EFEITO DA TERAPIA COM LASER DE BAIXA POTÊNCIA (830NM) SOBRE O PROCESSO INFLAMATÓRIO EM MODELO EXPERIMENTAL DE TENDINITE
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- Natália Barateiro Martinho
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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ MESTRADO INTERINSTITUCIONAL EM ENGENHARIA BIOMÉDICA Vinícius Brandalise EFEITO DA TERAPIA COM LASER DE BAIXA POTÊNCIA (830NM) SOBRE O PROCESSO INFLAMATÓRIO EM MODELO EXPERIMENTAL DE TENDINITE São José dos Campos, 2009
2 Vinícius Brandalise EFEITO DA TERAPIA COM LASER DE BAIXA POTÊNCIA (830NM) SOBRE O PROCESSO INFLAMATÓRIO EM MODELO EXPERIMENTAL DE TENDINITE Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica, como complementação dos créditos necessários para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Biomédica. Orientadora: Profa. Dra. Regiane Albertini de Carvalho São José dos Campos 2009
3 BB16e Brandalige, " Viníeius Efeito da Terapia com Laser de Baixa Potência (830nnnì s-obre-q-.p,r,q.è9s.99 inflãrnatório em rnodelo exoerimental de tendinite / Vinícius Brandalise; Orientadora: Profa. Dra. Regiane Albertini São José dos Campos, 2009' 1 disco laser: color. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédióa do Ínstituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, modalidade Minter Univap / Unochapecó' Tendinite 2. Têrapia laser de baixa intensidade 3. Cicatrização de feridas L Carvalho, Regiane Albertini de, Orient lll. Título CDU: Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a replg$uçãp tptal qu parcial desta dissertação, por processo fotocopiadores ou transmissão eletrônica. (] / /7. h,u,hauo gf Hag: Vinícius Bran dali76 W./ffi Qatn;181Q?{2Qos
4 VIiVCIUS BRANDALISE Dissertação aprovada colno requisito parcial à obtcnção do grau de Mestre t:itr Engcrthadtr Biorncdica- do Progralna de Pós-Graduação cm Engenharia Bionródica, do [nstituto tlc Pcsquisa e Dçselvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Carnpos, SP. pela scgr-rintc' banca examinadora: Prof. Dra. RENATA AÌIIADEI NICOLAU (UNIVAP) Prof. Dr. NEWTON SOARES DA SILVA (UNIVAP Prof. Dra. REGIANE ALBERTINI DE CARVALHO (UNIC sreho) Prof. Dra. ANA PAULA LIGEIRO DE OLMIRA (US rrr0 Ï 0r Prof. Dra.:sandra Maria Fonseca da Costa Diretor do IP&D - UniVaP São José dos Campos, l0 de fevereiro de 2009.
5 Dedico ao meu filho Pedro, que tanto me ensina na vida. À minha incansável esposa, amor da minha vida, Danielle. Aos meus pais: Aldo e Santa, pelo apoio incondicional.
6 AGRADECIMENTOS A Profª. Dra. Regiane Albertini pela liberdade e coordenação neste trabalho. Ao Prof Dr Marco Antonio de Oliveira, pelas orientações. Ao Prof Dr Egberto Munin, quanto a disponibilização do laboratório. A Coordenação do Curso de Graduação em Fisioterapia, Prof Sabrina Fiorentim e Prof Márcia Regina da Silva, pela flexibilização dos horários. Aos colegas professores, Prof Carlos Lane Fogaça, Prof Lílian Marin, pelas inúmeras substituições. Aos colegas, Mauro Antônio Dall Agnol, Franciane Barbieri Fiório, Rossana Bittencourt, Tádia Fernanda Lapinski, Fabiani Wouters, Antônio Furlanetto, pela caminhada. A Clarice Cela e Airton Tedesco, pela oportunidade, flexibilização e compreensão durante todo este tempo.
7 Efeito da Terapia com Laser de Baixa Potência (830nm) sobre o processo inflamatório em modelo experimental de tendinite RESUMO Introdução: Os distúrbios dos tendões são freqüentes, e são responsáveis pela elevada morbidade no esporte e no trabalho. O termo tendinopatia é uma descrição genérica das condições clinicas do tendão a cerca do overuse`` ou trauma. A terapia laser de baixa potência (LBP) tem sido uma alternativa de tratamento para às tendinopatias, entretanto ainda controversa devido as divergências dos parâmetros de irradiação, principalmente em relação ao comprimento de onda do LBP e a densidade de energia. Resultados de testes in vitro e in vivo têm sugerido que a modulação inflamatória é um dos possíveis mecanismos biológicos da ação do LBP. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da irradiação com laser 830nm, em um modelo experimental de lesão do tendão induzida através de um trauma por impacto. Método: Sessenta e três ratos foram divididos em quatro grupos experimentais: Grupo (G1-controle não- traumatizados, Grupo G2-controle traumatizados, Grupo G3-traumatizado e tratados com comprimento de onda de 830-nm, 30mW potência, e a dose de 3J/cm ², Grupo G4-traumatizado e tratados com comprimento de onda de 830-nm, 30mW potência, e a dose de 9J/cm ². Os animais foram sacrificados nos dias 2, 7, 15 e 21 pós-trauma, e seus tendões foram dissecados e avaliados através de exame histomorfométrico. Resultados: Observou-se que no primeiro momento de sacrifício, o grupo irradiado com 9J/cm ², apresentou maior diferença estatística ( p<0,0001), correspondente à redução de 23,14% da densidade de células inflamatórias, quando comparadas com o grupo trauma; no sétimo e décimo primeiro dia, houve maior significância no grupo irradiado com 3J/cm ² (p<0,001), com redução percentual correspondente, respectivamente, 43,06% e 29,30%; e novamente no último dia de análise (21 dias) os resultados indicam maior efeito no grupo de maior densidade (p<0,0001), redução percentual no número de células inflamatórias correspondente à 28,57% Conclusão: Ambas as doses utilizadas neste estudo foram eficientes em acelerar o reparo do tendão no processo pós-trauma, particularmente após a irradiação com laser, em 9J/cm ², nos diferentes momentos. Palavras-chave: tendinopatia, laser, inflamação
