CARLA DETONI EZEQUIEL *1 ; WAGNER DA ROSA HARTER 1 ; CAMILA HADDAD SILVEIRA 1 ; LUIZ HENRIQUE MARQUES 1 ; MAURICIO BATISTA 1

Transcrição

1 Eficiência de no controle de Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura do algodão Efficiency of to control Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) on cotton CARLA DETONI EZEQUIEL *1 ; WAGNER DA ROSA HARTER 1 ; CAMILA HADDAD SILVEIRA 1 ; LUIZ HENRIQUE MARQUES 1 ; MAURICIO BATISTA 1 1 Dow AgroSciences, Rod. SP 147, Km 71,5, Mogi Mirim/SP, * carla.detoni@yahoo.com RESUMO O estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a eficácia do inseticida Intrepid 240 SC no controle de Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura do algodão. O ensaio foi conduzido em área de campo na Estação Experimental Dow AgroSciences de Mogi Mirim/SP. Assim, foi feito o plantio convencional de algodão com espaçamento de 1 m entre linhas e densidade de 17 sementes/m linear, composto por 6 tratamentos ( nas doses de 400; 500; 625 e 800 ml/ha comparando com Belt 125 ml/ha e tratamento testemunha) e 4 repetições. A aplicação dos tratamentos foi realizada via foliar com volume de calda de 150 L/ha. Foram realizadas duas infestações, sendo a primeira 8 horas após a aplicação e a segunda 8 dias após aplicação, utilizando lagartas de H. armigera de 2 /3 ínstar. As avaliações foram realizadas aos 5 e 8 dias após a primeira infestação e 4 e 8 dias após a segunda infestação. A colheita de plumas foi realizada com amostragem de 5 plantas infestadas por parcela, tomando-se como unidade amostral a planta toda. De acordo com os dados obtidos na dose de 500mL/ha é comparável ao padrão de mercado na dose testada/recomendada. INTRODUÇÃO A produção de algodão no Brasil representa um dos mais importantes pilares da agricultura do país, assumindo a posição de terceiro maior exportador mundial do produto (sendo a Indonésia país de maior importação) (CONAB, 2015; ABRAPA, 2015). Contudo, produtores brasileiros vêem enfrentando problemas fitossanitários na cultura e alguns exemplos disso são os insetos-praga, como: broca-da-haste, Eutinobothrus 115

2 brasiliensis; bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis; curuquerê, Alabama argillacea; lagarta-das-maçãs, Heliothis virescens; lagarta-rosada, Pectinophora gossypiella (AGROCERES, s/d) e lagarta Helicoverpa, Helicoverpa armigera (Hubner) (Lepidoptera: Noctuidae), recém identificada no Brasil (CZEPAKet al., 2013a) e que tem atacado intensamente diferentes culturas de importância econômica, como soja, algodão, milho, feijão e tomate, atingindo mais de 180 espécies de plantas de ocorrência natural ou cultivadas (CZEPAKet al., 2013b). As lagartas de H. armigera se alimentam de folhas, principalmente brotos, bem como inflorescências, frutos e vagens (SULLIVAN & MOLET, 2014), levando a perdas econômicas elevadas (CZEPAKet al., 2013b). E para controle dessa praga é de grande importancia a realização do monitoramento efetivo de ovos, lagartas, pupas e de adultos, sendo esse fator chave para a implementação com êxito das estratégias de manejo. Com base nessas informações é que as decisões ou as táticas de controle serão definidas. No caso de inseticidas químicos, representam uma das principais ferramentas de controle nos ambientes agrícolas em que essa praga ocorre, em razão de ser, muitas vezes, uma alternativa de controle de ação rápida, confiável e econômica. Recomenda-se utilizar, sempre, produtos seletivos aos inimigos naturais até um determinado estádio da cultura, como, por exemplo, até os 70 dias após a emergência do algodão (ÁVILA et al., 2013). Portanto, dada à importância da praga em questão, experimentos que indiquem produtos eficazes para o controle de H. armigera em plantas de algodão são necessários para a melhor seleção dos inseticidas. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia do inseticida (methoxyfenozide) no controle de Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura do algodão. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido em área de campo na Estação Experimental Dow AgroSciences de Mogi Mirim/SP. Assim, foi feito o plantio convencional de algodão (Gossypium hirsutum) com espaçamento de 1 m entre linhas e densidade de 17 sementes/m linear. O experimento foi composto por 6 tratamentos e 4 repetições, em delineamento 116

