MONITORAMENTO E CONTROLE DO BICUDO-DO-ALGODOEIRO (Anthonomus grandis BOHEMAN, 1843) NA REGIÃO SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO
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- Isabella Balsemão Fonseca
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1 MONITORAMENTO E CONTROLE DO BICUDO-DO-ALGODOEIRO (Anthonomus grandis BOHEMAN, 1843) NA REGIÃO SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO João Franco Ribeiro (UFMS), Guido A. Sanchez (Holambra Agrícola Assistência Técnica e Consultoria Agronômica), Fernando Aarão (Holambra Agrícola Assistência Técnica e Consultoria Agronômica), Paulo R. B. Fonseca (UFMS), Rodrigo F. Nogueira (UFMS), Paulo E. Degrande (UFMS / degrande@ceud.ufms.br) RESUMO - Um dos componentes de um bom programa de manejo e controle do bicudo (Anthonomus grandis Boheman, 1843) é o monitoramento realizado na pré-safra, com armadilhas de capturas de adultos a base de feromônio grandlure, que indica a estratégia de manejo a ser adotada na área, conforme o número médio de bicudos capturados por armadilha por semana (BAS). Esse estudo objetivou coletar dados do monitoramento semanal das armadilhas para adultos de bicudo e comparar as aplicações de inseticidas realizadas no ano do monitoramento com as aplicações das safras de anos anteriores. A análise foi descritiva, elaborando-se gráfico de linhas e tabelas relacionando a zona de classificação com o número de aplicações de inseticidas. O armadilhamento prévio permitiu categorizar os talhões em função da infestação levando a uma atitude de controle diferenciada. Ficou demonstrado que: nos talhões vermelhos são necessárias mais aplicações de inseticidas que nos talhões amarelos, nos amarelos aplicava-se mais que nos azuis e no verde aplicava-se menos que no azul. O armadilhamento permitiu obter produções mais econômicas uma vez que se aplicou inseticida onde era realmente necessário. O método foi prático e diminuiu o risco da atividade. Palavras-chaves: armadilhamento, grandlure, mip. MONITORING AND CONTROL OF THE BOLL WEEVIL (Anthonomus grandis BOHEMAN, 1843) AT SOUTH REGION OF THE SÃO PAULO STATE ABSTRACT - One component of a good program of boll weevil (Anthonomus grandis Boheman, 1843) management and control is monitoring with grandlure pheromone traps, that indicates control strategy to be adopted in the area, as the average of boll weevil captured per trap weekly (BAS). The objectives of this study was weekly monitoring of the boll weevil adults and compare the data with insecticides applications through the season and previous years. The analysis was descriptive, elaborating graphical of lines and tables relating the zone of classification with the number of applications of insecticides. The previous trapping categorized the areas in function of the infestation leading the differentiated attitude of control. It was demonstrated that in the red area receive more insecticide applications than yellow ones, in the yellow areas were applied more than in the blue ones and in the green fields was applied less than in the blues ones. With the trapping resulted more economic production and given a decision to apply insecticides where it is really necessary. The method was practical and minimized the risk. Key words: trapping, grandlure, ipm
2 INTRODUÇÃO Se não controlado corretamente, o bicudo pode causar perdas de até 70% na produção em função da sua alta capacidade de reprodução, elevado poder destrutivo, e devido ao seu ataque nos botões florais, flores e maçãs novas que caem da planta. A praga também destrói internamente, as maçãs firmes provocando carimã (DEGRANDE, 2001). Durante a safra de 2000/01, foi realizado na Região Oeste da Bahia o Programa de Bloqueio Populacional do Bicudo-do-algodoeiro, numa área estimada em ha, cuja adoção gerou economia de dois milhões de dólares somente com inseticidas. Também ocorreram benefícios ambientais e sociais com a adoção da estratégia, difíceis de serem medidos economicamente, mas muito importantes no manejo ambiental e agro-sociológico. Como os danos da praga foram minimizados e as produtividades não foram ameaçadas, diminuíram os riscos da