8 Effect Anti-inflammatory of Low Level Laser, 830nm, in Experimental Model f Tendinitis ABSTRACT Introduction: Tendon disorders are frequent, and are responsible for much morbidity both in sport and the workplace. The term tendinopathy is a generic descriptor of the clinical conditions in and a round tendons arising from overuse or trauma. Low level laser therapy (LLLT) has gained increasing in the management of tendinopathy. Results from in vitro and in vivo studies have suggested that inflammatory modulation is one of several possible biological mechanisms of LLLT action. Objective: The objective of this study was to evaluate the effects of 830-nm laser irradiations, at different fluences on the healing process of Achiles tendon (Tendon calcaneo) in na experimental model of Achilles tendon injury induced by a single impact trauma. Methods: Sixty-three mice were divided into four experimental groups: non-injured standard control, injured control, trauma animals, treated with 830-nm wavelenght, 30mW average power, at dosage of 3J/cm², and trauma animals, treated with 830-nm wavelenght, 30mW average power, at dosage of 9J/cm². Animals were killed on day 2, 7, 15 and 21 post-trauma, and their tendons were surgically removed for a quantitative analysis using histopathological examination. Results: It was observed that the first moment of sacrifice beginning, the group spent with 9J/cm2, showed greater difference. The statistics Sica (p> ), corresponding reduced 23.14% of the density of cell squid inflamattory categories when compared with the trauma group, in the sacrifice top first day, there was greater significance in group irradiated with 3J/cm2 (p > 0001), with reduced the percentage corresponding, respectively, 43.06% and 29.30%, and again in last day of analysis (21 days) the results indicate greater effect in the group with higher density (p > ), reduced the percentage in number of cell squid inflamattory corresponding 28.57%. Conclusion: All fluences used in this study were efficient at accelerating the healing processo f Achilles tendon post-trauma, particularly after the laser irradiation, at 9J/cm², in the differents moments. It suggests the existence of dose dependency. Further studies are required to investigate the psysiological mechanisms responsible for the effects of laser on tendinuos repair. KEYWORDS: tendinopathy, laser, inflammation
9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: (a)cronologia dos processos inflamatórios e suas alterações no tecido (b) Alterações celulares Figura 2: Número de células inflamatórias no tendão 48 horas após indução da Tendinite. Valores são media e erro (n=8). Estatística Student t-test p < (***)...33 Figura 3: Número de células inflamatórias no tendão 7 dias após indução da Tendinite. Valores são media e erro (n=8). Estatística Student t-test p < (***)...33 Figura 4: Número de células inflamatórias no tendão 15 dias após indução da Tendinite. Valores são media e erro (n=8). Estatística Student t-test p < 0.01 (**) e p < (***)...34 Figura 5: Número de células inflamatórias no tendão 21 dias após indução da Tendinite. Valores são media e erro (n=8). Estatística Student t-test p < 0.05 (*)...34 Figura 6: Microscopia do tendão calcâneo de rato. Em A grupo salina; B grupo controletrauma; C 3J/cm²; D 9J/cm²; corado com H&E, após 48h tempo de tratamento Figura 7: Microscopia do tendão calcâneo de rato. Em A grupo salina; B grupo controletrauma; C 3J/cm²; D 9J/cm²; corado com H&E, após 7 dias de tratamento...36 Figura 8: Microscopia do tendão calcâneo de rato. Em A grupo salina; B grupo controletrauma; C 3J/cm²; D 9J/cm²; corado com H&E, após 15 dias de tratamento Figura 9: Microscopia do tendão calcâneo de rato. Em A grupo salina; B grupo controletrauma; C 3J/cm²; D 9J/cm²; corado com H&E, após 21 dias de tratamento....37
10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Tabela da divisão da amostra em grupos e subgrupos, subdivisão dos dias de sacrifício...28 Tabela 2: Protocolo de irradiação Laser...29 Tabela 3: Média, erro padrão do numero de células inflamatórias encontradas nos diferentes tempos do processo inflamatório (48hs, 7 o, 15 o e 21 o dias), nos grupos controle e irradiado...32
11 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS AsGa Arseneto de Gálio FB - Fibroblastos HE Hematoxilina e eosina Hz hertz J joules nm nanômetros ns nanosegundos PO Pós-operatório SA - sacrifício V volts mw - miliwatts µm micrometro
12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO REVISÃO BIBLIOGRÁFICA TENDÃO - TECIDO CONJUNTIVO MODELADO DENSO LESÃO MUSCULOTENDÍNEAS Caracterização das Rupturas Musculotendinosa TENDINOPATIA REPAROTECIDUAL LASER Definição Terapia com Laser de Baixa Potência OBJETIVOS OBJETIVO GERAL OBJETIVO ESPECÍFICO METODOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA AMOSTRAS GRUPO EXPERIMENTAL SACRIFÍCIO INDUÇÃO DA TENDINITE IRRADIAÇÃO DO LASER TÉCNICA PARA BIÓPSIA PREPARAÇÃO DAS LÂMINAS HISTOLÓGICAS AVALIAÇÃO HISTOMORFOLÓGICO ANÁLISE ESTATÍSTICA RESULTADOS ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA DISCUSSÃO CONCLUSÃO...44 REFERÊNCIAS...45 ANEXO A: PROTOCOLO DE APROVAÇÃO DA PESQUISA...51
13 13 1 INTRODUÇÃO As lesões músculo tendíneas, são ocorrências freqüentes no esporte, no trabalho e na vida diária; mais que 30% das doenças vistas na cliníca, são ou estão relacionadas ao sistema musculoesquelético. Estas doenças têm origem por diferentes mecanismos como; traumas diretos (laceração e contusão) e indiretos (isquemia, desnervação), mas o processo de reparo muscular é similar em muitos destes casos (GONZÁLEZ-GALLEGO et al., 2006). O reparo tecidual é um processo dinâmico que compreende diferentes fases, entre elas, inflamação, proliferação celular e síntese de elementos que constituem a matriz extracelular, como colágeno, elastina e fibras reticulares; e ocorrem após trauma ou doença (ROCHA JÚNIOR, 2006; PUGLIESE, 2003). Normalmente no processo de cicatrização de feridas, após o início do estágio de granulação, há sutil predominância de macrófagos e aumento do número de fibroblastos com síntese de nova matriz extracelular, ocorrendo à remodelação desses tecidos com a contração do tecido de granulação. Na fase de formação, os fibroblastos produzem quantidades abundantes de matriz extracelular (ROCHA JÚNIOR, 2006). A síntese de colágeno ocorre no 21º dia posterior à lesão, e o retorno da pele ao aspecto normal no 26º dia. Com a resolução da ferida e estando ela envolvida por tecido de granulação, ocorre significativa diminuição de macrófagos e fibroblastos, e a maturação da cicatriz torna-se relativamente acelular (ROCHA JUNIOR, et al., 2006). A utilização do laser de baixa potência, a fim de reduzir a dor e favorecer a cicatrização, tanto no homem como nos animais, iniciou-se na década de Desde então, o estudo da ação de sua radiação na função biológica vem crescendo. Atualmente, este recurso é utilizado para tratar afecções músculo esqueléticas, dor e inflamação em vários países (MORRONE, 1998; VINCK, 2003; KARU, 1982). A irradiação laser estimula as mitocôndrias celulares, promovendo um aumento na produção de ATP intracelular, inibe a produção de ácido araquidônico e a transformação de prostaglandina em prostaciclina, justificando sua ação antiedematosa e antiinflamatória; promove aumento de endorfina circulante beta endorfina proporcionando o efeito analgésico (MATERA, et al., 2003). Diversos estudos têm sido realizados para compreender o processo de