3 experimental de blocos ao acaso, totalizando 24 parcelas de 2 m x 5 m cada, correspondendo a duas linhas em 5 metros de comprimento. A aplicação dos tratamentos foi realizada por meio de um pulverizador costal pressurizado por CO 2, equipada com ponta tipo cone TXVK-8 em pressão constante de trabalho de 50 psi e volume de calda de 150 L/há (volume definido em função de teste prévio para identificação de uma boa cobertura da área foliar), com doses do inseticida Intrepid 240 SC (Methoxyfenozide) em, 400, 500, 625 e 800 ml pc/ha e Belt (Flubendiamida), controle padrão de mercado, em 125 ml pc/ha. Gaiolas confeccionadas com tecido voal foram colocadas em ramos posicionados no terço superior da planta com presença de plumas e folhas para confinamento das lagartas (provenientes do Laboratório de Criação de Insetos da Estação Experimental). Com auxílio de pincel foram infestadas 5 plantas por parcela, cada planta recebeu 10 lagartas com idade entre 2 e 3 ínstar. Foram realizadas duas infestações. A infestação 1 foi realizada no mesmo dia da aplicação, porém com intervalo de 8 horas após a aplicação. A infestação 2 foi realizada 8 dias após a aplicação. Foram feitas avaliações aos 5 e 8 dias após a primeira infestação (DAI1), por meio da contagem do número de lagartas vivas/mortas sem remoção das gaiolas, e aos 8 dias as mesmas foram abertas para uma avaliação mais apurada. Nesta última data foi realizada a segunda infestação, porém, utilizando novos ramos das mesmas plantas já infestadas e seguindo com os mesmos parâmetros da primeira infestação. Aos 4 e 8 dias após a segunda infestação procederam-se novas avaliações. Para avaliação de produtividade, a colheita de plumas foi realizada com amostragem de 5 plantas infestadas por parcela, tomando-se como unidade amostral a planta toda. A avaliação de fitotoxicidade foi realizada semanalmente, por meio de escala de (considerando percentual de injúria), tomando como unidade amostral 5 plantas por parcela. Os resultados foram submetidos às análises exploratórias para avaliar as pressuposições de normalidade dos resíduos, a homogeneidade de variância dos tratamentos e a aditividade do modelo para permitir a aplicação da ANOVA. Posteriormente, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,10). A eficiência dos produtos foi obtida pela fórmula de ABBOTT (1925). 117

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando a avaliação de 5 DAI1 não foi possível identificar dose resposta entre as doses testadas de, porém, todos os tratamentos demonstraram controle superior ao padrão de mercado. Já aos 8 DAI1 (Tabela 1) foi possível observar que a dose de 400 ml/ha proporcionou um controle numericamente menor quando comparado aos das demais doses. Tabela 1. Percentual de Controle (%C) de H. armigera obtido em diferentes períodos após a aplicação dos tratamentos. Tratamento Dose 5DAA 8DAA 12DAA 15DAA N %C N %C N %C N %C Belt Testemunha ,3 1,5 2,3 2,3 3,9 6,0 63,0 75,2 59,7 62,9 36,2 0,8 0,4 0,2 0,5 2,0 5,3 86,0 93,2 96,1 91,4 63,3 3,8 3,5 3,2 3,4 3,7 7,2 46,4 45,5 48,2 45,6 43,1 2,5 1,9 1,8 1,3 1,5 4,6 52,7 50,6 53,8 64,4 55,6 N= número médio de lagartas vivas. / %C = Percentual de controle obtido por Abbott. / DAA = Dias após a aplicação. Neste sentido, uma melhor diferenciação de dose é mais perceptível aos 8 DAI1, pois o produto atua no sistema de crescimento das formas jovens e tem sua ação mais acentuada quando esses processos completam suas fases. Os produtos classificados como Reguladores de Crescimento, de forma geral, não apresentam acentuado efeito de choque uma vez que precisam ser ingeridos e necessitam de um tempo mínimo para ação quando no corpo do inseto. Eles mimetizam compostos relacionados ao crescimento, como por exemplo: Intrepid 240 SC, que imita o hormônio natural da muda dos insetos, a ecdisona, e que age especificamente sobre larvas de lepidópteros, com alta seletividade aos inimigos naturais. Já nas avaliações após a segunda infestação, pode-se identificar um controle inferior quando comparado aquele obtido na primeira infestação, e neste caso todos os tratamentos igualam-se estatisticamente, mesmo quando comparados ao padrão de mercado (Tabela 2). Tabela 2. Número de lagartas por parcela Números transformados em Log (X+0.5). Tratamento Dose 5DAA 8DAA 12DAA 118