atividade (CARVALHO, 2001). O levantamento da dinâmica populacional do bicudo nas lavouras do algodoeiro é de suma importância porque permite diagnosticar a infestação da praga na área de cultivo e um manejo racional do inseto. Esse estudo objetivou coletar dados do monitoramento semanal das armadilhas para bicudo e comparar as aplicações de inseticidas realizadas no ano do monitoramento com as aplicações realizadas nas safras anteriores. MATERIAL E MÉTODOS Esse trabalho foi realizado nas fazendas Cercadinho, Nossa Senhora do Carmo, Olhos D água e Ximbuva no município Itaí, situado na Região Sul do Estado de São Paulo, em conjunto com a equipe da Holambra Agrícola Consultoria e Assessoria Agronômica. Por tradição, na região de Paranapanema (Holambra II) a semeadura do algodão ocorre em duas épocas. A primeira corresponde a 15 de outubro até 10 de novembro e a segunda época corresponde a 10 de novembro até 10 de dezembro. O ciclo da cultura do algodoeiro nessa região varia de 110 a 160 dias e, de acordo com a época de semeadura, a colheita inicia-se na segunda quinzena de fevereiro até a segunda quinzena de junho. Este trabalho foi feito através da análise do monitoramento semanal das armadilhas de feromônio em pré-safra, comparando-o com o número de aplicações de inseticidas no ano agrícola (2003/04) e nas aplicações realizadas nas duas safras anteriores ao do ano de monitoramento (2002/03 e 2001/02). Para captura dos bicudos foram utilizadas armadilhas do tipo Hardee. Essas armadilhas são feitas de plástico na cor verde-limão. A armadilha é coberta com um cone telado, e tem uma câmara de captura no topo que contém o liberador de feromônio. Uma pastilha com inseticida foi colocada na câmara de captura para prevenir a fuga dos bicudos capturados. As armadilhas foram instaladas 60 dias antes da semeadura, permanecendo até a implantação da lavoura. A distância entre armadilhas foi de 300 metros, sendo que a primeira armadilha era instalada ao norte da área e a demais foram sendo instaladas em sentido horário, sendo colocadas na bordadura de cada área de cultivo. A altura da armadilha em relação ao solo foi de 1,30 m. A localização das armadilhas na área foi realizada com identificação do talhão e a numeração da armadilha. A cada 14 dias, uma dose de 10 mg de glandlure era colocada na armadilha através dos liberadores de feromônio. A cada troca de feromônio trocava-se, também, o inseticida.
3 A técnica de armadilhamento permite a classificação às áreas em cores em função do BAS (DEGRANDE, 2003) (Tab. 1). Tabela 1: Classificação da área e necessidade de aplicação de inseticidas em relação ao número de bicudos adultos capturados por armadilha por semana (BAS). BAS Zona de classificação (cor do talhão) Número de aplicações de inseticidas em área total na emissão primeiro botão floral (B1) Sem captura Verde Não aplicar 0 a 1 Azul 1 1 a 2 Amarelo 2 Mais de 2 Vermelho 3 Obs.: O tratamento de bordadura foi adotado em todas as áreas As informações do número de aplicações de inseticidas foram obtidas com os produtores rurais. Com os dados calculou-se o número médio de aplicações de inseticidas para controle do bicudo e controle de outras pragas do algodoeiro. A análise foi descritiva, elaborando-se gráfico de linhas e tabelas relacionando a zona de classificação com o número de aplicações de inseticidas. RESULTADOS E DISCUSSÃO No Gráfico 1 encontram-se os dados médios de BAS de toda a região estudada. A coleta em pré-safra permitiu estimar a severidade da infestação nos diferentes talhões, com vistas à tomada de atitude diferenciada. Média de bicudos captuados/armadilha /9 11/9 21/9 1/10 11/10 21/10 31/10 10/11 data/mês Gráfico 1 : Captura de bicudos em armadilhas instalada no periodo de pré-safra da cultura do algodoeiro. Holambra II. Paranapanema, SP. 2003/04. O manejo do bicudo na região de Paranapanema, até a safra de 1989/90, era baseado em baterias de aplicações de inseticidas até a formação dos capulhos a partir do momento que o número