14 14 cicatrização de feridas, objetivando esclarecer os diferentes aspectos do tecido de granulação, da epitelização e da neoformação tecidual, bem como os possíveis efeitos do LBP no processo de reparo tecidual (ROCHA JUNIOR, 2006). Efeitos estimulantes positivos e negativos surgiram, mas devido ao grande número de intervenções e à insatisfatória qualidade de metodologia, bem como a difícil reaplicação, estes, mostram-se contraditórios. A justificativa baseia-se nos fatos de que as pesquisas já realizadas, não descrevem todos os parâmetros necessários como dose, potência média do aparelho, tempo de aplicação e modo de aplicação, distintos modelos experimentais, abordagem dos eventos em diferentes tempos (dificultando a compreensão metodológica para a reprodução dos resultados e dificuldades comparativas entre os estudos
15 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Tendão - Tecido Conjuntivo Modelado Denso Os tendões são estruturas cilíndricas alongadas que ligam os músculos esqueléticos aos ossos. Devido a sua riqueza em fibras colágenas, são brancos e inextensíveis; São formados por feixes paralelos de fibras colágenas, entre os quais existe pequena quantidade de substância fundamental amorfa e de fibroblastos com características próprias: organização e orientação dos feixes de colágenos, frente às repostas a trações exercidas num determinado sentido. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1995). Nos tendões, as fibras estão arranjadas linearmente, paralelas ao eixo longo do músculo; esse arranjo é estimulado pela movimentação e sua estrutura é definida pelas necessidades funcionais. A resistência do tecido conectivo é conferida pelas moléculas de colágeno que são proteínas com uma estrutura em tripla hélice. As fibras são principalmente do tipo I nos ligamentos e tendões. (OLIVEIRA, 2004). O tecido conjuntivo modelado apresenta os feixes colágenos orientados, seguindo uma organização fixa. Trata-se de um conjuntivo que formou suas fibras colágenas em resposta a trações exercidas num determinado sentido. As fibras orientam-se de modo a oferecer o máximo de resistência às forças que normalmente atuam sobre o tecido. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1995) O tecido tendíneo é um tipo de tecido conjuntivo denso, que compreende três partes: um componente fibroso, a substância matriz com seu componente de líquido intersticial e o componente celular. Os dois primeiros compõem a matriz extracelular e correspondem à maior parte do tecido conjuntivo (MALONE, 2000) e tem como função: conectar os músculos a outros tecidos, conjuntivos, como pele, ligamentos e ossos (HERBERT, 2003); transmitir a força produzida pelos tecidos contráteis músculos - para o osso, tornando possível o movimento articular (ARRUDA, 2007) Acredita-se que sejam capazes de suportar pelo menos duas vezes a força máxima que os músculos podem exercer sobre eles, visto que o colágeno dos tendões está alinhado em uma forma linear muito estrita e está sempre orientado na linha de movimento do músculo (HERBERT, 2003) Em tendões, as fibrilas e fibras são
16 16 altamente alinhadas, o que confere alta resistência mecânica para forças de tração (ARRUDA, 2007) A unidade músculo-tendão pode ser dividida em: junção miotendinosa, tendão e inserção tendão-osso. Alguns tendões são envoltos por uma cobertura tubular de paredes duplas, referida como bainha do tendão ou peritendão; uma cavidade revestida por células achatadas e de origem mesenquimatosa, que encerra um líquido viscoso semelhante ao líquido sinovial das articulações, o qual contém água, proteínas, glicosaminoglicanas, glicoproteínas e íons. A função deste líquido é facilitar o deslizamento do tendão dentro da sua bainha (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1995). Enwemeka et al., (1989) relatam que o tendão é constituído por fibroblastos e matriz extracelular, na qual estão imersas proteínas fibrosas de colágeno e elastina, proteoglicanas, glicoproteínas e mucopolissacarídeos (p.ex., tendão de Aquiles ou tendões flexores da mão), como para guía-lo em direção à inserção óssea (HERBERT, 2003). 2.2 Lesão Musculotendíneas A contusão, verdadeiro esmagamento da unidade musculotendinosa, caracteriza-se por micro ou macrorrupturas, acrescidas de abundante sangramento e edema. A ruptura muscular pode ser dividida em dois tipos básicos: ruptura propriamente dita``, com lesão transversal ao corpo muscular (de maior gravidade); estiramento`` - microlesões de alongamento`` (de menor gravidade). (CARAZZATO, 1994) Caracterização das Rupturas Musculotendinosa Segundo Carazzato, (1994) a ruptura muscular pode ser classificada de acordo com: 1. nível da lesão: músculo, transição miotendínea, tendão e arrancamento ósseo;
17 17 2. gravidade: parcial; total; 3. tempo de lesão: aguda; crônica Lesão aguda é aquela que ocorre pela primeira vez em determinado músculo, com tempo de evolução inferior às três semanas necessárias para sua perfeita cicatrização. A lesão crônica poderia ser decorrente de lesão aguda, levada à presença de fibrose cicatricial abundante, em conseqüência da gravidade da lesão ou a terapêutica inadequada, ou mesmo inveterada (que não foi tratada). Pode ser subdividida, em função do segmento comprometido, com fibrose no corpo muscular ou com microlesões inflamatórias ao nível do mioentésio (CARAZZATO, 1994). 2.3 Tendinopatia Tendinite é uma condição inflamatória do tendão agredido 2. O processo inflamatório agudo é condição fisiológica do processo de reparação tecidual, entretanto, muitas vezes esse processo é exagerado e pode acarretar complicações e programação do tempo de reparação prejudicando a qualidade do tecido em reparação 3. Tendinopatia é o termo genérico utilizado para descrever todas as doenças originadas nos tendões e ao redor deles 4. O processo reparação do tendão representa um paradigma para a ciência médica. Embora a maioria de tendões tenha a habilidade de reparação espontânea após ferimento, o tecido da cicatrização que é formado pode, conseqüentemente impedir o tendão de executar as funções normais 1. Existe muitos fatores intrínsecos e extrínsecos citados na etiologia dos ferimentos do tendão que são responsáveis para enfraquecer as suas fibras e gerar a sua disfunção 5. A etiologia das tendinites, aguda e crônica, pode ser variada; mas as alterações morfológias são semelhantes. A inflamação causa um aumento da permeabilidade das membranas celulares, levando a uma direta conexão entre o meio intra e o extracelular.os mediadores da inflamação causam dor e edema. Com