5 INTREPID 240 SC 96 1,8 a* 0,5 Ab 3,3 a INTREPID 240 SC 120 1,1 a 0,3 B 3,2 a INTREPID 240 SC 150 1,8 a 0,1 B 3,0 a INTREPID 240 SC 192 1,8 a 0,3 B 3,0 a BELT 60 3,3 a 1,5 A 2,9 a Testemunha 5,9 5,1 6,7 Tukey's HSD (P=,10) 0,37t 0,27t 0,25t Desvio Padrão 0,19t 0,14t 0,13t CV 40,94 78,09 21,07 Bartlett's X2 2,754 7,541 3,159 P(Bartlett's X2) 0,6 0,11 0,532 * Números seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Tukey (10%). DAA = Dias após a aplicação. Os dados referentes a colheita das partes especificadas na avaliação demonstram tendência numérica a uma maior produtividade dos tratamentos quando comparado com a testemunha, entretanto não diferiram estatisticamente (Tabela 3). Tabela 3. Dados de produtividade obtidos em diferentes tratamentos de inseticida para o controle de H. armigera em algodão. Tratamento Dose KG pluma/ha INTREPID 240 SC a* INTREPID 240 SC ,5 a INTREPID 240 SC a INTREPID 240 SC ,5 a BELT ,5 a Testemunha 892,5 Tukey's HSD (P=,10) 233,64 Desvio Padrão 119,2 CV 11,78 Bartlett's X2 1,975 P(Bartlett's X2) 0,74 * Números seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Tukey (10%). Porém, trabalhos relacionados a produtividade, principalmente na área de produção de sementes e grãos demonstram que para reduzir variabilidade a ponto de serem evidenciadas diferenças estatísticas de produtividade entre diferentes tratamentos/material é necessário a utilização de áreas maiores como por exemplo parcelas de 0.4 ha. Entretanto, essas dimensões não coincidem com aquelas utilizadas para avaliação de eficácia, principalmente quando consideramos o volume de produtos experimentais necessários para realizar tais trabalhos, bem como a necessidade de destruição das área de implantação dos estudos. 119

6 para a cultura. Nenhum tratamento promoveu sintomas de fitotoxicidade e são considerados seguros CONCLUSÃO Pode-se concluir que é eficiente para o controle de H. armigera em algodão em doses a partir de 500 ml/ha, sendo comparável ao padrão de mercado em termos de efeito residual e superior ao padrão de mercado quando analisado o efeito de choque. REFERÊNCIAS ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal ECONOMIC Entomology, v.18, p ABRAPA. Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. Setembro, Disponível em: < Acesso em: 27 de agosto de AGROCERES. Sementes Agroceres. Manual de pragas do milho, soja e algodão. Disponível em:< t=pdf>. Acesso em: 27 de agosto de ÁVILA, C. J.; VIVIAN, L. M.; TOMQUELSKI, G. V. Ocorrência, aspectos biológicos, danos e estratégias de manejo de Helicoverpa armigera (Hubner) (Lepidoptera: Noctuidae) e nos sistemas de produção agrícolas. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, (Embrapa Agropecuária Oeste. Circular Técnica, 23). CONAB. Acompanhamento de safra brasileira: grãos: safra 2011/2012, nono levantamento, junho Brasília, DF, p. Disponível em: < Acesso em: 23 de maio CZEPAK, C.; ALBERNAZ, K. C.; VIVAN, L. M.; GUIMARÃES, H. O.; CARVALHAIS, T. Primeiro registro de ocorrência de Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 43, n. 1, p , 2013a. CZEPAK, C.; ÁVILA, C. J.; VIVAN, L. M.; ALBERNAZ, K. C. Praga da vez. Revista Cultivar Grandes Culturas, Pelotas, n. 176, p. 4-11, 2013b. Edição especial. SULLIVAN, M.; MOLET, T. CPHST pest datasheet for Helicoverpa armigera. Chicago: USDA-APHIS-PPQCPHST,