se sempre abaixo do nível de dano econômico durante todo o ciclo da cultura nas localidades onde ocorreram e não demandaram aplicações de inseticidas para seu controle, enquanto que no tratamento com algodão convencional foram necessárias em média 6, 1 e 7 aplicações respectivamente (Tab. 3) o que confirma a elevada eficiência de controle desses lepidópteros pela proteína Cry1Ac do algodão Bollgard. Em todos os tratamentos (algodão Bollgard e algodão convencional) a população das lagartas Spodoptera frugiperda e Trichoplusia ni atingiram o nível de dano econômico e receberam controle químico. No algodão Bollgard a Spodoptera frugiperda atingiu o nível de dano em 3 momentos em média (3 pulverizações), enquanto que no algodão convencional este nível foi atingido em 4 momentos (4 pulverizações) sugerindo algum efeito supressivo do algodão Bollgard sobre esta lagarta (Tab. 3). A proteína Cry1Ac presente no algodão Bollgard não demonstrou ação sobre insetos de outras ordens ou ácaros (Tab. 3). Após a colheita e pesagem das parcelas verificou-se que o algodão Bollgard proporcionou aumento médio na produtividade de algodão caroço (sementes com fibras) da ordem de 7% ou 234 kg, tendo este acréscimo percentual atingido 16% pela severidade do ataque dos lepidópteros no algodão convencional, principalmente de curuquerê, lagarta-rosada e lagarta-dasmaçãs, como observado no experimento conduzido em Avaré SP (Tab 4). Em todos os experimentos avaliados a produtividade de algodão Bollgard foi superior à produtividade do tratamento com algodão convencional, exceto em Cristalina (GO) e Romaria (MG) onde a produção foi semelhante. Tabela 1. Insetos presentes nos experimentos. Ordem Nome comum Nome científico Lepidoptera Curuquerê Alabama argillacea (Hueb., 1818) Lepidoptera lagarta-das-maçãs Heliothis virescens (Fabr., 1781) Lepidoptera lagarta-rosada Pectinophora gossypiella (Saund., 1844) Lepidoptera falsa-medideira Trichoplusia ni (Hübner ) Lepidoptera Spodoptera Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) Homoptera Pulgão Aphis gossypii Glover, 1877 Coleoptera Bicudo Anthonomus grandis Boh., 1843 Hemiptera percevejo-rajado Horcias nobilellus (Berg., 1883) Acari ácaro-rajado Tetranychus urticae (Koch, 1836) Acari ácaro-branco Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904) Tabela 2. Locais de ocorrência das pragas avaliadas. Local / praga Avaré Romaria Costa Cristalina Barreiras Rondonópolis Nova Mutum Sapezal SP MG Rica MS GO BA MT MT MT Curuquerê x x x x x x x x lagarta-das-maçãs x x x x x lagarta-rosada x x falsa-medideira x x Spodoptera x x x x x x Pulgão x x x x x x x Bicudo x x x x x x x x Percevejo x Ácaros x x x x x x x
4 Tabela 3. Controle de pragas (insetos e ácaros). Número médio de aplicações inseticidas e acaricidas nas regiões de ocorrência. Ordem Praga Algodão Bollgard Algodão Convencional Lepidoptera curuquerê 0 6 Lepidoptera lagarta-das-maçãs 0 7 Lepidoptera lagarta-rosada 0 1 Lepidoptera falsa-medideira 1 1 Lepidoptera Spodoptera 3 4 Homoptera pulgão 9 9 Coleoptera bicudo 7 6 Hemiptera percevejo 1 1 Acari ácaros 2 3 Tabela 4. Produtividade dos tratamentos em kg por hectare de algodão em caroço (sementes com fibras). Município Algodão Bollgard Algodão convencional Diferença % Barreiras, BA % Cristalina, GO % Romaria, MG % Costa Rica, MS % Nova Mutum, MT % Rondonópolis, MT % Sapezal, MT % Avaré, SP % Médias % CONCLUSÕES Os resultados mostraram nas condições dos experimentos (grandes áreas sob o manejo do agricultor) elevada eficiência de controle das lagartas Alabama argillacea, Heliothis virescens, e Pectinophora gossypiella, não sendo necessárias quaisquer aplicações para o controle destes insetos, enquanto que no algodão convencional foram necessárias respectivamente 6, 7 e 1 aplicações inseticidas para o controle das mesmas espécies em média. Para o controle dos lepidópteros (inclusive das lagartas citadas anteriormente) foram necessárias em média 4 aplicações no algodão Bollgard e 19 aplicações no algodão convencional. Os demais insetos pragas que infestaram os experimentos foram controlados com o mesmo número de aplicações direcionadas a esses alvos no algodão Bollgard e no algodão convencional, tendo sido 19 pulverizações em média. A produtividade de Bollgard foi em média 7% maior que a verificada no algodão convencional, tendo chegado a 16% em Avaré (SP) em função da severidade do ataque das lagartas e a dificuldade de seu controle. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA O TRABALHO A biotecnologia oferece aos cotonicultores um novo conceito de controle de controle de insetos na cultura do algodoeiro, com a autoproteção da planta e sem o uso de inseticidas químicos para algumas espécies.
5 É então de fundamental importância avaliar a eficiência de controle das lagartas pela proteína Cry1Ac do algodão Bollgard plantado com sementes certificadas e submetido a condições ambientais das grandes áreas comerciais sob o manejo do agricultor, confirmando sua viabilidade e quantificando os benefícios econômicos e ambientais, assim como estudar e compreender a interferência do algodão Bollgard sobre insetos da ordem lepidóptera que não são considerados alvo e as peculiaridades deste novo sistema de manejo de pragas na cotonicultura brasileira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, p. ANDREI, E. Compêndio de defensivos agrícolas. 6. ed. São Paulo: Organização Andrei, p.
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