18 18 a estase extracelular há distúrbio do metabolismo celular. O resíduo do edema crônico leva a alterações secundárias no tecido paratendíneo e no próprio tendão. A peritendinite crônica ocorre quando a fibrina do edema organiza-se no espaço e forma adesões firmes e espessas. O peritendão hipertrofia-se, resultando num tecido não funcional. Se não tratado e neglicenciado, a cicatriz oblitera o plano entre o tendão e sua bainha, tornando o tratamento conservador quase impossível e o cirúrgico difícil. Os campos espessados no tendão frequentemente assumem aspecto nodular e ficam sensíveis. O tratamento depende do tendão afetado, idade e o período decorrido entre a ruptura e o diagnóstico (OLIVEIRA, 2004) Nas últimas décadas, observou-se um aumento no interesse clínico por evidências biológicas da otimização do processo de reparo tendíneo, o que tem influenciado estratégias adotadas no tratamento das lesões tendíneas. Dessa forma tem se estudado várias modalidades terapêuticas com o objetivo de acelerar o processo regenerativo (ARRUDA et al, 2007) Diversos estudos visaram ao desenvolvimento de técnicas a fim de otimizar o processo de reparação tendínea. A qualidade da recuperação tecidual está diretamente relacionada à efetiva reabilitação funcional do indivíduo. Assim, o desenvolvimento de equipamentos e técnicas terapêuticas tem sido amplamente investigado em na área da Saúde e Engenharia Biomédica. Dentre as referidas técnicas está o uso da eletroterapia, ultra-som terapêutico e recentemente terapia com laser de baixa potência (TBP). 2.4 ReparoTecidual A reação inflamatória representa um conjunto de reações locais e gerais do organismo contra uma agressão. Ela é composta de uma série de fenômenos complexos que se associam e se complementam uns aos outros, formando uma reação em cascata. A resposta inflamatória visa, em última instância, combater o agente agressor e eliminar produtos resultantes da destruição celular, promovendo condições ideais para a reparação do tecido lesado (LOPES-MARTINS et al., 2007) Os processos de cicatrização e reparo tecidual ocorrem após trauma ou
19 19 doença. O reparo das feridas e sua reestruturação constituem mecanismo complexo, em que vários fatores contribuem para a criação de diversos tipos de cicatrização, como hipertrofia, atrofia ou normotrofia, da área lesionada. Esse processos compreendem três fases: inflamação, granulação e formação de matriz extracelular. Normalmente no processo de cicatrização de feridas, após o inicio do estágio de granulação, há uma sutil predominância de macrófagos e aumento do número de fibroblastos com síntese de nova matriz extracelular, ocorrendo a remodelação desses tecidos com a contração do tecido de granulação. Com a resolução da ferida e estando ela envolvida por tecido de granulação, ocorre signifiativa diminuição de macrófagos e fibroblastos, e a maturação da cicatriz torna-se relativamente acelular (ROCHA JUNIOR, 2006). A figura 3, resume os estágios do processo de cicatrização e as implicações que apresentam para o tratamento tradicional dos reparos do tendão de Aquiles; sendo que a cicatrização do tendão ocorre em fases consecutivas e relacionadas, com períodos de tempo de certa forma sobrepostos,. Figura 1: (a)cronologia dos processos inflamatórios e suas alterações no tecido (b) Alterações celulares. Fonte: Low e Reed ( 2001).
20 20 O processo de cicatrização das lesões tendíneas pode levar semanas ou até meses para se completar. Durante esse período, geralmente o paciente é imobilizado para evitar rupturas, o que causa inúmeras complicações funcionais retardando o processo de reabilitação. Segundo Robinson (2001), o processo de cicatrização dos tendões, envolve as seguintes fases: 1. Fase Inflamatória infiltrado inflamatório 2. Fase Proliferativa - angiogênese e proliferação fibroblástica 3. Fase de Remodelamento - observado grande organização de fibras colágenas, hipocelularidade e recuperação da inervação normal. Quando ocorre uma lesão, na maioria das vezes, a causa mais freqüente é o estresse tendíneo, pois ocorre extensão exacerbada dos tendões acima da capacidade tecidual, com desorganização das fibras tendíneas, e consequentemente ocorre um processo hemorrágico e inflamatório que possui efeitos deletérios tanto ao tendão como ao ligamento. Na ocorrência de um processo de tendinite, o principal procedimento é prevenir os danos ocasionados pela reação inflamatória, tentando reverter o processo de inflamação aguda ou subaguda, para minimizar os efeitos no tendão lesado e iniciar um processo de reparação que permita o restabelecimento ordenado e funcional dos tendões. (MACHADO et al., 2000) Em geral, a agressão e a reação inflamatória resultam em fibrose residual. Apesar da funcionalidade imperfeita, a formação de fibrose proporciona um remédio`` permamente, que permite que o parênquima residual continue, de algum modo, a funcionar. Na inflamação crônica, a agressão persistente comumente leva a destruição tecidual e a formação de fibrose (COTRAN, 1996) 2.5 Laser Desde a sua concepção, o laser Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation - Amplificação da Luz pela Emissão Estimulada da Radiação, encontraram uma aplicação imediata nas ciências da saúde humana, e particularmente na medicina, onde são rotineiramente utilizados para cortar, soldar, e
21 21 mesmo destruir tecidos (BAXTER apud KITCHEN, 1998). A introdução de diodos emissores de luz promoveu um recrudescimento no uso desta terapia, que é conhecida como Soft Laser laserterapia de baixo nível e/ou de baixa intensidade (LLLT/ TLBI) (Nicolau, 2003). Esta modalidade vem encontrando aplicações cada vez mais amplas pelos fisioterapeutas, para uma ampla gama de distúrbios e problemas, tais como: feridas abertas, lesões a tecidos moles, distúrbios artríticos, e dores associadas a etiologias diversas (ENWEMEKA, 1989;BAXTER apud KITCHEN, 1998;REDDY, 1998; FUNG, 2002; MEDRADO, 2003;.HONMURA, 1992; RENNO, 2006; VINCK, 2003; RIZZI, 2006; NICOLAU, 2003; TUMILTY, 2008) Definição A laserterapia de baixa potência (LBP) é uma denominação genérica que define a aplicação terapêutica de laseres de diodo superluminosos monocromáticos de intensidade relativamente baixa (< 500mW), para o tratamento de lesões, com alteração térmica demasiadamente baixas para que efetuem qualquer aquecimento detectável dos tecidos irradiados; assim, é uma modalidade terapêutica atérmica Terapia com Laser de Baixa Potência Desde Mester et al(1982) apud Morrone (1998), têm-se evidenciado os efeitos da biomodulação decorrentes da irradiação do laser, em diferentes comprimentos de onda (632,8 nm, 660 nm, 830nm, 904 nm) distintos sistemas de laser e diferentes possíveis modos de operação (ROCHA JÚNIOR, 2006). Os tratamentos experimentais em pacientes iniciaram-se nas últimas décadas, após relatos de resultados positivos da irradiação com a terapia a laser de baixa potência - sem potencial destrutivo em culturas de células e em experimentos animais (ROCHA JÚNIOR, 2006; MORRONE, 1998; VINCK, 2003; KARU, 1982). A partir daí se iniciou