4 de estruturas com sinais de oviposição atingisse 5% do total amostrado. Na safra de 1990/91 o manejo foi semelhante, com a diferença de que a terceira bateria de aplicações de inseticidas era feita só quando o dano atingisse o nível de controle, essa estratégia era adotada para diminuir a infestação de ácaros e aumentar os intervalos entre aplicação, com isso era possível reduzir o número de aplicações de inseticida para o controle de bicudo. Na safra de 2003/04 iniciou-se o monitoramento pré-safra do bicudo em grande escala para delimitar as zonas, com o objetivo de não permitir que o bicudo se estabelecesse na fase inicial e mais crítica do algodoeiro (B1). Com o monitoramento realizado em 2003/04 foi possível reduzir o número aplicações de inseticidas em relação às duas safras dos anos anteriores. O número médio de aplicações da safra de 2001/02 foi 12,2; na safra de 2002/03 foram realizadas 11,3; e, em 2003/04 foram realizadas 8,0 aplicações por talhão em média (Tab. 2). Tabela 2: Número de aplicações de inseticidas para o controle de bicudo (Anthonomus grandis) do algodoeiro nas Fazendas Cercadinho (C) e Nossa Senhora do Carmo (N). Holambra II. Itaí, SP. 2003/04. Safra 2001/02 (sem Safra 2002/03 (sem Safra 2003/04 (com Talhão Bicudo Talhão Bicudo Talhão Bicudo Pivô 1 (C) 14 Pivô 10 (C) 17 Pivô 10 (C) 10 Pivô 3 (C) 11 Pivô 3 (C) 10 Pivô 3 (C) 9 Pivô 4 (C) 15 Gleba 13 (N) 9 Pivô 7 (C) 12 Pivô 21 (C) 7 Gleba 4 (N) 10 Gleba 13 (N) 6 Pivô 11 (C) 17 Pivô 7 (N) 11 Pivô 3 (N) 6 Pivô 26A (C) 9 Gleba 17 (N) 11 Pivô 6 (N) 5 Média 12,2 11,3 8,0 Comparando-se as zonas de classificação obtidas pelo BAS, o número de aplicações de inseticidas vai decrescendo das zonas vermelhas para as zonas amarelas e amarela para azul. Na área de zona verde o número de inseticida foi semelhante ao da zona vermelha porque para este caso havia apenas um talhão com essa classificação verde na região, localizada na Fazenda Ximbuva. Os fatores que influenciaram esta elevada população da praga na Fazenda Ximbuva foram as altas infestações de bicudo das áreas próximas deste talhão e a semeadura que foi realizada tardiamente ali, no dia 9 de dezembro de 2003, assim o bicudo que precisou ser controlado na área era oriundo de fluxos migratórios de talhões vizinhos e não da população de entressafra, evidenciando a importância de se estabelecer um calendário mais restrito de plantio na região. Com a estratégia de monitoramento de pré-safra, constatou-se que nas zonas vermelhas, as aplicações de inseticidas para controle de bicudo foram menores que nas safras de 2001/02 e 2002/03, pois o uso de inseticidas foi mais adequado. E esse número é menor quando a zona de classificação passa para amarela e azul. (Tab. 3).
5 Tabela 3. Número de aplicações de inseticidas em relação às zonas de classificação de bicudo na cultura do algodoeiro das Fazendas Nossa Senhora do Carmo (N), Cercadinho (C), Ximbuva e Olhos d água (O) com seus respectivos talhões. Holambra II Paranapanema, SP. 2003/04. Zona de Média de aplicações Talhão Nº de aplicações classificação Pivô 1 (N) 7 Vermelha Pivô 7 (N) 7 Pivô (C) 10 8 Pivô 10 (C) 8 Afasto (O) 4 Amarela Pivô 4 (N) 6 Pivô 3 (C) 10 7,25 Pivô 6 (N) 9 Pivô 4A (C) 7 Azul Sede (O) 4 Pivô 3 (N) 6 5,75 Pivô 6 (N) 6 Verde* Ximbuva 8 8 * Um só caso na região, que é muito infestada. Semeadura tardia da área CONCLUSÔES 1. O armadilhamento de pré-safra permitiu categorizar os talhões em função da infestação e através da categorização em cores foi possível tratar diferentemente os talhões; 2. O armadilhamento e a categorização dos talhões em cores permitiram economizar aplicações de inseticidas, uma vez que se aplica inseticida onde é realmente necessário; 3. O método foi prático e diminui os riscos da atividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEGRANDE, P. E.; SANTOS, W. J. Nova investida. Cultivar, a. 5, n. 55, p , DEGRANDE, P. E.; CARVALHO, E.; BREDA, C. Bloqueio ao bicudo. Cultivar: a. 3, n. 30, p , CARVALHO. E.; BREDA, C. E.; BRUGNERA, P.; MARCHESAN, J. O. G.; OLIVEIRA, J. C.; ROSIN, J. B.; SANTOS, V.; FILHO, A. C. O.; DEGRANDE, P. E. Bloqueio do bicudo do algodoeiro no estado da Bahia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 3, 2001, Campo Grande. Anais... Campina Grande: Embrapa CNPA, p
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