22 22 a aplicação do laser terapêutico em diversas doenças, como também em pesquisas e experimentações, obtendo desta maneira, avanços a respeito dos efeitos fisiológicos, mecanismos de produção e no aperfeiçoamento dos equipamentos. O laser é um dos meios físicos que o fisioterapeuta conta para o tratamento de seus pacientes, porém ainda se encontram em fase de determinação de seus reais efeitos, aplicações efetivas e limitações. A ação fotoquímica é a reação mais evidente, dizendo que a energia eletromagnética estimula fotorreceptores ou cromóforos os quais só vão responder a uma faixa de luz específica, realizando assim, a conversão de energia fotoquímica, dependente do comprimento de onda e da freqüência, que podem causar modulação bioestimulatória (PARIZOTTO, 2001). Os resultados observados em alguns estudos sobre o efeito fotoestimulador (REDDY, 1998) e fotoquímico (RIZZI, 2006; FILLIPIN, 2005) da terapia laser de baixa potência (15-45±30mW), usados em uma intensidade que possibilita terapia não invasiva, através de contato direto, com efeitos atérmicos, gera uma cascata de reações fisiológicas benéficas (ROCHA JÚNIOR, 2006; PUGLIESE, 2003), que evidenciam uma diminuição no processo inflamatório, e este processo é reafirmado por Chiesa (2006) e Buso (2006). Veçoso (1996), enumera os efeitos cicatrizantes do laser: a. Incremento à Produção de ATP a. As células onde a produção de ATP é aumentada têm sua velocidade mitósica acelerada b. Estímulo à Microcirculação a. Ocorre aumento do aporte de elementos nutricionais, somando-se ao aumento da velocidade mitósica, a multiplicação de células torna-se extremamente facilitada. c. Formação de Novos Vasos a. Aceleração da neoformação vascular, ocasionando maiores condições para uma cicatrização rápida e esteticamente superior. Vários pesquisadores têm realizado estudos experimentais com os laseres de baixa potência, porém a literatura é confusa quanto aos tipos de laseres e doses mais efetivas para as várias espécies animais e diferentes afecções. Tavares (2005) realizou um estudo experimental com ratos, utilizando laser
23 23 de GaAs com comprimento de onda de 904nm, e com pico de potência de 15W, potência média de 3 à 7mW, com duração de pulso de 180ns, freqüência de 2000Hz, e com dose de 4J/cm²; promoveu a deposição de colágeno no sítio da lesão na fase inicial e tardia. Além disso, minimizou a presença de células inflamatórias na zona de lesão, na fase inicial da cicatrização do tendão calcâneo de ratos. Salate (2005) analisou os efeitos do laser de baixa intensidade após ruptura parcial do tendão calcâneo. Utilizou um laser de GaAlAs de 660nm, e área de feixe de 4,0mm². Foi utilizada a técnica de contato e potência de saída de 10mW, durante 10 segundos, proporcionando densidade de energia de 2,5J/cm²; observando que a terapia de laser de baixa potência foi eficaz na promoção de melhor qualidade de reparo tendíneo após ruptura parcial induzida por trauma, durante os primeiros 7 dias após lesão, podendo evidenciar aceleração no reparo tecidual devido à menor predominância de infiltrado inflamatório e maior organização das fibras colágenas. Assis (2006), comparou a eficácia do laser de diodo(904nm) e do laser de diodo (670nm) na viabilidade de retalho cutâneo em ratos. Submeteu a amostra a uma radiação laser com densidade de energia de 16J/cm², imediatamente após a lesão e nos 4 dias subseqüentes. Foi utilizado um equipamento laser com comprimento de onda de 904nm, potência de 15mW e área de feixe de 0,125cm² e o laser de 670nm, potência de 30mW e área do feixe de 0,07cm², Constatou que o grupo irradiado com o laser de 670nm apresentou uma menor área de necrose do retalho comparado aos demais grupos do estudo, mostrando ser mais eficiente. O laser de Helio-Neônio se mostra eficiente no tratamento de feridas cutâneas, acelerando seu processo de reparo, segundo Carvalho (2003); para tanto, realizou incisões na pele de ratos e irradiou o local com o Laser de potência contínua máxima de 5mW, comprimento de onda de 632,8nm visível, dosagem de 4J/cm² em uma área de 3cm², durante 36 segundos em cada lesão. Lange (2003) provocou duas lesões abrasivas, uma em cada lado do dorso, sendo a lesão do lado direito tratada com laserterapia e a do lado esquerdo controle. O tratamento a base de laserterapia foi realizado em uma sessão diária ( 05 vezes por semana) através do aparelho Laserpulse, laser de 670nm, de InGaAlP, num total de 10 minutos cada sessão, dose de 4 J/cm², por varredura, durante 3 semanas. A análise histológica foi realizada no 7º, 14º e 21º dias. Pôde concluir que o laser em queimaduras, contribuiu para acelerar e melhorar a qualidade do tecido neoformado,
24 24 uma vez que o laser aumentou a proliferação de neutrófilos, linfócitos e a neoformação de vasos sanguíneos aos primeiros sete dias do tratamento; após 14 dias de laserterapia, verificou-se o aparecimento de linfócitos e macrófagos numerosos, diminuição a edemaciação e de neutrófilos, também a continuação de proliferação de vasos sanguíneos e fibroblastos jovens. Rocha Junior et al. (2006), analisaram os efeitos da laserterapia de baixa potência sobre a angiogênese, a proliferação fibroblástica e o infiltrado inflamatório, através da remoção de um fragmento circular de tecido cutâneo e irradiação de laser infravermelho de arseneto de gálio, com comprimento de onda de 870nm, potência de pico de 70mW, potência média de saída de 0,5 a 3.5mW e aplicação através de fibra óptica. A aplicação foi realizada pelo método de varredura na área central da ferida, a primeira logo após o procedimento cirúrgico, a segunda 48 horas após o procedimento e a terceira sete dias após a realização da lesão cirúrgica. Medrado et al. (2003), estudaram a influência da laserterapia de baixa potência na reparação tecidual e a ação biológica dos miofibroblastos, utilizando laser de GaAlAs com comprimento de onda de 670nm e usou duas doses de energia distintas, 4J/cm² e 8J/cm², co tempo de duração entre 31 e 62 segundos. Observaram que no grupo tratado com a densidade de energia de 4J/cm², mostrouse mais eficaz quanto a diminuição do edema e de células inflamatórias. Fillipin et al.(2005), realizou uma investigação sobre os efeitos do laserterapia de baixa potência no estresse oxidativo e na fibrose de um modelo experimental em ratos. Foi utilizado laser de GaAs de 904nm, com dosagem de 5J/cm², por 35 segundos de duração, no primeiro grupo por 14 dias e no segundo grupo por 21 dias. Conclui que houve maior incremento de concentração de colágeno no grupo tratado. Pugliese et al. (2003), realizaram ferimentos cutâneos padronizados no dorso de 72 ratos, e, em seguida, aplicação pontual de laser de GaAlAs, com comprimento de onda de 670nm e com duas distintas densidade de energia, uma de 4J/cm² e a segunda de 8J/cm². Pôde observar que houve um aumento no depósito de colágeno e fibras elásticas nos animais submtidos à irradiação laser. E ainda, que a densidade de energia de 4J/cm² forneceu resultados mais significativos do que os 8J/cm². Afirmando a importância do estudo com rupturas musculotendinosa, basta citar as estatísticas apontadas por Carazzato (1994) São notáveis os achados nos estudos quanto ao uso da Terapia laser de
25 25 baixa potência, pode-se observar os efeitos desta nas diferentes fases do processo de reparo tecidual; porém a literatura deixa lacunas a serem preenchidas por mais estudos de forma padronizada e randomizada para de fato elucidar evetuais dúvidas quanto ao uso desta terapia, e deve-se observar que a maioria destes estudos apontam efeitos positivos na modulação do processo de inflamação e cicatrização de tecido.
26 26 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da irradiação com laser 830nm, em um modelo experimental de lesão do tendão induzida através de um trauma por impacto 3.2 Objetivo Específico Analisar o processo inflamatório da tendinite induzida por meio da histomorfométrico
27 27 4 METODOLOGIA 4.1 Caracterização da Pesquisa O experimento foi realizado de acordo com o Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), segundo os Princípios Éticos na Experimentação Animal (COBEA, 1991) e as Normas para a Prática Didático-Científica da Vivissecção de Animais (Lei nº 6638 de 08/05/1979); tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP (ANEXO A: Protocolo de aprovação da pesquisa) protocolado sob número A083/CEP/2007, por estar em concordância com os principios éticos em experimentação animal. 4.2 Amostras Foram utilizados 63 ratos Wistar, machos, com idade média de semanas e peso entre 250 ± 40gr. Os animais eram provenientes do Biotério da Universidade Federal de Santa Maria/RS (UFSM-RS); foram mantidos durante todo o experimento no Biotério da Universidade Comunitária Regional de Chapecó/SC (UNOCHAPECÓ/SC). Ficaram em ambiente com temperatura controlada, com ciclo de luz de 12 horas claro/escuro, e acesso controlado a comida e acesso livre à água durante o tempo do experimento. Os animais foram mantidos em gaiolas coletivas, com 5 ratos por gaiola; providas de camas de maravalhas, mamadeira para água e cocho de alimentação. Os animais passaram por um período de 7 dias de ambientação no Biotério da Universidade Regional Comunitária de Chapecó UNOCHAPECÓ. 4.3 Grupo Experimental Os animais foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: G1 (n=3)
28 28 controle-sem trauma e sem irradiação estabelecendo o padrão ouro; G2 (n=20), nomeado controle traumatizado sem irradiação laser; G3 (n=20), grupo traumatizado e tratado com Laser 3 J/cm 2, em intervalos de 48h; G4 (n=20) grupo traumatizado e tratado com Laser 9 J/cm 2 em um intervalo de 48 horas. Sendo que a 1ª irradiação foi 14 horas após o traumatismo. Os grupos foram subdivididos em 4 subgrupos devido aos diferentes tempos de sacrifício, sendo configurado da seguinte maneira: o grupo G2 (G2.1, G2.2, G2.3 E G2.4), o grupo G3 (G3.1, G3.2, G3.3 e G3.4), e o grupo G4 (G4.1, G4.2, G4.3 e G4.4). 4.4 Sacrifício Os grupos G2.1, G3.1, G4.1 foram sacrificados 48h após o traumatismo; no sétimo dia após lesão, foram sacrificados os subgrupos: G2.2, G3.2, G4.2; no décimo quinto dia foram sacrificados os subgrupos: G2.3, G3.3, G4.3; e no vigésimo primeiro dia, foram sacrificados os subgrupos: G2.4, G3.4, G4.4, e o Grupo Controle (G1). O procedimento de eutanásia, foi por meio de uma indução anestésica, obtida a prostração, aplicou-se injeção intracardíaca de 1ml, de cloreto de potássio a 19,1%. Abaixo segue uma tabela do desenho experimental (Tabela 1). Tabela 1: Tabela da divisão da amostra em grupos e subgrupos, subdivisão dos dias de sacrifício Sacrifício\Grupos Salina (n=04) Controle (n=20) Irradiado 3 J/cm 2 (n=20) 48h º dia º dia º dia Irradiado 9 J/cm 2 (n=20)
29 Indução da Tendinite Os animais foram anestesiados, com quetamina a 10% (50mg) e 1 ml de xilazina a 2% (20mg) e receberam a dose de 0,1 ml para cada 100g do rato da mistura i.p.; permitindo um período de latência de cinco a sete minutos e uma anestesia que variou de 30 a 50 minutos (MASSONE, 2003; BOJRAD,1996.) Para a indução da tendinite, após anestesia, os animais foram imobilizados manualmente e mantidos em decúbito dorsal sobre a plataforma de impacto, tendo o membro inferior direito com o tendão de Aquiles voltado superiormente A lesão/contusão do tendão foi induzida por um impacto produzido por uma massa de metal (0,333g) elevada a uma altura de 18cm. A energia cinética desenvolvida pelo impacto foi de 0,5521J (LECH,1996; RIZZI, 2006; FILLIPIN, 2005; CHIESA, 2006). 4.6 Irradiação do Laser O laser de baixa potência utilizado para a irradiação foi um GaAlAs (arseneto de gálio - alumínio), com comprimento de onda de 830 nm, potência de 30W e com a área de emissão do feixe A=0,1cm 2, na técnica de contato. Na tabela 2 descrição dos parâmetros de irradiação. Os grupos: controle (salina) e controle (trauma) receberam manuseio idêntico aos demais, e aplicação do laser desligado. Tabela 2: Protocolo de irradiação Laser.. Parâmetros DE 3 J/cm2 DE 9 J/cm2 Área Irradiada 0,1 cm2 0,1 cm2 Potência (Pó) 30 mw 30 mw Tempo (s) 16 s 48 s
30 Técnica para biópsia Para a realizar as analise dos tendões após os períodos de tratamento os tendões dos animais foram dissecados. A região posterior da pata traseira direita de todos os animais foi tricotomizada sobre o trajeto do tendão do tríceps sural. Após este procedimento, os animais foram posicionados na mesa cirúrgica, onde foi realizado assepsia,, Então foi exposto o local de biópsia e dissecado os tecidos conjuntivo e adiposo para visualizar o tendão calcâneo e a parte distal do músculo gastrocnêmio, por meio de uma incisão longitudinal caudocranial de aproximadamente 4 cm e duas outras incisões nas extremidades no sentido transversal de aproximadamente 2 cm. Foram feitas incisões paralelas com uma lâmina de bisturi nº 15 ao longo dos lados da amostra de biópsia as quais foram estendidas ligeiramente além das suturas. Enquanto se exercia uma tração suave na sutura, uma lâmina foi utilizada para retirar a amostra entre as incisões. Ao se retirar completamente a extensão da amostra de biópsia cortou-se as extremidades com bisturi (BOJRAD, 1996), 4.8 Preparação das lâminas histológicas Após a coleta do material, as peças permaneceram por 24 horas para fixação em formalina tamponada à 10%, com volume 10 vezes superior ao da peça, sendo os fragmentos identificados conforme o grupo, dose aplicada e dia do sacrifício. Este material foi encaminhado a laboratório de análise anatomo-patológico, para preparação das lâminas. Para processar o material, utilizou-se a técnica histológica clássica para inclusão em parafina (MICHALANY, 1980), composta pela seguinte seqüência, depois de realizada a fixação: desidratação em concentrações crescentes de álcool, diafanização com xilol que permite a penetração de parafina na peça, impregnação em banhos de parafina e inclusão em moldes, após feitos cortes transversais com uma espessura de quatro micrometros e montagem em balsamo sintético. Sendo a coloração realizada com Hematoxilina e Eosina para determinar em cada tratamento
31 31 a proporção volumétrica de células inflamatórias presentes no local da lesão. 4.9 Avaliação histomorfológico As Lâminas histológicas foram confeccionadas e coradas pelo Laboratório Paulista, São Paulo, SP. As imagens dos cortes histológicos foram obtidas em microscópio Leica DMLB2 acoplado a câmera digital de 17,5x ligada a um computador através de placa digitalizadora com objetivas 10x e 40x. Para otimizar o reconhecimento e contagem das células foi realizado aumento de 40x, sendo utilizado ImageJ como programa para contagem das células inflamatórias das imagens obtidas Análise Estatística Todas as variáveis aferidas no estudo foram analisadas com auxilio do programa Excel for Windows, Graf Pad Instat e GraphPad Prism. A expressão dos valores esta demonstrada em media aritmética e desvio-padrão. Os dados foram submetidos ao teste estatístico ANOVA, determinando o grau de variância e desvio dos dados encontrados em cada um dos grupos, com grau de significância à 5% ; seguido do pos teste de Tukey-Kramer, para comparações entre os grupos.
32 32 5 RESULTADOS 5.1 Análise Histomorfométrica A tabela 3 mostra os valores de contagem de células inflamatórios polimorfonucleares para os diferentes tempos de estudo 48h, 7 dias, 14 dias e 21dias. Pode-se notar que o grupo tratado com laser com DE de 9 J/cm² apresenta redução no número de células desde do inicio do tratamento (48h) até 21 dias, enquanto que o grupo tratado com 3J/cm 2 somente consegue reduzir a migração de células nos tempos de 7 e 15 dias Tabela 3: Média, erro padrão do numero de células inflamatórias encontradas nos diferentes tempos do processo inflamatório (48hs, 7 o, 15 o e 21 o dias), nos grupos controle e irradiado. Salina Controle 3 J/cm² 9 J/cm² 48 hs 17 ± ± ± ± o dia 17 ± ± ± ± o dia 17 ± ± ± ± o dia 17 ± ± ± ± Fonte: dados da pesquisa. Os dados mostrados na tabela em relação a contagem do número de células inflamatórias estão graficamente representados na figura 2, para os animais sacrificados com 48 dias e nas figura 3, 4 e 5 para os animais sacrificados com 7, 14 e 21 dias, respectivamente.
33 33 Número de células inflamatórias salina controle 3J/cm2 *** 9J/cm2 Figura 2: Número de células inflamatórias no tendão 48 horas após indução da Tendinite. Valores são media e erro (n=8). Estatística Student t-test p < (***) Número de células inflamatórias salina controle *** 3J/cm2 *** 9J/cm2 Figura 3: Número de células inflamatórias no tendão 7 dias após indução da Tendinite. Valores são media e erro (n=8). Estatística Student t-test p < (***)
34 34 Número de células inflamatórias salina controle ** 3J/cm2 *** 9J/cm2 Figura 4: Número de células inflamatórias no tendão 15 dias após indução da Tendinite. Valores são media e erro (n=8). Estatística Student t-test p < 0.01 (**) e p < (***) Número de células inflamatórias salina controle 3J/cm2 * 9J/cm2 Figura 5: Número de células inflamatórias no tendão 21 dias após indução da Tendinite. Valores são media e erro (n=8). Estatística Student t-test p < 0.05 (*)
35 35 A figura 6 mostra a comparação entre os grupos (salina, controle-trauma, 3J/cm² e 9J/cm²); evidenciou o poder da aceleração do processo regenerativo, após 48h pós-tratamento, através da visualização na redução do extravasamento do infiltrado inflamatório, redução das células inflamatórias acima descritas Figura 6: Microscopia do tendão calcâneo de rato. Em A grupo salina; B grupo controletrauma; C 3J/cm²; D 9J/cm²; corado com H&E, após 48h tempo de tratamento. Na figura 7 mostra as alterações encontradas nos distintos grupos após 7 dias o que evidenciou mais ainda o poder da aceleração do processo regenerativo, através da visualização na redução do extravasamento do infiltrado inflamatório, redução das células inflamatórias descritas e na melhora do arranjo das fibras de colágeno
36 36 Figura 7: Microscopia do tendão calcâneo de rato. Em A grupo salina; B grupo controletrauma; C 3J/cm²; D 9J/cm²; corado com H&E, após 7 dias de tratamento. Na figura 8 mostra a comparação entre as lâminas de diferentes grupos o que demonstra mais ainda o poder da aceleração do processo regenerativo, através da visualização na redução do extravasamento do infiltrado inflamatório, redução das células inflamatórias acima descritas e na melhora do arranjo das fibras de colágeno Figura 8: Microscopia do tendão calcâneo de rato. Em A grupo salina; B grupo controletrauma; C 3J/cm²; D 9J/cm²; corado com H&E, após 15 dias de tratamento.
37 37 Na figura 9 mostra. A análise histológica evidenciou o poder da aceleração do processo regenerativo, através da visualização na redução do extravasamento do infiltrado inflamatório, redução das células inflamatórias acima descritas e na melhora do arranjo das fibras de colágeno Figura 9: Microscopia do tendão calcâneo de rato. Em A grupo salina; B grupo controletrauma; C 3J/cm²; D 9J/cm²; corado com H&E, após 21 dias de tratamento.
38 38 6 DISCUSSÃO O estudo, foi estruturado com o objetivo de analisar os efeitos da Terapia Laser de Baixa Intensidade (TLBI), com o comprimento de onda de 830 nm, na região do infra-vermelho próximo, em tendinite induzida em tendão calcâneo em ratos. A literatura apresenta diferentes modelos experimentais para estudo de tendinite como: injeção de agente irritante (HONMURA, 1992; ALBERTINI, 2004; MACHADO, 2000; LOPES-MARTINS, 2007), procedimentos cirúrgicos (ROCHA JUNIOR, 2006; ARRUDA, 2007; PUGLIESE, 2003; FUNG, 2002), compreensão de estruturas (MORRONE, 1998; CARVALHO, 2006), agentes promotores de queimaduras (MELO, 2007), entretanto optamos por um modelo que.se assemelhasse ao que ocorre na prática de esportes, bem como em atividades laborais e da vida diária (LUZ, 2005), para que em estudos posteriores possamos extrapolar os resultados para a prática clínica. Neste estudo a lesão experimental do tendão foi induzida por um impacto produzido por uma massa de metal (0,333g) elevada a uma altura de 18cm. A energia cinética desenvolvida pelo impacto foi de 0,5521J. Sendo esta forma de lesão ideal por não ser invasivo, melhor reprodutível e padronizável Lech (1996), Rizzi (2006), Fillipin (2005) e Chiesa (2006) Braga-Silva, (2007).Dessa forma, diminui-se a possibilidade de vieses na produção das lesões (LUZ, 2005). O modelo animal escolhido foi o rato, linhagem Wistar, escolha esta delineada por Fagundes (2004), que mostrou que o rato é o animal mais usado em pesquisa envolvendo animais; com idade média de semanas e peso entre 250 ± 40gr (MELLO et al, 2007; LOPES-MARTINS, 2006); como animal de experimentação; modelo de fácil manuseio, tanto na lseão quanto na aplicação do laser (CHIESA, 2006), e baixo custo de manutenção desta (BELCHIOR, 2006). Diferentemente de outros modelos tais quais propostos por Morrone et al. (1998). O tratamento com a terapia LBP é indicado nas afecções inflamatórias (COLLS, 1984; ALBERTINI, 2004; LOPES- MARTINS 2005; 2006); Porém o mecanismo de ação do efeito do LBP na inflamação aguda não está totalmente elucidado (BARBOSA, 2004; ALBERTINI, 2007; 2008) A literatura traz que a aplicação da radiação laser, durante a fase aguda diminui o processo inflamatório
39 39 (LUZ, 2005), dessa forma optou-se por iniciar o protocolo de radiação laser 14 horas após a lesão, seguida de um intervalo entre as aplicações (GONÇALVES; PARIZOTTO, 1998). Bjordal et al. (2006) demonstraram que a laserterapia de baixa potência, não somente reduz o processo inflamatório, como também melhora a reparação tecidual de uma maneira mais eficiente do que o uso de corticóides. Assim, o tratamento conservador com a terapia de LBP poderia ser indicado para as afecções inflamatórias, tais como: bursites, tentinites, DORT e faceíte plantar, na tentativa de minimizar a dor e os sintomas inflamatórios (HUANG et al., 2000).Conforme citado por Huang, (2000), nossos resultados corroboram esta indicação uma vez que obtivemos resultados significativo no tratamento de tendinite,conforme o protocolo proposto. A dose dependência dos efeitos do laser esta bem observada na literatura, em revisões prévias (BRANDALISE, 2007), dos efeitos sobre o metabolismo do tecido conjuntivo e inflamação (LOPES-MARTINS, 2006). Isto também pode ser notado nos nossos resultados pois a DE de 9 J/cm² apresenta redução no número de células desde do inicio do tratamento (48h) até 21 dias, enquanto que o grupo tratado com 3J/cm 2 somente consegue reduzir a migração de células nos tempos de 7 e 15 dias, mostrando a dose-dependência para o efeito da terapia laser. De acordo com Morrone (1998), há uma relação positiva entre os efeitos das propriedades da bioestimulação do laser na cicatrização de tecido muscular traumatizado; observando os efeitos com diodo laser de Ga-Al-As com comprimento de onda de 780nm e potência de 2500mW, com os parâmetros utilizados: 800J/cm2, 3W, feixe contínuo. Bjordal et al. (2006) demonstraram que a terapia com LBP apresenta ação anti-inflamatória em tendinite de Aquiles, devido a diminuição da PGE 2. Os eicosanóides são responsáveis por diferentes fases do processo inflamatório agudo e crônico em doenças como a artrite, a tendinite e a lesão hemorrágica. Campana et al. (1998) sugerem que a resposta inflamatória pode ser normalizada ou reduzida pela ação fotoquímica do LBP agindo como seletivo da COX-2, visto que a redução do Fibrinogênio plasmático (FP) obtida com LBP foi semelhante àquela provocada por diclofenaco sódico. Nossos resultados mostraram a queda na expressão do RNAm para COX-2 após a terapia com LBP.
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